"É Tudo Verdade" volta a partir do dia 29


Por Agencia Estado

Pelo sexto ano consecutivo, a organização Kineforum organiza o Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Começa no dia 29 e avança até 8 de abril, com exibições simultâneas no Rio e em São Paulo. O crítico e jornalista Amir Labaki é idealizador e diretor-geral do evento. Amir esteve em Berlim, no recente Festival Internacional do Filme. Integrava o júri da Fipresci, a Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, que atribuiu o prestigiado prêmio da crítica. Viu coisas que estará trazendo ao Brasil no fim do mês. Um desses títulos é Southern Comfort, o documentário de Kate Davis que venceu o Festival de Sundance, em janeiro. Amir ainda espera confirmação, mas é quase certo que a própria Kate virá ao País mostrar seu filme que tanta sensação vem fazendo em todo o mundo. Southern Comfort conta a história de um casal, mas não é um casal convencional. Ele, na verdade, é ela e ela é ele. Ou seja, uma mulher que se submeteu a tratamento e fez cirurgia para virar homem, um homem que seguiu o caminho inverso para virar mulher. Como se trata de um documentário, o espectador pode ter certeza de que a história não é nenhuma fantasia produzida por mentes delirantes de Hollywood. É real e o drama é tanto maior porque o protagonista está morrendo de câncer no útero - traído pela única parte do seu corpo que permaneceu feminina. Amir anuncia somente na quarta-feira a seleção deste ano, mas além do impacto garantido pelo trabalho de Kate Davis já se sabe com certeza de quatro ou cinco coisas que vão sacudir o 6.º festival. A seleção privilegia um trabalho recém-concluído de Lucas Bambozzi e o filme Exile, da alemã Christine Reeh. Deve trazer o corajoso (e forte) Once There Was a Wild Sprite em que a alemã Claudia von Alemann adota um tom confessional e usa a própria mãe para discutir a atração que Adolf Hitler exercia sobre a população da Alemanha. Também estão definidas as personalidades homenageadas em duas importantes seções da mostra. A retrospectiva internacional vai homenagear o documentarista americano Frederick Wiseman e a nacional, Geraldo Sarno. Se você acompanha o Festival Internacional de Documentários, com certeza viu, no ano passado, um dos pontos altos da programação - Belfast Maine. Aquele documentário de quatro horas é o trabalho mais recente de Wiseman, o documentarista agora homenageado com uma retrospectiva que vai trazer oito de seus principais trabalhos, entre eles Belfast Maine, que Amir Labaki e o diretor, de comum acordo, fizeram questão de incluir na programação. Wiseman surgiu nos anos 60. Seu filme de estréia, Titicut Follies, também será exibido. Ligou seu nome a uma corrente muito forte na época - o cinema direto, que alguns também chamam de cinema verdade. Sua estética é produto do desenvolvimento tecnológico que revolucionou o cinema no fim dos anos 50. As câmeras portáteis, com sistema de som acoplado, permitindo a captação direta, tiveram um impacto muito forte e não apenas na feitura de documentários. Jean Rouch na França, Wiseman e os irmãos Maysles nos EUA, todos se beneficiaram das novas técnicas mas elas também foram absorvidas, na ficção, pelos diretores da nouvelle vague, o movimento de renovação do cinema francês que revelou Godard e Truffaut. Digital - Amir acha importante lembrar isso, até como paralelismo com outro ciclo do desenvolvimento tecnológico, o digital, que tanta repercussão vem obtendo na atualidade. E também acha necessário destacar a persistência de Wiseman. Mais do que qualquer outro diretor de sua geração, ele conseguiu criar infra-estrutura, econômica até, necessária para levar adiante sua obra. Outros pararam ou fazem filmes mais sazonais. Não Wiseman: a cada dois ou três anos, ele surpreende com um novo filme. Nunca se acomodou. Continua apontando caminhos e, por isso mesmo, é reverenciado como mestre por documentaristas tão ilustres quanto os brasileiros João Moreira Salles e Ricardo Dias. Salles, indicado para o Prêmio Multicultural 2001 Estadão Cultura, participa de um debate