Imerso em ardis e enganos, 'Shadow' requer a atenção do espectador


Filme tem detalhes que vão de um rei doente e escondido às artimanhas das mulheres que, num ambiente patriarcal, conseguem jogar seu xadrez oculto e fazer prevalecer seus desejos e interesses

Por Luiz Zanin Oricchio

No início, letreiros explicam o que são Sombras. Com guerras constantes na China medieval, nobres e reis se protegiam recorrendo a sósias que se expunham no lugar deles nas situações perigosas. Os Sombras, bem, viviam à sombra, cumpriam sua missão e morriam discretamente, sem deixar traço de sua passagem sobre a Terra. Shadow, de Zhang Yimou, conta a história de um desses personagens. 

Cena do filme 'Shadow', do cineasta Zhang Yimou Foto: Perfect Village Entertainment

Na China dos Três Reinos, um general decide entrar em guerra contra o reino vizinho, sem avisar seu soberano. A possessão havia sido perdida para o rival em uma guerra anterior e um conflito inevitável se prepara. A ideia é antecipar o conflito e, de surpresa, vencê-lo. Conta com uma arma secreta, de que apenas ele e poucas pessoas conhecem a existência – um sósia. Alguém, muito habilidoso em armas e lutas, que se passa por ele. Shadow, portanto, é a história de um ardil. Ou melhor, de vários ardis, encaixados uns nos outros, como aquelas bonecas russas que, abertas, vão mostrando outras, e assim sucessivamente. A guerra é, entre outras coisas, uma arte do engano, da “distração”, uso da tática de chamar a atenção para o acessório de modo a camuflar o essencial e assim enganar o inimigo. Shadow é pródigo na exposição dessa figuração do engano.  A ponto de exigir bastante atenção do espectador para não se perder nas estratégias guerreiras ou nos meandros palacianos da luta pelo poder. Detalhes que vão de um rei doente e escondido às artimanhas das mulheres que, num ambiente patriarcal, conseguem jogar seu xadrez oculto e fazer prevalecer seus desejos e interesses. Enfim, é um mundo em que nada é conforme as aparências e em que se joga o tempo todo com a tentativa de ludibriar o próximo. Enganos que, se descobertos, significam a morte. Tudo isso em meio a um código de honra rígido que, no entanto, comporta a possibilidade da traição em seu interior.  O filme é conduzido com mão de mestre por Zhang Yimou, um dos nomes importantes da chamada 5ª geração do cinema chinês. Diretores que na virada dos anos 1980 para os 1990 encantaram plateias ocidentais com seu cinema de temática histórica e visual deslumbrante. Naquele período, o próprio Yimou seduziu público e crítica com filmes como Sorgo Vermelho (1987), Amor e Sedução (1990) e Lanternas Vermelhas (1991).  Mas Yimou é também o cineasta de Clã das Adagas Voadoras (2005) e deste Shadow, o que o aproxima do gênero chamado “wuxia”, que une fantasia histórica a lutas marciais.  No entanto, o espectador mais chegado às lutas de espadas terá de refrear sua impaciência em Shadow. As lutas virão, mas apenas na segunda parte da obra, quando a guerra enfim for declarada entre os reinos vizinhos. Então a espera será recompensada com o espetáculo visual das lutas e sua extraordinária inventividade coreográfica. Os combates são disputados, em boa parte, sobre um terreno desenhado com os símbolos do Yin e do Yang – o masculino e o feminino –, o que também expressa esse sentimento de integração das sexualidades e da emancipação feminina, um dos aspectos do filme.  O duelo dos sexos se coloca nesse terreno marcado, mas não apenas nele. Nesse tipo de luta curiosa, um dos oponentes combate com uma adaga e outro com uma espécie de guarda-chuva construído com lâminas afiadas. A luta é travada sob chuva e, segundo se deduz da fala de um dos personagens, a maneira de o portador do guarda-chuva enfrentar o da adaga é adotar uma postura “feminina” em termos de movimentos. Como se vê, as cenas de ação também se subordinam a uma simbologia geral que orienta a história.  Se nos cenários de combate prevalecem a chuva e um colorido dessaturado, tendendo ao preto e branco, nas sequências palacianas usam-se sombras e transparências. Como mostra o ambiente de ambiguidade ali existente com a disputa pelo poder entre os personagens.  Com todos esses elementos embalados, Shadow resulta em um filme-síntese de duas tendências. Por um lado, na base apoia-se no realismo das disputas pelo poder, em toda sutileza, mas sem esquecer a sua brutalidade. Por outro, esmera-se na fantasia de lutas críveis apenas pela verossimilhança interna da narrativa. Por fim, inspira-se na história e na arte pictórica do seu país para compor o conteúdo e o desenho visual da obra.  Aos 71 anos, Yimou pode-se dar ao luxo de dirigir um projeto de espetáculo dirigido ao grande público, no qual traz embutida uma reflexão sobre a disputa pelo poder que bem caberia nos tempos de hoje. Em sua China e em outras partes do mundo. 

