Cine PE celebra a ‘autoria’ e premia 'Permanência', de Leonardo Lacca


'Cavalo Dinheiro', de Pedro Costa, falado em português de Cabo Verde, também levou prêmios no Festival

Por Luiz Carlos Merten

RECIFE - Houve momentos do 19.º Cine PE, que terminou sexta-feira, 8, no Recife, em que os críticos e a organização do festival quase brigaram. Por conta da crise, o festival enxugou custos e trocou o monumental Centro de Convenções de Olinda, que virava o Cine-Teatro Guararapes, por uma sala de rua no centro da capital pernambucana. O Cine São Luis ainda não é dotado de projeção digital. A organização providenciou uma, mas quase toda noite repetiam-se os problemas de som. A organização culpava os filmes, os realizadores chiavam. Na quinta, finalmente, o último filme da competição, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, falado em português de Cabo Verde, teve uma projeção tão impecável, e um som tão perfeito, que dava para prescindir das legendas e arriscar-se a entender a mistura de português de Portugal com dialeto cabo-verdiano. O som, afinal, funcionava.

Foi um belo festival, marcado por muitos debates e com uma seleção – de Rodrigo Fonseca – que apostou no cinema autoral, mesmo quando os filmes visavam o mercado. Fato raro, senão inédito – numa seleção de seis concorrentes, três, a metade, chegam ao mercado ainda neste mês de maio. Entre eles, o grande vencedor do Cine PE de 2015 – Permanência, de Leonardo Lacca, que arrebanhou o prêmio de melhor filme, mais quatro Calungas, melhor atriz e atriz coadjuvante, para Rita Carelli e Laila Pas, melhor ator coadjuvante, para Genézio de Barros, e melhor direção de arte. O longa brasileiro pode ter levado o melhor filme, mas o melhor diretor – e outros dois prêmios de fotografia e roteiro – foram a celebração da autoralidade de Pedro Costa, que, além da mise-en-scène, co-assina as demais funções. Cavalo Dinheiro ganhou também o prêmio da crítica.

Prêmio. Rita Carelli, Leonardo Pacca e Laila Pas, pelo filme 'Permanência' Foto: Daniela Nader/ Divulgação
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Os dois vencedores não poderiam ser mais diversos. O longa de Leonardo Lacca teve consultoria de Gregorio Graziosi no roteiro. Dialoga com Obra, e o curioso é que Permanência, embora esteja sendo lançado depois, foi filmado antes do longa de Graziosi. Irandhyr Santos saiu de um set para outro, e os dois filmes foram rodados em São Paulo. A cidade não é só paisagem – também é personagem em ambos. Irandhyr faz agora um fotógrafo de Pernambuco que realiza exposição em Sampa e se hospeda na casa da ex. É um filme sobre lembranças, afetos, (des)encontros. Tem momentos belíssimos.

Cavalo Dinheiro retoma o personagem Ventura, que o cinéfilo conhece de curtas de Pedro Costa e também da trilogia de Fontainhas do autor – formada por Ossos, O Quarto de Wanda e Juventude em Marcha. Ventura agora está doente e, numa cena, ao consultar o médico, ele diz que, se há uma coisa que conhece, são hospitais. Daí o formato peculiar do filme – ele se passa em dois tempos (1975 e 2013) e usa o espaço de tal forma que não parece um hospital, mas a soma dos hospitais que Ventura frequentou.

Reflexão sobre a doença e a morte, o filme usa o cenário fantasmagórico de Fontainhas para refletir sobre traumas passados e incertezas futuras de Portugal. O estilo é suntuoso. Mais que uma história, é uma sucessão de quadros encenados com admirável claro/escuro e rigoroso tratamento sonoro. Os personagens falam pouco, e de forma sussurrada. A música é pontual, mas quando entra – num clipe grandioso –, vira personagem como a paisagem. Cavalo Dinheiro foi o melhor filme do Cine PE, mas dá para entender a opção do júri, que premiou (bem) o concorrente ibero-americano, mas preferiu ressaltar a brasilidade do festival, dando o prêmio maior para Permanência.

