Disputando o Oscar, filme 'Guerra Fria' fala de paixão sob o stalinismo


Diretor Pawel Pawlikowski se inspirou na difícil relação de seus pais para fazer o longa, que pode levar a estatueta de produção estrangeira

Por Luiz Carlos Merten
O diretor do filme 'Guerra Fria', Pawel Pawlikowski Foto: Mario Anzuoni/Reuters

Foi no fim do ano passado. Quando conversou com o Estado, pelo telefone, o diretor polonês Pawel Pawlikowski estava em Los Angeles para promover Guerra Fria entre os votantes da Academia. Indicado pela Polônia, o longa – em cartaz nos cinemas – terminou entre os cinco indicados que disputam na categoria de melhor filme em língua estrangeira, na premiação de domingo, dia 24.

Pawlikowski, que já venceu o Oscar por Ida, concorre pela segunda vez. É sinal de prestígio, mas, dessa vez, trombando com Roma, de Alfonso Cuarón, que também está na disputa, será mais difícil.

continua após a publicidade

É curioso que ambos estejam concorrendo não apenas com filmes pessoais, mas autobiográficos. “A história de um casal que não consegue viver junto nem separado já é antiga no meu imaginário. Me persegue há muitos anos e, na verdade, é a história de meus pais. E porque mexe com coisas que são muito profundas e até dolorosas para mim, eu queria, mas não sabia como abordar um tema tão pessoal. Foi uma longa caminhada. Cada filme me aproximava do meu objetivo. E creio que a solução veio com Ida, com sua narrativa elíptica. Deixei de pensar num roteiro construído como encadeamento de causas e efeitos, mas como uma sucessão de momentos fortes, emotivos e plásticos, com o mínimo de palavras e o máximo de ambientação. Atirei-me com paixão, a paixão de meus pais, mas nunca me senti tão inseguro num set. O tempo todo me perguntava se daria certo. Estava assumindo um risco.”

Há alguns anos, Pawlikowski quase contou essa história, mas disfarçada. “Seria um filme sobre os poetas Sylvia Plath e Ted Hughes. Eles também se amavam, e brigavam, e Sylvia se matou quando Ted a abandonou. Era uma história parecida com a de meus pais, mas seria uma grande produção hollywoodiana, com astros e estrelas, e eu senti que não teria espaço para o tipo de intimismo que queria criar. Desisti. Veja que, no filme, dei os nomes de meus pais aos personagens, Wiktor e Zula, diminutivo de Zuzanna. O problema é que, quanto mais me aprofundava na história, menos entendia as motivações de meus pais. O que ajudou foi o contexto histórico, o stalinismo, o folclore. O background deu consistência e coerência à dupla.”

A música vira personagem. “Demorei meses pesquisando as músicas do filme. São canções folclóricas em versões de jazz. O próprio jazz tem um significado. Era sinônimo de decadência no stalinismo, e por isso mesmo foi sempre associado, na Polônia, a contestação e resistência.”

continua após a publicidade

O plano-sequência, na cena do check-point, não é só tecnicamente brilhante. “Como todo o filme, foi muito pensado. Metaforiza a dificuldade de decidir. Filmei em seis meses, que é muito tempo. Achava a história pesada. Foi na hora, no set, ao filmar o fim, que tive o insight de fazer Zula dizer aquela frase. Faz toda a diferença na relação do filme com o público. E prova que improvisar também pode ser bom.” 

O diretor do filme 'Guerra Fria', Pawel Pawlikowski Foto: Mario Anzuoni/Reuters

Foi no fim do ano passado. Quando conversou com o Estado, pelo telefone, o diretor polonês Pawel Pawlikowski estava em Los Angeles para promover Guerra Fria entre os votantes da Academia. Indicado pela Polônia, o longa – em cartaz nos cinemas – terminou entre os cinco indicados que disputam na categoria de melhor filme em língua estrangeira, na premiação de domingo, dia 24.

Pawlikowski, que já venceu o Oscar por Ida, concorre pela segunda vez. É sinal de prestígio, mas, dessa vez, trombando com Roma, de Alfonso Cuarón, que também está na disputa, será mais difícil.

