Crítica: ‘Indiana Jones e Relíquia do Destino’ ousa pouco, mas tem fim polêmico, para amar ou odiar


Filme chega com Harrison Ford na complicada tarefa de retomar a história que começou há 42 anos e que ficou longe das telas desde 2008

Por Matheus Mans
Atualização:

Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de junho, em um momento complicado. Não só os blockbusters do verão americano estão penando nas bilheterias, como o filme precisa cumprir duas tarefas difíceis: resgatar a nostalgia dos mais velhos enquanto pavimenta uma estrada para o futuro da franquia, conforme cresce a dependência da Disney em viver de direitos autorais.

Com isso, é curiosoque Indy precise enfrentar o tempo em dose dupla. Primeiramente, na história. O lendário personagem criado por George Lucas e Steven Spielberg está prestes a se aposentar enquanto o mundo celebra a chegada do homem à Lua. Só que a aventura lhe chama de novo quando a afilhada, vivida por Phoebe Waller-Bridge, retorna em sua vida em busca de um artefato que promete viajar no tempo.

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Retorno de um nazista

Obviamente, resgatar o aparelho não será uma tarefa fácil: não só Indiana Jones precisará lidar com a ganância da própria afilhada, mas também com o retorno de um nazista (Mads Mikkelsen) que enfrentou no passado distante e que, agora, também quer o mágico objeto.

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Em segundo lugar, o tempo surge como um desafio para Indiana Jones e para o diretor do filme, James Mangold (de Logan e Ford vs Ferrari), por conta dessa tentativa de ter que apontar o desenvolvimento da história do longa-metragem para três tempos diferentes:

  • O passado, nessas aventuras rocambolescas no Marrocos e em outros países considerados “exóticos”;
  • o presente, na figura desse Indiana Jones mais cansado e vivendo em um mundo que o desconsidera;
  • e o futuro, talvez na figura de Waller-Bridge (da série Fleabag).
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Um filme na dobra do tempo

Desses três apontamentos, é o presente o mais saboroso – e, infelizmente, o menos aproveitado. É divertido, nostálgico e até um pouco inusitado ver esse personagem tão amado vivendo sem glamour e sem ostentação, recebendo um relógio dourado após o fim de sua última aula.

Também é divertida e ousada a cena do cavalo no metrô, com um comentário interessante sobre como a sua existência mudou. Não se encaixa mais no hoje.

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Enquanto isso, passado e presente não empolgam da mesma forma. As tentativas de reviver os dias de glória do personagem, com corridas de tuc-tuc no Marrocos ou com um salto de um avião da Segunda Guerra Mundial, pertencem ao cinema de outra década.

Não empolgam como antes, principalmente numa época em que filmes como Top Gun: Maverick e Avatar: O Caminho da Água vão bem na bilheteria com cenas cada vez mais realistas e efeitos visuais de ponta, respectivamente. Nada disso existe no novo Indiana Jones.

Já o futuro, que poderia vir de um desdobramento da personagem de Phoebe Waller-Bridge sem Indiana Jones, acaba desfocado e sem vida. A personagem nunca deslancha de fato, presa na necessidade de ser uma figura maternal para um garotinho que surge no Marrocos e, sem motivo algum, acompanha a dupla até o final da jornada.

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SAO PAULO CADERNO 2 Cena do filme Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold, com Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge. Foto Lucas Film Foto: Jonathan Olley

Final para amar ou odiar

O que traz personalidade para o passado e futuro é o final – que, sem dúvidas, será o ponto de debate após as sessões de cinema, com pessoas amando e odiando a conclusão. Há algo de lúdico, servindo até de diversão para os pequenos, mas não se parece em nada com Indiana Jones. Está mais para Doctor Who. É estranho, desconjuntado e truncado, mas, ainda assim, curiosamente divertido.

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Talvez tenha faltado mais audácia para este novo Indiana Jones, que deve ser a última aventura de Harrison Ford como o icônico personagem. Caberiam mais cenas de Indy causando estranheza no metrô dos Estados Unidos, enquanto o lúdico se torna uma opção mais viável para a marca Indiana Jones entre os mais novos – que, convenhamos, não devem ter ideia de quem é o personagem.

Faltou ousadia para um personagem que, há mais de 40 anos, nos faz viver aventuras que só existem em nossos sonhos.

