Crítica: Em '1917', a imagem da morte de uma civilização


O longa do britânico Sam Mendes aparece, em primeiro lugar, como uma proeza técnica

Por Luiz Zanin Oricchio

1917 já havia vencido o Globo de Ouro de melhor filme dramático e agora reafirma o favoritismo ao Oscar ao ganhar o prêmio do sindicato dos produtores (PGA), termômetro dos concorrentes da Academia. 

Cena de '1917' Foto: François Duhamel/Universal

O longa do britânico Sam Mendes (de Beleza Americana) aparece, em primeiro lugar, como uma proeza técnica. Apresenta-se como um plano-sequência único (isto é, sem cortes), mas se trata de um expediente de montagem. O filme é composto, pelo menos, de dois planos, como perceberá um olhar atento. O “corte” é feito durante um blackout na filmagem. 

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No entanto, tudo isso interessa menos que a sensação passada ao espectador. E essa é a de completa imersão no episódio da 1.ª Guerra Mundial relatado por Mendes. Como trama, é de simplicidade franciscana. Dois soldados britânicos, Will Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman), recebem duríssima missão. Precisam atravessar as linhas inimigas levando a mensagem de abortar um ataque aos alemães, evitando assim que os britânicos caiam em armadilha que causaria a morte de 1600 soldados. 

'1917' é, quase por completo, um filme de ação, com algumas sequências bastante impressionantes. Destaco apenas duas, mas há várias outras: o ataque de um avião alemão aos dois soldados britânicos e a queda de um deles num rio que se transforma em turbilhão. 

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Guerra é ação, mas não só. Mesmo no ritmo acelerado determinado por sua opção estética, Mendes encontra pontos adequados de pausa e reflexão. Afinal, a guerra (a não ser para fascistas, que a glorificam) implica na destruição não apenas física, mas moral e mental dos seres humanos. É também sua experiência limite, na qual o pior e o melhor podem aparecer. Há momentos assim ao longo do filme e que lhe conferem outra camada de significação, para além do seu caráter trepidante e envolvente.

Outro mérito é trazer de volta a 1.ª Guerra, muito menos filmada que a 2.ª, embora tenha dado origem às maiores obras-primas antibelicistas, A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, e Glória Feita de Sangue (1957), de Stanley Kubrick. A civilização europeia do século 19, a belle époque, agoniza na 1.ª Guerra, como lembra o historiador britânico Eric Hobsbawm. Não por acaso, as cenas de trincheiras são sufocantes em 1917. Nelas morria uma ideia de mundo. 

1917 já havia vencido o Globo de Ouro de melhor filme dramático e agora reafirma o favoritismo ao Oscar ao ganhar o prêmio do sindicato dos produtores (PGA), termômetro dos concorrentes da Academia. 

Cena de '1917' Foto: François Duhamel/Universal

O longa do britânico Sam Mendes (de Beleza Americana) aparece, em primeiro lugar, como uma proeza técnica. Apresenta-se como um plano-sequência único (isto é, sem cortes), mas se trata de um expediente de montagem. O filme é composto, pelo menos, de dois planos, como perceberá um olhar atento. O “corte” é feito durante um blackout na filmagem. 

No entanto, tudo isso interessa menos que a sensação passada ao espectador. E essa é a de completa imersão no episódio da 1.ª Guerra Mundial relatado por Mendes. Como trama, é de simplicidade franciscana. Dois soldados britânicos, Will Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman), recebem duríssima missão. Precisam atravessar as linhas inimigas levando a mensagem de abortar um ataque aos alemães, evitando assim que os britânicos caiam em armadilha que causaria a morte de 1600 soldados. 

'1917' é, quase por completo, um filme de ação, com algumas sequências bastante impressionantes. Destaco apenas duas, mas há várias outras: o ataque de um avião alemão aos dois soldados britânicos e a queda de um deles num rio que se transforma em turbilhão. 

Guerra é ação, mas não só. Mesmo no ritmo acelerado determinado por sua opção estética, Mendes encontra pontos adequados de pausa e reflexão. Afinal, a guerra (a não ser para fascistas, que a glorificam) implica na destruição não apenas física, mas moral e mental dos seres humanos. É também sua experiência limite, na qual o pior e o melhor podem aparecer. Há momentos assim ao longo do filme e que lhe conferem outra camada de significação, para além do seu caráter trepidante e envolvente.

Outro mérito é trazer de volta a 1.ª Guerra, muito menos filmada que a 2.ª, embora tenha dado origem às maiores obras-primas antibelicistas, A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, e Glória Feita de Sangue (1957), de Stanley Kubrick. A civilização europeia do século 19, a belle époque, agoniza na 1.ª Guerra, como lembra o historiador britânico Eric Hobsbawm. Não por acaso, as cenas de trincheiras são sufocantes em 1917. Nelas morria uma ideia de mundo. 

1917 já havia vencido o Globo de Ouro de melhor filme dramático e agora reafirma o favoritismo ao Oscar ao ganhar o prêmio do sindicato dos produtores (PGA), termômetro dos concorrentes da Academia. 

Cena de '1917' Foto: François Duhamel/Universal

O longa do britânico Sam Mendes (de Beleza Americana) aparece, em primeiro lugar, como uma proeza técnica. Apresenta-se como um plano-sequência único (isto é, sem cortes), mas se trata de um expediente de montagem. O filme é composto, pelo menos, de dois planos, como perceberá um olhar atento. O “corte” é feito durante um blackout na filmagem. 

No entanto, tudo isso interessa menos que a sensação passada ao espectador. E essa é a de completa imersão no episódio da 1.ª Guerra Mundial relatado por Mendes. Como trama, é de simplicidade franciscana. Dois soldados britânicos, Will Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman), recebem duríssima missão. Precisam atravessar as linhas inimigas levando a mensagem de abortar um ataque aos alemães, evitando assim que os britânicos caiam em armadilha que causaria a morte de 1600 soldados. 

'1917' é, quase por completo, um filme de ação, com algumas sequências bastante impressionantes. Destaco apenas duas, mas há várias outras: o ataque de um avião alemão aos dois soldados britânicos e a queda de um deles num rio que se transforma em turbilhão. 

Guerra é ação, mas não só. Mesmo no ritmo acelerado determinado por sua opção estética, Mendes encontra pontos adequados de pausa e reflexão. Afinal, a guerra (a não ser para fascistas, que a glorificam) implica na destruição não apenas física, mas moral e mental dos seres humanos. É também sua experiência limite, na qual o pior e o melhor podem aparecer. Há momentos assim ao longo do filme e que lhe conferem outra camada de significação, para além do seu caráter trepidante e envolvente.

Outro mérito é trazer de volta a 1.ª Guerra, muito menos filmada que a 2.ª, embora tenha dado origem às maiores obras-primas antibelicistas, A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, e Glória Feita de Sangue (1957), de Stanley Kubrick. A civilização europeia do século 19, a belle époque, agoniza na 1.ª Guerra, como lembra o historiador britânico Eric Hobsbawm. Não por acaso, as cenas de trincheiras são sufocantes em 1917. Nelas morria uma ideia de mundo. 

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