É curioso que ambos estejam concorrendo não apenas com filmes pessoais, mas autobiográficos. “A história de um casal que não consegue viver junto nem separado já é antiga no meu imaginário. Me persegue há muitos anos e, na verdade, é a história de meus pais. E porque mexe com coisas que são muito profundas e até dolorosas para mim, eu queria, mas não sabia como abordar um tema tão pessoal. Foi uma longa caminhada. Cada filme me aproximava do meu objetivo. E creio que a solução veio com Ida, com sua narrativa elíptica. Deixei de pensar num roteiro construído como encadeamento de causas e efeitos, mas como uma sucessão de momentos fortes, emotivos e plásticos, com o mínimo de palavras e o máximo de ambientação. Atirei-me com paixão, a paixão de meus pais, mas nunca me senti tão inseguro num set. O tempo todo me perguntava se daria certo. Estava assumindo um risco.”

Há alguns anos, Pawlikowski quase contou essa história, mas disfarçada. “Seria um filme sobre os poetas Sylvia Plath e Ted Hughes. Eles também se amavam, e brigavam, e Sylvia se matou quando Ted a abandonou. Era uma história parecida com a de meus pais, mas seria uma grande produção hollywoodiana, com astros e estrelas, e eu senti que não teria espaço para o tipo de intimismo que queria criar. Desisti. Veja que, no filme, dei os nomes de meus pais aos personagens, Wiktor e Zula, diminutivo de Zuzanna. O problema é que, quanto mais me aprofundava na história, menos entendia as motivações de meus pais. O que ajudou foi o contexto histórico, o stalinismo, o folclore. O background deu consistência e coerência à dupla.”

A música vira personagem. “Demorei meses pesquisando as músicas do filme. São canções folclóricas em versões de jazz. O próprio jazz tem um significado. Era sinônimo de decadência no stalinismo, e por isso mesmo foi sempre associado, na Polônia, a contestação e resistência.”

O plano-sequência, na cena do check-point, não é só tecnicamente brilhante. “Como todo o filme, foi muito pensado. Metaforiza a dificuldade de decidir. Filmei em seis meses, que é muito tempo. Achava a história pesada. Foi na hora, no set, ao filmar o fim, que tive o insight de fazer Zula dizer aquela frase. Faz toda a diferença na relação do filme com o público. E prova que improvisar também pode ser bom.” 

O diretor do filme 'Guerra Fria', Pawel Pawlikowski Foto: Mario Anzuoni/Reuters

Foi no fim do ano passado. Quando conversou com o Estado, pelo telefone, o diretor polonês Pawel Pawlikowski estava em Los Angeles para promover Guerra Fria entre os votantes da Academia. Indicado pela Polônia, o longa – em cartaz nos cinemas – terminou entre os cinco indicados que disputam na categoria de melhor filme em língua estrangeira, na premiação de domingo, dia 24.

Pawlikowski, que já venceu o Oscar por Ida, concorre pela segunda vez. É sinal de prestígio, mas, dessa vez, trombando com Roma, de Alfonso Cuarón, que também está na disputa, será mais difícil.

É curioso que ambos estejam concorrendo não apenas com filmes pessoais, mas autobiográficos. “A história de um casal que não consegue viver junto nem separado já é antiga no meu imaginário. Me persegue há muitos anos e, na verdade, é a história de meus pais. E porque mexe com coisas que são muito profundas e até dolorosas para mim, eu queria, mas não sabia como abordar um tema tão pessoal. Foi uma longa caminhada. Cada filme me aproximava do meu objetivo. E creio que a solução veio com Ida, com sua narrativa elíptica. Deixei de pensar num roteiro construído como encadeamento de causas e efeitos, mas como uma sucessão de momentos fortes, emotivos e plásticos, com o mínimo de palavras e o máximo de ambientação. Atirei-me com paixão, a paixão de meus pais, mas nunca me senti tão inseguro num set. O tempo todo me perguntava se daria certo. Estava assumindo um risco.”