Preste atenção

  • O filme traz o ator John Rhys-Davies de volta à franquia, com uma participação especial que deve aquecer o coração dos fãs;
  • O mesmo vale para uma participação especial na última cena, sobre a qual não vamos dar detalhes para não estragar a experiência, mas que deve arrancar lágrimas dos fãs;
  • Não esqueça de mergulhar na trilha sonora de John Williams, em um de seus últimos trabalhos como compositor aos 91 anos.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de junho, em um momento complicado. Não só os blockbusters do verão americano estão penando nas bilheterias, como o filme precisa cumprir duas tarefas difíceis: resgatar a nostalgia dos mais velhos enquanto pavimenta uma estrada para o futuro da franquia, conforme cresce a dependência da Disney em viver de direitos autorais.

Com isso, é curiosoque Indy precise enfrentar o tempo em dose dupla. Primeiramente, na história. O lendário personagem criado por George Lucas e Steven Spielberg está prestes a se aposentar enquanto o mundo celebra a chegada do homem à Lua. Só que a aventura lhe chama de novo quando a afilhada, vivida por Phoebe Waller-Bridge, retorna em sua vida em busca de um artefato que promete viajar no tempo.

Retorno de um nazista

Obviamente, resgatar o aparelho não será uma tarefa fácil: não só Indiana Jones precisará lidar com a ganância da própria afilhada, mas também com o retorno de um nazista (Mads Mikkelsen) que enfrentou no passado distante e que, agora, também quer o mágico objeto.

Em segundo lugar, o tempo surge como um desafio para Indiana Jones e para o diretor do filme, James Mangold (de Logan e Ford vs Ferrari), por conta dessa tentativa de ter que apontar o desenvolvimento da história do longa-metragem para três tempos diferentes:

  • O passado, nessas aventuras rocambolescas no Marrocos e em outros países considerados “exóticos”;
  • o presente, na figura desse Indiana Jones mais cansado e vivendo em um mundo que o desconsidera;
  • e o futuro, talvez na figura de Waller-Bridge (da série Fleabag).

Um filme na dobra do tempo

Desses três apontamentos, é o presente o mais saboroso – e, infelizmente, o menos aproveitado. É divertido, nostálgico e até um pouco inusitado ver esse personagem tão amado vivendo sem glamour e sem ostentação, recebendo um relógio dourado após o fim de sua última aula.

Também é divertida e ousada a cena do cavalo no metrô, com um comentário interessante sobre como a sua existência mudou. Não se encaixa mais no hoje.

Enquanto isso, passado e presente não empolgam da mesma forma. As tentativas de reviver os dias de glória do personagem, com corridas de tuc-tuc no Marrocos ou com um salto de um avião da Segunda Guerra Mundial, pertencem ao cinema de outra década.

Não empolgam como antes, principalmente numa época em que filmes como Top Gun: Maverick e Avatar: O Caminho da Água vão bem na bilheteria com cenas cada vez mais realistas e efeitos visuais de ponta, respectivamente. Nada disso existe no novo Indiana Jones.

Já o futuro, que poderia vir de um desdobramento da personagem de Phoebe Waller-Bridge sem Indiana Jones, acaba desfocado e sem vida. A personagem nunca deslancha de fato, presa na necessidade de ser uma figura maternal para um garotinho que surge no Marrocos e, sem motivo algum, acompanha a dupla até o final da jornada.

SAO PAULO CADERNO 2 Cena do filme Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold, com Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge. Foto Lucas Film Foto: Jonathan Olley

Final para amar ou odiar

O que traz personalidade para o passado e futuro é o final – que, sem dúvidas, será o ponto de debate após as sessões de cinema, com pessoas amando e odiando a conclusão. Há algo de lúdico, servindo até de diversão para os pequenos, mas não se parece em nada com Indiana Jones. Está mais para Doctor Who. É estranho, desconjuntado e truncado, mas, ainda assim, curiosamente divertido.

Talvez tenha faltado mais audácia para este novo Indiana Jones, que deve ser a última aventura de Harrison Ford como o icônico personagem. Caberiam mais cenas de Indy causando estranheza no metrô dos Estados Unidos, enquanto o lúdico se torna uma opção mais viável para a marca Indiana Jones entre os mais novos – que, convenhamos, não devem ter ideia de quem é o personagem.

Faltou ousadia para um personagem que, há mais de 40 anos, nos faz viver aventuras que só existem em nossos sonhos.

