Crítica: ‘Wonka’ revela um clássico para novas gerações com filme leve e inspirador


Longa-metragem usa de Timothée Chalamet, o novo queridinho de Hollywood, para conquistar público jovem enquanto encanta os mais velhos com nostalgia; ‘Estadão’ já assistiu

Por Simião Castro

Quem pediu mais uma adaptação de A Fantástica Fábrica de Chocolate? Quem quer que seja, acertou. Wonka chega nesta quinta, 7, aos cinemas com uma história deliciosa de esperança, inventividade e carisma. Deliciosa feito chocolate. Pedida perfeita para a família e o Natal, à qual o Estadão já assistiu.

O filme dirigido por Paul King (As Aventuras de Paddington), que contribui com o roteiro de Simon Farnaby, volta 25 anos no tempo, do ponto em que conhecemos o Willy Wonka da fábrica. Ali ele ainda era apenas um jovem chocolateiro, recém-chegado de uma viagem de sete anos ao redor do mundo, onde descobriu sabores, culturas e magias - tudo o que precisava para virar o mais genial mestre dos chocolates do planeta.

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Debaixo do clássico traje de cartola e sobretudo, desta vez é Timothée Chalamet quem encarna o personagem. É uma atuação leve, quase ingênua e muito mais sutil que a dos antecessores: o brilhante Gene Wilder (em 1971) e o exagerado Johnny Depp (em 2005).

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação
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Outro elemento que fica expresso muito mais pelas situações que pela própria personagem é a excentricidade de Willy. Ela está muitos níveis abaixo das versões mais velhas do doceiro. Talvez em razão da juventude? Com a idade, as manias, obsessões e maluquices se acentuam?

Um indicativo vem do diretor. “Ele é o tipo de personagem que você quer que seja excêntrico, mas não muito assustador”, disse Paul em entrevista coletiva da qual o Estadão participou. Ele defende que a versatilidade de Timothée o ajudou a encontrar o tom certo da personagem.

LEIA MAIS: Revista ‘Time’ lista 10 melhores filmes do ano, com Scorsese, Sofia Coppola e surpresa em 1º lugar

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Essa nuance assinala o restante da atmosfera do longa. Com vilões caricatos, que dificilmente botam medo, Wonka entrega uma trama mais calçada nas relações pessoais. As questões e críticas sociais são escancaradas, por exemplo, com uma personagem que tem ânsia de vômito ao ouvir falar de pobres.

Outro sinal disso é um encarregado de polícia cuja prioridade é perseguir um jovem vendedor de chocolate ambulante, ao invés de solucionar os homicídios da cidade. Só faltou um letreiro na tela: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência”. O que não deveria ser surpresa, já que este é um lugar em que até para sonhar é preciso pagar.

Calah Lane é 'Noodle' e Timothée Chalamet é 'Willy Wonka' em "Wonka", da Warner Bros. Pictures e Village Roadshow Pictures, um Lançamento da Warner Bros. Pictures Foto: Warner Bros./Divulgação
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Mas são as matérias dos sonhos, os laços humanos e a derrubada do status quo que realmente conduzem a história. No caminho para conquistar a tão desejada loja — e fábrica — de chocolates, Wonka tem de enfrentar os poderosos, os corruptos e os hipócritas, sempre com a esperteza e perspicácia que só um inventor poderia ter.

Nada disso acontece sem magia, porém. E aqui a música ajuda muito. Como tema central, Pure Imagination, do filme original, conduz toda a trilha sonora. O CGI, nossa velha computação gráfica, também contribui com cenários e criaturas. Tudo fica mais fantástico e colorido. Infelizmente, pirotecnia não é suficiente para emplacar o humor, que às vezes passa batido.

Embora guarde contornos de superprodução, o filme é despretensioso e encaixa os momentos grandiosos principalmente nos números musicais. Timothée transborda charme e talento ao cantar em cena. E exibe até uma certa dureza nos movimentos de dança, o que traz realismo ao personagem.