No início, letreiros explicam o que são Sombras. Com guerras constantes na China medieval, nobres e reis se protegiam recorrendo a sósias que se expunham no lugar deles nas situações perigosas. Os Sombras, bem, viviam à sombra, cumpriam sua missão e morriam discretamente, sem deixar traço de sua passagem sobre a Terra. Shadow, de Zhang Yimou, conta a história de um desses personagens. 

Cena do filme 'Shadow', do cineasta Zhang Yimou Foto: Perfect Village Entertainment

Na China dos Três Reinos, um general decide entrar em guerra contra o reino vizinho, sem avisar seu soberano. A possessão havia sido perdida para o rival em uma guerra anterior e um conflito inevitável se prepara. A ideia é antecipar o conflito e, de surpresa, vencê-lo. Conta com uma arma secreta, de que apenas ele e poucas pessoas conhecem a existência – um sósia. Alguém, muito habilidoso em armas e lutas, que se passa por ele. Shadow, portanto, é a história de um ardil. Ou melhor, de vários ardis, encaixados uns nos outros, como aquelas bonecas russas que, abertas, vão mostrando outras, e assim sucessivamente. A guerra é, entre outras coisas, uma arte do engano, da “distração”, uso da tática de chamar a atenção para o acessório de modo a camuflar o essencial e assim enganar o inimigo. Shadow é pródigo na exposição dessa figuração do engano.  A ponto de exigir bastante atenção do espectador para não se perder nas estratégias guerreiras ou nos meandros palacianos da luta pelo poder. Detalhes que vão de um rei doente e escondido às artimanhas das mulheres que, num ambiente patriarcal, conseguem jogar seu xadrez oculto e fazer prevalecer seus desejos e interesses. Enfim, é um mundo em que nada é conforme as aparências e em que se joga o tempo todo com a tentativa de ludibriar o próximo. Enganos que, se descobertos, significam a morte. Tudo isso em meio a um código de honra rígido que, no entanto, comporta a possibilidade da traição em seu interior.  O filme é conduzido com mão de mestre por Zhang Yimou, um dos nomes importantes da chamada 5ª geração do cinema chinês. Diretores que na virada dos anos 1980 para os 1990 encantaram plateias ocidentais com seu cinema de temática histórica e visual deslumbrante. Naquele período, o próprio Yimou seduziu público e crítica com filmes como Sorgo Vermelho (1987), Amor e Sedução (1990) e Lanternas Vermelhas (1991).  Mas Yimou é também o cineasta de Clã das Adagas Voadoras (2005) e deste Shadow, o que o aproxima do gênero chamado “wuxia”, que une fantasia histórica a lutas marciais.  No entanto, o espectador mais chegado às lutas de espadas terá de refrear sua impaciência em Shadow. As lutas virão, mas apenas na segunda parte da obra, quando a guerra enfim for declarada entre os reinos vizinhos. Então a espera será recompensada com o espetáculo visual das lutas e sua extraordinária inventividade coreográfica. Os combates são disputados, em boa parte, sobre um terreno desenhado com os símbolos do Yin e do Yang – o masculino e o feminino –, o que também expressa esse sentimento de integração das sexualidades e da emancipação feminina, um dos aspectos do filme.  O duelo dos sexos se coloca nesse terreno marcado, mas não apenas nele. Nesse tipo de luta curiosa, um dos oponentes combate com uma adaga e outro com uma espécie de guarda-chuva construído com lâminas afiadas. A luta é travada sob chuva e, segundo se deduz da fala de um dos personagens, a maneira de o portador do guarda-chuva enfrentar o da adaga é adotar uma postura “feminina” em termos de movimentos. Como se vê, as cenas de ação também se subordinam a uma simbologia geral que orienta a história.  Se nos cenários de combate prevalecem a chuva e um colorido dessaturado, tendendo ao preto e branco, nas sequências palacianas usam-se sombras e transparências. Como mostra o ambiente de ambiguidade ali existente com a disputa pelo poder entre os personagens.  Com todos esses elementos embalados, Shadow resulta em um filme-síntese de duas tendências. Por um lado, na base apoia-se no realismo das disputas pelo poder, em toda sutileza, mas sem esquecer a sua brutalidade. Por outro, esmera-se na fantasia de lutas críveis apenas pela verossimilhança interna da narrativa. Por fim, inspira-se na história e na arte pictórica do seu país para compor o conteúdo e o desenho visual da obra.  Aos 71 anos, Yimou pode-se dar ao luxo de dirigir um projeto de espetáculo dirigido ao grande público, no qual traz embutida uma reflexão sobre a disputa pelo poder que bem caberia nos tempos de hoje. Em sua China e em outras partes do mundo. 