Preste atenção

  • O filme traz o ator John Rhys-Davies de volta à franquia, com uma participação especial que deve aquecer o coração dos fãs;
  • O mesmo vale para uma participação especial na última cena, sobre a qual não vamos dar detalhes para não estragar a experiência, mas que deve arrancar lágrimas dos fãs;
  • Não esqueça de mergulhar na trilha sonora de John Williams, em um de seus últimos trabalhos como compositor aos 91 anos.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de junho, em um momento complicado. Não só os blockbusters do verão americano estão penando nas bilheterias, como o filme precisa cumprir duas tarefas difíceis: resgatar a nostalgia dos mais velhos enquanto pavimenta uma estrada para o futuro da franquia, conforme cresce a dependência da Disney em viver de direitos autorais.

Com isso, é curiosoque Indy precise enfrentar o tempo em dose dupla. Primeiramente, na história. O lendário personagem criado por George Lucas e Steven Spielberg está prestes a se aposentar enquanto o mundo celebra a chegada do homem à Lua. Só que a aventura lhe chama de novo quando a afilhada, vivida por Phoebe Waller-Bridge, retorna em sua vida em busca de um artefato que promete viajar no tempo.

Retorno de um nazista

Obviamente, resgatar o aparelho não será uma tarefa fácil: não só Indiana Jones precisará lidar com a ganância da própria afilhada, mas também com o retorno de um nazista (Mads Mikkelsen) que enfrentou no passado distante e que, agora, também quer o mágico objeto.

Em segundo lugar, o tempo surge como um desafio para Indiana Jones e para o diretor do filme, James Mangold (de Logan e Ford vs Ferrari), por conta dessa tentativa de ter que apontar o desenvolvimento da história do longa-metragem para três tempos diferentes:

  • O passado, nessas aventuras rocambolescas no Marrocos e em outros países considerados “exóticos”;
  • o presente, na figura desse Indiana Jones mais cansado e vivendo em um mundo que o desconsidera;
  • e o futuro, talvez na figura de Waller-Bridge (da série Fleabag).

Um filme na dobra do tempo

Desses três apontamentos, é o presente o mais saboroso – e, infelizmente, o menos aproveitado. É divertido, nostálgico e até um pouco inusitado ver esse personagem tão amado vivendo sem glamour e sem ostentação, recebendo um relógio dourado após o fim de sua última aula.

Também é divertida e ousada a cena do cavalo no metrô, com um comentário interessante sobre como a sua existência mudou. Não se encaixa mais no hoje.

Enquanto isso, passado e presente não empolgam da mesma forma. As tentativas de reviver os dias de glória do personagem, com corridas de tuc-tuc no Marrocos ou com um salto de um avião da Segunda Guerra Mundial, pertencem ao cinema de outra década.

Não empolgam como antes, principalmente numa época em que filmes como Top Gun: Maverick e Avatar: O Caminho da Água vão bem na bilheteria com cenas cada vez mais realistas e efeitos visuais de ponta, respectivamente. Nada disso existe no novo Indiana Jones.

Já o futuro, que poderia vir de um desdobramento da personagem de Phoebe Waller-Bridge sem Indiana Jones, acaba desfocado e sem vida. A personagem nunca deslancha de fato, presa na necessidade de ser uma figura maternal para um garotinho que surge no Marrocos e, sem motivo algum, acompanha a dupla até o final da jornada.

SAO PAULO CADERNO 2 Cena do filme Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold, com Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge. Foto Lucas Film Foto: Jonathan Olley

Final para amar ou odiar

O que traz personalidade para o passado e futuro é o final – que, sem dúvidas, será o ponto de debate após as sessões de cinema, com pessoas amando e odiando a conclusão. Há algo de lúdico, servindo até de diversão para os pequenos, mas não se parece em nada com Indiana Jones. Está mais para Doctor Who. É estranho, desconjuntado e truncado, mas, ainda assim, curiosamente divertido.

Talvez tenha faltado mais audácia para este novo Indiana Jones, que deve ser a última aventura de Harrison Ford como o icônico personagem. Caberiam mais cenas de Indy causando estranheza no metrô dos Estados Unidos, enquanto o lúdico se torna uma opção mais viável para a marca Indiana Jones entre os mais novos – que, convenhamos, não devem ter ideia de quem é o personagem.

Faltou ousadia para um personagem que, há mais de 40 anos, nos faz viver aventuras que só existem em nossos sonhos.