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Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Reprodução de Vídeo/YouTube/@WarnerBrosPicturesBR

O papel pode ser um divisor de carreira para o ator, que apresenta sempre atuações sólidas, porém um tanto técnicas e definitivamente blasé — o que nada teria a ver com Willy. Timothée mesmo fala sobre como o projeto foi libertador.

“Foi um ‘aprender a deixar fluir’”, disse o protagonista na coletiva. No fim, isso calibrou o personagem no meio termo entre a extravagância e a circunspecção, com altas doses de humanidade, compaixão e empatia. O diretor definiu Timothée como um ator controlado e brilhante.

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Quem arrebata a cena, porém, é a sempre precisa Olivia Colman. Como a caricata vilã Dona Alva, a atriz oscarizada é certeira em literalmente todos os minutos em que está na tela - seja nos instantes de conspiração malévola, seja nos momentos de comédia pastelão.

Olivia Colman é Dona Alva em 'Wonka', nos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outros acertos no elenco são a jovem Calah Lane como a parceira de façanhas de Willy, Hugh Grant como o inconveniente Umpa Lumpa e Rowan Atkinson (Mr. Bean) como um padre atrapalhado.

Wonka oferece um Natal inspirador. Usa do queridinho de Hollywood como protagonista para apresentar competentemente um clássico às novas gerações. E busca ensinar a ser livre como um flamingo, imponente como uma girafa e doce como chocolates.

Quem pediu mais uma adaptação de A Fantástica Fábrica de Chocolate? Quem quer que seja, acertou. Wonka chega nesta quinta, 7, aos cinemas com uma história deliciosa de esperança, inventividade e carisma. Deliciosa feito chocolate. Pedida perfeita para a família e o Natal, à qual o Estadão já assistiu.

O filme dirigido por Paul King (As Aventuras de Paddington), que contribui com o roteiro de Simon Farnaby, volta 25 anos no tempo, do ponto em que conhecemos o Willy Wonka da fábrica. Ali ele ainda era apenas um jovem chocolateiro, recém-chegado de uma viagem de sete anos ao redor do mundo, onde descobriu sabores, culturas e magias - tudo o que precisava para virar o mais genial mestre dos chocolates do planeta.

Debaixo do clássico traje de cartola e sobretudo, desta vez é Timothée Chalamet quem encarna o personagem. É uma atuação leve, quase ingênua e muito mais sutil que a dos antecessores: o brilhante Gene Wilder (em 1971) e o exagerado Johnny Depp (em 2005).

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outro elemento que fica expresso muito mais pelas situações que pela própria personagem é a excentricidade de Willy. Ela está muitos níveis abaixo das versões mais velhas do doceiro. Talvez em razão da juventude? Com a idade, as manias, obsessões e maluquices se acentuam?

Um indicativo vem do diretor. “Ele é o tipo de personagem que você quer que seja excêntrico, mas não muito assustador”, disse Paul em entrevista coletiva da qual o Estadão participou. Ele defende que a versatilidade de Timothée o ajudou a encontrar o tom certo da personagem.

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Essa nuance assinala o restante da atmosfera do longa. Com vilões caricatos, que dificilmente botam medo, Wonka entrega uma trama mais calçada nas relações pessoais. As questões e críticas sociais são escancaradas, por exemplo, com uma personagem que tem ânsia de vômito ao ouvir falar de pobres.

Outro sinal disso é um encarregado de polícia cuja prioridade é perseguir um jovem vendedor de chocolate ambulante, ao invés de solucionar os homicídios da cidade. Só faltou um letreiro na tela: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência”. O que não deveria ser surpresa, já que este é um lugar em que até para sonhar é preciso pagar.

Calah Lane é 'Noodle' e Timothée Chalamet é 'Willy Wonka' em "Wonka", da Warner Bros. Pictures e Village Roadshow Pictures, um Lançamento da Warner Bros. Pictures Foto: Warner Bros./Divulgação

Mas são as matérias dos sonhos, os laços humanos e a derrubada do status quo que realmente conduzem a história. No caminho para conquistar a tão desejada loja — e fábrica — de chocolates, Wonka tem de enfrentar os poderosos, os corruptos e os hipócritas, sempre com a esperteza e perspicácia que só um inventor poderia ter.

