Em 'Rifle', Davi Pretto pensa o Brasil a partir da desolação do pampa


Trama gira em torno de Dione, um homem do campo que trabalha como empregado em uma pequena fazenda

Por Luiz Carlos Merten

No Festival de Brasília do ano passado, Rifle ganhou dois prêmios do júri oficial - melhor som e roteiro, esse, dividido entre o diretor Davi Pretto e o autor do conto original, aliás, nunca publicado, El Niño. Pretto e Richard Tavares, o escritor, são amigos de infância - “desde guris” - e o filme deveria ter sido o primeiro da dupla, anos atrás. “Mas aí eu terminei fazendo antes o Castanha, e Rifle ficou ali, não parado, mas em compasso de espera, a gente sempre conversando.” Castanha esteve longe da unanimidade, mas foi - é - um marco do cinema no Rio Grande.

O protagonista, João Carlos Castanha, de 52 anos, é ator. Trabalha na noite como transformista. Circula num universo um tanto alternativo (underground?). Solitário, aos poucos deixa de discernir as fronteiras entre realidade e ficção, que se borram no seu imaginário. Pretto sorri quando o repórter lhe diz, “com todo respeito”, que tem cara e jeito de mauricinho. Na verdade, sua formação foi com o irmão mais velho na cena musical punk de Porto Alegre. A mãe - solteira, bancária - deu aos filhos uma formação de esquerda, que se reflete no cinema que Davi faz. Rifle já nasceu diferente.

Revolta. História na fronteira reflete o que acontece no Brasil Foto: Joba Migliorin/Tokyo Filmes
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“A história é desse guri na região da fronteira. Reflete o que está ocorrendo no Rio Grande e no Brasil. Os grandes proprietários avançam sobre as terras dos pequenos, que perdem seu território e vão viver uma vida de m... na periferia das cidades. Dione, o nosso protagonista, pega em armas. O rifle vira metáfora, expressão da sua revolta.” O filme mantém a estrutura do conto, mas muda o final. E Pretto tomou uma decisão ousada, senão radical. “Já que o filme conta a história de uma família, decidi filmar com uma família de verdade.” A paisagem, uma área de fronteira, é decisiva. Vira personagem. “Percorremos, minha produtora e eu, toda aquela região fronteiriça, procurando a paisagem e os personagens.”

Terminaram dando sorte. “Foi uma coisa que a gente ouviu muito. Não é fácil, mas também não é difícil. Demos carona a uma mulher que, ao descobrir o que queríamos, disse que talvez seu avô... Todo mundo que a gente falava, os jovens perguntavam - ‘Como assim, eu ser ator?’ Com o Dione (Ávila de Oliveira) foi o contrário. Ele já sonhava ser ator e o cinema foi ao encontro dele.” Uma família real - metida numa ficção. “Isso estava claro desde o começo. Queríamos a família, mas interpretando.” Algo que, apesar de todas as diferenças, aproxima Rifle do outro grande filme brasileiro do ano - Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé.

Um urbano, Hotel. O outro, desenrolado na imensidão desolada do pampa. Os campos do Poncho Verde. Dom Pedrito, próximo de onde foi filmado A Mulher do Pai. Não o gaúcho garboso, mítico, na tradição do lendário Capitão Rodrigo, imortalizado por Erico Verissimo em O Tempo e o Vento. O gaúcho a pé, derrotado, de outro grande escritor, Cyro Martins. Rifle é um grande filme.

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No Festival de Brasília do ano passado, Rifle ganhou dois prêmios do júri oficial - melhor som e roteiro, esse, dividido entre o diretor Davi Pretto e o autor do conto original, aliás, nunca publicado, El Niño. Pretto e Richard Tavares, o escritor, são amigos de infância - “desde guris” - e o filme deveria ter sido o primeiro da dupla, anos atrás. “Mas aí eu terminei fazendo antes o Castanha, e Rifle ficou ali, não parado, mas em compasso de espera, a gente sempre conversando.” Castanha esteve longe da unanimidade, mas foi - é - um marco do cinema no Rio Grande.