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Primeiro (concorrente) a estrear, O Vendedor de Passados, de Lula Buarque de Holanda, adaptado do livro de José Eduardo Agualusa, chegará às salas no dia 21, com o aval representado pelo prêmio de melhor atribuído a Lázaro Ramos. Na sequencia, dia 28, estrearão Permanência e O Amuleto, mas o longa de ‘gênero’ (terror) do talentoso Jefferson De não sensibilizou o júri do Recife, integrado pelo diretor José Eduardo Belmonte e pela atriz Djin Sganzerla. 

PRÊMIOS

 Filme

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Permanência, direção de Leonardo Lacca

 Diretor

Pedro Costa, por Cavalo Dinheiro (Portugal)

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 Ator

Lázaro Ramos, por O Vendedor de Passados 

 Atriz

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Rita Carelli, por Permanência

 Ator Coadjuvante

Genésio de Barros, por Permanência

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 Atriz Coadjuvante

Laila Pas, por Permanência 

RECIFE - Houve momentos do 19.º Cine PE, que terminou sexta-feira, 8, no Recife, em que os críticos e a organização do festival quase brigaram. Por conta da crise, o festival enxugou custos e trocou o monumental Centro de Convenções de Olinda, que virava o Cine-Teatro Guararapes, por uma sala de rua no centro da capital pernambucana. O Cine São Luis ainda não é dotado de projeção digital. A organização providenciou uma, mas quase toda noite repetiam-se os problemas de som. A organização culpava os filmes, os realizadores chiavam. Na quinta, finalmente, o último filme da competição, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, falado em português de Cabo Verde, teve uma projeção tão impecável, e um som tão perfeito, que dava para prescindir das legendas e arriscar-se a entender a mistura de português de Portugal com dialeto cabo-verdiano. O som, afinal, funcionava.

Foi um belo festival, marcado por muitos debates e com uma seleção – de Rodrigo Fonseca – que apostou no cinema autoral, mesmo quando os filmes visavam o mercado. Fato raro, senão inédito – numa seleção de seis concorrentes, três, a metade, chegam ao mercado ainda neste mês de maio. Entre eles, o grande vencedor do Cine PE de 2015 – Permanência, de Leonardo Lacca, que arrebanhou o prêmio de melhor filme, mais quatro Calungas, melhor atriz e atriz coadjuvante, para Rita Carelli e Laila Pas, melhor ator coadjuvante, para Genézio de Barros, e melhor direção de arte. O longa brasileiro pode ter levado o melhor filme, mas o melhor diretor – e outros dois prêmios de fotografia e roteiro – foram a celebração da autoralidade de Pedro Costa, que, além da mise-en-scène, co-assina as demais funções. Cavalo Dinheiro ganhou também o prêmio da crítica.

Prêmio. Rita Carelli, Leonardo Pacca e Laila Pas, pelo filme 'Permanência' Foto: Daniela Nader/ Divulgação

Os dois vencedores não poderiam ser mais diversos. O longa de Leonardo Lacca teve consultoria de Gregorio Graziosi no roteiro. Dialoga com Obra, e o curioso é que Permanência, embora esteja sendo lançado depois, foi filmado antes do longa de Graziosi. Irandhyr Santos saiu de um set para outro, e os dois filmes foram rodados em São Paulo. A cidade não é só paisagem – também é personagem em ambos. Irandhyr faz agora um fotógrafo de Pernambuco que realiza exposição em Sampa e se hospeda na casa da ex. É um filme sobre lembranças, afetos, (des)encontros. Tem momentos belíssimos.

Cavalo Dinheiro retoma o personagem Ventura, que o cinéfilo conhece de curtas de Pedro Costa e também da trilogia de Fontainhas do autor – formada por Ossos, O Quarto de Wanda e Juventude em Marcha. Ventura agora está doente e, numa cena, ao consultar o médico, ele diz que, se há uma coisa que conhece, são hospitais. Daí o formato peculiar do filme – ele se passa em dois tempos (1975 e 2013) e usa o espaço de tal forma que não parece um hospital, mas a soma dos hospitais que Ventura frequentou.

