Cópia restaurada de ‘Lúcio Flávio’ abre homenagem a Hector Babenco


Filme que expôs a corrupção policial e enfrentou a censura dos anos 1970 inicia mostra que terá ainda quatro longas do diretor

Por Ubiratan Brasil

Nos anos 1970, os irmãos Faria (Reginaldo e Roberto), da produtora RF. Farias, se empolgaram com Lúcio Flávio: o Passageiro da Agonia, romance-reportagem escrito por José Louzeiro sobre o adolescente que, depois de roubar carros e se envolver com marginais, se transformou em um mito da bandidagem e, ao mesmo tempo, em vítima de uma engrenagem cruel criada pela polícia. “Queríamos transformá-lo em cinema, mas os direitos já estavam nas mãos do (diretor) Hector Babenco. Um balde de água fria. Aliás, dois: o ator Francisco Cuoco tinha sido escolhido para o papel”, conta Reginaldo ao Estadão.

Babenco, no entanto, se associou à produtora dos irmãos e, durante a pré-produção, Cuoco anunciou que não assumiria o papel, que ficou para Reginaldo. O resto é história - Lúcio Flávio se tornou um dos principais longas da cinematografia brasileira, marcando definitivamente a carreira de Babenco. E é justamente a exibição de uma cópia restaurada em 4K do longa que vai abrir, nesta quinta, 22, a mostra Babenco em Cartaz, no Instituto Moreira Salles. Haverá ainda um debate sobre a restauração do longa, com Lauro Escorel, diretor de fotografia do filme, Myra Babenco, diretora da HB Filmes e filha do cineasta, e a restauradora Patrícia de Filippi.

Ao estrear em 1977, o filme impactou a sociedade brasileira ao retratar a trajetória de Lúcio Flávio, conhecido por seus roubos a banco e fugas espetaculares, e sua perseguição pela polícia. Ao expor a brutalidade de um grupo criminoso da polícia brasileira conhecido como Esquadrão da Morte, o filme passou por censura e se tornou uma peça da história do cinema brasileiro.

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Apesar de não valorizar o personagem (“Hoje em dia, eu o veria banalizado; seria mais um dentre tantos”), Reginaldo participou de um intenso processo preparatório. “Durante os ensaios, usávamos o chamado laboratório para entrar no personagem, conhecer seu meio, seus hábitos, sua relação com a sociedade”, conta. “Não precisei. No primeiro dia de filmagem, entrei num presídio vestido de preso e Babenco escondeu a câmera para que Fernando C.O. (cunhado de Lúcio Flávio) não criasse problema. E que para os outros presos eu fosse mais um.”

O ator lembra que um deles o encarava muito, segurando uma faca pontiaguda com que arrancava lascas de uma madeira. “Na porta do presídio, me deram uma placa e disseram para guardá-la bem, os presos não poderiam vê-la: era a minha identificação. Na saída, os policiais precisariam saber que eu não era um detento. Então, enfiei a placa no bolso das minhas calças e coloquei as calças de presidiário por cima. Pronto. O medo fez com que eu entrasse no personagem.”

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Além de Lúcio Flávio, serão ainda exibidos outros quatro longas de Babenco (O Rei da Noite, Pixote, a Lei do Mais Fraco, Brincando nos Campos do Senhor e Meu Amigo Hindu), além do documentário Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, homenagem ao cineasta morto em 2016 feita pela diretora e atriz Bárbara Paz.

“Os retratos do Brasil filmados por Babenco nas últimas quatro décadas mostram que o País continua com as mesmas áreas inflamadas, e agora com sinais de retrocesso”, afirma o curador de cinema do IMS, o também cineasta Kléber Mendonça Filho.

Nos anos 1970, os irmãos Faria (Reginaldo e Roberto), da produtora RF. Farias, se empolgaram com Lúcio Flávio: o Passageiro da Agonia, romance-reportagem escrito por José Louzeiro sobre o adolescente que, depois de roubar carros e se envolver com marginais, se transformou em um mito da bandidagem e, ao mesmo tempo, em vítima de uma engrenagem cruel criada pela polícia. “Queríamos transformá-lo em cinema, mas os direitos já estavam nas mãos do (diretor) Hector Babenco. Um balde de água fria. Aliás, dois: o ator Francisco Cuoco tinha sido escolhido para o papel”, conta Reginaldo ao Estadão.

Babenco, no entanto, se associou à produtora dos irmãos e, durante a pré-produção, Cuoco anunciou que não assumiria o papel, que ficou para Reginaldo. O resto é história - Lúcio Flávio se tornou um dos principais longas da cinematografia brasileira, marcando definitivamente a carreira de Babenco. E é justamente a exibição de uma cópia restaurada em 4K do longa que vai abrir, nesta quinta, 22, a mostra Babenco em Cartaz, no Instituto Moreira Salles. Haverá ainda um debate sobre a restauração do longa, com Lauro Escorel, diretor de fotografia do filme, Myra Babenco, diretora da HB Filmes e filha do cineasta, e a restauradora Patrícia de Filippi.

