John Williams comenta o novo ‘Indiana Jones’ e revela suas trilhas favoritas


Grande compositor de Hollywood é responsável por trilhas de filmes como ‘Super-Homem’, ‘Star Wars’, e, claro, ‘Indiana Jones e Relíquia do Destino’, que estreia nesta semana; ouça as músicas

Por Darryn King

NYT - Quando a Filarmônica de Nova York homenageou a obra do compositor John Williams na primavera passada, o diretor Steven Spielberg apresentou um clipe das cenas de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida – sem a música. O efeito, ele observou, com um pedido de desculpas, era o filme parecer qualquer coisa saída da Nouvelle Vague.

O clipe foi reproduzido novamente, desta vez com a participação da orquestra. Como em um passe de mágica, o espírito aventureiro do filme foi restaurado.

Na sexta-feira, 30, o incansável arqueólogo no centro do filme (interpretado por Harrison Ford) vai voltar para o quinto filme da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino. E virá acompanhado, como sempre, pela indispensável música de Williams.

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John Williams e Steven Spielberg na estreia de "BFG", em Los Angeles, em 2016 Foto: Phil McCarten/Reuters

O compositor, que completou 91 anos este ano, tinha dito que seria sua última trilha sonora. Falando durante uma videochamada mais recentemente, ele voltou atrás nos planos de aposentadoria. “Se eles fizerem um ‘Indiana Jones 6′, estou dentro.”

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Antes da estreia do novo filme, Williams compartilhou seus pensamentos – com contribuições de outras pessoas ligadas à obra – sobre momentos marcantes de uma carreira extraordinária.

Como Roubar um Milhão de Dólares (1966)

Williams fez algumas de suas primeiras contribuições para o cinema tocando piano nas trilhas sonoras de Bonequinha de Luxo e Amor, Sublime Amor, entre outras. (Também é ele tocando o riff de piano do tema de Peter Gunn para a televisão).

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Sob o nome de Johnny Williams, ele foi fazendo a transição, como disse, “da banqueta do piano para a escrivaninha”, compondo várias trilhas leves e jazzísticas para comédias. Como Roubar um Milhão de Dólares, uma história sobre roubo de arte estrelada por Audrey Hepburn, foi um ponto alto no início.

“Foi o primeiro filme que fiz para um diretor importante e supertalentoso, William Wyler”, disse Williams.

Com momentos de comédia e suspense irônico, essa trilha sonora foi uma pista inicial de “como John Williams era versátil”, disse Mike Matessino, produtor de várias trilhas sonoras de Williams.

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Muitos anos mais tarde – bem depois de seu nome ter se tornado sinônimo do som dos blockbusters cinematográficos – Williams canalizaria seu trabalho inicial e mais engraçado para a trilha sonora de Prenda-me se for Capaz. Esse modo “tinha ficado lá ao longo das décadas, esperando para despertar uivando”, disse Williams. “Foi a coisa mais fácil do mundo para mim, e eu ficava rindo enquanto compunha.”

Imagens (1972) e O Perigoso Adeus (1973)

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Trabalhar com o diretor Robert Altman produziu algumas das entradas mais estranhas da filmografia de Williams. A trilha sonora de O Perigoso Adeus, o neo-noir de Altman, estrelado por Elliott Gould como um lacônico Philip Marlowe, consiste em várias variações da música-título, entre elas um número de boate blues, um mariachi e um tango.

Para o terror psicológico Imagens, Altman deu a Williams o tipo de liberdade que dava a seus atores. “Faça o que você quiser. Faça algo que nunca fez antes”, Williams lembra de Altman dizendo.

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O resultado foi uma trilha estranha e fragmentada que reflete a deterioração do estado mental do protagonista. A música foi uma colaboração com o percussionista japonês Stomu Yamashta, que fez performances em esculturas dos artistas François e Bernard Baschet. Williams disse que se tivesse dedicado sua carreira a compor para as salas de concerto e não de cinemas, sua obra teria soado mais como sua trilha sonora de Imagens.

Quando Spielberg estava procurando uma música ameaçadora para acompanhar as cenas de pavor em Tubarão, ele tentou sons de Imagens. Mas Williams acreditava que o filme precisava de algo mais primitivo, menos psicológico e, no fim, construiu um tema em torno de duas notas de baixo brutais.