com Wiseman no Rio, pois o cineasta desembarca no Brasil no dia 28 para acompanhar de perto a retrospectiva. Em São Paulo, haverá outro debate, mas aqui o interlocutor de Wiseman será outro documentarista - Ricardo Dias de Fé. Amir Labaki lembra Belfast Maine para destacar o que Wiseman vem fazendo - um mapeamento das instituições americanas. Seus filmes tratam sempre de asilos, delegacias, zoológicos, cujo funcionamento ele esmiúça. Nesse sentido, Belfast Maine é exemplar, pois Wiseman mapeia essa pequena cidade americana por meio de seus habitantes e das instituições sociais que eles representam. Por mais que se fale hoje no futuro do cinema e na revolução provocada pela tecnologia digital, Amir é dos que sustentam que o que se faz hoje de mais novo e fascinante no mundo não se liga à ficção, mas ao documentário. Em Berlim, ele teve oportunidade de constatar isso mais uma vez, por meio de filmes exibidos em importantes seções paralelas, como o Fórum e o Panorama. Gostaria de trazer esses filmes ao Brasil e alguns ele vai trazer mesmo, mas não porque os tenha visto no festival da Alemanha. As inscrições do É Tudo Verdade terminaram em janeiro e os filmes já estavam selecionados quando passaram na Berlinale. Para explicar a nova força do documentário, Amir lembra os grandes fluxos proporcionados pela produção independente americana e pelo cinema chinês no começo dos anos 90. Na seqüência, surgiu e consolidou-se o cinema do Irã, com sua retomada do neo-realismo, por meio de uma profunda vinculação com o real. O futuro, para Amir, não é a ficção, mas o documentário e ele não está esquecendo a contribuição do antiilusionista Dogma, o movimento dos monges-cineastas da Dinamarca. Em Berlim, integrou o júri que deu o prêmio da crítica para Italiensk for Begyndere, de Lone Scherfig. Convencido disso, Amir organiza seu festival que, há seis anos, traz ao País o que de melhor se faz no gênero, em todo o mundo. Autores como Frederick Wiseman e Geraldo Sarno são as estrelas desse tipo de cinema no qual, como diz o título do evento, é tudo verdade.

Pelo sexto ano consecutivo, a organização Kineforum organiza o Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Começa no dia 29 e avança até 8 de abril, com exibições simultâneas no Rio e em São Paulo. O crítico e jornalista Amir Labaki é idealizador e diretor-geral do evento. Amir esteve em Berlim, no recente Festival Internacional do Filme. Integrava o júri da Fipresci, a Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, que atribuiu o prestigiado prêmio da crítica. Viu coisas que estará trazendo ao Brasil no fim do mês. Um desses títulos é Southern Comfort, o documentário de Kate Davis que venceu o Festival de Sundance, em janeiro. Amir ainda espera confirmação, mas é quase certo que a própria Kate virá ao País mostrar seu filme que tanta sensação vem fazendo em todo o mundo. Southern Comfort conta a história de um casal, mas não é um casal convencional. Ele, na verdade, é ela e ela é ele. Ou seja, uma mulher que se submeteu a tratamento e fez cirurgia para virar homem, um homem que seguiu o caminho inverso para virar mulher. Como se trata de um documentário, o espectador pode ter certeza de que a história não é nenhuma fantasia produzida por mentes delirantes de Hollywood. É real e o drama é tanto maior porque o protagonista está morrendo de câncer no útero - traído pela única parte do seu corpo que permaneceu feminina. Amir anuncia somente na quarta-feira a seleção deste ano, mas além do impacto garantido pelo trabalho de Kate Davis já se sabe com certeza de quatro ou cinco coisas que vão sacudir o 6.