Reflexão sobre a doença e a morte, o filme usa o cenário fantasmagórico de Fontainhas para refletir sobre traumas passados e incertezas futuras de Portugal. O estilo é suntuoso. Mais que uma história, é uma sucessão de quadros encenados com admirável claro/escuro e rigoroso tratamento sonoro. Os personagens falam pouco, e de forma sussurrada. A música é pontual, mas quando entra – num clipe grandioso –, vira personagem como a paisagem. Cavalo Dinheiro foi o melhor filme do Cine PE, mas dá para entender a opção do júri, que premiou (bem) o concorrente ibero-americano, mas preferiu ressaltar a brasilidade do festival, dando o prêmio maior para Permanência.

Primeiro (concorrente) a estrear, O Vendedor de Passados, de Lula Buarque de Holanda, adaptado do livro de José Eduardo Agualusa, chegará às salas no dia 21, com o aval representado pelo prêmio de melhor atribuído a Lázaro Ramos. Na sequencia, dia 28, estrearão Permanência e O Amuleto, mas o longa de ‘gênero’ (terror) do talentoso Jefferson De não sensibilizou o júri do Recife, integrado pelo diretor José Eduardo Belmonte e pela atriz Djin Sganzerla. 

PRÊMIOS

 Filme

Permanência, direção de Leonardo Lacca

 Diretor

Pedro Costa, por Cavalo Dinheiro (Portugal)

 Ator

Lázaro Ramos, por O Vendedor de Passados 

 Atriz

Rita Carelli, por Permanência

 Ator Coadjuvante

Genésio de Barros, por Permanência

 Atriz Coadjuvante

Laila Pas, por Permanência 

RECIFE - Houve momentos do 19.º Cine PE, que terminou sexta-feira, 8, no Recife, em que os críticos e a organização do festival quase brigaram. Por conta da crise, o festival enxugou custos e trocou o monumental Centro de Convenções de Olinda, que virava o Cine-Teatro Guararapes, por uma sala de rua no centro da capital pernambucana. O Cine São Luis ainda não é dotado de projeção digital. A organização providenciou uma, mas quase toda noite repetiam-se os problemas de som. A organização culpava os filmes, os realizadores chiavam. Na quinta, finalmente, o último filme da competição, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, falado em português de Cabo Verde, teve uma projeção tão impecável, e um som tão perfeito, que dava para prescindir das legendas e arriscar-se a entender a mistura de português de Portugal com dialeto cabo-verdiano. O som, afinal, funcionava.

Foi um belo festival, marcado por muitos debates e com uma seleção – de Rodrigo Fonseca – que apostou no cinema autoral, mesmo quando os filmes visavam o mercado. Fato raro, senão inédito – numa seleção de seis concorrentes, três, a metade, chegam ao mercado ainda neste mês de maio. Entre eles, o grande vencedor do Cine PE de 2015 – Permanência, de Leonardo Lacca, que arrebanhou o prêmio de melhor filme, mais quatro Calungas, melhor atriz e atriz coadjuvante, para Rita Carelli e Laila Pas, melhor ator coadjuvante, para Genézio de Barros, e melhor direção de arte. O longa brasileiro pode ter levado o melhor filme, mas o melhor diretor – e outros dois prêmios de fotografia e roteiro – foram a celebração da autoralidade de Pedro Costa, que, além da mise-en-scène, co-assina as demais funções. Cavalo Dinheiro ganhou também o prêmio da crítica.

Prêmio. Rita Carelli, Leonardo Pacca e Laila Pas, pelo filme 'Permanência' Foto: Daniela Nader/ Divulgação

Os dois vencedores não poderiam ser mais diversos. O longa de Leonardo Lacca teve consultoria de Gregorio Graziosi no roteiro. Dialoga com Obra, e o curioso é que Permanência, embora esteja sendo lançado depois, foi filmado antes do longa de Graziosi. Irandhyr Santos saiu de um set para outro, e os dois filmes foram rodados em São Paulo. A cidade não é só paisagem – também é personagem em ambos. Irandhyr faz agora um fotógrafo de Pernambuco que realiza exposição em Sampa e se hospeda na casa da ex. É um filme sobre lembranças, afetos, (des)encontros. Tem momentos belíssimos.

