Crítica: Pela acumulação de tensão narrativa, Você Não Estava Aqui torna-se uma obra sufocante


O tema de fundo é o das radicais mudanças no mundo do trabalho contemporâneo e seus efeitos sobre as pessoas

Por Luiz Zanin Oricchio

O britânico Ken Loach é conhecido como o cineasta da classe proletária. Com Você Não Estava Aqui, continua a ser. Mas de um proletariado que, na prática, não existe mais. O tema de fundo é o das radicais mudanças no mundo do trabalho contemporâneo e seus efeitos sobre as pessoas. A precarização, para dizer em uma palavra, desafio central das sociedades capitalistas, caso estas se preocupassem com os seres humanos que perdem empregos e precisam sobreviver em meio à nova revolução industrial em que vivemos. 

Ken Loach nos bastidores de 'Você Não Estava Aqui' Foto: Joss Barrat

O personagem principal é Ricky Turner (Kris Hitchen) que não encontra alternativa senão se estabelecer por conta própria após a crise econômica de 2008. Ele se torna o que hoje chamamos de “empreendedor”. Dirigindo sua própria van, presta serviços a uma empresa de entregas. Para cumprir a meta diária, trabalha horas intermináveis. Não tem qualquer tipo de garantia ou direito. Apenas a ilusão de ser seu próprio patrão. Se tiver de faltar um dia para resolver o problema de um filho, ou ir ao médico, nada recebe e ainda paga uma multa. O “empreendedor” torna-se, assim, refém dessa forma contemporânea de escravidão, na qual julga ser o seu próprio senhor. 

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Em seu filme anterior, Eu, Daniel Blake, Loach coloca seu personagem diante dos impasses da previdência social inglesa, antes um modelo para o mundo, mas que, no quadro do neoliberalismo, não funciona mais. Agora, com Você Não Estava Aqui, estuda essa nova configuração em que empresas se desoneram das responsabilidades trabalhistas. Na verdade, a uberização corresponde à realização da utopia negativa prevista por Margareth Thatcher, para quem a sociedade não existe; existem apenas indivíduos competindo entre si. 

A estratégia de Ken Loach é mostrar como esse sistema de trabalho arruína não apenas os indivíduos, mas as suas relações sociais. A começar pela família. Ricky é casado com uma autônoma cuidadora de idosos, Abbie (Debbie Honeywood), e tem dois filhos adolescentes. Pela pressão do trabalho, a vida familiar torna-se um conjunto de seres isolados, em que ninguém tem tempo (ou interesse) para se dedicar um ao outro. Em seguida, tudo vira um inferno. O tom dramático é temperado por algum humor britânico. Por exemplo, quando Ricky leva a filha para ajudá-lo nas entregas e esta tenta ser cordial com os clientes. Mas nem isso funciona. O sistema é um moedor de carne humana. 

Loach usa na filmagem o realismo social que o caracteriza. Identifica-se com esse personagem sob pressão e faz dele a imagem da destruição do homem sob um sistema econômico opressivo. Mas não transforma a história em um frio teorema demonstrativo sobre os males do capitalismo. Há nuances e contradições tanto no personagem quanto nas pessoas que com ele convivem, da família ao seu ditatorial supervisor na empresa de entregas. E há a paixão de quem tenta, desesperadamente, encontrar uma saída que não encontra. 

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Esse tom franco e aberto nos puxa para dentro da história. Identificamo-nos com Ricky e com sua família. Partilhamos de sua angústia, em aparência sem solução. Pela acumulação de tensão narrativa, Você Não Estava Aqui torna-se uma obra sufocante. Não mais - e nem menos - asfixiante que a situação das pessoas sujeitadas a um regime de trabalho insano. 

O britânico Ken Loach é conhecido como o cineasta da classe proletária. Com Você Não Estava Aqui, continua a ser. Mas de um proletariado que, na prática, não existe mais. O tema de fundo é o das radicais mudanças no mundo do trabalho contemporâneo e seus efeitos sobre as pessoas. A precarização, para dizer em uma palavra, desafio central das sociedades capitalistas, caso estas se preocupassem com os seres humanos que perdem empregos e precisam sobreviver em meio à nova revolução industrial em que vivemos. 