º festival. A seleção privilegia um trabalho recém-concluído de Lucas Bambozzi e o filme Exile, da alemã Christine Reeh. Deve trazer o corajoso (e forte) Once There Was a Wild Sprite em que a alemã Claudia von Alemann adota um tom confessional e usa a própria mãe para discutir a atração que Adolf Hitler exercia sobre a população da Alemanha. Também estão definidas as personalidades homenageadas em duas importantes seções da mostra. A retrospectiva internacional vai homenagear o documentarista americano Frederick Wiseman e a nacional, Geraldo Sarno. Se você acompanha o Festival Internacional de Documentários, com certeza viu, no ano passado, um dos pontos altos da programação - Belfast Maine. Aquele documentário de quatro horas é o trabalho mais recente de Wiseman, o documentarista agora homenageado com uma retrospectiva que vai trazer oito de seus principais trabalhos, entre eles Belfast Maine, que Amir Labaki e o diretor, de comum acordo, fizeram questão de incluir na programação. Wiseman surgiu nos anos 60. Seu filme de estréia, Titicut Follies, também será exibido. Ligou seu nome a uma corrente muito forte na época - o cinema direto, que alguns também chamam de cinema verdade. Sua estética é produto do desenvolvimento tecnológico que revolucionou o cinema no fim dos anos 50. As câmeras portáteis, com sistema de som acoplado, permitindo a captação direta, tiveram um impacto muito forte e não apenas na feitura de documentários. Jean Rouch na França, Wiseman e os irmãos Maysles nos EUA, todos se beneficiaram das novas técnicas mas elas também foram absorvidas, na ficção, pelos diretores da nouvelle vague, o movimento de renovação do cinema francês que revelou Godard e Truffaut. Digital - Amir acha importante lembrar isso, até como paralelismo com outro ciclo do desenvolvimento tecnológico, o digital, que tanta repercussão vem obtendo na atualidade. E também acha necessário destacar a persistência de Wiseman. Mais do que qualquer outro diretor de sua geração, ele conseguiu criar infra-estrutura, econômica até, necessária para levar adiante sua obra. Outros pararam ou fazem filmes mais sazonais. Não Wiseman: a cada dois ou três anos, ele surpreende com um novo filme. Nunca se acomodou. Continua apontando caminhos e, por isso mesmo, é reverenciado como mestre por documentaristas tão ilustres quanto os brasileiros João Moreira Salles e Ricardo Dias. Salles, indicado para o Prêmio Multicultural 2001 Estadão Cultura, participa de um debate com Wiseman no Rio, pois o cineasta desembarca no Brasil no dia 28 para acompanhar de perto a retrospectiva. Em São Paulo, haverá outro debate, mas aqui o interlocutor de Wiseman será outro documentarista - Ricardo Dias de Fé. Amir Labaki lembra Belfast Maine para destacar o que Wiseman vem fazendo - um mapeamento das instituições americanas. Seus filmes tratam sempre de asilos, delegacias, zoológicos, cujo funcionamento ele esmiúça. Nesse sentido, Belfast Maine é exemplar, pois Wiseman mapeia essa pequena cidade americana por meio de seus habitantes e das instituições sociais que eles representam. Por mais que se fale hoje no futuro do cinema e na revolução provocada pela tecnologia digital, Amir é dos que sustentam que o que se faz hoje de mais novo e fascinante no mundo não se liga à ficção, mas ao documentário. Em Berlim, ele teve oportunidade de constatar isso mais uma vez, por meio de filmes exibidos em importantes seções paralelas, como o Fórum e o Panorama. Gostaria de trazer esses filmes ao Brasil e alguns ele vai trazer mesmo, mas não porque os tenha visto no festival da Alemanha. As inscrições do É Tudo Verdade terminaram em janeiro e os filmes já estavam selecionados quando passaram na Berlinale. Para explicar a nova força do documentário, Amir lembra os grandes fluxos proporcionados pela produção independente americana e pelo cinema chinês no começo dos anos 90. Na seqüência, surgiu e consolidou-se o cinema do Irã, com sua retomada do neo-realismo, por meio de uma profunda vinculação com o real. O futuro, para Amir, não é a ficção, mas o documentário e ele não está esquecendo a contribuição do antiilusionista Dogma, o movimento dos monges-cineastas da Dinamarca. Em Berlim, integrou o júri que deu o prêmio da crítica para Italiensk for Begyndere, de Lone Scherfig. Convencido disso, Amir organiza seu festival que, há seis anos, traz ao País o que de melhor se faz no gênero, em todo o mundo. Autores como Frederick Wiseman e Geraldo Sarno são as estrelas desse tipo de cinema no qual, como diz o título do evento, é tudo verdade.

