Em 6 de fevereiro passado, a Rainha Elizabeth II comemorou seu Jubileu de Platina no trono da Coroa inglesa – 70 anos de reinado! Nem a lendária rainha Vitória permaneceu tanto tempo no trono. E por mais que a influência inglesa tenha encolhido no mundo, Elizabeth permaneceu como uma referência. Empossou 15 premiers – a última, nesta semana -, enfrentou escândalos familiares, manteve-se forte e firme, como um símbolo. Virou uma velhinha austera, simpática. A vozinha planetária, possivelmente com a maior coleção de bolsas da história. O que continham sempre foi um mistério. Tem gente que jura que nada. Elizabeth II morreu nesta quinta-feira, 8, aos 96 anos.
A morte do Príncipe Phillip deixou-a mais solitária. Por décadas o público acostumou-se a ver aquele homem alto sempre um passo atrás dela – a etiqueta exigia. Casaram-se em novembro de 1947, com pompa e circunstância, na Abadia de Westminster. Virou personagem de cinema. O que seria de Hollywood sem a realeza britânica? Desde Henrique VIII e suas esposas, reis e rainhas ingleses nunca deixaram de nutrir a ficção inglesa.
Confira filmes e séries sobre a Rainha Elizabeth II
Núpcias Reais
Stanley Donen foi um dos reis do musical, celebrado por sua parceria com Gene Kelly em Um Dia em Nova York e Cantando na Chuva. Em 1951, ele se antecipou às festividades da coroação – em 2 de junho de 1953 – e fez essa deliciosa comédia musical, escrita por Alan Jay Lerner. O filme, por sinal, chama-se Royal Wedding no original. Casal de irmãos norte-americanos viaja à Inglaterra com seu show. O amor está no ar por conta do casamento real e Fred Astaire e Jane Powell encontram parceiros, e também se casam. Quase tão famosa como a cena de Gene Kelly cantando e dançando na chuva, Fred Astaire agora dança nas paredes e no telhado da sala. Como a cena foi feita daria um filme à parte.
A Rainha
Helen Mirren venceu os principais prêmios de interpretação de 2006 – Oscar, Globo de Ouro, Bafta – pelo papel como Elizabeth II. O longa dirigido por Stephen Frears, com roteiro de Peter Morgan – futuro autor de The Crown -, aborda o período talvez mais controverso do reinado de Elizabeth. Era notória sua desavença com a nora, a princesa Diana. Houve o divórcio, em 1996, e quando ela morreu naquele acidente de carro, em Paris, em 1997, a comoção foi grande na Inglaterra (e no mundo). A rainha não se manifestava e a inquietação popular ameaçava a própria monarquia. O premier trabalhista Tony Blair foi quem salvou a realeza, convencendo Sua Majestade a se ligar ao sentimento do povo. O filme poderia chamar-se O Discurso da Rainha.
O filme está disponível no Prime Video e Globoplay.
O Discurso do Rei
Colin Firth recebeu o Oscar de melhor ator de 2010 pelo papel como Albert, príncipe de York, que depois virou o Rei George VI, pai de Elizabeth II. O filme de Tom Hooper, escrito por David Seidler, conta a forma como ele chegou ao trono, depois que Enrique VIII abdicou da coroa por amor a uma divorciada norte-americana, Wallis Simpson. Albert/George sofria de gagueira e o foco é o tratamento a que ele se submeteu com um terapeuta de fala australiano, Geoffrey Rush, para fazer o discurso do título, no Natal de 1934. Tão importante como o discurso em si foi a ideia do rádio como veículo de difusão e comunicação. Helena Bonham Carter faz a Rainha-Mãe Elizabeth e Freya Wilson faz uma graciosa Elizabeth de York, depois princesa Elizabeth, depois Rainha Elizabeth II.
O filme pode ser visto na HBO Max, Prime Video e Apple TV+.
The Crown
A par dos prêmios que recebeu – o Globo de Ouro de melhor atriz de série para a genial Claire Foy -, a criação do roteirista Peter Morgan deu o que falar primeiro por ter sido a produção mais cara da Netflix e, segundo, porque um jornal britânico revelou em 2017 que a própria rainha não perdia um episódio. A história sobre como Elizabeth ascendeu ao trono é narrada, na primeira temporada, paralelamente à de outros membros da família real, incluindo a irmã Margareth. Claire prosseguiu no papel na segunda temporada e foi substituída por Olivia Colman na terceira e na quarta. E não se pode esquecer do Winston Churchill de John Lithgow, tão bom como qualquer das duas. O luxo da produção está à altura do luxo da interpretação.
A série está disponível na Netflix.
Spencer
Embora o foco do longa do chileno Pablo Larrain esteja na princesa Diana, magnificamente interpretada por Kristen Stewart – e ela foi indicada para o Oscar deste ano -, a Rainha Elizabeth II aparece justamente como representação de tudo aquilo que Diana Spencer, a Princesa de Gales, abominava. O filme ficcionaliza o que pode ter ocorrido no último Natal de que ela participou com a família real. Diana e o marido, o príncipe Charles, não se suportam mais, a ruptura é iminente, mas Elizabeth exige que o protocolo ainda seja mantido. Stella Gonet faz a rainha. Quase não fala, mas o olhar é duro e o cerimonial o mais solene que há.
O filme está disponível na Prime Video, YouTube, Google Play Filmes e Apple TV+.