Nada disso acontece sem magia, porém. E aqui a música ajuda muito. Como tema central, Pure Imagination, do filme original, conduz toda a trilha sonora. O CGI, nossa velha computação gráfica, também contribui com cenários e criaturas. Tudo fica mais fantástico e colorido. Infelizmente, pirotecnia não é suficiente para emplacar o humor, que às vezes passa batido.

Embora guarde contornos de superprodução, o filme é despretensioso e encaixa os momentos grandiosos principalmente nos números musicais. Timothée transborda charme e talento ao cantar em cena. E exibe até uma certa dureza nos movimentos de dança, o que traz realismo ao personagem.

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Reprodução de Vídeo/YouTube/@WarnerBrosPicturesBR

O papel pode ser um divisor de carreira para o ator, que apresenta sempre atuações sólidas, porém um tanto técnicas e definitivamente blasé — o que nada teria a ver com Willy. Timothée mesmo fala sobre como o projeto foi libertador.

“Foi um ‘aprender a deixar fluir’”, disse o protagonista na coletiva. No fim, isso calibrou o personagem no meio termo entre a extravagância e a circunspecção, com altas doses de humanidade, compaixão e empatia. O diretor definiu Timothée como um ator controlado e brilhante.

Quem arrebata a cena, porém, é a sempre precisa Olivia Colman. Como a caricata vilã Dona Alva, a atriz oscarizada é certeira em literalmente todos os minutos em que está na tela - seja nos instantes de conspiração malévola, seja nos momentos de comédia pastelão.

Olivia Colman é Dona Alva em 'Wonka', nos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outros acertos no elenco são a jovem Calah Lane como a parceira de façanhas de Willy, Hugh Grant como o inconveniente Umpa Lumpa e Rowan Atkinson (Mr. Bean) como um padre atrapalhado.

Wonka oferece um Natal inspirador. Usa do queridinho de Hollywood como protagonista para apresentar competentemente um clássico às novas gerações. E busca ensinar a ser livre como um flamingo, imponente como uma girafa e doce como chocolates.

Quem pediu mais uma adaptação de A Fantástica Fábrica de Chocolate? Quem quer que seja, acertou. Wonka chega nesta quinta, 7, aos cinemas com uma história deliciosa de esperança, inventividade e carisma. Deliciosa feito chocolate. Pedida perfeita para a família e o Natal, à qual o Estadão já assistiu.

O filme dirigido por Paul King (As Aventuras de Paddington), que contribui com o roteiro de Simon Farnaby, volta 25 anos no tempo, do ponto em que conhecemos o Willy Wonka da fábrica. Ali ele ainda era apenas um jovem chocolateiro, recém-chegado de uma viagem de sete anos ao redor do mundo, onde descobriu sabores, culturas e magias - tudo o que precisava para virar o mais genial mestre dos chocolates do planeta.

Debaixo do clássico traje de cartola e sobretudo, desta vez é Timothée Chalamet quem encarna o personagem. É uma atuação leve, quase ingênua e muito mais sutil que a dos antecessores: o brilhante Gene Wilder (em 1971) e o exagerado Johnny Depp (em 2005).

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outro elemento que fica expresso muito mais pelas situações que pela própria personagem é a excentricidade de Willy. Ela está muitos níveis abaixo das versões mais velhas do doceiro. Talvez em razão da juventude? Com a idade, as manias, obsessões e maluquices se acentuam?

Um indicativo vem do diretor. “Ele é o tipo de personagem que você quer que seja excêntrico, mas não muito assustador”, disse Paul em entrevista coletiva da qual o Estadão participou. Ele defende que a versatilidade de Timothée o ajudou a encontrar o tom certo da personagem.

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Essa nuance assinala o restante da atmosfera do longa. Com vilões caricatos, que dificilmente botam medo, Wonka entrega uma trama mais calçada nas relações pessoais. As questões e críticas sociais são escancaradas, por exemplo, com uma personagem que tem ânsia de vômito ao ouvir falar de pobres.