Ken Loach nos bastidores de 'Você Não Estava Aqui' Foto: Joss Barrat

O personagem principal é Ricky Turner (Kris Hitchen) que não encontra alternativa senão se estabelecer por conta própria após a crise econômica de 2008. Ele se torna o que hoje chamamos de “empreendedor”. Dirigindo sua própria van, presta serviços a uma empresa de entregas. Para cumprir a meta diária, trabalha horas intermináveis. Não tem qualquer tipo de garantia ou direito. Apenas a ilusão de ser seu próprio patrão. Se tiver de faltar um dia para resolver o problema de um filho, ou ir ao médico, nada recebe e ainda paga uma multa. O “empreendedor” torna-se, assim, refém dessa forma contemporânea de escravidão, na qual julga ser o seu próprio senhor. 

Em seu filme anterior, Eu, Daniel Blake, Loach coloca seu personagem diante dos impasses da previdência social inglesa, antes um modelo para o mundo, mas que, no quadro do neoliberalismo, não funciona mais. Agora, com Você Não Estava Aqui, estuda essa nova configuração em que empresas se desoneram das responsabilidades trabalhistas. Na verdade, a uberização corresponde à realização da utopia negativa prevista por Margareth Thatcher, para quem a sociedade não existe; existem apenas indivíduos competindo entre si. 

A estratégia de Ken Loach é mostrar como esse sistema de trabalho arruína não apenas os indivíduos, mas as suas relações sociais. A começar pela família. Ricky é casado com uma autônoma cuidadora de idosos, Abbie (Debbie Honeywood), e tem dois filhos adolescentes. Pela pressão do trabalho, a vida familiar torna-se um conjunto de seres isolados, em que ninguém tem tempo (ou interesse) para se dedicar um ao outro. Em seguida, tudo vira um inferno. O tom dramático é temperado por algum humor britânico. Por exemplo, quando Ricky leva a filha para ajudá-lo nas entregas e esta tenta ser cordial com os clientes. Mas nem isso funciona. O sistema é um moedor de carne humana. 

Loach usa na filmagem o realismo social que o caracteriza. Identifica-se com esse personagem sob pressão e faz dele a imagem da destruição do homem sob um sistema econômico opressivo. Mas não transforma a história em um frio teorema demonstrativo sobre os males do capitalismo. Há nuances e contradições tanto no personagem quanto nas pessoas que com ele convivem, da família ao seu ditatorial supervisor na empresa de entregas. E há a paixão de quem tenta, desesperadamente, encontrar uma saída que não encontra. 

Esse tom franco e aberto nos puxa para dentro da história. Identificamo-nos com Ricky e com sua família. Partilhamos de sua angústia, em aparência sem solução. Pela acumulação de tensão narrativa, Você Não Estava Aqui torna-se uma obra sufocante. Não mais - e nem menos - asfixiante que a situação das pessoas sujeitadas a um regime de trabalho insano. 

O britânico Ken Loach é conhecido como o cineasta da classe proletária. Com Você Não Estava Aqui, continua a ser. Mas de um proletariado que, na prática, não existe mais. O tema de fundo é o das radicais mudanças no mundo do trabalho contemporâneo e seus efeitos sobre as pessoas. A precarização, para dizer em uma palavra, desafio central das sociedades capitalistas, caso estas se preocupassem com os seres humanos que perdem empregos e precisam sobreviver em meio à nova revolução industrial em que vivemos. 

Ken Loach nos bastidores de 'Você Não Estava Aqui' Foto: Joss Barrat

O personagem principal é Ricky Turner (Kris Hitchen) que não encontra alternativa senão se estabelecer por conta própria após a crise econômica de 2008. Ele se torna o que hoje chamamos de “empreendedor”. Dirigindo sua própria van, presta serviços a uma empresa de entregas. Para cumprir a meta diária, trabalha horas intermináveis. Não tem qualquer tipo de garantia ou direito. Apenas a ilusão de ser seu próprio patrão. Se tiver de faltar um dia para resolver o problema de um filho, ou ir ao médico, nada recebe e ainda paga uma multa. O “empreendedor” torna-se, assim, refém dessa forma contemporânea de escravidão, na qual julga ser o seu próprio senhor. 

Em seu filme anterior, Eu, Daniel Blake, Loach coloca seu personagem diante dos impasses da previdência social inglesa, antes um modelo para o mundo, mas que, no quadro do neoliberalismo, não funciona mais. Agora, com Você Não Estava Aqui, estuda essa nova configuração em que empresas se desoneram das responsabilidades trabalhistas. Na verdade, a uberização corresponde à realização da utopia negativa prevista por Margareth Thatcher, para quem a sociedade não existe; existem apenas indivíduos competindo entre si. 

