Quando o cineasta Daniel Ribeiro lançou seu primeiro filme, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, em 2014, poucos podiam imaginar o sucesso do longa – estourou a bolha e, mesmo sendo uma produção independente, ultrapassou a barreira do R$ 1 milhão com a história de um rapaz com deficiência visual descobrindo sua sexualidade com outro menino.
Dez anos depois, Ribeiro retorna aos cinemas com 13 Sentimentos, estreia desta quinta-feira, 13. Confira aqui outras estreias da semana de 13 a 19 de junho.
Desta vez, a história se concentra em João (Artur Volpi), um jovem rapaz que acabou de terminar seu relacionamento de anos e agora precisa se reencontrar. Tudo é novo, nada mais é igual. É nessa toada que 13 Sentimentos mostra o dia a dia de João, com a nova rotina, enquanto tenta se adaptar e encontrar um novo amor dentro do mundo LGBT+, trazendo particularidades e desafios para este novo momento de sua vida.
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“Terminei um relacionamento de 10 anos em 2016 e passei pela fase de me reencontrar e entender como é ser sozinho. Depois de um tempo, percebi como poderia fazer algo com isso”, diz Daniel. “É um filme sobre idealização. Sobre como idealizamos o passado, como idealizamos controlar o futuro, como queremos controlar as coisas”.
Dez anos depois
Na conversa com Ribeiro, é difícil não questionar: qual o motivo de levar tanto tempo para fazer um novo filme? O que aconteceu? “O Brasil aconteceu”, disse ele, rindo. “Vivi junto o que o Brasil viveu. O financiamento começou a ter problemas. Tudo parou, foi acabando”.
Quem gostou de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho também deve encontrar conforto na história de João. Os recortes são bem diferentes – um fala da descoberta da sexualidade na adolescência, outro sobre a necessidade de se redescobrir na vida adulta –, mas ambos tratam o mundo dos relacionamentos com um certo ar de fábula, beliscando a ingenuidade. É um respiro em um cinema que traz sempre histórias trágicas da comunidade LGBT+.
No entanto, Daniel acredita que seu novo filme passa por um ar mais realista – algo que não teve no anterior. “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho era um filme muito idealizado, principalmente na conversa sobre o amor. Na época, achei que tinha feito um filme muito perfeito, que promete o grande amor para todos”, afirma. “Eu queria fazer um filme que brinque com isso, sem idealizar o mundo real e que precisamos encarar isso de frente”.
Assim, há um diálogo entre os filmes, ideias, entre sentimentos. E será que o sucesso do passado pressiona o Daniel Ribeiro de hoje? “Sim, coloca pressão”, resume. “Mas sei que nunca vou fazer exatamente o que fiz no filme anterior. Foi grande demais. Nenhum filme é igual ao outro. Ou seja: tem a pressão e Hoje Eu Quero Voltar Sozinho já está feito. Mas aí falamos de novo de idealização: as pessoas que esperam um filme igual ao outro”.