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)

Como resumir a colaboração Williams-Spielberg? Começando com Louca Escapada e concluindo (pelo menos por enquanto) com Os Fabelmans, a parceria já dura 29 filmes.

Spielberg descreveu a trilha sonora de Williams para A Lista de Schindler como “um dos presentes mais impressionantes e evocativos que John já nos deu”. Diz algo sobre o alcance de sua colaboração o fato de Jurassic Park ter saído no mesmo ano, apresentando outra trilha sonora imponente de Williams – infundida com uma admiração quase religiosa pelas criaturas pré-históricas do filme.

Em entrevista, Emilio Audissino, autor de The Film Music of John Williams, argumentou que Contatos Imediatos de Terceiro Grau foi o filme em que “os dois perceberam plenamente os benefícios mútuos e a compatibilidade de sua parceria”. Um momento desse filme captura um pouco da alquimia de Spielberg e Williams: o diálogo musical entre os humanos e os visitantes de outro mundo, também uma espécie de colaboração artística.

Williams se lembra de passar horas com Spielberg, ouvindo inúmeras frases musicais. “Ficávamos esperando aquele momento eureka.”

Muitos anos depois, Williams descobriu por que a frase que eles escolheram (ré, mi, dó, dó, sol) parece tão perfeita. “Ré, mi, dó” parece musicalmente resolvido, explicou ele, depois do qual “dó, sol” – a resposta alienígena – parece uma interjeição apropriada e surpreendente. “Só percebi isso 20 anos depois”.

Super-Homem (1978)

Lembra quando os super-heróis tinham temas memoráveis?

A trilha sonora de Super-Homem demonstrou um dos superpoderes musicais de Williams: fazer o inacreditável parecer completamente crível. Seus sons indomáveis são essenciais para que o público aceite – e seja tocado pela – visão de um homem voando.

O diretor Richard Donner tinha uma teoria de que o motivo de três notas do tema principal – aquele que faz você querer socar o ar em triunfo – é uma evocação musical de “SU-per-MAN!”.

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)

Williams se lembra de ter se sentido “meio inseguro” no primeiro dia de gravação de Star Wars em 1977. Mas Lionel Newman, o supervisor musical do estúdio, “que estava sentado ao meu lado, disse: ‘Vai dar certo, vai dar muito certo, você vai ver’”.

A música para a saga central de Star Wars foi sempre extraordinária, mesmo quando os filmes em si desafinaram. Isso vale para A Ameaça Fantasma, que, apesar de sua classificação de 51% no site Rotten Tomatoes, apresenta alguns dos trabalhos mais emocionantes do compositor. Hoje, a sinfonia inspirada em Duel of the Fates, de Carl Orff, é a música Star Wars mais tocada no Spotify.

“Foi indescritível”, disse Maxine Kwok, primeira violinista da Orquestra Sinfônica de Londres, sobre a sessão de gravação. “Eu me lembro de ter arrepios na primeira vez que começou”. Kwok ingressou na instituição em parte porque a associava à música de Star Wars – a trilha sonora de sua infância. “Cresci com aqueles trompetes heroicos e cordas crescentes. Teve um efeito profundo em mim”.

Fazendo a trilha de A Ascensão de Skywalker, em 2019, depois de mais de quarenta anos com Star Wars, Williams disse que não queria que acabasse. “Meu sentimento foi: ‘Isso aqui é muito divertido. Vamos voltar e fazer mais uns nove’”.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Os filmes Indiana Jones apresentam vários dos temas mais reconhecíveis de Williams. E também apresentam trechos de músicas precisamente calibradas para a ação na tela.

“Não vejo John simplesmente como um gênio de temas e melodias, o que ele é, claro”, disse o diretor James Mangold. “Em vez disso, é seu trabalho de cena momento a momento que me surpreende. A trilha sonora é uma espécie de dueto entre o diretor e o compositor. Para mim, é a sensibilidade de John para com essa parceria que mais define sua obra”.

Sobre o apelo para fazer a trilha de um quinto filme Indiana Jones, Williams disse: “Só pensei: se Harrison Ford pode, eu também posso”. O filme traz um novo tema para a personagem Helena, interpretada por Phoebe Waller-Bridge. “Eu me diverti muito escrevendo um tema para ela”, disse Williams.

