CANNES - Jane Fonda veio ministrar uma master class na sexta-feira, 26. Na noite de sábado, entregou a Palma de Ouro do 76º Festival. Lembrou sua primeira vez em Cannes, em 1963. Há 50 anos! “Não havia mulheres diretoras. Este ano foram sete na competição. Estamos avançando, mas é preciso mais.”
E a Pkok. Jane Campion e Julia Ducourneau, que integrou o júri deste ano, presidido pelo diretor sueco Ruben Ostlund.
Duas vezes vencedor da Palma num prazo de cinco anos, por The Square e Triângulo da Tristeza, Ostlund é um provocador. Seu primeiro laureado recebeu no Brasil o título de A Arte da Discórdia. Havia temor, desconfiança pelo que ele poderia premiar.
Embora tenha esquecido os grandes italianos – Marco Bellocchio, Nanni Moretti -, Ostlund e seu júri saíram-se melhores do que a encomenda. Premiaram o extraordinário ator de Wim Wenders em Perfect Days, Koji Yakusho, deram o prêmio de direção ao vietnamita Tran Anh Hung, por La Passion de Dodi Boufflant, o Grand Prix a Jonathan Glazer, por sua adaptação do livro de Martin Amis, Zona de Interesse – vencedor do prêmio da crítica -, e o prêmio do júri para o Aki Kaurismaki de Folhas Mortas.
E fizeram história premiando Justine. Uma mulher acusada de matar o marido – ele caiu ou foi empurrado na escada. A Anatomia de Uma Queda vira anatomia de um casamento. Talvez somente Ingmar Bergman, nas suas Cenas de Um Casamento, tenha alcançado essa profundidade (e grandeza estética).