Poucos filmes brasileiros recentes mexeram tanto com as emoções quanto Lições (2021) e Laços (2019), que estrearam as histórias da Turma da Mônica em live-action nos cinemas. O público se encantou com a produção, com a direção de Daniel Rezende (de Bingo) e com o elenco.
Por isso, quando a Maurício de Sousa Produções (MSP) anunciou que mudaria o elenco para fazer sua Turma da Mônica Jovem, a notícia caiu como uma bomba – e o público descontou no novo elenco.
Foi uma onda de hate – a palavra usada hoje para uma espécie de bullying virtual em massa. As pessoas não se conformavam que o próximo filme da turminha seria diferente.
Assistindo ao novo longa-metragem, com o título de Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo e que estreia nesta quinta-feira, 18, dá para perceber que é realmente uma proposta diferente do que foi visto antes.
A direção de Maurício Eça (A Menina que Matou os Pais) traz uma câmera mais tremida, o tom é menos emocional e mais voltado para um suspense adolescente, até mesmo para o terror. Não se encaixa com os outros dois filmes.
Nos bastidores, enquanto o público ficava inconformado com a troca do elenco, o quinteto Sophia Valverde (Mônica), Xande Valois (Cebola, não mais Cebolinha), Bianca Paiva (Magali), Théo Salomão (Cascão) e Carol Roberto (Milena) lidava com a enxurrada de comentários negativos nas redes sociais das mais diferentes maneiras e enfrentamentos.
Théo, que se parece bastante com seu próprio personagem, foi tentar entender. “Eu tive muito contato com o pessoal do Twitter. Assim que anunciaram o elenco, já criei uma conta pra tentar me aproximar dos fãs, mas também dos haters. Queria mostrar que estava tudo bem, em boas mãos”, explica o intérprete do Cascão.
Théo Salomão (Cascão)
Bianca Paiva, a Magali, foi a que tomou a atitude mais extrema – se ausentou das redes sociais e tentava impedir que seus colegas de cena tivessem contato com qualquer comentário negativo que explodia na internet. Mas não tinha como. Sophia Valverde, que fez sucesso como a protagonista da novela As Aventuras de Poliana, sofreu com esse ódio.
“É meio inevitável você se afetar com isso. A Mônica existe há muito tempo e cada um idealiza ela de um jeito. Com o filme de antes, as pessoas se apegaram muito. Não julgo”, diz ela, ao Estadão.
“Eu recebi muito hate, mas agora estou bem mais tranquila. Tento não ler mais os comentários. E acredito que quando as pessoas assistirem ao filme, vão gostar. Claro que tem aquele que vai bater o pé. Mas eu gostei do resultado e isso é importante”, completa.
Nos bastidores, união
Enquanto no mundo virtual o quinteto se virava como podia para lidar com comentários nada lisonjeiros, passando muitas vezes do limite, o elenco precisava mergulhar nesse mundo mágico criado por Maurício de Sousa. Maurício Eça, o diretor, trabalhou sempre no sentido de passar algo que é fundamental em uma história assim: criar laços de amizade.
“Era o mais importante pra mim. Precisava que aquele elenco criasse um laço, uma amizade, para isso aparecer na tela do cinema”, explica o cineasta. O hate, o elenco concorda, ajudou a aproximar os atores ainda mais – havia um ar de camaradagem nos bastidores, já que os cinco adolescentes precisaram se apoiar nesse momento ruim.
Mas a amizade veio de outras formas também – Sophia, por exemplo, sempre chamava o elenco para ir em sua casa passar um tempo na piscina, comendo pizza, assistindo a séries e por aí vai. No final, o elenco volta a concordar em uma coisa: a experiência de fazer Turma da Mônica, no meio dessa enxurrada e do que o filme pretende dizer, é diferente.
“Acho que é mais emocionante”, resume Xande Valois, que dá vida ao Cebola. “É bem diferente trabalhar com um material que já existe, que é tão importante pra tanta gente. Isso tudo mostra como as pessoas se importam com a Mônica e com o que elas pensam sobre quem é a Mônica, o Cebola, o Cascão”
Xande Valois (Cebola)