Cavalo Dinheiro retoma o personagem Ventura, que o cinéfilo conhece de curtas de Pedro Costa e também da trilogia de Fontainhas do autor – formada por Ossos, O Quarto de Wanda e Juventude em Marcha. Ventura agora está doente e, numa cena, ao consultar o médico, ele diz que, se há uma coisa que conhece, são hospitais. Daí o formato peculiar do filme – ele se passa em dois tempos (1975 e 2013) e usa o espaço de tal forma que não parece um hospital, mas a soma dos hospitais que Ventura frequentou.

Reflexão sobre a doença e a morte, o filme usa o cenário fantasmagórico de Fontainhas para refletir sobre traumas passados e incertezas futuras de Portugal. O estilo é suntuoso. Mais que uma história, é uma sucessão de quadros encenados com admirável claro/escuro e rigoroso tratamento sonoro. Os personagens falam pouco, e de forma sussurrada. A música é pontual, mas quando entra – num clipe grandioso –, vira personagem como a paisagem. Cavalo Dinheiro foi o melhor filme do Cine PE, mas dá para entender a opção do júri, que premiou (bem) o concorrente ibero-americano, mas preferiu ressaltar a brasilidade do festival, dando o prêmio maior para Permanência.

Primeiro (concorrente) a estrear, O Vendedor de Passados, de Lula Buarque de Holanda, adaptado do livro de José Eduardo Agualusa, chegará às salas no dia 21, com o aval representado pelo prêmio de melhor atribuído a Lázaro Ramos. Na sequencia, dia 28, estrearão Permanência e O Amuleto, mas o longa de ‘gênero’ (terror) do talentoso Jefferson De não sensibilizou o júri do Recife, integrado pelo diretor José Eduardo Belmonte e pela atriz Djin Sganzerla. 

PRÊMIOS

 Filme

Permanência, direção de Leonardo Lacca

 Diretor

Pedro Costa, por Cavalo Dinheiro (Portugal)

 Ator

Lázaro Ramos, por O Vendedor de Passados 

 Atriz

Rita Carelli, por Permanência

 Ator Coadjuvante

Genésio de Barros, por Permanência

 Atriz Coadjuvante

Laila Pas, por Permanência 

RECIFE - Houve momentos do 19.º Cine PE, que terminou sexta-feira, 8, no Recife, em que os críticos e a organização do festival quase brigaram. Por conta da crise, o festival enxugou custos e trocou o monumental Centro de Convenções de Olinda, que virava o Cine-Teatro Guararapes, por uma sala de rua no centro da capital pernambucana. O Cine São Luis ainda não é dotado de projeção digital. A organização providenciou uma, mas quase toda noite repetiam-se os problemas de som. A organização culpava os filmes, os realizadores chiavam. Na quinta, finalmente, o último filme da competição, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, falado em português de Cabo Verde, teve uma projeção tão impecável, e um som tão perfeito, que dava para prescindir das legendas e arriscar-se a entender a mistura de português de Portugal com dialeto cabo-verdiano. O som, afinal, funcionava.

Foi um belo festival, marcado por muitos debates e com uma seleção – de Rodrigo Fonseca – que apostou no cinema autoral, mesmo quando os filmes visavam o mercado. Fato raro, senão inédito – numa seleção de seis concorrentes, três, a metade, chegam ao mercado ainda neste mês de maio. Entre eles, o grande vencedor do Cine PE de 2015 – Permanência, de Leonardo Lacca, que arrebanhou o prêmio de melhor filme, mais quatro Calungas, melhor atriz e atriz coadjuvante, para Rita Carelli e Laila Pas, melhor ator coadjuvante, para Genézio de Barros, e melhor direção de arte. O longa brasileiro pode ter levado o melhor filme, mas o melhor diretor – e outros dois prêmios de fotografia e roteiro – foram a celebração da autoralidade de Pedro Costa, que, além da mise-en-scène, co-assina as demais funções. Cavalo Dinheiro ganhou também o prêmio da crítica.

