Filme ‘A Última Lição’, da diretora francesa Pascale Pouzadoux, aborda o tema da eutanásia


O filme trata de tema bastante em voga nas sociedades europeias – a morte digna, o direito de escolher como, quando e onde deixar esta vida quando ela não fizer mais sentido

Por Luiz Zanin Oricchio

Madeleine (Marthe Villalonga) vai fazer 92 anos e, para a idade, porta-se muito bem. É independente, lúcida, bem-humorada, dirige seu carro. Aliás, é na direção do veículo que ela percebe que seus reflexos começam a lhe faltar. Há isso e alguns outros avisos do tempo. Na festa do aniversário, Madeleine comunica aos filhos, Diane (Sandrine Bonnaire) e Pierre (Antoine Duléry), que não deseja ser um fardo e, assim, já marcou a data da partida. Essa é a história de A Última Lição, de Pascale Pouzadoux. 

Cena do filme 'A Última Lição' Foto: Divulgação

O filme trata de tema bastante em voga nas sociedades europeias – a morte digna, o direito de escolher como, quando e onde deixar esta vida quando ela não fizer mais sentido. Na Suíça, a eutanásia é legal. Outros países debatem-se sobre o assunto, que implica religiosos, filósofos, políticos, e, claro, familiares poucos dispostos a ver pais e avós partirem desta para melhor por conta própria. 

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Nada disso é anódino e ninguém pode se gabar de tirar de letra uma questão desse porte. Por isso, o melhor do trabalho de Pascale é observar o impacto da resolução de Madeleine sobre as pessoas que a amam. Se um neto pode ser compreensivo, o trauma sobre os filhos será muito maior. Em especial sobre Pierre, que não se conforma de jeito nenhum e ainda especula sobre a repercussão social de um ato como este. Ou seja, em momento-chave da família, preocupa-se com o que os outros possam dizer e se o ato da mãe poderá lhe prejudicar na carreira profissional. 

Papel muito mais complexo é o enfrentado pela grande Sandrine Bonnaire. Num primeiro momento, Diane mostra-se tão chocada quanto o irmão. Mas, depois, seu impulso feminino a leva a tentar entender a mãe. Compreender suas razões e motivos. Em suma, dispõe daquela refinada antena da empatia, que permite colocar-se no lugar de outra pessoa. Mas esta será uma posição a ser conquistada; difícil, trabalhosa e dolorida. De qualquer forma, quando nos dispomos a ouvir o outro (coisa muito rara hoje em dia), alteramos a nossa posição subjetiva e, nem que seja de maneira provisória, flexibilizamos a nossa rigidez. Assim, podemos colocar em xeque nossas certezas. Esse é o processo em curso na intimidade de Diane, que o filme explicita muito bem. 

Marthe Villalonga também é ótima atriz. Leva sua personagem por caminho límpido, não isento de toques de humor. Evita com isso o drama inútil e excessivo, uma vez que já lida com a principal questão humana que é o da finitude. Esta, em si, já contém toda intensidade emocional possível. Não é preciso amplificá-la com música chorosa ou lances de alta dramaticidade. Basta a ternura. 

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Nem tudo é tão bom. Antoine Duléry fica confinado a personagem um tanto unidimensional, desenhado para ser antagonista da irmã no que diz respeito ao destino da mãe. Isso o empobrece um pouco. 

E, como A Última Lição é, de certa forma, um filme de tese, algumas situações parecem um pouco estranhas, como se colocadas apenas para levar a determinado desfecho que interessa às ideias da diretora sobre o assunto. Nesse sentido, a trama parece um tanto demonstrativa, o que às vezes a enfraquece. Nesse tipo de situação-limite, o da morte voluntária, espera-se que sentimentos conflitantes aflorem com mais força e sem tanta racionalidade. 

Madeleine (Marthe Villalonga) vai fazer 92 anos e, para a idade, porta-se muito bem. É independente, lúcida, bem-humorada, dirige seu carro. Aliás, é na direção do veículo que ela percebe que seus reflexos começam a lhe faltar. Há isso e alguns outros avisos do tempo. Na festa do aniversário, Madeleine comunica aos filhos, Diane (Sandrine Bonnaire) e Pierre (Antoine Duléry), que não deseja ser um fardo e, assim, já marcou a data da partida. Essa é a história de A Última Lição, de Pascale Pouzadoux. 