O protagonista, João Carlos Castanha, de 52 anos, é ator. Trabalha na noite como transformista. Circula num universo um tanto alternativo (underground?). Solitário, aos poucos deixa de discernir as fronteiras entre realidade e ficção, que se borram no seu imaginário. Pretto sorri quando o repórter lhe diz, “com todo respeito”, que tem cara e jeito de mauricinho. Na verdade, sua formação foi com o irmão mais velho na cena musical punk de Porto Alegre. A mãe - solteira, bancária - deu aos filhos uma formação de esquerda, que se reflete no cinema que Davi faz. Rifle já nasceu diferente.

Revolta. História na fronteira reflete o que acontece no Brasil Foto: Joba Migliorin/Tokyo Filmes

“A história é desse guri na região da fronteira. Reflete o que está ocorrendo no Rio Grande e no Brasil. Os grandes proprietários avançam sobre as terras dos pequenos, que perdem seu território e vão viver uma vida de m... na periferia das cidades. Dione, o nosso protagonista, pega em armas. O rifle vira metáfora, expressão da sua revolta.” O filme mantém a estrutura do conto, mas muda o final. E Pretto tomou uma decisão ousada, senão radical. “Já que o filme conta a história de uma família, decidi filmar com uma família de verdade.” A paisagem, uma área de fronteira, é decisiva. Vira personagem. “Percorremos, minha produtora e eu, toda aquela região fronteiriça, procurando a paisagem e os personagens.”

Terminaram dando sorte. “Foi uma coisa que a gente ouviu muito. Não é fácil, mas também não é difícil. Demos carona a uma mulher que, ao descobrir o que queríamos, disse que talvez seu avô... Todo mundo que a gente falava, os jovens perguntavam - ‘Como assim, eu ser ator?’ Com o Dione (Ávila de Oliveira) foi o contrário. Ele já sonhava ser ator e o cinema foi ao encontro dele.” Uma família real - metida numa ficção. “Isso estava claro desde o começo. Queríamos a família, mas interpretando.” Algo que, apesar de todas as diferenças, aproxima Rifle do outro grande filme brasileiro do ano - Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé.

Um urbano, Hotel. O outro, desenrolado na imensidão desolada do pampa. Os campos do Poncho Verde. Dom Pedrito, próximo de onde foi filmado A Mulher do Pai. Não o gaúcho garboso, mítico, na tradição do lendário Capitão Rodrigo, imortalizado por Erico Verissimo em O Tempo e o Vento. O gaúcho a pé, derrotado, de outro grande escritor, Cyro Martins. Rifle é um grande filme.

No Festival de Brasília do ano passado, Rifle ganhou dois prêmios do júri oficial - melhor som e roteiro, esse, dividido entre o diretor Davi Pretto e o autor do conto original, aliás, nunca publicado, El Niño. Pretto e Richard Tavares, o escritor, são amigos de infância - “desde guris” - e o filme deveria ter sido o primeiro da dupla, anos atrás. “Mas aí eu terminei fazendo antes o Castanha, e Rifle ficou ali, não parado, mas em compasso de espera, a gente sempre conversando.” Castanha esteve longe da unanimidade, mas foi - é - um marco do cinema no Rio Grande.

O protagonista, João Carlos Castanha, de 52 anos, é ator. Trabalha na noite como transformista. Circula num universo um tanto alternativo (underground?). Solitário, aos poucos deixa de discernir as fronteiras entre realidade e ficção, que se borram no seu imaginário. Pretto sorri quando o repórter lhe diz, “com todo respeito”, que tem cara e jeito de mauricinho. Na verdade, sua formação foi com o irmão mais velho na cena musical punk de Porto Alegre. A mãe - solteira, bancária - deu aos filhos uma formação de esquerda, que se reflete no cinema que Davi faz. Rifle já nasceu diferente.