Prêmio. Rita Carelli, Leonardo Pacca e Laila Pas, pelo filme 'Permanência' Foto: Daniela Nader/ Divulgação

Os dois vencedores não poderiam ser mais diversos. O longa de Leonardo Lacca teve consultoria de Gregorio Graziosi no roteiro. Dialoga com Obra, e o curioso é que Permanência, embora esteja sendo lançado depois, foi filmado antes do longa de Graziosi. Irandhyr Santos saiu de um set para outro, e os dois filmes foram rodados em São Paulo. A cidade não é só paisagem – também é personagem em ambos. Irandhyr faz agora um fotógrafo de Pernambuco que realiza exposição em Sampa e se hospeda na casa da ex. É um filme sobre lembranças, afetos, (des)encontros. Tem momentos belíssimos.

Cavalo Dinheiro retoma o personagem Ventura, que o cinéfilo conhece de curtas de Pedro Costa e também da trilogia de Fontainhas do autor – formada por Ossos, O Quarto de Wanda e Juventude em Marcha. Ventura agora está doente e, numa cena, ao consultar o médico, ele diz que, se há uma coisa que conhece, são hospitais. Daí o formato peculiar do filme – ele se passa em dois tempos (1975 e 2013) e usa o espaço de tal forma que não parece um hospital, mas a soma dos hospitais que Ventura frequentou.

Reflexão sobre a doença e a morte, o filme usa o cenário fantasmagórico de Fontainhas para refletir sobre traumas passados e incertezas futuras de Portugal. O estilo é suntuoso. Mais que uma história, é uma sucessão de quadros encenados com admirável claro/escuro e rigoroso tratamento sonoro. Os personagens falam pouco, e de forma sussurrada. A música é pontual, mas quando entra – num clipe grandioso –, vira personagem como a paisagem. Cavalo Dinheiro foi o melhor filme do Cine PE, mas dá para entender a opção do júri, que premiou (bem) o concorrente ibero-americano, mas preferiu ressaltar a brasilidade do festival, dando o prêmio maior para Permanência.

Primeiro (concorrente) a estrear, O Vendedor de Passados, de Lula Buarque de Holanda, adaptado do livro de José Eduardo Agualusa, chegará às salas no dia 21, com o aval representado pelo prêmio de melhor atribuído a Lázaro Ramos. Na sequencia, dia 28, estrearão Permanência e O Amuleto, mas o longa de ‘gênero’ (terror) do talentoso Jefferson De não sensibilizou o júri do Recife, integrado pelo diretor José Eduardo Belmonte e pela atriz Djin Sganzerla. 

PRÊMIOS

 Filme

Permanência, direção de Leonardo Lacca

 Diretor

Pedro Costa, por Cavalo Dinheiro (Portugal)

 Ator

Lázaro Ramos, por O Vendedor de Passados 

 Atriz

Rita Carelli, por Permanência

 Ator Coadjuvante

Genésio de Barros, por Permanência

 Atriz Coadjuvante

Laila Pas, por Permanência 

RECIFE - Houve momentos do 19.º Cine PE, que terminou sexta-feira, 8, no Recife, em que os críticos e a organização do festival quase brigaram. Por conta da crise, o festival enxugou custos e trocou o monumental Centro de Convenções de Olinda, que virava o Cine-Teatro Guararapes, por uma sala de rua no centro da capital pernambucana. O Cine São Luis ainda não é dotado de projeção digital. A organização providenciou uma, mas quase toda noite repetiam-se os problemas de som. A organização culpava os filmes, os realizadores chiavam. Na quinta, finalmente, o último filme da competição, Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, falado em português de Cabo Verde, teve uma projeção tão impecável, e um som tão perfeito, que dava para prescindir das legendas e arriscar-se a entender a mistura de português de Portugal com dialeto cabo-verdiano. O som, afinal, funcionava.

