Michael Gambon já era um astro do cinema quando assumiu o papel de Alvo Dumbledore no terceiro filme da saga Harry Potter, mas o papel acabou por se tornar aquele pelo qual sempre será lembrado. Ele não foi o único veterano a ser apresentado a novas gerações pela história do bruxinho: Richard Harris, que primeiro comandou a personagem, trilhou o mesmo caminho.
Quando foi lançado em 2001, Harry Potter e a Pedra Filosofal teve Harris na pele do diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Na estética do primeiro cineasta a conduzir a saga, Chris Columbus, Dumbledore era o típico mago que, embora muito poderoso, era sábio, afável e carismático. Com as longas madeixas e barba prateadas do clichê fiel ao original de J.K. Rowling.
Entretanto, em 25 de outubro de 2002, Richard Harris morreu enquanto tratava um câncer linfático. Abriu-se aí a busca por um ator para substituí-lo nos filmes e Michael Gambon foi o escolhido.
Para Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, todo o mundo mágico foi reconfigurado. Com a chegada do ousado diretor Alfonso Cuarón ao set de filmagem, a produção cresceu e amadureceu, tanto em técnica quanto em trama. E isso precisava ser refletido na tela.
O próprio personagem Dumbledore passou por revisão e ficou, se a mistura é possível, mais hippie e enérgico. Michael Gambon carregou o bastão de sucessor com talento e competência por seis filmes, até a conclusão da saga em 2011.
Dumbledore não foi o único papel dividido pelos dois atores. Em 1988, Richard Harris interpretou a personagem-título do filme para TV O Inspetor Maigret. Quatro anos depois, desta vez em uma série de TV, foi a vez de Gambon ser escalado para o papel de Maigret.
Treta pessoal
A substituição ocorreu não sem polêmica. Outro monumento da encenação, o ator Ian McKellen, foi cotado para encarnar Dumbledore. Ele já havia interpretado recentemente outro grande mago da fantasia no cinema ao dar vida a Gandalf, na trilogia O Senhor dos Anéis, cujo primeiro filme saiu em 2002.
Acontece que McKellen e Harris tinham uma contenda própria. Ao programa BBC Hardtalk, em 2017, McKellen contou que Harris não gostava nada dele e achava que o ator era um artista “tecnicamente brilhante, mas sem paixão” - assim como Derek Jacobi e Kenneth Branagh.
“Eu não poderia assumir o papel de um ator que eu sabia que não me aprovava”, explicou McKellen.