No início, letreiros explicam o que são Sombras. Com guerras constantes na China medieval, nobres e reis se protegiam recorrendo a sósias que se expunham no lugar deles nas situações perigosas. Os Sombras, bem, viviam à sombra, cumpriam sua missão e morriam discretamente, sem deixar traço de sua passagem sobre a Terra. Shadow, de Zhang Yimou, conta a história de um desses personagens. 

Cena do filme 'Shadow', do cineasta Zhang Yimou Foto: Perfect Village Entertainment

Na China dos Três Reinos, um general decide entrar em guerra contra o reino vizinho, sem avisar seu soberano. A possessão havia sido perdida para o rival em uma guerra anterior e um conflito inevitável se prepara. A ideia é antecipar o conflito e, de surpresa, vencê-lo. Conta com uma arma secreta, de que apenas ele e poucas pessoas conhecem a existência – um sósia. Alguém, muito habilidoso em armas e lutas, que se passa por ele. Shadow, portanto, é a história de um ardil. Ou melhor, de vários ardis, encaixados uns nos outros, como aquelas bonecas russas que, abertas, vão mostrando outras, e assim sucessivamente. A guerra é, entre outras coisas, uma arte do engano, da “distração”, uso da tática de chamar a atenção para o acessório de modo a camuflar o essencial e assim enganar o inimigo. Shadow é pródigo na exposição dessa figuração do engano.  A ponto de exigir bastante atenção do espectador para não se perder nas estratégias guerreiras ou nos meandros palacianos da luta pelo poder. Detalhes que vão de um rei doente e escondido às artimanhas das mulheres que, num ambiente patriarcal, conseguem jogar seu xadrez oculto e fazer prevalecer seus desejos e interesses. Enfim, é um mundo em que nada é conforme as aparências e em que se joga o tempo todo com a tentativa de ludibriar o próximo. Enganos que, se descobertos, significam a morte. Tudo isso em meio a um código de honra rígido que, no entanto, comporta a possibilidade da traição em seu interior.  O filme é conduzido com mão de mestre por Zhang Yimou, um dos nomes importantes da chamada 5ª geração do cinema chinês. Diretores que na virada dos anos 1980 para os 1990 encantaram plateias ocidentais com seu cinema de temática histórica e visual deslumbrante. Naquele período, o próprio Yimou seduziu público e crítica com filmes como Sorgo Vermelho (1987), Amor e Sedução (1990) e Lanternas Vermelhas (1991).  Mas Yimou é também o cineasta de Clã das Adagas Voadoras (2005) e deste Shadow, o que o aproxima do gênero chamado “wuxia”, que une fantasia histórica a lutas marciais.  No entanto, o espectador mais chegado às lutas de espadas terá de refrear sua impaciência em Shadow. As lutas virão, mas apenas na segunda parte da obra, quando a guerra enfim for declarada entre os reinos vizinhos. Então a espera será recompensada com o espetáculo visual das lutas e sua extraordinária inventividade coreográfica. Os combates são disputados, em boa parte, sobre um terreno desenhado com os símbolos do Yin e do Yang – o masculino e o feminino –, o que também expressa esse sentimento de integração das sexualidades e da emancipação feminina, um dos aspectos do filme.  O duelo dos sexos se coloca nesse terreno marcado, mas não apenas nele. Nesse tipo de luta curiosa, um dos oponentes combate com uma adaga e outro com uma espécie de guarda-chuva construído com lâminas afiadas. A luta é travada sob chuva e, segundo se deduz da fala de um dos personagens, a maneira de o portador do guarda-chuva enfrentar o da adaga é adotar uma postura “feminina” em termos de movimentos. Como se vê, as cenas de ação também se subordinam a uma simbologia geral que orienta a história.  Se nos cenários de combate prevalecem a chuva e um colorido dessaturado, tendendo ao preto e branco, nas sequências palacianas usam-se sombras e transparências. Como mostra o ambiente de ambiguidade ali existente com a disputa pelo poder entre os personagens.  Com todos esses elementos embalados, Shadow resulta em um filme-síntese de duas tendências. Por um lado, na base apoia-se no realismo das disputas pelo poder, em toda sutileza, mas sem esquecer a sua brutalidade. Por outro, esmera-se na fantasia de lutas críveis apenas pela verossimilhança interna da narrativa. Por fim, inspira-se na história e na arte pictórica do seu país para compor o conteúdo e o desenho visual da obra.  Aos 71 anos, Yimou pode-se dar ao luxo de dirigir um projeto de espetáculo dirigido ao grande público, no qual traz embutida uma reflexão sobre a disputa pelo poder que bem caberia nos tempos de hoje. Em sua China e em outras partes do mundo. 