“Quando John tocou esse tema pela primeira vez, com a orquestra, fiquei impressionado, é claro”, disse Mangold, “completamente arrebatado pela música. Mas também fiquei um pouco nervoso por ser demais – exuberante demais, romântico demais. John só abriu um sorriso, gentil, e me deixou tagarelando, porque acho que ele sabia que ia funcionar lindamente”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Veja o trailer do novo Indiana Jones

NYT - Quando a Filarmônica de Nova York homenageou a obra do compositor John Williams na primavera passada, o diretor Steven Spielberg apresentou um clipe das cenas de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida – sem a música. O efeito, ele observou, com um pedido de desculpas, era o filme parecer qualquer coisa saída da Nouvelle Vague.

O clipe foi reproduzido novamente, desta vez com a participação da orquestra. Como em um passe de mágica, o espírito aventureiro do filme foi restaurado.

Na sexta-feira, 30, o incansável arqueólogo no centro do filme (interpretado por Harrison Ford) vai voltar para o quinto filme da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino. E virá acompanhado, como sempre, pela indispensável música de Williams.

John Williams e Steven Spielberg na estreia de "BFG", em Los Angeles, em 2016 Foto: Phil McCarten/Reuters

O compositor, que completou 91 anos este ano, tinha dito que seria sua última trilha sonora. Falando durante uma videochamada mais recentemente, ele voltou atrás nos planos de aposentadoria. “Se eles fizerem um ‘Indiana Jones 6′, estou dentro.”

Antes da estreia do novo filme, Williams compartilhou seus pensamentos – com contribuições de outras pessoas ligadas à obra – sobre momentos marcantes de uma carreira extraordinária.

Como Roubar um Milhão de Dólares (1966)

Williams fez algumas de suas primeiras contribuições para o cinema tocando piano nas trilhas sonoras de Bonequinha de Luxo e Amor, Sublime Amor, entre outras. (Também é ele tocando o riff de piano do tema de Peter Gunn para a televisão).

Sob o nome de Johnny Williams, ele foi fazendo a transição, como disse, “da banqueta do piano para a escrivaninha”, compondo várias trilhas leves e jazzísticas para comédias. Como Roubar um Milhão de Dólares, uma história sobre roubo de arte estrelada por Audrey Hepburn, foi um ponto alto no início.

“Foi o primeiro filme que fiz para um diretor importante e supertalentoso, William Wyler”, disse Williams.

Com momentos de comédia e suspense irônico, essa trilha sonora foi uma pista inicial de “como John Williams era versátil”, disse Mike Matessino, produtor de várias trilhas sonoras de Williams.

Muitos anos mais tarde – bem depois de seu nome ter se tornado sinônimo do som dos blockbusters cinematográficos – Williams canalizaria seu trabalho inicial e mais engraçado para a trilha sonora de Prenda-me se for Capaz. Esse modo “tinha ficado lá ao longo das décadas, esperando para despertar uivando”, disse Williams. “Foi a coisa mais fácil do mundo para mim, e eu ficava rindo enquanto compunha.”

Imagens (1972) e O Perigoso Adeus (1973)

Trabalhar com o diretor Robert Altman produziu algumas das entradas mais estranhas da filmografia de Williams. A trilha sonora de O Perigoso Adeus, o neo-noir de Altman, estrelado por Elliott Gould como um lacônico Philip Marlowe, consiste em várias variações da música-título, entre elas um número de boate blues, um mariachi e um tango.

Para o terror psicológico Imagens, Altman deu a Williams o tipo de liberdade que dava a seus atores. “Faça o que você quiser. Faça algo que nunca fez antes”, Williams lembra de Altman dizendo.

O resultado foi uma trilha estranha e fragmentada que reflete a deterioração do estado mental do protagonista. A música foi uma colaboração com o percussionista japonês Stomu Yamashta, que fez performances em esculturas dos artistas François e Bernard Baschet. Williams disse que se tivesse dedicado sua carreira a compor para as salas de concerto e não de cinemas, sua obra teria soado mais como sua trilha sonora de Imagens.

Quando Spielberg estava procurando uma música ameaçadora para acompanhar as cenas de pavor em Tubarão, ele tentou sons de Imagens. Mas Williams acreditava que o filme precisava de algo mais primitivo, menos psicológico e, no fim, construiu um tema em torno de duas notas de baixo brutais.

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)

Como resumir a colaboração Williams-Spielberg? Começando com Louca Escapada e concluindo (pelo menos por enquanto) com Os Fabelmans, a parceria já dura 29 filmes.