A estratégia de Ken Loach é mostrar como esse sistema de trabalho arruína não apenas os indivíduos, mas as suas relações sociais. A começar pela família. Ricky é casado com uma autônoma cuidadora de idosos, Abbie (Debbie Honeywood), e tem dois filhos adolescentes. Pela pressão do trabalho, a vida familiar torna-se um conjunto de seres isolados, em que ninguém tem tempo (ou interesse) para se dedicar um ao outro. Em seguida, tudo vira um inferno. O tom dramático é temperado por algum humor britânico. Por exemplo, quando Ricky leva a filha para ajudá-lo nas entregas e esta tenta ser cordial com os clientes. Mas nem isso funciona. O sistema é um moedor de carne humana. 

Loach usa na filmagem o realismo social que o caracteriza. Identifica-se com esse personagem sob pressão e faz dele a imagem da destruição do homem sob um sistema econômico opressivo. Mas não transforma a história em um frio teorema demonstrativo sobre os males do capitalismo. Há nuances e contradições tanto no personagem quanto nas pessoas que com ele convivem, da família ao seu ditatorial supervisor na empresa de entregas. E há a paixão de quem tenta, desesperadamente, encontrar uma saída que não encontra. 

Esse tom franco e aberto nos puxa para dentro da história. Identificamo-nos com Ricky e com sua família. Partilhamos de sua angústia, em aparência sem solução. Pela acumulação de tensão narrativa, Você Não Estava Aqui torna-se uma obra sufocante. Não mais - e nem menos - asfixiante que a situação das pessoas sujeitadas a um regime de trabalho insano. 

O britânico Ken Loach é conhecido como o cineasta da classe proletária. Com Você Não Estava Aqui, continua a ser. Mas de um proletariado que, na prática, não existe mais. O tema de fundo é o das radicais mudanças no mundo do trabalho contemporâneo e seus efeitos sobre as pessoas. A precarização, para dizer em uma palavra, desafio central das sociedades capitalistas, caso estas se preocupassem com os seres humanos que perdem empregos e precisam sobreviver em meio à nova revolução industrial em que vivemos. 

Ken Loach nos bastidores de 'Você Não Estava Aqui' Foto: Joss Barrat

O personagem principal é Ricky Turner (Kris Hitchen) que não encontra alternativa senão se estabelecer por conta própria após a crise econômica de 2008. Ele se torna o que hoje chamamos de “empreendedor”. Dirigindo sua própria van, presta serviços a uma empresa de entregas. Para cumprir a meta diária, trabalha horas intermináveis. Não tem qualquer tipo de garantia ou direito. Apenas a ilusão de ser seu próprio patrão. Se tiver de faltar um dia para resolver o problema de um filho, ou ir ao médico, nada recebe e ainda paga uma multa. O “empreendedor” torna-se, assim, refém dessa forma contemporânea de escravidão, na qual julga ser o seu próprio senhor. 

Em seu filme anterior, Eu, Daniel Blake, Loach coloca seu personagem diante dos impasses da previdência social inglesa, antes um modelo para o mundo, mas que, no quadro do neoliberalismo, não funciona mais. Agora, com Você Não Estava Aqui, estuda essa nova configuração em que empresas se desoneram das responsabilidades trabalhistas. Na verdade, a uberização corresponde à realização da utopia negativa prevista por Margareth Thatcher, para quem a sociedade não existe; existem apenas indivíduos competindo entre si. 

A estratégia de Ken Loach é mostrar como esse sistema de trabalho arruína não apenas os indivíduos, mas as suas relações sociais. A começar pela família. Ricky é casado com uma autônoma cuidadora de idosos, Abbie (Debbie Honeywood), e tem dois filhos adolescentes. Pela pressão do trabalho, a vida familiar torna-se um conjunto de seres isolados, em que ninguém tem tempo (ou interesse) para se dedicar um ao outro. Em seguida, tudo vira um inferno. O tom dramático é temperado por algum humor britânico. Por exemplo, quando Ricky leva a filha para ajudá-lo nas entregas e esta tenta ser cordial com os clientes. Mas nem isso funciona. O sistema é um moedor de carne humana. 

