Opinião|‘Domingo à Noite’: Filme emocionante mostra luto em vida de família diante do Alzheimer


Com Marieta Severo e em cartaz nos cinemas, o filme de André Bushatsky retrata história de uma mulher que cuida do marido e descobre que está com a mesma doença dele

Por Matheus Mans

Uma cena logo no começo de Domingo à Noite, que chegou aos cinemas em 4 de abril, nos pega de surpresa: Margot (Marieta Severo), que cuida do marido (Zé Carlos Machado) com Mal de Alzheimer, descobre que está com a mesma doença. E agora?

Ela não parece ser próxima dos dois filhos (Natália Lage e Johnnas Oliva), já que não autoriza a médica a entrar em contato com algum deles para informar o que está acontecendo. Parece não haver mais saídas para os dois.

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Labirinto de memórias

A partir disso, o diretor André Bushatsky (do recente documentário Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós) cria um drama familiar que fala muito sobre algo espinhoso: o luto em vida, com a necessidade de depender dos outros.

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Antônio, o marido já muito afetado pela doença debilitante e bem interpretado por Machado (Elis, Unicórnio), já não está mais ali para Margot — não à toa, em determinado momento ela diz ao marido que ele “estaria muito orgulhoso dela”. Estaria.

Marieta Severo estrela 'Domingo À Noite', drama tocante sobre casal diagnosticado com Alzheimer. Foto: Christian Rodrigues/Divulgação

Marieta, que repete outra grande atuação nos cinemas depois do pouco comentado Noites de Alface, dá essa sensação de luto em vida, do luto da memória. Ela, como atriz, não poderá mais trabalhar, assim como também não terá mais condições de cuidar do marido. Aí vem a questão: se Antônio depende de Margot, de quem Margot dependerá?

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E a família?

Uma questão simples, mas que é o bastante para colocar esses personagens numa reta final de suas vidas. Ainda mais quando a relação com os filhos se aprofunda e, mesmo frente ao inevitável fim, eles trazem mais questões pessoais irrelevantes.

É genial uma cena em que a filha se incomoda com a maneira que Margot dá a notícia de que tem Alzheimer. “Queria o que? Que eu mandasse uma carta?”, questiona a matriarca, direto ao ponto. A comunicação está perdida faz tempo e, agora, não será mais possível até em termos de saúde.

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Marieta Severo e Zé Carlos Machado em 'Domingo À Noite'. Foto: Christian Rodrigues/Divulgação

Na reta final, Domingo à Noite — que bebe muito de Amor, de Haneke, e do americano Ella e John —, acaba entrando em assuntos que não precisava e uma história que surge se torna um melodrama que atrapalha.

Ainda assim, é um filme competente e emocionante, que volta a reafirmar como Marieta Severo é uma das grandes artistas em atividade hoje. Pilar de sustentação do longa, ela nos coloca dentro das emoções dessa história tão complexa e faz com que pensemos sobre o que nós somos e para onde vamos.

Uma cena logo no começo de Domingo à Noite, que chegou aos cinemas em 4 de abril, nos pega de surpresa: Margot (Marieta Severo), que cuida do marido (Zé Carlos Machado) com Mal de Alzheimer, descobre que está com a mesma doença. E agora?

Ela não parece ser próxima dos dois filhos (Natália Lage e Johnnas Oliva), já que não autoriza a médica a entrar em contato com algum deles para informar o que está acontecendo. Parece não haver mais saídas para os dois.

Labirinto de memórias

A partir disso, o diretor André Bushatsky (do recente documentário Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós) cria um drama familiar que fala muito sobre algo espinhoso: o luto em vida, com a necessidade de depender dos outros.

Antônio, o marido já muito afetado pela doença debilitante e bem interpretado por Machado (Elis, Unicórnio), já não está mais ali para Margot — não à toa, em determinado momento ela diz ao marido que ele “estaria muito orgulhoso dela”. Estaria.

Marieta Severo estrela 'Domingo À Noite', drama tocante sobre casal diagnosticado com Alzheimer. Foto: Christian Rodrigues/Divulgação

Marieta, que repete outra grande atuação nos cinemas depois do pouco comentado Noites de Alface, dá essa sensação de luto em vida, do luto da memória. Ela, como atriz, não poderá mais trabalhar, assim como também não terá mais condições de cuidar do marido. Aí vem a questão: se Antônio depende de Margot, de quem Margot dependerá?