Outro sinal disso é um encarregado de polícia cuja prioridade é perseguir um jovem vendedor de chocolate ambulante, ao invés de solucionar os homicídios da cidade. Só faltou um letreiro na tela: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência”. O que não deveria ser surpresa, já que este é um lugar em que até para sonhar é preciso pagar.

Calah Lane é 'Noodle' e Timothée Chalamet é 'Willy Wonka' em "Wonka", da Warner Bros. Pictures e Village Roadshow Pictures, um Lançamento da Warner Bros. Pictures Foto: Warner Bros./Divulgação

Mas são as matérias dos sonhos, os laços humanos e a derrubada do status quo que realmente conduzem a história. No caminho para conquistar a tão desejada loja — e fábrica — de chocolates, Wonka tem de enfrentar os poderosos, os corruptos e os hipócritas, sempre com a esperteza e perspicácia que só um inventor poderia ter.

Nada disso acontece sem magia, porém. E aqui a música ajuda muito. Como tema central, Pure Imagination, do filme original, conduz toda a trilha sonora. O CGI, nossa velha computação gráfica, também contribui com cenários e criaturas. Tudo fica mais fantástico e colorido. Infelizmente, pirotecnia não é suficiente para emplacar o humor, que às vezes passa batido.

Embora guarde contornos de superprodução, o filme é despretensioso e encaixa os momentos grandiosos principalmente nos números musicais. Timothée transborda charme e talento ao cantar em cena. E exibe até uma certa dureza nos movimentos de dança, o que traz realismo ao personagem.

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Reprodução de Vídeo/YouTube/@WarnerBrosPicturesBR

O papel pode ser um divisor de carreira para o ator, que apresenta sempre atuações sólidas, porém um tanto técnicas e definitivamente blasé — o que nada teria a ver com Willy. Timothée mesmo fala sobre como o projeto foi libertador.

“Foi um ‘aprender a deixar fluir’”, disse o protagonista na coletiva. No fim, isso calibrou o personagem no meio termo entre a extravagância e a circunspecção, com altas doses de humanidade, compaixão e empatia. O diretor definiu Timothée como um ator controlado e brilhante.

Quem arrebata a cena, porém, é a sempre precisa Olivia Colman. Como a caricata vilã Dona Alva, a atriz oscarizada é certeira em literalmente todos os minutos em que está na tela - seja nos instantes de conspiração malévola, seja nos momentos de comédia pastelão.

Olivia Colman é Dona Alva em 'Wonka', nos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outros acertos no elenco são a jovem Calah Lane como a parceira de façanhas de Willy, Hugh Grant como o inconveniente Umpa Lumpa e Rowan Atkinson (Mr. Bean) como um padre atrapalhado.

Wonka oferece um Natal inspirador. Usa do queridinho de Hollywood como protagonista para apresentar competentemente um clássico às novas gerações. E busca ensinar a ser livre como um flamingo, imponente como uma girafa e doce como chocolates.

Quem pediu mais uma adaptação de A Fantástica Fábrica de Chocolate? Quem quer que seja, acertou. Wonka chega nesta quinta, 7, aos cinemas com uma história deliciosa de esperança, inventividade e carisma. Deliciosa feito chocolate. Pedida perfeita para a família e o Natal, à qual o Estadão já assistiu.

O filme dirigido por Paul King (As Aventuras de Paddington), que contribui com o roteiro de Simon Farnaby, volta 25 anos no tempo, do ponto em que conhecemos o Willy Wonka da fábrica. Ali ele ainda era apenas um jovem chocolateiro, recém-chegado de uma viagem de sete anos ao redor do mundo, onde descobriu sabores, culturas e magias - tudo o que precisava para virar o mais genial mestre dos chocolates do planeta.

Debaixo do clássico traje de cartola e sobretudo, desta vez é Timothée Chalamet quem encarna o personagem. É uma atuação leve, quase ingênua e muito mais sutil que a dos antecessores: o brilhante Gene Wilder (em 1971) e o exagerado Johnny Depp (em 2005).

