Crítica: Com Ben Affleck e Alice Braga, ‘Hypnotic’ é thriller rocambolesco e se leva a sério demais


‘Hypnotic: Ameaça Invisível’ é Robert Rodriguez tentando ser Christopher Nolan – sem sucesso - e vira uma massaroca de acontecimentos para a qual o público não é convidado

Por Matheus Mans

Se você parar alguns minutos para analisar a filmografia do cineasta Robert Rodriguez, vai perceber que seus melhores resultados surgem quando ele não leva a sério demais seu trabalho, como em O Mariachi, A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Pequenos Espiões, Machete Mata e por aí vai. Difícil entender, então, o que o levou a fazer uma trama tão dura, séria e engessada quanto em Hypnotic: Ameaça Invisível, estreia de quinta-feira, 26.

Inicialmente, a trama parece um daqueles suspenses que passavam no Supercine, sessão de filmes no comecinho da madrugada na TV Globo. Afinal, Hypnotic acompanha a história de Danny Rourke (Ben Affleck), um detetive que acabou de viver o trauma de perder a filha, sequestrada em plena luz do dia, e que precisa lidar com um tipo diferente de ameaça: um ladrão de bancos que consegue hipnotizar pessoas comuns para ajudá-lo nos assaltos.

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Em 'Hypnotic: Ameaça Invisível', Ben Affleck vive detetive que busca a filha sequestrada em plena luz do dia Foto: Diamond Films/Divulgação

Hypnotic se complica mais do que precisa

A partir dessa premissa rocambolesca, envolvendo sequestro, assaltos a banco e hipnose, Rodriguez – que também assina o roteiro ao lado de Max Borenstein (Godzilla) – tinha um caminho muito claro à frente: fazer um filme que se diverte com esse absurdo da situação, brincado até mesmo com o senso de realidade do espectador. Algo como No Limite do Amanhã fez com o cinema de ação, deixando o espectador desnorteado na linha temporal.

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No entanto, Rodriguez quis ser mais Christopher Nolan e menos Joel Schumacher. Hypnotic: Ameaça Invisível segue o caminho contrário de tudo que sempre deu certo nos filmes do diretor e se torna uma produção que exagera demais na dose de seriedade. A trama nunca abre espaço para rir de si mesma e de seus absurdos, acreditando que o fato de ter um hipnotizador que comanda pessoas aleatórias na rua é algo que poderia acontecer.

Com isso, tentando fincar demais o pé na realidade, o longa-metragem fica confuso e cansativo durante quase uma hora de projeção – e o filme tem apenas 93 minutos! As coisas vão acontecendo e, além de não ter nada de instigante, acabam virando uma massaroca de acontecimentos dos quais não somos convidados a participar. Vemos tudo de longe, com Ben Affleck fazendo sua cara de surpreso e/ou assustado. Difícil aguentar.

Referência do diretor Robert Rodriguez em Christopher Nolan fez filme ficar sério demais, ao invés de assumir o absurdo da própria premissa Foto: Diamond Films/Divulgação
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Pelo menos o elenco, no geral, está bem. Ben Affleck não muda nada daquela atuação que já conhecemos, mas o vilão tem lá sua graça por conta do bom William Fichtner (Crash, Falcão Negro em Perigo), que sabe ser canastrão na medida certa.

Outro acerto é Alice Braga. Ela, que não tem escolhido bem seus filmes internacionais - O Duelo, A Cabana e Os Novos Mutantes são apenas alguns exemplos -, é uma das melhores coisas de Hypnotic: ela sabe modular sua personagem para os diferentes momentos que o longa-metragem exige.

Arrisco dizer que, se não fosse Alice Braga no papel, o filme poderia ser um desastre em sua conclusão. Afinal, é sua mudança de tom que dá força à narrativa.

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A brasileira Alice Braga é um dos poucos acertos do filme; sem ela o longa correria o risco de ter prejuducada até o que salva: a conclusão  Foto: Diamond Films/Divulgação

O final é a melhor coisa (e não é pela chegada dos créditos!)

A coisa muda drasticamente, porém, quando Hypnotic: Ameaça Invisível entra em seu terço final. Ainda que siga tendo muito Nolan na equação (principalmente com inspiração em A Origem), o filme finalmente começa a se soltar – parece que está perdendo a vergonha frente ao público. Finalmente somos convidados a participar daquela festa e a sentir certa alegria de fazer parte. Rodriguez encontra diversão na trama. Mas aí já é tarde demais.