Spielberg descreveu a trilha sonora de Williams para A Lista de Schindler como “um dos presentes mais impressionantes e evocativos que John já nos deu”. Diz algo sobre o alcance de sua colaboração o fato de Jurassic Park ter saído no mesmo ano, apresentando outra trilha sonora imponente de Williams – infundida com uma admiração quase religiosa pelas criaturas pré-históricas do filme.

Em entrevista, Emilio Audissino, autor de The Film Music of John Williams, argumentou que Contatos Imediatos de Terceiro Grau foi o filme em que “os dois perceberam plenamente os benefícios mútuos e a compatibilidade de sua parceria”. Um momento desse filme captura um pouco da alquimia de Spielberg e Williams: o diálogo musical entre os humanos e os visitantes de outro mundo, também uma espécie de colaboração artística.

Williams se lembra de passar horas com Spielberg, ouvindo inúmeras frases musicais. “Ficávamos esperando aquele momento eureka.”

Muitos anos depois, Williams descobriu por que a frase que eles escolheram (ré, mi, dó, dó, sol) parece tão perfeita. “Ré, mi, dó” parece musicalmente resolvido, explicou ele, depois do qual “dó, sol” – a resposta alienígena – parece uma interjeição apropriada e surpreendente. “Só percebi isso 20 anos depois”.

Super-Homem (1978)

Lembra quando os super-heróis tinham temas memoráveis?

A trilha sonora de Super-Homem demonstrou um dos superpoderes musicais de Williams: fazer o inacreditável parecer completamente crível. Seus sons indomáveis são essenciais para que o público aceite – e seja tocado pela – visão de um homem voando.

O diretor Richard Donner tinha uma teoria de que o motivo de três notas do tema principal – aquele que faz você querer socar o ar em triunfo – é uma evocação musical de “SU-per-MAN!”.

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)

Williams se lembra de ter se sentido “meio inseguro” no primeiro dia de gravação de Star Wars em 1977. Mas Lionel Newman, o supervisor musical do estúdio, “que estava sentado ao meu lado, disse: ‘Vai dar certo, vai dar muito certo, você vai ver’”.

A música para a saga central de Star Wars foi sempre extraordinária, mesmo quando os filmes em si desafinaram. Isso vale para A Ameaça Fantasma, que, apesar de sua classificação de 51% no site Rotten Tomatoes, apresenta alguns dos trabalhos mais emocionantes do compositor. Hoje, a sinfonia inspirada em Duel of the Fates, de Carl Orff, é a música Star Wars mais tocada no Spotify.

“Foi indescritível”, disse Maxine Kwok, primeira violinista da Orquestra Sinfônica de Londres, sobre a sessão de gravação. “Eu me lembro de ter arrepios na primeira vez que começou”. Kwok ingressou na instituição em parte porque a associava à música de Star Wars – a trilha sonora de sua infância. “Cresci com aqueles trompetes heroicos e cordas crescentes. Teve um efeito profundo em mim”.

Fazendo a trilha de A Ascensão de Skywalker, em 2019, depois de mais de quarenta anos com Star Wars, Williams disse que não queria que acabasse. “Meu sentimento foi: ‘Isso aqui é muito divertido. Vamos voltar e fazer mais uns nove’”.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Os filmes Indiana Jones apresentam vários dos temas mais reconhecíveis de Williams. E também apresentam trechos de músicas precisamente calibradas para a ação na tela.

“Não vejo John simplesmente como um gênio de temas e melodias, o que ele é, claro”, disse o diretor James Mangold. “Em vez disso, é seu trabalho de cena momento a momento que me surpreende. A trilha sonora é uma espécie de dueto entre o diretor e o compositor. Para mim, é a sensibilidade de John para com essa parceria que mais define sua obra”.

Sobre o apelo para fazer a trilha de um quinto filme Indiana Jones, Williams disse: “Só pensei: se Harrison Ford pode, eu também posso”. O filme traz um novo tema para a personagem Helena, interpretada por Phoebe Waller-Bridge. “Eu me diverti muito escrevendo um tema para ela”, disse Williams.