Pelo sexto ano consecutivo, a organização Kineforum organiza o Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Começa no dia 29 e avança até 8 de abril, com exibições simultâneas no Rio e em São Paulo. O crítico e jornalista Amir Labaki é idealizador e diretor-geral do evento. Amir esteve em Berlim, no recente Festival Internacional do Filme. Integrava o júri da Fipresci, a Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, que atribuiu o prestigiado prêmio da crítica. Viu coisas que estará trazendo ao Brasil no fim do mês. Um desses títulos é Southern Comfort, o documentário de Kate Davis que venceu o Festival de Sundance, em janeiro. Amir ainda espera confirmação, mas é quase certo que a própria Kate virá ao País mostrar seu filme que tanta sensação vem fazendo em todo o mundo. Southern Comfort conta a história de um casal, mas não é um casal convencional. Ele, na verdade, é ela e ela é ele. Ou seja, uma mulher que se submeteu a tratamento e fez cirurgia para virar homem, um homem que seguiu o caminho inverso para virar mulher. Como se trata de um documentário, o espectador pode ter certeza de que a história não é nenhuma fantasia produzida por mentes delirantes de Hollywood. É real e o drama é tanto maior porque o protagonista está morrendo de câncer no útero - traído pela única parte do seu corpo que permaneceu feminina. Amir anuncia somente na quarta-feira a seleção deste ano, mas além do impacto garantido pelo trabalho de Kate Davis já se sabe com certeza de quatro ou cinco coisas que vão sacudir o 6.º festival. A seleção privilegia um trabalho recém-concluído de Lucas Bambozzi e o filme Exile, da alemã Christine Reeh. Deve trazer o corajoso (e forte) Once There Was a Wild Sprite em que a alemã Claudia von Alemann adota um tom confessional e usa a própria mãe para discutir a atração que Adolf Hitler exercia sobre a população da Alemanha. Também estão definidas as personalidades homenageadas em duas importantes seções da mostra. A retrospectiva internacional vai homenagear o documentarista americano Frederick Wiseman e a nacional, Geraldo Sarno. Se você acompanha o Festival Internacional de Documentários, com certeza viu, no ano passado, um dos pontos altos da programação - Belfast Maine. Aquele documentário de quatro horas é o trabalho mais recente de Wiseman, o documentarista agora homenageado com uma retrospectiva que vai trazer oito de seus principais trabalhos, entre eles Belfast Maine, que Amir Labaki e o diretor, de comum acordo, fizeram questão de incluir na programação. Wiseman surgiu nos anos 60. Seu filme de estréia, Titicut Follies, também será exibido. Ligou seu nome a uma corrente muito forte na época - o cinema direto, que alguns também chamam de cinema verdade. Sua estética é produto do desenvolvimento tecnológico que revolucionou o cinema no fim dos anos 50. As câmeras portáteis, com sistema de som acoplado, permitindo a captação direta, tiveram um impacto muito forte e não apenas na feitura de documentários. Jean Rouch na França, Wiseman e os irmãos Maysles nos EUA, todos se beneficiaram das novas técnicas mas elas também foram absorvidas, na ficção, pelos diretores da nouvelle vague, o movimento de renovação do cinema francês que revelou Godard e Truffaut. Digital - Amir acha importante lembrar isso, até como paralelismo com outro ciclo do desenvolvimento tecnológico, o digital, que tanta repercussão vem obtendo na atualidade. E também acha necessário destacar a persistência de Wiseman. Mais do que qualquer outro diretor de sua geração, ele conseguiu criar infra-estrutura, econômica até, necessária para levar adiante sua obra. Outros pararam ou fazem filmes mais sazonais. Não Wiseman: a cada dois ou três anos, ele surpreende com um novo filme. Nunca se acomodou. Continua apontando caminhos e, por isso mesmo, é reverenciado como mestre por documentaristas tão ilustres quanto os brasileiros João Moreira Salles e Ricardo Dias. Salles, indicado para o Prêmio Multicultural 2001 Estadão Cultura, participa de um debate com Wiseman no Rio, pois o cineasta desembarca no Brasil no