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Afinal, quando as coisas esquentam, o filme acaba. Essa virada ficaria mais bem encaixada na transição do primeiro para o segundo ato. Teria despertado a atenção do público. Faltou desprendimento para Rodriguez, que ficou com essa vontade de guardar o plot twist (ou, melhor, plot twists, no plural) para os últimos 30 minutos. Às vezes, é melhor a surpresa vir antes para se livrar das amarras e brincar mais com a graça que é fazer cinema.

Se você parar alguns minutos para analisar a filmografia do cineasta Robert Rodriguez, vai perceber que seus melhores resultados surgem quando ele não leva a sério demais seu trabalho, como em O Mariachi, A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Pequenos Espiões, Machete Mata e por aí vai. Difícil entender, então, o que o levou a fazer uma trama tão dura, séria e engessada quanto em Hypnotic: Ameaça Invisível, estreia de quinta-feira, 26.

Inicialmente, a trama parece um daqueles suspenses que passavam no Supercine, sessão de filmes no comecinho da madrugada na TV Globo. Afinal, Hypnotic acompanha a história de Danny Rourke (Ben Affleck), um detetive que acabou de viver o trauma de perder a filha, sequestrada em plena luz do dia, e que precisa lidar com um tipo diferente de ameaça: um ladrão de bancos que consegue hipnotizar pessoas comuns para ajudá-lo nos assaltos.

Em 'Hypnotic: Ameaça Invisível', Ben Affleck vive detetive que busca a filha sequestrada em plena luz do dia Foto: Diamond Films/Divulgação

Hypnotic se complica mais do que precisa

A partir dessa premissa rocambolesca, envolvendo sequestro, assaltos a banco e hipnose, Rodriguez – que também assina o roteiro ao lado de Max Borenstein (Godzilla) – tinha um caminho muito claro à frente: fazer um filme que se diverte com esse absurdo da situação, brincado até mesmo com o senso de realidade do espectador. Algo como No Limite do Amanhã fez com o cinema de ação, deixando o espectador desnorteado na linha temporal.

No entanto, Rodriguez quis ser mais Christopher Nolan e menos Joel Schumacher. Hypnotic: Ameaça Invisível segue o caminho contrário de tudo que sempre deu certo nos filmes do diretor e se torna uma produção que exagera demais na dose de seriedade. A trama nunca abre espaço para rir de si mesma e de seus absurdos, acreditando que o fato de ter um hipnotizador que comanda pessoas aleatórias na rua é algo que poderia acontecer.

Com isso, tentando fincar demais o pé na realidade, o longa-metragem fica confuso e cansativo durante quase uma hora de projeção – e o filme tem apenas 93 minutos! As coisas vão acontecendo e, além de não ter nada de instigante, acabam virando uma massaroca de acontecimentos dos quais não somos convidados a participar. Vemos tudo de longe, com Ben Affleck fazendo sua cara de surpreso e/ou assustado. Difícil aguentar.

Referência do diretor Robert Rodriguez em Christopher Nolan fez filme ficar sério demais, ao invés de assumir o absurdo da própria premissa Foto: Diamond Films/Divulgação

Pelo menos o elenco, no geral, está bem. Ben Affleck não muda nada daquela atuação que já conhecemos, mas o vilão tem lá sua graça por conta do bom William Fichtner (Crash, Falcão Negro em Perigo), que sabe ser canastrão na medida certa.

Outro acerto é Alice Braga. Ela, que não tem escolhido bem seus filmes internacionais - O Duelo, A Cabana e Os Novos Mutantes são apenas alguns exemplos -, é uma das melhores coisas de Hypnotic: ela sabe modular sua personagem para os diferentes momentos que o longa-metragem exige.

Arrisco dizer que, se não fosse Alice Braga no papel, o filme poderia ser um desastre em sua conclusão. Afinal, é sua mudança de tom que dá força à narrativa.

A brasileira Alice Braga é um dos poucos acertos do filme; sem ela o longa correria o risco de ter prejuducada até o que salva: a conclusão  Foto: Diamond Films/Divulgação

O final é a melhor coisa (e não é pela chegada dos créditos!)

A coisa muda drasticamente, porém, quando Hypnotic: Ameaça Invisível entra em seu terço final. Ainda que siga tendo muito Nolan na equação (principalmente com inspiração em A Origem), o filme finalmente começa a se soltar – parece que está perdendo a vergonha frente ao público. Finalmente somos convidados a participar daquela festa e a sentir certa alegria de fazer parte. Rodriguez encontra diversão na trama. Mas aí já é tarde demais.

Afinal, quando as coisas esquentam, o filme acaba. Essa virada ficaria mais bem encaixada na transição do primeiro para o segundo ato. Teria despertado a atenção do público. Faltou desprendimento para Rodriguez, que ficou com essa vontade de guardar o plot twist (ou, melhor, plot twists, no plural) para os últimos 30 minutos. Às vezes, é melhor a surpresa vir antes para se livrar das amarras e brincar mais com a graça que é fazer cinema.