Preste atenção

  • O filme traz o ator John Rhys-Davies de volta à franquia, com uma participação especial que deve aquecer o coração dos fãs;
  • O mesmo vale para uma participação especial na última cena, sobre a qual não vamos dar detalhes para não estragar a experiência, mas que deve arrancar lágrimas dos fãs;
  • Não esqueça de mergulhar na trilha sonora de John Williams, em um de seus últimos trabalhos como compositor aos 91 anos.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de junho, em um momento complicado. Não só os blockbusters do verão americano estão penando nas bilheterias, como o filme precisa cumprir duas tarefas difíceis: resgatar a nostalgia dos mais velhos enquanto pavimenta uma estrada para o futuro da franquia, conforme cresce a dependência da Disney em viver de direitos autorais.

Com isso, é curiosoque Indy precise enfrentar o tempo em dose dupla. Primeiramente, na história. O lendário personagem criado por George Lucas e Steven Spielberg está prestes a se aposentar enquanto o mundo celebra a chegada do homem à Lua. Só que a aventura lhe chama de novo quando a afilhada, vivida por Phoebe Waller-Bridge, retorna em sua vida em busca de um artefato que promete viajar no tempo.

Retorno de um nazista

Obviamente, resgatar o aparelho não será uma tarefa fácil: não só Indiana Jones precisará lidar com a ganância da própria afilhada, mas também com o retorno de um nazista (Mads Mikkelsen) que enfrentou no passado distante e que, agora, também quer o mágico objeto.

Em segundo lugar, o tempo surge como um desafio para Indiana Jones e para o diretor do filme, James Mangold (de Logan e Ford vs Ferrari), por conta dessa tentativa de ter que apontar o desenvolvimento da história do longa-metragem para três tempos diferentes:

  • O passado, nessas aventuras rocambolescas no Marrocos e em outros países considerados “exóticos”;
  • o presente, na figura desse Indiana Jones mais cansado e vivendo em um mundo que o desconsidera;
  • e o futuro, talvez na figura de Waller-Bridge (da série Fleabag).

Um filme na dobra do tempo

Desses três apontamentos, é o presente o mais saboroso – e, infelizmente, o menos aproveitado. É divertido, nostálgico e até um pouco inusitado ver esse personagem tão amado vivendo sem glamour e sem ostentação, recebendo um relógio dourado após o fim de sua última aula.

Também é divertida e ousada a cena do cavalo no metrô, com um comentário interessante sobre como a sua existência mudou. Não se encaixa mais no hoje.

Enquanto isso, passado e presente não empolgam da mesma forma. As tentativas de reviver os dias de glória do personagem, com corridas de tuc-tuc no Marrocos ou com um salto de um avião da Segunda Guerra Mundial, pertencem ao cinema de outra década.

Não empolgam como antes, principalmente numa época em que filmes como Top Gun: Maverick e Avatar: O Caminho da Água vão bem na bilheteria com cenas cada vez mais realistas e efeitos visuais de ponta, respectivamente. Nada disso existe no novo Indiana Jones.

Já o futuro, que poderia vir de um desdobramento da personagem de Phoebe Waller-Bridge sem Indiana Jones, acaba desfocado e sem vida. A personagem nunca deslancha de fato, presa na necessidade de ser uma figura maternal para um garotinho que surge no Marrocos e, sem motivo algum, acompanha a dupla até o final da jornada.

SAO PAULO CADERNO 2 Cena do filme Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold, com Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge. Foto Lucas Film Foto: Jonathan Olley

Final para amar ou odiar

O que traz personalidade para o passado e futuro é o final – que, sem dúvidas, será o ponto de debate após as sessões de cinema, com pessoas amando e odiando a conclusão. Há algo de lúdico, servindo até de diversão para os pequenos, mas não se parece em nada com Indiana Jones. Está mais para Doctor Who. É estranho, desconjuntado e truncado, mas, ainda assim, curiosamente divertido.

Talvez tenha faltado mais audácia para este novo Indiana Jones, que deve ser a última aventura de Harrison Ford como o icônico personagem. Caberiam mais cenas de Indy causando estranheza no metrô dos Estados Unidos, enquanto o lúdico se torna uma opção mais viável para a marca Indiana Jones entre os mais novos – que, convenhamos, não devem ter ideia de quem é o personagem.

Faltou ousadia para um personagem que, há mais de 40 anos, nos faz viver aventuras que só existem em nossos sonhos.

Preste atenção

  • O filme traz o ator John Rhys-Davies de volta à franquia, com uma participação especial que deve aquecer o coração dos fãs;
  • O mesmo vale para uma participação especial na última cena, sobre a qual não vamos dar detalhes para não estragar a experiência, mas que deve arrancar lágrimas dos fãs;
  • Não esqueça de mergulhar na trilha sonora de John Williams, em um de seus últimos trabalhos como compositor aos 91 anos.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas nesta quinta-feira, 29 de junho, em um momento complicado. Não só os blockbusters do verão americano estão penando nas bilheterias, como o filme precisa cumprir duas tarefas difíceis: resgatar a nostalgia dos mais velhos enquanto pavimenta uma estrada para o futuro da franquia, conforme cresce a dependência da Disney em viver de direitos autorais.

