VENEZA — A celebração em setembro do Festival de Veneza é um sinal “positivo” para o mundo do cinema após um ano sombrio devido ao coronavírus, marcado por salas fechadas, gravações paradas e festivais cancelados.
A situação extraordinária, inimaginável, de um vírus que paralisa o mundo com milhares de mortes, obrigou grandes produções a adiar suas filmagens e importantes festivais a cancelar suas edições para 2020, entre eles o grande rival de Veneza, Cannes, na França, que seria realizado em maio.
Apesar disso, os organizadores do festival veneziano e, em particular, o diretor da mostra, o crítico de cinema italiano Alberto Barbera, confirmaram que a 77ª edição será realizada de 2 a 12 de setembro.
Barbera, que por enquanto não quer dar declarações, reiterou em várias ocasiões que descartava que o prestigioso evento ocorresse online, para um espectador virtual.
Muitos críticos estão convencidos de que o número de filmes selecionados, normalmente mais de 200, e de celebridades convidadas para desfilar pelo lendário Lido, será muito menor este ano.
“De todos os modos, não deixamos de trabalhar”, comentou com a AFP Angela Prudenzi, entre os seletores do festival, que acredita que, nesta edição, “os olhos estarão todos focados nos filmes, algo muito bom”.
A lista de filmes, que geralmente é divulgada no final de julho, permanece em segredo, embora muitos se perguntem sobre o rumo daqueles selecionados por Cannes e que estão em uma espécie de limbo após terem adiado seus lançamentos.
Novas soluções. Em entrevista ao Hollywood Reporter, o diretor do festival francês, Thierry Frémaux, adiantou que os filmes com o “selo” de Cannes viajarão por festivais de todo o mundo: “Lutaremos para ajudar que o filme saia vitorioso”, afirmou.
O Festival de Veneza vai se tornar para muitos uma espécie de laboratório, devido à necessidade de identificar novos espaços para a projeção de filmes. “Acho muito positivo que o Festival seja realizado. O desafio agora é realizá-lo de forma inovadora. O coronavírus nos obriga a buscar novas soluções. Colocar a mão na massa para fazer outro tipo de pão. No final, será positivo”, declara o documentarista Piero Cannizaro que, assim como muitos cineastas, tem vários projetos parados pela epidemia.
Para muitos, chegou a hora de deixar o estado de alarme e a incerteza e voltar a encher as ruas, praças e jardins de Veneza, desta vez com cinéfilos e artistas, após a fuga de turistas pelo coronavírus, que causou mais de 33 mil mortes na Itália.