Se você parar alguns minutos para analisar a filmografia do cineasta Robert Rodriguez, vai perceber que seus melhores resultados surgem quando ele não leva a sério demais seu trabalho, como em O Mariachi, A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Pequenos Espiões, Machete Mata e por aí vai. Difícil entender, então, o que o levou a fazer uma trama tão dura, séria e engessada quanto em Hypnotic: Ameaça Invisível, estreia de quinta-feira, 26.

Inicialmente, a trama parece um daqueles suspenses que passavam no Supercine, sessão de filmes no comecinho da madrugada na TV Globo. Afinal, Hypnotic acompanha a história de Danny Rourke (Ben Affleck), um detetive que acabou de viver o trauma de perder a filha, sequestrada em plena luz do dia, e que precisa lidar com um tipo diferente de ameaça: um ladrão de bancos que consegue hipnotizar pessoas comuns para ajudá-lo nos assaltos.

Em 'Hypnotic: Ameaça Invisível', Ben Affleck vive detetive que busca a filha sequestrada em plena luz do dia Foto: Diamond Films/Divulgação

Hypnotic se complica mais do que precisa

A partir dessa premissa rocambolesca, envolvendo sequestro, assaltos a banco e hipnose, Rodriguez – que também assina o roteiro ao lado de Max Borenstein (Godzilla) – tinha um caminho muito claro à frente: fazer um filme que se diverte com esse absurdo da situação, brincado até mesmo com o senso de realidade do espectador. Algo como No Limite do Amanhã fez com o cinema de ação, deixando o espectador desnorteado na linha temporal.

No entanto, Rodriguez quis ser mais Christopher Nolan e menos Joel Schumacher. Hypnotic: Ameaça Invisível segue o caminho contrário de tudo que sempre deu certo nos filmes do diretor e se torna uma produção que exagera demais na dose de seriedade. A trama nunca abre espaço para rir de si mesma e de seus absurdos, acreditando que o fato de ter um hipnotizador que comanda pessoas aleatórias na rua é algo que poderia acontecer.

Com isso, tentando fincar demais o pé na realidade, o longa-metragem fica confuso e cansativo durante quase uma hora de projeção – e o filme tem apenas 93 minutos! As coisas vão acontecendo e, além de não ter nada de instigante, acabam virando uma massaroca de acontecimentos dos quais não somos convidados a participar. Vemos tudo de longe, com Ben Affleck fazendo sua cara de surpreso e/ou assustado. Difícil aguentar.

Referência do diretor Robert Rodriguez em Christopher Nolan fez filme ficar sério demais, ao invés de assumir o absurdo da própria premissa Foto: Diamond Films/Divulgação

Pelo menos o elenco, no geral, está bem. Ben Affleck não muda nada daquela atuação que já conhecemos, mas o vilão tem lá sua graça por conta do bom William Fichtner (Crash, Falcão Negro em Perigo), que sabe ser canastrão na medida certa.

Outro acerto é Alice Braga. Ela, que não tem escolhido bem seus filmes internacionais - O Duelo, A Cabana e Os Novos Mutantes são apenas alguns exemplos -, é uma das melhores coisas de Hypnotic: ela sabe modular sua personagem para os diferentes momentos que o longa-metragem exige.

Arrisco dizer que, se não fosse Alice Braga no papel, o filme poderia ser um desastre em sua conclusão. Afinal, é sua mudança de tom que dá força à narrativa.

A brasileira Alice Braga é um dos poucos acertos do filme; sem ela o longa correria o risco de ter prejuducada até o que salva: a conclusão  Foto: Diamond Films/Divulgação

O final é a melhor coisa (e não é pela chegada dos créditos!)

A coisa muda drasticamente, porém, quando Hypnotic: Ameaça Invisível entra em seu terço final. Ainda que siga tendo muito Nolan na equação (principalmente com inspiração em A Origem), o filme finalmente começa a se soltar – parece que está perdendo a vergonha frente ao público. Finalmente somos convidados a participar daquela festa e a sentir certa alegria de fazer parte. Rodriguez encontra diversão na trama. Mas aí já é tarde demais.

Afinal, quando as coisas esquentam, o filme acaba. Essa virada ficaria mais bem encaixada na transição do primeiro para o segundo ato. Teria despertado a atenção do público. Faltou desprendimento para Rodriguez, que ficou com essa vontade de guardar o plot twist (ou, melhor, plot twists, no plural) para os últimos 30 minutos. Às vezes, é melhor a surpresa vir antes para se livrar das amarras e brincar mais com a graça que é fazer cinema.

