É quase impossível fazer uma lista das melhores trilhas sonoras criadas pelo maestro italiano Ennio Morricone, que morreu hoje, aos 91 anos. Em seus quase 70 anos de carreira, foram mais de 500 músicas criadas para filmes no cinema, programas de televisão e de rádio.
Mas, selecionamos as 10 mais importantes - e mais belas - que fazem parte do imaginário coletivo e possuem uma herança que não é possível datar:
Era uma Vez na América (1984)
Com direção de Sergio Leone, as músicas de Morricone são oníricas e acompanham na tela as imagens da recordação. Uma partitura que nunca perderá a sua "beleza mística", em uma das composições mais desafiadoras, complexas e importantes de sua carreira.
Cinema Paradiso (1988)
Com uma trilha sonora inesquecível, que ajudou Giuseppe Tornatore a conquistar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, a criação do italiano é repleta de delicadeza e usa a nostalgia. É a antítese entre os tempos vividos na pureza da infância e a consciência da idade adulta. A música é uma espécie de abraço quente, que envolve o espectador em uma melodia que mais parece uma poesia.
Por um Punhado de Dólares (1964)
O assovio por excelência se torna inconfundível, icônico e tão célebre como a obra de Sergio Leone. A capacidade de saber trabalhar sem orquestra, com pouco dinheiro, transformando um assovio, um trompete e um tiro de revólver na síntese mais formidável do cinema de faroeste. Um tema que entrou para a história e que, no início da carreira, foi assinado com o pseudônimo de Dan Savio.
Os Intocáveis (1987)
Ainda na atmosfera gângster dos Estados Unidos na época do proibicionismo, dessa vez foi Brian De Palma a confiar sua obra a Morricone. Uma trilha sonora que vai do suspense tradicional para o jazz, fazendo com que o público seja transportado para uma atmosfera tenebrosa da sombria Chicago dos anos 1930.
Quando Explode a Vingança (1971)
Aqui aparece toda a arte do maestro italiano: um comovente tema lírico que se apoia no som do piano do norte-americano Burt Bacharach.
1900 (1976)
Clarinetes que contam histórias: sejam elas de amor, de guerra, de amizades ou de contrastes e que depois explodem no caos de uma orquestra. Tonalidades que conseguem mostrar através do som a odisseia e a mudança de uma época.
Os Oito Odiados (2015)
Primeiro Oscar depois de cinco derrotas no mais famoso prêmio cinematográfico do mundo. Chamado por Quentin Tarantino, após fazer a trilha de outro filme do diretor, Django Livre, é repleto de sons qualificados. Oboé e piano, acompanhados por sons de uma caixa de música, fundem-se em um ar lúgubre para acompanhar a ansiedade, o terror e os calafrios criados pelo diretor. Essa foi uma volta de Morricone ao gênero faroeste depois de 35 anos, e mistura - e ao mesmo tempo se opõe - a modernidade de Tarantino com o tom clássico das suas criações.
Três Homens em Conflito (1966)
Talvez a trilha mais célebre de Morricone para o último capítulo da "trilogia do dólar". Voltam os inconfundíveis assovios, entre trompetes que destacam as cavalgadas nas pradarias desoladas do faroeste selvagem. Daí também saiu The Ecstasy of Gold, usada nos shows da banda Metallica.
A Missão (1986)
Morricone deixa sua marca também nesse filme de Roland Joffé. Entre religiosos e missionários na América do Sul do século 18, o maestro liberta sua veia para concertos e sinfonias, envolvendo o filme com sua música e com uma insistência calculada.
Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (1970)
Cinema de denúncia assinado por Elio Petri, possui uma outra trilha sonora inesquecível. A música de Morricone se funde com a inspiração acusatória do diretor e do protagonista Gian Maria Volontè.