Elementos fantásticos como fadas e monstros estão lá. O príncipe e os anões também. Mas Branca de Neve e o Caçador, que estreia nesta sexta-feira, 01, está longe do colorido e leve clássico imortalizado por Walt Disney em 1937. E é ainda mais distante do conto original, do início do século de 18, escrito pelos irmãos Grimm. Dirigida por Rupert Sanders, a história foi atualizada para os dias atuais incorporando as mudanças dos novos tempos. O resultado é uma Branca de Neve guerreira e independente, bem diferente daquela que os anões só aceitaram ajudar porque ela cozinhava e limpava a casa. Em comum com o conto dos Irmãos Grimm, estão a Rainha Má, o espelho mágico, o príncipe encantado e o caçador, que tem de arrancar o coração de Branca de Neve para provar à sua majestade que ela está morta. O elenco reúne Charlize Theron, interpretando a Rainha Má Ravenna, Kristen Stewart (a Bella, da saga Crepúsculo), como Branca de Neve, Chris Hemsworth (de Thor), como o caçador, e Sam Claflin (de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas). Esta, aliás, é a segunda produção deste ano sobre Branca de Neve. A primeira, batizada de Espelho, Espelho Meu, é protagonizada por Julia Roberts (Rainha Má) e Lily Collins (Branca de Neve), e segue em cartaz.
Mas ao contrário de Espelho, Espelho Meu, o enredo de Branca de Neve e o Caçador mantém-se mais fiel ao original, apesar das licenças poéticas. Depois de matar o rei, a rainha aprisiona Branca de Neve e arrasta o reino para uma era sombria. Quando o espelho mágico diz a Ravenna que ela não é a mulher mais bela e, sim, sua enteada, ela manda seu irmão Finn (Sam Spruell) matá-la, mas Branca de Neve consegue escapar. A rainha, então, pede ajuda ao caçador. A atuação de todos os personagens é exagerada. A rainha é histérica. O caçador poderia ser confundido com Thor - com o machado no lugar do martelo. E caso um vampiro aparecesse nessa história, Kristen Stewart seria facilmente confundida com Bella, de Crepúsculo.
Uma guerreira e oito anões O caçador busca Branca de Neve dentro da perigosa Floresta Negra. Lá, árvores se transformam em serpentes e urubus dominam os céus, além da ameaça de um troll, besta mitológica nórdica. Quando consegue escapar dali, Branca de Neve ingressa em uma outra floresta, mais feliz, onde vivem oito anões. O lugar, de tão colorido e animado, remete ao universo de Alice no País das Maravilhas. Lá, fadinhas semelhantes a Sininho, de Peter Pan, cantam e voam por todos os lados. Há espaço até para o cervo (no conto, é o coração dele que seria oferecido à rainha como se fosse o da mocinha). O animal, no entanto, aparece como um ser mágico, que remete à deusa romana Diana, da luta e da caça. Na mitologia, ela transforma um caçador em cervo depois que ele a vê nua. Quando finalmente reúne um exército, Branca de Neve aparece vestida com armadura e sai cavalgando como se fosse Joana D’Arc liderando a França. Aliás, há um momento em que Branca de Neve reza um Pai Nosso. Com uma mistura tão grande de elementos, não se trata de uma adaptação dos irmãos Grimm. No máximo, uma inspiração. O longa é sombrio mas, para adultos, passará a impressão de ser bobo e superficial e, para crianças, talvez muito assustador. Definitivamente, o público que poderá gostar do filme são adolescentes que conheceram Kristen Stewart como a inocente Bella. Mas, essa história, eles já viram em Crepúsculo. Elementos completamente estranhos ao conto dos irmãos Grimm permeiam o filme Branca de Neve e o Caçador. Confira:Fadinhas
Branca de Neve vai parar em uma floresta encantada habitada por pequenas fadas que lembram a Sininho, de Peter Pan.Troll
A figura mitológica do folclore escandinavo que povoa os livros O Senhor dos Anéis aparece aqui tentando devorar Branca de Neve.Joana D’Ar
A santa parece ter sido a inspiração para a indumentária de Branca de Neve, que lidera um exército e até reza um Pai Nosso.Diana e o Cervo Quando Branca de Neve encontra um cervo mágico, a cena remete à mitologia romana e à deusa Diana, da caça e dos animais.