Há alguns anos, Pawlikowski quase contou essa história, mas disfarçada. “Seria um filme sobre os poetas Sylvia Plath e Ted Hughes. Eles também se amavam, e brigavam, e Sylvia se matou quando Ted a abandonou. Era uma história parecida com a de meus pais, mas seria uma grande produção hollywoodiana, com astros e estrelas, e eu senti que não teria espaço para o tipo de intimismo que queria criar. Desisti. Veja que, no filme, dei os nomes de meus pais aos personagens, Wiktor e Zula, diminutivo de Zuzanna. O problema é que, quanto mais me aprofundava na história, menos entendia as motivações de meus pais. O que ajudou foi o contexto histórico, o stalinismo, o folclore. O background deu consistência e coerência à dupla.”

A música vira personagem. “Demorei meses pesquisando as músicas do filme. São canções folclóricas em versões de jazz. O próprio jazz tem um significado. Era sinônimo de decadência no stalinismo, e por isso mesmo foi sempre associado, na Polônia, a contestação e resistência.”

O plano-sequência, na cena do check-point, não é só tecnicamente brilhante. “Como todo o filme, foi muito pensado. Metaforiza a dificuldade de decidir. Filmei em seis meses, que é muito tempo. Achava a história pesada. Foi na hora, no set, ao filmar o fim, que tive o insight de fazer Zula dizer aquela frase. Faz toda a diferença na relação do filme com o público. E prova que improvisar também pode ser bom.” 

O diretor do filme 'Guerra Fria', Pawel Pawlikowski Foto: Mario Anzuoni/Reuters

Foi no fim do ano passado. Quando conversou com o Estado, pelo telefone, o diretor polonês Pawel Pawlikowski estava em Los Angeles para promover Guerra Fria entre os votantes da Academia. Indicado pela Polônia, o longa – em cartaz nos cinemas – terminou entre os cinco indicados que disputam na categoria de melhor filme em língua estrangeira, na premiação de domingo, dia 24.

Pawlikowski, que já venceu o Oscar por Ida, concorre pela segunda vez. É sinal de prestígio, mas, dessa vez, trombando com Roma, de Alfonso Cuarón, que também está na disputa, será mais difícil.

É curioso que ambos estejam concorrendo não apenas com filmes pessoais, mas autobiográficos. “A história de um casal que não consegue viver junto nem separado já é antiga no meu imaginário. Me persegue há muitos anos e, na verdade, é a história de meus pais. E porque mexe com coisas que são muito profundas e até dolorosas para mim, eu queria, mas não sabia como abordar um tema tão pessoal. Foi uma longa caminhada. Cada filme me aproximava do meu objetivo. E creio que a solução veio com Ida, com sua narrativa elíptica. Deixei de pensar num roteiro construído como encadeamento de causas e efeitos, mas como uma sucessão de momentos fortes, emotivos e plásticos, com o mínimo de palavras e o máximo de ambientação. Atirei-me com paixão, a paixão de meus pais, mas nunca me senti tão inseguro num set. O tempo todo me perguntava se daria certo. Estava assumindo um risco.”

Há alguns anos, Pawlikowski quase contou essa história, mas disfarçada. “Seria um filme sobre os poetas Sylvia Plath e Ted Hughes. Eles também se amavam, e brigavam, e Sylvia se matou quando Ted a abandonou. Era uma história parecida com a de meus pais, mas seria uma grande produção hollywoodiana, com astros e estrelas, e eu senti que não teria espaço para o tipo de intimismo que queria criar. Desisti. Veja que, no filme, dei os nomes de meus pais aos personagens, Wiktor e Zula, diminutivo de Zuzanna. O problema é que, quanto mais me aprofundava na história, menos entendia as motivações de meus pais. O que ajudou foi o contexto histórico, o stalinismo, o folclore. O background deu consistência e coerência à dupla.”

A música vira personagem. “Demorei meses pesquisando as músicas do filme. São canções folclóricas em versões de jazz. O próprio jazz tem um significado. Era sinônimo de decadência no stalinismo, e por isso mesmo foi sempre associado, na Polônia, a contestação e resistência.”

O plano-sequência, na cena do check-point, não é só tecnicamente brilhante. “Como todo o filme, foi muito pensado. Metaforiza a dificuldade de decidir. Filmei em seis meses, que é muito tempo. Achava a história pesada. Foi na hora, no set, ao filmar o fim, que tive o insight de fazer Zula dizer aquela frase. Faz toda a diferença na relação do filme com o público. E prova que improvisar também pode ser bom.” 

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.