Revolta. História na fronteira reflete o que acontece no Brasil Foto: Joba Migliorin/Tokyo Filmes

“A história é desse guri na região da fronteira. Reflete o que está ocorrendo no Rio Grande e no Brasil. Os grandes proprietários avançam sobre as terras dos pequenos, que perdem seu território e vão viver uma vida de m... na periferia das cidades. Dione, o nosso protagonista, pega em armas. O rifle vira metáfora, expressão da sua revolta.” O filme mantém a estrutura do conto, mas muda o final. E Pretto tomou uma decisão ousada, senão radical. “Já que o filme conta a história de uma família, decidi filmar com uma família de verdade.” A paisagem, uma área de fronteira, é decisiva. Vira personagem. “Percorremos, minha produtora e eu, toda aquela região fronteiriça, procurando a paisagem e os personagens.”

Terminaram dando sorte. “Foi uma coisa que a gente ouviu muito. Não é fácil, mas também não é difícil. Demos carona a uma mulher que, ao descobrir o que queríamos, disse que talvez seu avô... Todo mundo que a gente falava, os jovens perguntavam - ‘Como assim, eu ser ator?’ Com o Dione (Ávila de Oliveira) foi o contrário. Ele já sonhava ser ator e o cinema foi ao encontro dele.” Uma família real - metida numa ficção. “Isso estava claro desde o começo. Queríamos a família, mas interpretando.” Algo que, apesar de todas as diferenças, aproxima Rifle do outro grande filme brasileiro do ano - Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé.

Um urbano, Hotel. O outro, desenrolado na imensidão desolada do pampa. Os campos do Poncho Verde. Dom Pedrito, próximo de onde foi filmado A Mulher do Pai. Não o gaúcho garboso, mítico, na tradição do lendário Capitão Rodrigo, imortalizado por Erico Verissimo em O Tempo e o Vento. O gaúcho a pé, derrotado, de outro grande escritor, Cyro Martins. Rifle é um grande filme.

No Festival de Brasília do ano passado, Rifle ganhou dois prêmios do júri oficial - melhor som e roteiro, esse, dividido entre o diretor Davi Pretto e o autor do conto original, aliás, nunca publicado, El Niño. Pretto e Richard Tavares, o escritor, são amigos de infância - “desde guris” - e o filme deveria ter sido o primeiro da dupla, anos atrás. “Mas aí eu terminei fazendo antes o Castanha, e Rifle ficou ali, não parado, mas em compasso de espera, a gente sempre conversando.” Castanha esteve longe da unanimidade, mas foi - é - um marco do cinema no Rio Grande.

O protagonista, João Carlos Castanha, de 52 anos, é ator. Trabalha na noite como transformista. Circula num universo um tanto alternativo (underground?). Solitário, aos poucos deixa de discernir as fronteiras entre realidade e ficção, que se borram no seu imaginário. Pretto sorri quando o repórter lhe diz, “com todo respeito”, que tem cara e jeito de mauricinho. Na verdade, sua formação foi com o irmão mais velho na cena musical punk de Porto Alegre. A mãe - solteira, bancária - deu aos filhos uma formação de esquerda, que se reflete no cinema que Davi faz. Rifle já nasceu diferente.

Revolta. História na fronteira reflete o que acontece no Brasil Foto: Joba Migliorin/Tokyo Filmes

“A história é desse guri na região da fronteira. Reflete o que está ocorrendo no Rio Grande e no Brasil. Os grandes proprietários avançam sobre as terras dos pequenos, que perdem seu território e vão viver uma vida de m... na periferia das cidades. Dione, o nosso protagonista, pega em armas. O rifle vira metáfora, expressão da sua revolta.” O filme mantém a estrutura do conto, mas muda o final. E Pretto tomou uma decisão ousada, senão radical. “Já que o filme conta a história de uma família, decidi filmar com uma família de verdade.” A paisagem, uma área de fronteira, é decisiva. Vira personagem. “Percorremos, minha produtora e eu, toda aquela região fronteiriça, procurando a paisagem e os personagens.”

