A polêmica deve invadir a 29.ª Mostra de Cinema com a primeira exibição em São Paulo do filme "Crime Delicado", de Beto Brant, o diretor de "O Invasor" e "Os Matadores". O filme, protagonizado pelos atores Marco Ricca e Lilian Taublib teve o roteiro escrito por meio de uma parceria entre o diretor e o escritor Marçal Aquino. Belo, intenso e misterioso estudo sobre o desejo humano ou apenas um filme que se move no universo das discussões teóricas sem chegar a lugar nenhum? Confira a opinião dos críticos: Gostei de "Crime Delicado", por Luiz Zanin Oricchio Não gostei de "Crime Delicado", por Luiz Carlos Merten Em Trânsito, documentário de Henri Arraes Gervaiseau, tenta flagrar uma característica marcante de São Paulo e, pensando bem, de qualquer metrópole - o movimento dos habitantes e suas dificuldades. As pessoas se deslocam continuamente de uma parte a outra, por diversos motivos. Mas, claro, o principal deles é que moram num ponto e trabalham em outro. E por que isso acontece? Também por diversos motivos, mas também por uma razão principal. A grande maioria da população trabalha em regiões centrais e mora na periferia. Assim, ao focar o movimento, o que Gervaiseau na verdade mira é uma geografia social da cidade, com aberrações que fazem com que algumas pessoas passem literalmente horas de sua vida, todos os dias, deslocando-se da casa para o trabalho e do trabalho para casa. Horas perdidas, em tempo, dinheiro e energia. Tudo isso diz muito sobre a maneira de construção social da metrópole e da sociedade como um todo, em sua forma extensa. O diretor poderia ter se concentrado nesse ponto e deixado que o espectador deduzisse o resto. Assaltou-o, porém, o desejo de completar o quadro e foi pesquisar o cotidiano das pessoas. Não que isso seja menos importante. Mas, ao fazê-lo, perdeu o foco proposto e deixou o documentário um tanto disperso e sem respiração. Mas não deixa de ser um bom e sensível filme. De Portugal, uma adaptação de "Jacques, o Fatalista" Outro tipo de viagem (ou de deambulação, como dizem por aí) é aquele proposto por O Fatalista, adaptação que o português João Botelho fez do romance Jacques, o Fatalista, do enciclopedista francês Denis Diderot (1713-1784). Essa história de estrada reúne um homem rico e o chofer que dirige seu carro, Tiago (Rogério Samora), que é o tal "fatalista" do título. E o que é um fatalista? Bem é aquele ser cuja vida é pautada pela crença, como diz Tiago, de que "tudo o que acontece cá embaixo está escrito lá em cima". Então, para que lutar contra o destino se tudo já é predestinação? Basicamente, o filme concentra-se nas viagens da dupla e nas conversas entre eles, quando o chofer é o narrador principal ocupando-se de suas aventuras amorosas vividas no passado. Em filigrana, há o interessante comentário do abismo entre classes sociais - mesmo (talvez sobretudo) quando os personagens parecem tão íntimos. Crime Delicado. Hoje, 22h, no Cine Bombril 1. Seg.(31), 15h20, no Unibanco Arteplex 1. Quarta (2), 21h, na Sala UOL Em Trânsito. Hoje, 21h, no Cinesesc. Sáb.(29), 13h, no Unibanco Arteplex 1. Quinta (3), 21h50, no Cineclube Vitrine 2. O Fatalista. Hoje, 19h, Unibanco Arteplex 2. Dom.(30), 15h50, Espaço Unibanco 1. Seg.(31), 15h50, Unibanco Arteplex 2.