Com isso, é curiosoque Indy precise enfrentar o tempo em dose dupla. Primeiramente, na história. O lendário personagem criado por George Lucas e Steven Spielberg está prestes a se aposentar enquanto o mundo celebra a chegada do homem à Lua. Só que a aventura lhe chama de novo quando a afilhada, vivida por Phoebe Waller-Bridge, retorna em sua vida em busca de um artefato que promete viajar no tempo.

Retorno de um nazista

Obviamente, resgatar o aparelho não será uma tarefa fácil: não só Indiana Jones precisará lidar com a ganância da própria afilhada, mas também com o retorno de um nazista (Mads Mikkelsen) que enfrentou no passado distante e que, agora, também quer o mágico objeto.

Em segundo lugar, o tempo surge como um desafio para Indiana Jones e para o diretor do filme, James Mangold (de Logan e Ford vs Ferrari), por conta dessa tentativa de ter que apontar o desenvolvimento da história do longa-metragem para três tempos diferentes:

  • O passado, nessas aventuras rocambolescas no Marrocos e em outros países considerados “exóticos”;
  • o presente, na figura desse Indiana Jones mais cansado e vivendo em um mundo que o desconsidera;
  • e o futuro, talvez na figura de Waller-Bridge (da série Fleabag).

Um filme na dobra do tempo

Desses três apontamentos, é o presente o mais saboroso – e, infelizmente, o menos aproveitado. É divertido, nostálgico e até um pouco inusitado ver esse personagem tão amado vivendo sem glamour e sem ostentação, recebendo um relógio dourado após o fim de sua última aula.

Também é divertida e ousada a cena do cavalo no metrô, com um comentário interessante sobre como a sua existência mudou. Não se encaixa mais no hoje.

Enquanto isso, passado e presente não empolgam da mesma forma. As tentativas de reviver os dias de glória do personagem, com corridas de tuc-tuc no Marrocos ou com um salto de um avião da Segunda Guerra Mundial, pertencem ao cinema de outra década.

Não empolgam como antes, principalmente numa época em que filmes como Top Gun: Maverick e Avatar: O Caminho da Água vão bem na bilheteria com cenas cada vez mais realistas e efeitos visuais de ponta, respectivamente. Nada disso existe no novo Indiana Jones.

Já o futuro, que poderia vir de um desdobramento da personagem de Phoebe Waller-Bridge sem Indiana Jones, acaba desfocado e sem vida. A personagem nunca deslancha de fato, presa na necessidade de ser uma figura maternal para um garotinho que surge no Marrocos e, sem motivo algum, acompanha a dupla até o final da jornada.

SAO PAULO CADERNO 2 Cena do filme Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de James Mangold, com Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge. Foto Lucas Film Foto: Jonathan Olley

Final para amar ou odiar

O que traz personalidade para o passado e futuro é o final – que, sem dúvidas, será o ponto de debate após as sessões de cinema, com pessoas amando e odiando a conclusão. Há algo de lúdico, servindo até de diversão para os pequenos, mas não se parece em nada com Indiana Jones. Está mais para Doctor Who. É estranho, desconjuntado e truncado, mas, ainda assim, curiosamente divertido.

Talvez tenha faltado mais audácia para este novo Indiana Jones, que deve ser a última aventura de Harrison Ford como o icônico personagem. Caberiam mais cenas de Indy causando estranheza no metrô dos Estados Unidos, enquanto o lúdico se torna uma opção mais viável para a marca Indiana Jones entre os mais novos – que, convenhamos, não devem ter ideia de quem é o personagem.

Faltou ousadia para um personagem que, há mais de 40 anos, nos faz viver aventuras que só existem em nossos sonhos.

Preste atenção

  • O filme traz o ator John Rhys-Davies de volta à franquia, com uma participação especial que deve aquecer o coração dos fãs;
  • O mesmo vale para uma participação especial na última cena, sobre a qual não vamos dar detalhes para não estragar a experiência, mas que deve arrancar lágrimas dos fãs;
  • Não esqueça de mergulhar na trilha sonora de John Williams, em um de seus últimos trabalhos como compositor aos 91 anos.

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