Terminaram dando sorte. “Foi uma coisa que a gente ouviu muito. Não é fácil, mas também não é difícil. Demos carona a uma mulher que, ao descobrir o que queríamos, disse que talvez seu avô... Todo mundo que a gente falava, os jovens perguntavam - ‘Como assim, eu ser ator?’ Com o Dione (Ávila de Oliveira) foi o contrário. Ele já sonhava ser ator e o cinema foi ao encontro dele.” Uma família real - metida numa ficção. “Isso estava claro desde o começo. Queríamos a família, mas interpretando.” Algo que, apesar de todas as diferenças, aproxima Rifle do outro grande filme brasileiro do ano - Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé.

Um urbano, Hotel. O outro, desenrolado na imensidão desolada do pampa. Os campos do Poncho Verde. Dom Pedrito, próximo de onde foi filmado A Mulher do Pai. Não o gaúcho garboso, mítico, na tradição do lendário Capitão Rodrigo, imortalizado por Erico Verissimo em O Tempo e o Vento. O gaúcho a pé, derrotado, de outro grande escritor, Cyro Martins. Rifle é um grande filme.

No Festival de Brasília do ano passado, Rifle ganhou dois prêmios do júri oficial - melhor som e roteiro, esse, dividido entre o diretor Davi Pretto e o autor do conto original, aliás, nunca publicado, El Niño. Pretto e Richard Tavares, o escritor, são amigos de infância - “desde guris” - e o filme deveria ter sido o primeiro da dupla, anos atrás. “Mas aí eu terminei fazendo antes o Castanha, e Rifle ficou ali, não parado, mas em compasso de espera, a gente sempre conversando.” Castanha esteve longe da unanimidade, mas foi - é - um marco do cinema no Rio Grande.

O protagonista, João Carlos Castanha, de 52 anos, é ator. Trabalha na noite como transformista. Circula num universo um tanto alternativo (underground?). Solitário, aos poucos deixa de discernir as fronteiras entre realidade e ficção, que se borram no seu imaginário. Pretto sorri quando o repórter lhe diz, “com todo respeito”, que tem cara e jeito de mauricinho. Na verdade, sua formação foi com o irmão mais velho na cena musical punk de Porto Alegre. A mãe - solteira, bancária - deu aos filhos uma formação de esquerda, que se reflete no cinema que Davi faz. Rifle já nasceu diferente.

Revolta. História na fronteira reflete o que acontece no Brasil Foto: Joba Migliorin/Tokyo Filmes

“A história é desse guri na região da fronteira. Reflete o que está ocorrendo no Rio Grande e no Brasil. Os grandes proprietários avançam sobre as terras dos pequenos, que perdem seu território e vão viver uma vida de m... na periferia das cidades. Dione, o nosso protagonista, pega em armas. O rifle vira metáfora, expressão da sua revolta.” O filme mantém a estrutura do conto, mas muda o final. E Pretto tomou uma decisão ousada, senão radical. “Já que o filme conta a história de uma família, decidi filmar com uma família de verdade.” A paisagem, uma área de fronteira, é decisiva. Vira personagem. “Percorremos, minha produtora e eu, toda aquela região fronteiriça, procurando a paisagem e os personagens.”

Terminaram dando sorte. “Foi uma coisa que a gente ouviu muito. Não é fácil, mas também não é difícil. Demos carona a uma mulher que, ao descobrir o que queríamos, disse que talvez seu avô... Todo mundo que a gente falava, os jovens perguntavam - ‘Como assim, eu ser ator?’ Com o Dione (Ávila de Oliveira) foi o contrário. Ele já sonhava ser ator e o cinema foi ao encontro dele.” Uma família real - metida numa ficção. “Isso estava claro desde o começo. Queríamos a família, mas interpretando.” Algo que, apesar de todas as diferenças, aproxima Rifle do outro grande filme brasileiro do ano - Era o Hotel Cambridge, de Eliane Caffé.

Um urbano, Hotel. O outro, desenrolado na imensidão desolada do pampa. Os campos do Poncho Verde. Dom Pedrito, próximo de onde foi filmado A Mulher do Pai. Não o gaúcho garboso, mítico, na tradição do lendário Capitão Rodrigo, imortalizado por Erico Verissimo em O Tempo e o Vento. O gaúcho a pé, derrotado, de outro grande escritor, Cyro Martins. Rifle é um grande filme.

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