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outro elemento que fica expresso muito mais pelas situações que pela própria personagem é a excentricidade de Willy. Ela está muitos níveis abaixo das versões mais velhas do doceiro. Talvez em razão da juventude? Com a idade, as manias, obsessões e maluquices se acentuam?

Um indicativo vem do diretor. “Ele é o tipo de personagem que você quer que seja excêntrico, mas não muito assustador”, disse Paul em entrevista coletiva da qual o Estadão participou. Ele defende que a versatilidade de Timothée o ajudou a encontrar o tom certo da personagem.

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Essa nuance assinala o restante da atmosfera do longa. Com vilões caricatos, que dificilmente botam medo, Wonka entrega uma trama mais calçada nas relações pessoais. As questões e críticas sociais são escancaradas, por exemplo, com uma personagem que tem ânsia de vômito ao ouvir falar de pobres.

Outro sinal disso é um encarregado de polícia cuja prioridade é perseguir um jovem vendedor de chocolate ambulante, ao invés de solucionar os homicídios da cidade. Só faltou um letreiro na tela: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência”. O que não deveria ser surpresa, já que este é um lugar em que até para sonhar é preciso pagar.

Calah Lane é 'Noodle' e Timothée Chalamet é 'Willy Wonka' em "Wonka", da Warner Bros. Pictures e Village Roadshow Pictures, um Lançamento da Warner Bros. Pictures Foto: Warner Bros./Divulgação

Mas são as matérias dos sonhos, os laços humanos e a derrubada do status quo que realmente conduzem a história. No caminho para conquistar a tão desejada loja — e fábrica — de chocolates, Wonka tem de enfrentar os poderosos, os corruptos e os hipócritas, sempre com a esperteza e perspicácia que só um inventor poderia ter.

Nada disso acontece sem magia, porém. E aqui a música ajuda muito. Como tema central, Pure Imagination, do filme original, conduz toda a trilha sonora. O CGI, nossa velha computação gráfica, também contribui com cenários e criaturas. Tudo fica mais fantástico e colorido. Infelizmente, pirotecnia não é suficiente para emplacar o humor, que às vezes passa batido.

Embora guarde contornos de superprodução, o filme é despretensioso e encaixa os momentos grandiosos principalmente nos números musicais. Timothée transborda charme e talento ao cantar em cena. E exibe até uma certa dureza nos movimentos de dança, o que traz realismo ao personagem.

Timothée Chalamet é Willy Wonka em novo filme, que chega aos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Reprodução de Vídeo/YouTube/@WarnerBrosPicturesBR

O papel pode ser um divisor de carreira para o ator, que apresenta sempre atuações sólidas, porém um tanto técnicas e definitivamente blasé — o que nada teria a ver com Willy. Timothée mesmo fala sobre como o projeto foi libertador.

“Foi um ‘aprender a deixar fluir’”, disse o protagonista na coletiva. No fim, isso calibrou o personagem no meio termo entre a extravagância e a circunspecção, com altas doses de humanidade, compaixão e empatia. O diretor definiu Timothée como um ator controlado e brilhante.

Quem arrebata a cena, porém, é a sempre precisa Olivia Colman. Como a caricata vilã Dona Alva, a atriz oscarizada é certeira em literalmente todos os minutos em que está na tela - seja nos instantes de conspiração malévola, seja nos momentos de comédia pastelão.

Olivia Colman é Dona Alva em 'Wonka', nos cinemas em 7 de dezembro de 2023 Foto: Warner Bros./Divulgação

Outros acertos no elenco são a jovem Calah Lane como a parceira de façanhas de Willy, Hugh Grant como o inconveniente Umpa Lumpa e Rowan Atkinson (Mr. Bean) como um padre atrapalhado.

Wonka oferece um Natal inspirador. Usa do queridinho de Hollywood como protagonista para apresentar competentemente um clássico às novas gerações. E busca ensinar a ser livre como um flamingo, imponente como uma girafa e doce como chocolates.

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