E a família?

Uma questão simples, mas que é o bastante para colocar esses personagens numa reta final de suas vidas. Ainda mais quando a relação com os filhos se aprofunda e, mesmo frente ao inevitável fim, eles trazem mais questões pessoais irrelevantes.

É genial uma cena em que a filha se incomoda com a maneira que Margot dá a notícia de que tem Alzheimer. “Queria o que? Que eu mandasse uma carta?”, questiona a matriarca, direto ao ponto. A comunicação está perdida faz tempo e, agora, não será mais possível até em termos de saúde.

Marieta Severo e Zé Carlos Machado em 'Domingo À Noite'. Foto: Christian Rodrigues/Divulgação

Na reta final, Domingo à Noite — que bebe muito de Amor, de Haneke, e do americano Ella e John —, acaba entrando em assuntos que não precisava e uma história que surge se torna um melodrama que atrapalha.

Ainda assim, é um filme competente e emocionante, que volta a reafirmar como Marieta Severo é uma das grandes artistas em atividade hoje. Pilar de sustentação do longa, ela nos coloca dentro das emoções dessa história tão complexa e faz com que pensemos sobre o que nós somos e para onde vamos.

Uma cena logo no começo de Domingo à Noite, que chegou aos cinemas em 4 de abril, nos pega de surpresa: Margot (Marieta Severo), que cuida do marido (Zé Carlos Machado) com Mal de Alzheimer, descobre que está com a mesma doença. E agora?

Ela não parece ser próxima dos dois filhos (Natália Lage e Johnnas Oliva), já que não autoriza a médica a entrar em contato com algum deles para informar o que está acontecendo. Parece não haver mais saídas para os dois.

Labirinto de memórias

A partir disso, o diretor André Bushatsky (do recente documentário Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós) cria um drama familiar que fala muito sobre algo espinhoso: o luto em vida, com a necessidade de depender dos outros.

Antônio, o marido já muito afetado pela doença debilitante e bem interpretado por Machado (Elis, Unicórnio), já não está mais ali para Margot — não à toa, em determinado momento ela diz ao marido que ele “estaria muito orgulhoso dela”. Estaria.

Marieta Severo estrela 'Domingo À Noite', drama tocante sobre casal diagnosticado com Alzheimer. Foto: Christian Rodrigues/Divulgação

Marieta, que repete outra grande atuação nos cinemas depois do pouco comentado Noites de Alface, dá essa sensação de luto em vida, do luto da memória. Ela, como atriz, não poderá mais trabalhar, assim como também não terá mais condições de cuidar do marido. Aí vem a questão: se Antônio depende de Margot, de quem Margot dependerá?

E a família?

Uma questão simples, mas que é o bastante para colocar esses personagens numa reta final de suas vidas. Ainda mais quando a relação com os filhos se aprofunda e, mesmo frente ao inevitável fim, eles trazem mais questões pessoais irrelevantes.

É genial uma cena em que a filha se incomoda com a maneira que Margot dá a notícia de que tem Alzheimer. “Queria o que? Que eu mandasse uma carta?”, questiona a matriarca, direto ao ponto. A comunicação está perdida faz tempo e, agora, não será mais possível até em termos de saúde.

Marieta Severo e Zé Carlos Machado em 'Domingo À Noite'. Foto: Christian Rodrigues/Divulgação

Na reta final, Domingo à Noite — que bebe muito de Amor, de Haneke, e do americano Ella e John —, acaba entrando em assuntos que não precisava e uma história que surge se torna um melodrama que atrapalha.

Ainda assim, é um filme competente e emocionante, que volta a reafirmar como Marieta Severo é uma das grandes artistas em atividade hoje. Pilar de sustentação do longa, ela nos coloca dentro das emoções dessa história tão complexa e faz com que pensemos sobre o que nós somos e para onde vamos.

Opinião por Matheus Mans

Repórter de cultura, tecnologia e gastronomia desde 2012 e desde 2015 no Estadão. É formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com especialização em audiovisual. É membro votante da Online Film Critics Society.

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