Cena do filme 'A Última Lição' Foto: Divulgação

O filme trata de tema bastante em voga nas sociedades europeias – a morte digna, o direito de escolher como, quando e onde deixar esta vida quando ela não fizer mais sentido. Na Suíça, a eutanásia é legal. Outros países debatem-se sobre o assunto, que implica religiosos, filósofos, políticos, e, claro, familiares poucos dispostos a ver pais e avós partirem desta para melhor por conta própria. 

Nada disso é anódino e ninguém pode se gabar de tirar de letra uma questão desse porte. Por isso, o melhor do trabalho de Pascale é observar o impacto da resolução de Madeleine sobre as pessoas que a amam. Se um neto pode ser compreensivo, o trauma sobre os filhos será muito maior. Em especial sobre Pierre, que não se conforma de jeito nenhum e ainda especula sobre a repercussão social de um ato como este. Ou seja, em momento-chave da família, preocupa-se com o que os outros possam dizer e se o ato da mãe poderá lhe prejudicar na carreira profissional. 

Papel muito mais complexo é o enfrentado pela grande Sandrine Bonnaire. Num primeiro momento, Diane mostra-se tão chocada quanto o irmão. Mas, depois, seu impulso feminino a leva a tentar entender a mãe. Compreender suas razões e motivos. Em suma, dispõe daquela refinada antena da empatia, que permite colocar-se no lugar de outra pessoa. Mas esta será uma posição a ser conquistada; difícil, trabalhosa e dolorida. De qualquer forma, quando nos dispomos a ouvir o outro (coisa muito rara hoje em dia), alteramos a nossa posição subjetiva e, nem que seja de maneira provisória, flexibilizamos a nossa rigidez. Assim, podemos colocar em xeque nossas certezas. Esse é o processo em curso na intimidade de Diane, que o filme explicita muito bem. 

Marthe Villalonga também é ótima atriz. Leva sua personagem por caminho límpido, não isento de toques de humor. Evita com isso o drama inútil e excessivo, uma vez que já lida com a principal questão humana que é o da finitude. Esta, em si, já contém toda intensidade emocional possível. Não é preciso amplificá-la com música chorosa ou lances de alta dramaticidade. Basta a ternura. 

Nem tudo é tão bom. Antoine Duléry fica confinado a personagem um tanto unidimensional, desenhado para ser antagonista da irmã no que diz respeito ao destino da mãe. Isso o empobrece um pouco. 

E, como A Última Lição é, de certa forma, um filme de tese, algumas situações parecem um pouco estranhas, como se colocadas apenas para levar a determinado desfecho que interessa às ideias da diretora sobre o assunto. Nesse sentido, a trama parece um tanto demonstrativa, o que às vezes a enfraquece. Nesse tipo de situação-limite, o da morte voluntária, espera-se que sentimentos conflitantes aflorem com mais força e sem tanta racionalidade. 

Madeleine (Marthe Villalonga) vai fazer 92 anos e, para a idade, porta-se muito bem. É independente, lúcida, bem-humorada, dirige seu carro. Aliás, é na direção do veículo que ela percebe que seus reflexos começam a lhe faltar. Há isso e alguns outros avisos do tempo. Na festa do aniversário, Madeleine comunica aos filhos, Diane (Sandrine Bonnaire) e Pierre (Antoine Duléry), que não deseja ser um fardo e, assim, já marcou a data da partida. Essa é a história de A Última Lição, de Pascale Pouzadoux. 

Cena do filme 'A Última Lição' Foto: Divulgação

O filme trata de tema bastante em voga nas sociedades europeias – a morte digna, o direito de escolher como, quando e onde deixar esta vida quando ela não fizer mais sentido. Na Suíça, a eutanásia é legal. Outros países debatem-se sobre o assunto, que implica religiosos, filósofos, políticos, e, claro, familiares poucos dispostos a ver pais e avós partirem desta para melhor por conta própria. 

Nada disso é anódino e ninguém pode se gabar de tirar de letra uma questão desse porte. Por isso, o melhor do trabalho de Pascale é observar o impacto da resolução de Madeleine sobre as pessoas que a amam. Se um neto pode ser compreensivo, o trauma sobre os filhos será muito maior. Em especial sobre Pierre, que não se conforma de jeito nenhum e ainda especula sobre a repercussão social de um ato como este. Ou seja, em momento-chave da família, preocupa-se com o que os outros possam dizer e se o ato da mãe poderá lhe prejudicar na carreira profissional. 