Foi um belo festival, marcado por muitos debates e com uma seleção – de Rodrigo Fonseca – que apostou no cinema autoral, mesmo quando os filmes visavam o mercado. Fato raro, senão inédito – numa seleção de seis concorrentes, três, a metade, chegam ao mercado ainda neste mês de maio. Entre eles, o grande vencedor do Cine PE de 2015 – Permanência, de Leonardo Lacca, que arrebanhou o prêmio de melhor filme, mais quatro Calungas, melhor atriz e atriz coadjuvante, para Rita Carelli e Laila Pas, melhor ator coadjuvante, para Genézio de Barros, e melhor direção de arte. O longa brasileiro pode ter levado o melhor filme, mas o melhor diretor – e outros dois prêmios de fotografia e roteiro – foram a celebração da autoralidade de Pedro Costa, que, além da mise-en-scène, co-assina as demais funções. Cavalo Dinheiro ganhou também o prêmio da crítica.

Prêmio. Rita Carelli, Leonardo Pacca e Laila Pas, pelo filme 'Permanência' Foto: Daniela Nader/ Divulgação

Os dois vencedores não poderiam ser mais diversos. O longa de Leonardo Lacca teve consultoria de Gregorio Graziosi no roteiro. Dialoga com Obra, e o curioso é que Permanência, embora esteja sendo lançado depois, foi filmado antes do longa de Graziosi. Irandhyr Santos saiu de um set para outro, e os dois filmes foram rodados em São Paulo. A cidade não é só paisagem – também é personagem em ambos. Irandhyr faz agora um fotógrafo de Pernambuco que realiza exposição em Sampa e se hospeda na casa da ex. É um filme sobre lembranças, afetos, (des)encontros. Tem momentos belíssimos.

Cavalo Dinheiro retoma o personagem Ventura, que o cinéfilo conhece de curtas de Pedro Costa e também da trilogia de Fontainhas do autor – formada por Ossos, O Quarto de Wanda e Juventude em Marcha. Ventura agora está doente e, numa cena, ao consultar o médico, ele diz que, se há uma coisa que conhece, são hospitais. Daí o formato peculiar do filme – ele se passa em dois tempos (1975 e 2013) e usa o espaço de tal forma que não parece um hospital, mas a soma dos hospitais que Ventura frequentou.

Reflexão sobre a doença e a morte, o filme usa o cenário fantasmagórico de Fontainhas para refletir sobre traumas passados e incertezas futuras de Portugal. O estilo é suntuoso. Mais que uma história, é uma sucessão de quadros encenados com admirável claro/escuro e rigoroso tratamento sonoro. Os personagens falam pouco, e de forma sussurrada. A música é pontual, mas quando entra – num clipe grandioso –, vira personagem como a paisagem. Cavalo Dinheiro foi o melhor filme do Cine PE, mas dá para entender a opção do júri, que premiou (bem) o concorrente ibero-americano, mas preferiu ressaltar a brasilidade do festival, dando o prêmio maior para Permanência.

Primeiro (concorrente) a estrear, O Vendedor de Passados, de Lula Buarque de Holanda, adaptado do livro de José Eduardo Agualusa, chegará às salas no dia 21, com o aval representado pelo prêmio de melhor atribuído a Lázaro Ramos. Na sequencia, dia 28, estrearão Permanência e O Amuleto, mas o longa de ‘gênero’ (terror) do talentoso Jefferson De não sensibilizou o júri do Recife, integrado pelo diretor José Eduardo Belmonte e pela atriz Djin Sganzerla. 

PRÊMIOS

 Filme

Permanência, direção de Leonardo Lacca

 Diretor

Pedro Costa, por Cavalo Dinheiro (Portugal)

 Ator

Lázaro Ramos, por O Vendedor de Passados 

 Atriz

Rita Carelli, por Permanência

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Genésio de Barros, por Permanência

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