dia 28 para acompanhar de perto a retrospectiva. Em São Paulo, haverá outro debate, mas aqui o interlocutor de Wiseman será outro documentarista - Ricardo Dias de Fé. Amir Labaki lembra Belfast Maine para destacar o que Wiseman vem fazendo - um mapeamento das instituições americanas. Seus filmes tratam sempre de asilos, delegacias, zoológicos, cujo funcionamento ele esmiúça. Nesse sentido, Belfast Maine é exemplar, pois Wiseman mapeia essa pequena cidade americana por meio de seus habitantes e das instituições sociais que eles representam. Por mais que se fale hoje no futuro do cinema e na revolução provocada pela tecnologia digital, Amir é dos que sustentam que o que se faz hoje de mais novo e fascinante no mundo não se liga à ficção, mas ao documentário. Em Berlim, ele teve oportunidade de constatar isso mais uma vez, por meio de filmes exibidos em importantes seções paralelas, como o Fórum e o Panorama. Gostaria de trazer esses filmes ao Brasil e alguns ele vai trazer mesmo, mas não porque os tenha visto no festival da Alemanha. As inscrições do É Tudo Verdade terminaram em janeiro e os filmes já estavam selecionados quando passaram na Berlinale. Para explicar a nova força do documentário, Amir lembra os grandes fluxos proporcionados pela produção independente americana e pelo cinema chinês no começo dos anos 90. Na seqüência, surgiu e consolidou-se o cinema do Irã, com sua retomada do neo-realismo, por meio de uma profunda vinculação com o real. O futuro, para Amir, não é a ficção, mas o documentário e ele não está esquecendo a contribuição do antiilusionista Dogma, o movimento dos monges-cineastas da Dinamarca. Em Berlim, integrou o júri que deu o prêmio da crítica para Italiensk for Begyndere, de Lone Scherfig. Convencido disso, Amir organiza seu festival que, há seis anos, traz ao País o que de melhor se faz no gênero, em todo o mundo. Autores como Frederick Wiseman e Geraldo Sarno são as estrelas desse tipo de cinema no qual, como diz o título do evento, é tudo verdade.

Pelo sexto ano consecutivo, a organização Kineforum organiza o Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Começa no dia 29 e avança até 8 de abril, com exibições simultâneas no Rio e em São Paulo. O crítico e jornalista Amir Labaki é idealizador e diretor-geral do evento. Amir esteve em Berlim, no recente Festival Internacional do Filme. Integrava o júri da Fipresci, a Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica, que atribuiu o prestigiado prêmio da crítica. Viu coisas que estará trazendo ao Brasil no fim do mês. Um desses títulos é Southern Comfort, o documentário de Kate Davis que venceu o Festival de Sundance, em janeiro. Amir ainda espera confirmação, mas é quase certo que a própria Kate virá ao País mostrar seu filme que tanta sensação vem fazendo em todo o mundo. Southern Comfort conta a história de um casal, mas não é um casal convencional. Ele, na verdade, é ela e ela é ele. Ou seja, uma mulher que se submeteu a tratamento e fez cirurgia para virar homem, um homem que seguiu o caminho inverso para virar mulher. Como se trata de um documentário, o espectador pode ter certeza de que a história não é nenhuma fantasia produzida por mentes delirantes de Hollywood. É real e o drama é tanto maior porque o protagonista está morrendo de câncer no útero - traído pela única parte do seu corpo que permaneceu feminina. Amir anuncia somente na quarta-feira a seleção deste ano, mas além do impacto garantido pelo trabalho de Kate Davis já se sabe com certeza de quatro ou cinco coisas que vão sacudir o 6.