No início, letreiros explicam o que são Sombras. Com guerras constantes na China medieval, nobres e reis se protegiam recorrendo a sósias que se expunham no lugar deles nas situações perigosas. Os Sombras, bem, viviam à sombra, cumpriam sua missão e morriam discretamente, sem deixar traço de sua passagem sobre a Terra. Shadow, de Zhang Yimou, conta a história de um desses personagens. 

Cena do filme 'Shadow', do cineasta Zhang Yimou Foto: Perfect Village Entertainment

Na China dos Três Reinos, um general decide entrar em guerra contra o reino vizinho, sem avisar seu soberano. A possessão havia sido perdida para o rival em uma guerra anterior e um conflito inevitável se prepara. A ideia é antecipar o conflito e, de surpresa, vencê-lo. Conta com uma arma secreta, de que apenas ele e poucas pessoas conhecem a existência – um sósia. Alguém, muito habilidoso em armas e lutas, que se passa por ele. Shadow, portanto, é a história de um ardil. Ou melhor, de vários ardis, encaixados uns nos outros, como aquelas bonecas russas que, abertas, vão mostrando outras, e assim sucessivamente. A guerra é, entre outras coisas, uma arte do engano, da “distração”, uso da tática de chamar a atenção para o acessório de modo a camuflar o essencial e assim enganar o inimigo. Shadow é pródigo na exposição dessa figuração do engano.  A ponto de exigir bastante atenção do espectador para não se perder nas estratégias guerreiras ou nos meandros palacianos da luta pelo poder. Detalhes que vão de um rei doente e escondido às artimanhas das mulheres que, num ambiente patriarcal, conseguem jogar seu xadrez oculto e fazer prevalecer seus desejos e interesses. Enfim, é um mundo em que nada é conforme as aparências e em que se joga o tempo todo com a tentativa de ludibriar o próximo. Enganos que, se descobertos, significam a morte. Tudo isso em meio a um código de honra rígido que, no entanto, comporta a possibilidade da traição em seu interior.  O filme é conduzido com mão de mestre por Zhang Yimou, um dos nomes importantes da chamada 5ª geração do cinema chinês. Diretores que na virada dos anos 1980 para os 1990 encantaram plateias ocidentais com seu cinema de temática histórica e visual deslumbrante. Naquele período, o próprio Yimou seduziu público e crítica com filmes como Sorgo Vermelho (1987), Amor e Sedução (1990) e Lanternas Vermelhas (1991).  Mas Yimou é também o cineasta de Clã das Adagas Voadoras (2005) e deste Shadow, o que o aproxima do gênero chamado “wuxia”, que une fantasia histórica a lutas marciais.  No entanto, o espectador mais chegado às lutas de espadas terá de refrear sua impaciência em Shadow. As lutas virão, mas apenas na segunda parte da obra, quando a guerra enfim for declarada entre os reinos vizinhos. Então a espera será recompensada com o espetáculo visual das lutas e sua extraordinária inventividade coreográfica. Os combates são disputados, em boa parte, sobre um terreno desenhado com os símbolos do Yin e do Yang – o masculino e o feminino –, o que também expressa esse sentimento de integração das sexualidades e da emancipação feminina, um dos aspectos do filme.  O duelo dos sexos se coloca nesse terreno marcado, mas não apenas nele. Nesse tipo de luta curiosa, um dos oponentes combate com uma adaga e outro com uma espécie de guarda-chuva construído com lâminas afiadas. A luta é travada sob chuva e, segundo se deduz da fala de um dos personagens, a maneira de o portador do guarda-chuva enfrentar o da adaga é adotar uma postura “feminina” em termos de movimentos. Como se vê, as cenas de ação também se subordinam a uma simbologia geral que orienta a história.  Se nos cenários de combate prevalecem a chuva e um colorido dessaturado, tendendo ao preto e branco, nas sequências palacianas usam-se sombras e transparências. Como mostra o ambiente de ambiguidade ali existente com a disputa pelo poder entre os personagens.  Com todos esses elementos embalados, Shadow resulta em um filme-síntese de duas tendências. Por um lado, na base apoia-se no realismo das disputas pelo poder, em toda sutileza, mas sem esquecer a sua brutalidade. Por outro, esmera-se na fantasia de lutas críveis apenas pela verossimilhança interna da narrativa. Por fim, inspira-se na história e na arte pictórica do seu país para compor o conteúdo e o desenho visual da obra.  Aos 71 anos, Yimou pode-se dar ao luxo de dirigir um projeto de espetáculo dirigido ao grande público, no qual traz embutida uma reflexão sobre a disputa pelo poder que bem caberia nos tempos de hoje. Em sua China e em outras partes do mundo. 

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