Loach usa na filmagem o realismo social que o caracteriza. Identifica-se com esse personagem sob pressão e faz dele a imagem da destruição do homem sob um sistema econômico opressivo. Mas não transforma a história em um frio teorema demonstrativo sobre os males do capitalismo. Há nuances e contradições tanto no personagem quanto nas pessoas que com ele convivem, da família ao seu ditatorial supervisor na empresa de entregas. E há a paixão de quem tenta, desesperadamente, encontrar uma saída que não encontra. 

Esse tom franco e aberto nos puxa para dentro da história. Identificamo-nos com Ricky e com sua família. Partilhamos de sua angústia, em aparência sem solução. Pela acumulação de tensão narrativa, Você Não Estava Aqui torna-se uma obra sufocante. Não mais - e nem menos - asfixiante que a situação das pessoas sujeitadas a um regime de trabalho insano. 

O britânico Ken Loach é conhecido como o cineasta da classe proletária. Com Você Não Estava Aqui, continua a ser. Mas de um proletariado que, na prática, não existe mais. O tema de fundo é o das radicais mudanças no mundo do trabalho contemporâneo e seus efeitos sobre as pessoas. A precarização, para dizer em uma palavra, desafio central das sociedades capitalistas, caso estas se preocupassem com os seres humanos que perdem empregos e precisam sobreviver em meio à nova revolução industrial em que vivemos. 

Ken Loach nos bastidores de 'Você Não Estava Aqui' Foto: Joss Barrat

O personagem principal é Ricky Turner (Kris Hitchen) que não encontra alternativa senão se estabelecer por conta própria após a crise econômica de 2008. Ele se torna o que hoje chamamos de “empreendedor”. Dirigindo sua própria van, presta serviços a uma empresa de entregas. Para cumprir a meta diária, trabalha horas intermináveis. Não tem qualquer tipo de garantia ou direito. Apenas a ilusão de ser seu próprio patrão. Se tiver de faltar um dia para resolver o problema de um filho, ou ir ao médico, nada recebe e ainda paga uma multa. O “empreendedor” torna-se, assim, refém dessa forma contemporânea de escravidão, na qual julga ser o seu próprio senhor. 

Em seu filme anterior, Eu, Daniel Blake, Loach coloca seu personagem diante dos impasses da previdência social inglesa, antes um modelo para o mundo, mas que, no quadro do neoliberalismo, não funciona mais. Agora, com Você Não Estava Aqui, estuda essa nova configuração em que empresas se desoneram das responsabilidades trabalhistas. Na verdade, a uberização corresponde à realização da utopia negativa prevista por Margareth Thatcher, para quem a sociedade não existe; existem apenas indivíduos competindo entre si. 

A estratégia de Ken Loach é mostrar como esse sistema de trabalho arruína não apenas os indivíduos, mas as suas relações sociais. A começar pela família. Ricky é casado com uma autônoma cuidadora de idosos, Abbie (Debbie Honeywood), e tem dois filhos adolescentes. Pela pressão do trabalho, a vida familiar torna-se um conjunto de seres isolados, em que ninguém tem tempo (ou interesse) para se dedicar um ao outro. Em seguida, tudo vira um inferno. O tom dramático é temperado por algum humor britânico. Por exemplo, quando Ricky leva a filha para ajudá-lo nas entregas e esta tenta ser cordial com os clientes. Mas nem isso funciona. O sistema é um moedor de carne humana. 

Loach usa na filmagem o realismo social que o caracteriza. Identifica-se com esse personagem sob pressão e faz dele a imagem da destruição do homem sob um sistema econômico opressivo. Mas não transforma a história em um frio teorema demonstrativo sobre os males do capitalismo. Há nuances e contradições tanto no personagem quanto nas pessoas que com ele convivem, da família ao seu ditatorial supervisor na empresa de entregas. E há a paixão de quem tenta, desesperadamente, encontrar uma saída que não encontra. 

Esse tom franco e aberto nos puxa para dentro da história. Identificamo-nos com Ricky e com sua família. Partilhamos de sua angústia, em aparência sem solução. Pela acumulação de tensão narrativa, Você Não Estava Aqui torna-se uma obra sufocante. Não mais - e nem menos - asfixiante que a situação das pessoas sujeitadas a um regime de trabalho insano. 

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