Ao estrear em 1977, o filme impactou a sociedade brasileira ao retratar a trajetória de Lúcio Flávio, conhecido por seus roubos a banco e fugas espetaculares, e sua perseguição pela polícia. Ao expor a brutalidade de um grupo criminoso da polícia brasileira conhecido como Esquadrão da Morte, o filme passou por censura e se tornou uma peça da história do cinema brasileiro.

Apesar de não valorizar o personagem (“Hoje em dia, eu o veria banalizado; seria mais um dentre tantos”), Reginaldo participou de um intenso processo preparatório. “Durante os ensaios, usávamos o chamado laboratório para entrar no personagem, conhecer seu meio, seus hábitos, sua relação com a sociedade”, conta. “Não precisei. No primeiro dia de filmagem, entrei num presídio vestido de preso e Babenco escondeu a câmera para que Fernando C.O. (cunhado de Lúcio Flávio) não criasse problema. E que para os outros presos eu fosse mais um.”

O ator lembra que um deles o encarava muito, segurando uma faca pontiaguda com que arrancava lascas de uma madeira. “Na porta do presídio, me deram uma placa e disseram para guardá-la bem, os presos não poderiam vê-la: era a minha identificação. Na saída, os policiais precisariam saber que eu não era um detento. Então, enfiei a placa no bolso das minhas calças e coloquei as calças de presidiário por cima. Pronto. O medo fez com que eu entrasse no personagem.”

Além de Lúcio Flávio, serão ainda exibidos outros quatro longas de Babenco (O Rei da Noite, Pixote, a Lei do Mais Fraco, Brincando nos Campos do Senhor e Meu Amigo Hindu), além do documentário Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, homenagem ao cineasta morto em 2016 feita pela diretora e atriz Bárbara Paz.

“Os retratos do Brasil filmados por Babenco nas últimas quatro décadas mostram que o País continua com as mesmas áreas inflamadas, e agora com sinais de retrocesso”, afirma o curador de cinema do IMS, o também cineasta Kléber Mendonça Filho.

Nos anos 1970, os irmãos Faria (Reginaldo e Roberto), da produtora RF. Farias, se empolgaram com Lúcio Flávio: o Passageiro da Agonia, romance-reportagem escrito por José Louzeiro sobre o adolescente que, depois de roubar carros e se envolver com marginais, se transformou em um mito da bandidagem e, ao mesmo tempo, em vítima de uma engrenagem cruel criada pela polícia. “Queríamos transformá-lo em cinema, mas os direitos já estavam nas mãos do (diretor) Hector Babenco. Um balde de água fria. Aliás, dois: o ator Francisco Cuoco tinha sido escolhido para o papel”, conta Reginaldo ao Estadão.

Babenco, no entanto, se associou à produtora dos irmãos e, durante a pré-produção, Cuoco anunciou que não assumiria o papel, que ficou para Reginaldo. O resto é história - Lúcio Flávio se tornou um dos principais longas da cinematografia brasileira, marcando definitivamente a carreira de Babenco. E é justamente a exibição de uma cópia restaurada em 4K do longa que vai abrir, nesta quinta, 22, a mostra Babenco em Cartaz, no Instituto Moreira Salles. Haverá ainda um debate sobre a restauração do longa, com Lauro Escorel, diretor de fotografia do filme, Myra Babenco, diretora da HB Filmes e filha do cineasta, e a restauradora Patrícia de Filippi.

Ao estrear em 1977, o filme impactou a sociedade brasileira ao retratar a trajetória de Lúcio Flávio, conhecido por seus roubos a banco e fugas espetaculares, e sua perseguição pela polícia. Ao expor a brutalidade de um grupo criminoso da polícia brasileira conhecido como Esquadrão da Morte, o filme passou por censura e se tornou uma peça da história do cinema brasileiro.

Apesar de não valorizar o personagem (“Hoje em dia, eu o veria banalizado; seria mais um dentre tantos”), Reginaldo participou de um intenso processo preparatório. “Durante os ensaios, usávamos o chamado laboratório para entrar no personagem, conhecer seu meio, seus hábitos, sua relação com a sociedade”, conta. “Não precisei. No primeiro dia de filmagem, entrei num presídio vestido de preso e Babenco escondeu a câmera para que Fernando C.O. (cunhado de Lúcio Flávio) não criasse problema. E que para os outros presos eu fosse mais um.”

O ator lembra que um deles o encarava muito, segurando uma faca pontiaguda com que arrancava lascas de uma madeira. “Na porta do presídio, me deram uma placa e disseram para guardá-la bem, os presos não poderiam vê-la: era a minha identificação. Na saída, os policiais precisariam saber que eu não era um detento. Então, enfiei a placa no bolso das minhas calças e coloquei as calças de presidiário por cima. Pronto. O medo fez com que eu entrasse no personagem.”

Além de Lúcio Flávio, serão ainda exibidos outros quatro longas de Babenco (O Rei da Noite, Pixote, a Lei do Mais Fraco, Brincando nos Campos do Senhor e Meu Amigo Hindu), além do documentário Babenco - Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, homenagem ao cineasta morto em 2016 feita pela diretora e atriz Bárbara Paz.

“Os retratos do Brasil filmados por Babenco nas últimas quatro décadas mostram que o País continua com as mesmas áreas inflamadas, e agora com sinais de retrocesso”, afirma o curador de cinema do IMS, o também cineasta Kléber Mendonça Filho.

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