Papel muito mais complexo é o enfrentado pela grande Sandrine Bonnaire. Num primeiro momento, Diane mostra-se tão chocada quanto o irmão. Mas, depois, seu impulso feminino a leva a tentar entender a mãe. Compreender suas razões e motivos. Em suma, dispõe daquela refinada antena da empatia, que permite colocar-se no lugar de outra pessoa. Mas esta será uma posição a ser conquistada; difícil, trabalhosa e dolorida. De qualquer forma, quando nos dispomos a ouvir o outro (coisa muito rara hoje em dia), alteramos a nossa posição subjetiva e, nem que seja de maneira provisória, flexibilizamos a nossa rigidez. Assim, podemos colocar em xeque nossas certezas. Esse é o processo em curso na intimidade de Diane, que o filme explicita muito bem. 

Marthe Villalonga também é ótima atriz. Leva sua personagem por caminho límpido, não isento de toques de humor. Evita com isso o drama inútil e excessivo, uma vez que já lida com a principal questão humana que é o da finitude. Esta, em si, já contém toda intensidade emocional possível. Não é preciso amplificá-la com música chorosa ou lances de alta dramaticidade. Basta a ternura. 

Nem tudo é tão bom. Antoine Duléry fica confinado a personagem um tanto unidimensional, desenhado para ser antagonista da irmã no que diz respeito ao destino da mãe. Isso o empobrece um pouco. 

E, como A Última Lição é, de certa forma, um filme de tese, algumas situações parecem um pouco estranhas, como se colocadas apenas para levar a determinado desfecho que interessa às ideias da diretora sobre o assunto. Nesse sentido, a trama parece um tanto demonstrativa, o que às vezes a enfraquece. Nesse tipo de situação-limite, o da morte voluntária, espera-se que sentimentos conflitantes aflorem com mais força e sem tanta racionalidade. 

Madeleine (Marthe Villalonga) vai fazer 92 anos e, para a idade, porta-se muito bem. É independente, lúcida, bem-humorada, dirige seu carro. Aliás, é na direção do veículo que ela percebe que seus reflexos começam a lhe faltar. Há isso e alguns outros avisos do tempo. Na festa do aniversário, Madeleine comunica aos filhos, Diane (Sandrine Bonnaire) e Pierre (Antoine Duléry), que não deseja ser um fardo e, assim, já marcou a data da partida. Essa é a história de A Última Lição, de Pascale Pouzadoux. 

Cena do filme 'A Última Lição' Foto: Divulgação

O filme trata de tema bastante em voga nas sociedades europeias – a morte digna, o direito de escolher como, quando e onde deixar esta vida quando ela não fizer mais sentido. Na Suíça, a eutanásia é legal. Outros países debatem-se sobre o assunto, que implica religiosos, filósofos, políticos, e, claro, familiares poucos dispostos a ver pais e avós partirem desta para melhor por conta própria. 

Nada disso é anódino e ninguém pode se gabar de tirar de letra uma questão desse porte. Por isso, o melhor do trabalho de Pascale é observar o impacto da resolução de Madeleine sobre as pessoas que a amam. Se um neto pode ser compreensivo, o trauma sobre os filhos será muito maior. Em especial sobre Pierre, que não se conforma de jeito nenhum e ainda especula sobre a repercussão social de um ato como este. Ou seja, em momento-chave da família, preocupa-se com o que os outros possam dizer e se o ato da mãe poderá lhe prejudicar na carreira profissional. 

Papel muito mais complexo é o enfrentado pela grande Sandrine Bonnaire. Num primeiro momento, Diane mostra-se tão chocada quanto o irmão. Mas, depois, seu impulso feminino a leva a tentar entender a mãe. Compreender suas razões e motivos. Em suma, dispõe daquela refinada antena da empatia, que permite colocar-se no lugar de outra pessoa. Mas esta será uma posição a ser conquistada; difícil, trabalhosa e dolorida. De qualquer forma, quando nos dispomos a ouvir o outro (coisa muito rara hoje em dia), alteramos a nossa posição subjetiva e, nem que seja de maneira provisória, flexibilizamos a nossa rigidez. Assim, podemos colocar em xeque nossas certezas. Esse é o processo em curso na intimidade de Diane, que o filme explicita muito bem. 