º festival. A seleção privilegia um trabalho recém-concluído de Lucas Bambozzi e o filme Exile, da alemã Christine Reeh. Deve trazer o corajoso (e forte) Once There Was a Wild Sprite em que a alemã Claudia von Alemann adota um tom confessional e usa a própria mãe para discutir a atração que Adolf Hitler exercia sobre a população da Alemanha. Também estão definidas as personalidades homenageadas em duas importantes seções da mostra. A retrospectiva internacional vai homenagear o documentarista americano Frederick Wiseman e a nacional, Geraldo Sarno. Se você acompanha o Festival Internacional de Documentários, com certeza viu, no ano passado, um dos pontos altos da programação - Belfast Maine. Aquele documentário de quatro horas é o trabalho mais recente de Wiseman, o documentarista agora homenageado com uma retrospectiva que vai trazer oito de seus principais trabalhos, entre eles Belfast Maine, que Amir Labaki e o diretor, de comum acordo, fizeram questão de incluir na programação. Wiseman surgiu nos anos 60. Seu filme de estréia, Titicut Follies, também será exibido. Ligou seu nome a uma corrente muito forte na época - o cinema direto, que alguns também chamam de cinema verdade. Sua estética é produto do desenvolvimento tecnológico que revolucionou o cinema no fim dos anos 50. As câmeras portáteis, com sistema de som acoplado, permitindo a captação direta, tiveram um impacto muito forte e não apenas na feitura de documentários. Jean Rouch na França, Wiseman e os irmãos Maysles nos EUA, todos se beneficiaram das novas técnicas mas elas também foram absorvidas, na ficção, pelos diretores da nouvelle vague, o movimento de renovação do cinema francês que revelou Godard e Truffaut. Digital - Amir acha importante lembrar isso, até como paralelismo com outro ciclo do desenvolvimento tecnológico, o digital, que tanta repercussão vem obtendo na atualidade. E também acha necessário destacar a persistência de Wiseman. Mais do que qualquer outro diretor de sua geração, ele conseguiu criar infra-estrutura, econômica até, necessária para levar adiante sua obra. Outros pararam ou fazem filmes mais sazonais. Não Wiseman: a cada dois ou três anos, ele surpreende com um novo filme. Nunca se acomodou. Continua apontando caminhos e, por isso mesmo, é reverenciado como mestre por documentaristas tão ilustres quanto os brasileiros João Moreira Salles e Ricardo Dias. Salles, indicado para o Prêmio Multicultural 2001 Estadão Cultura, participa de um debate com Wiseman no Rio, pois o cineasta desembarca no Brasil no dia 28 para acompanhar de perto a retrospectiva. Em São Paulo, haverá outro debate, mas aqui o interlocutor de Wiseman será outro documentarista - Ricardo Dias de Fé. Amir Labaki lembra Belfast Maine para destacar o que Wiseman vem fazendo - um mapeamento das instituições americanas. Seus filmes tratam sempre de asilos, delegacias, zoológicos, cujo funcionamento ele esmiúça. Nesse sentido, Belfast Maine é exemplar, pois Wiseman mapeia essa pequena cidade americana por meio de seus habitantes e das instituições sociais que eles representam. Por mais que se fale hoje no futuro do cinema e na revolução provocada pela tecnologia digital, Amir é dos que sustentam que o que se faz hoje de mais novo e fascinante no mundo não se liga à ficção, mas ao documentário. Em Berlim, ele teve oportunidade de constatar isso mais uma vez, por meio de filmes exibidos em importantes seções paralelas, como o Fórum e o Panorama. Gostaria de trazer esses filmes ao Brasil e alguns ele vai trazer mesmo, mas não porque os tenha visto no festival da Alemanha. As inscrições do É Tudo Verdade terminaram em janeiro e os filmes já estavam selecionados quando passaram na Berlinale. Para explicar a nova força do documentário, Amir lembra os grandes fluxos proporcionados pela produção independente americana e pelo cinema chinês no começo dos anos 90. Na seqüência, surgiu e consolidou-se o cinema do Irã, com sua retomada do neo-realismo, por meio de uma profunda vinculação com o real. O futuro, para Amir, não é a ficção, mas o documentário e ele não está esquecendo a contribuição do antiilusionista Dogma, o movimento dos monges-cineastas da Dinamarca. Em Berlim, integrou o júri que deu o prêmio da crítica para Italiensk for Begyndere, de Lone Scherfig. Convencido disso, Amir organiza seu festival que, há seis anos, traz ao País o que de melhor se faz no gênero, em todo o mundo. Autores como Frederick Wiseman e Geraldo Sarno são as estrelas desse tipo de cinema no qual, como diz o título do evento, é tudo verdade.

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