Se você parar alguns minutos para analisar a filmografia do cineasta Robert Rodriguez, vai perceber que seus melhores resultados surgem quando ele não leva a sério demais seu trabalho, como em O Mariachi, A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Pequenos Espiões, Machete Mata e por aí vai. Difícil entender, então, o que o levou a fazer uma trama tão dura, séria e engessada quanto em Hypnotic: Ameaça Invisível, estreia de quinta-feira, 26.

Inicialmente, a trama parece um daqueles suspenses que passavam no Supercine, sessão de filmes no comecinho da madrugada na TV Globo. Afinal, Hypnotic acompanha a história de Danny Rourke (Ben Affleck), um detetive que acabou de viver o trauma de perder a filha, sequestrada em plena luz do dia, e que precisa lidar com um tipo diferente de ameaça: um ladrão de bancos que consegue hipnotizar pessoas comuns para ajudá-lo nos assaltos.

Em 'Hypnotic: Ameaça Invisível', Ben Affleck vive detetive que busca a filha sequestrada em plena luz do dia Foto: Diamond Films/Divulgação

Hypnotic se complica mais do que precisa

A partir dessa premissa rocambolesca, envolvendo sequestro, assaltos a banco e hipnose, Rodriguez – que também assina o roteiro ao lado de Max Borenstein (Godzilla) – tinha um caminho muito claro à frente: fazer um filme que se diverte com esse absurdo da situação, brincado até mesmo com o senso de realidade do espectador. Algo como No Limite do Amanhã fez com o cinema de ação, deixando o espectador desnorteado na linha temporal.

No entanto, Rodriguez quis ser mais Christopher Nolan e menos Joel Schumacher. Hypnotic: Ameaça Invisível segue o caminho contrário de tudo que sempre deu certo nos filmes do diretor e se torna uma produção que exagera demais na dose de seriedade. A trama nunca abre espaço para rir de si mesma e de seus absurdos, acreditando que o fato de ter um hipnotizador que comanda pessoas aleatórias na rua é algo que poderia acontecer.

Com isso, tentando fincar demais o pé na realidade, o longa-metragem fica confuso e cansativo durante quase uma hora de projeção – e o filme tem apenas 93 minutos! As coisas vão acontecendo e, além de não ter nada de instigante, acabam virando uma massaroca de acontecimentos dos quais não somos convidados a participar. Vemos tudo de longe, com Ben Affleck fazendo sua cara de surpreso e/ou assustado. Difícil aguentar.

Referência do diretor Robert Rodriguez em Christopher Nolan fez filme ficar sério demais, ao invés de assumir o absurdo da própria premissa Foto: Diamond Films/Divulgação

Pelo menos o elenco, no geral, está bem. Ben Affleck não muda nada daquela atuação que já conhecemos, mas o vilão tem lá sua graça por conta do bom William Fichtner (Crash, Falcão Negro em Perigo), que sabe ser canastrão na medida certa.

Outro acerto é Alice Braga. Ela, que não tem escolhido bem seus filmes internacionais - O Duelo, A Cabana e Os Novos Mutantes são apenas alguns exemplos -, é uma das melhores coisas de Hypnotic: ela sabe modular sua personagem para os diferentes momentos que o longa-metragem exige.

Arrisco dizer que, se não fosse Alice Braga no papel, o filme poderia ser um desastre em sua conclusão. Afinal, é sua mudança de tom que dá força à narrativa.

A brasileira Alice Braga é um dos poucos acertos do filme; sem ela o longa correria o risco de ter prejuducada até o que salva: a conclusão  Foto: Diamond Films/Divulgação

O final é a melhor coisa (e não é pela chegada dos créditos!)

A coisa muda drasticamente, porém, quando Hypnotic: Ameaça Invisível entra em seu terço final. Ainda que siga tendo muito Nolan na equação (principalmente com inspiração em A Origem), o filme finalmente começa a se soltar – parece que está perdendo a vergonha frente ao público. Finalmente somos convidados a participar daquela festa e a sentir certa alegria de fazer parte. Rodriguez encontra diversão na trama. Mas aí já é tarde demais.

Afinal, quando as coisas esquentam, o filme acaba. Essa virada ficaria mais bem encaixada na transição do primeiro para o segundo ato. Teria despertado a atenção do público. Faltou desprendimento para Rodriguez, que ficou com essa vontade de guardar o plot twist (ou, melhor, plot twists, no plural) para os últimos 30 minutos. Às vezes, é melhor a surpresa vir antes para se livrar das amarras e brincar mais com a graça que é fazer cinema.

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