Marthe Villalonga também é ótima atriz. Leva sua personagem por caminho límpido, não isento de toques de humor. Evita com isso o drama inútil e excessivo, uma vez que já lida com a principal questão humana que é o da finitude. Esta, em si, já contém toda intensidade emocional possível. Não é preciso amplificá-la com música chorosa ou lances de alta dramaticidade. Basta a ternura. 

Nem tudo é tão bom. Antoine Duléry fica confinado a personagem um tanto unidimensional, desenhado para ser antagonista da irmã no que diz respeito ao destino da mãe. Isso o empobrece um pouco. 

E, como A Última Lição é, de certa forma, um filme de tese, algumas situações parecem um pouco estranhas, como se colocadas apenas para levar a determinado desfecho que interessa às ideias da diretora sobre o assunto. Nesse sentido, a trama parece um tanto demonstrativa, o que às vezes a enfraquece. Nesse tipo de situação-limite, o da morte voluntária, espera-se que sentimentos conflitantes aflorem com mais força e sem tanta racionalidade. 

Madeleine (Marthe Villalonga) vai fazer 92 anos e, para a idade, porta-se muito bem. É independente, lúcida, bem-humorada, dirige seu carro. Aliás, é na direção do veículo que ela percebe que seus reflexos começam a lhe faltar. Há isso e alguns outros avisos do tempo. Na festa do aniversário, Madeleine comunica aos filhos, Diane (Sandrine Bonnaire) e Pierre (Antoine Duléry), que não deseja ser um fardo e, assim, já marcou a data da partida. Essa é a história de A Última Lição, de Pascale Pouzadoux. 

Cena do filme 'A Última Lição' Foto: Divulgação

O filme trata de tema bastante em voga nas sociedades europeias – a morte digna, o direito de escolher como, quando e onde deixar esta vida quando ela não fizer mais sentido. Na Suíça, a eutanásia é legal. Outros países debatem-se sobre o assunto, que implica religiosos, filósofos, políticos, e, claro, familiares poucos dispostos a ver pais e avós partirem desta para melhor por conta própria. 

Nada disso é anódino e ninguém pode se gabar de tirar de letra uma questão desse porte. Por isso, o melhor do trabalho de Pascale é observar o impacto da resolução de Madeleine sobre as pessoas que a amam. Se um neto pode ser compreensivo, o trauma sobre os filhos será muito maior. Em especial sobre Pierre, que não se conforma de jeito nenhum e ainda especula sobre a repercussão social de um ato como este. Ou seja, em momento-chave da família, preocupa-se com o que os outros possam dizer e se o ato da mãe poderá lhe prejudicar na carreira profissional. 

Papel muito mais complexo é o enfrentado pela grande Sandrine Bonnaire. Num primeiro momento, Diane mostra-se tão chocada quanto o irmão. Mas, depois, seu impulso feminino a leva a tentar entender a mãe. Compreender suas razões e motivos. Em suma, dispõe daquela refinada antena da empatia, que permite colocar-se no lugar de outra pessoa. Mas esta será uma posição a ser conquistada; difícil, trabalhosa e dolorida. De qualquer forma, quando nos dispomos a ouvir o outro (coisa muito rara hoje em dia), alteramos a nossa posição subjetiva e, nem que seja de maneira provisória, flexibilizamos a nossa rigidez. Assim, podemos colocar em xeque nossas certezas. Esse é o processo em curso na intimidade de Diane, que o filme explicita muito bem. 

Marthe Villalonga também é ótima atriz. Leva sua personagem por caminho límpido, não isento de toques de humor. Evita com isso o drama inútil e excessivo, uma vez que já lida com a principal questão humana que é o da finitude. Esta, em si, já contém toda intensidade emocional possível. Não é preciso amplificá-la com música chorosa ou lances de alta dramaticidade. Basta a ternura. 

Nem tudo é tão bom. Antoine Duléry fica confinado a personagem um tanto unidimensional, desenhado para ser antagonista da irmã no que diz respeito ao destino da mãe. Isso o empobrece um pouco. 

E, como A Última Lição é, de certa forma, um filme de tese, algumas situações parecem um pouco estranhas, como se colocadas apenas para levar a determinado desfecho que interessa às ideias da diretora sobre o assunto. Nesse sentido, a trama parece um tanto demonstrativa, o que às vezes a enfraquece. Nesse tipo de situação-limite, o da morte voluntária, espera-se que sentimentos conflitantes aflorem com mais força e sem tanta racionalidade. 

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