“Quando John tocou esse tema pela primeira vez, com a orquestra, fiquei impressionado, é claro”, disse Mangold, “completamente arrebatado pela música. Mas também fiquei um pouco nervoso por ser demais – exuberante demais, romântico demais. John só abriu um sorriso, gentil, e me deixou tagarelando, porque acho que ele sabia que ia funcionar lindamente”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Veja o trailer do novo Indiana Jones

NYT - Quando a Filarmônica de Nova York homenageou a obra do compositor John Williams na primavera passada, o diretor Steven Spielberg apresentou um clipe das cenas de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida – sem a música. O efeito, ele observou, com um pedido de desculpas, era o filme parecer qualquer coisa saída da Nouvelle Vague.

O clipe foi reproduzido novamente, desta vez com a participação da orquestra. Como em um passe de mágica, o espírito aventureiro do filme foi restaurado.

Na sexta-feira, 30, o incansável arqueólogo no centro do filme (interpretado por Harrison Ford) vai voltar para o quinto filme da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino. E virá acompanhado, como sempre, pela indispensável música de Williams.

John Williams e Steven Spielberg na estreia de "BFG", em Los Angeles, em 2016 Foto: Phil McCarten/Reuters

O compositor, que completou 91 anos este ano, tinha dito que seria sua última trilha sonora. Falando durante uma videochamada mais recentemente, ele voltou atrás nos planos de aposentadoria. “Se eles fizerem um ‘Indiana Jones 6′, estou dentro.”

Antes da estreia do novo filme, Williams compartilhou seus pensamentos – com contribuições de outras pessoas ligadas à obra – sobre momentos marcantes de uma carreira extraordinária.

Como Roubar um Milhão de Dólares (1966)

Williams fez algumas de suas primeiras contribuições para o cinema tocando piano nas trilhas sonoras de Bonequinha de Luxo e Amor, Sublime Amor, entre outras. (Também é ele tocando o riff de piano do tema de Peter Gunn para a televisão).

Sob o nome de Johnny Williams, ele foi fazendo a transição, como disse, “da banqueta do piano para a escrivaninha”, compondo várias trilhas leves e jazzísticas para comédias. Como Roubar um Milhão de Dólares, uma história sobre roubo de arte estrelada por Audrey Hepburn, foi um ponto alto no início.

“Foi o primeiro filme que fiz para um diretor importante e supertalentoso, William Wyler”, disse Williams.

Com momentos de comédia e suspense irônico, essa trilha sonora foi uma pista inicial de “como John Williams era versátil”, disse Mike Matessino, produtor de várias trilhas sonoras de Williams.

Muitos anos mais tarde – bem depois de seu nome ter se tornado sinônimo do som dos blockbusters cinematográficos – Williams canalizaria seu trabalho inicial e mais engraçado para a trilha sonora de Prenda-me se for Capaz. Esse modo “tinha ficado lá ao longo das décadas, esperando para despertar uivando”, disse Williams. “Foi a coisa mais fácil do mundo para mim, e eu ficava rindo enquanto compunha.”

Imagens (1972) e O Perigoso Adeus (1973)

Trabalhar com o diretor Robert Altman produziu algumas das entradas mais estranhas da filmografia de Williams. A trilha sonora de O Perigoso Adeus, o neo-noir de Altman, estrelado por Elliott Gould como um lacônico Philip Marlowe, consiste em várias variações da música-título, entre elas um número de boate blues, um mariachi e um tango.

Para o terror psicológico Imagens, Altman deu a Williams o tipo de liberdade que dava a seus atores. “Faça o que você quiser. Faça algo que nunca fez antes”, Williams lembra de Altman dizendo.

O resultado foi uma trilha estranha e fragmentada que reflete a deterioração do estado mental do protagonista. A música foi uma colaboração com o percussionista japonês Stomu Yamashta, que fez performances em esculturas dos artistas François e Bernard Baschet. Williams disse que se tivesse dedicado sua carreira a compor para as salas de concerto e não de cinemas, sua obra teria soado mais como sua trilha sonora de Imagens.

Quando Spielberg estava procurando uma música ameaçadora para acompanhar as cenas de pavor em Tubarão, ele tentou sons de Imagens. Mas Williams acreditava que o filme precisava de algo mais primitivo, menos psicológico e, no fim, construiu um tema em torno de duas notas de baixo brutais.

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)

Como resumir a colaboração Williams-Spielberg? Começando com Louca Escapada e concluindo (pelo menos por enquanto) com Os Fabelmans, a parceria já dura 29 filmes.

Spielberg descreveu a trilha sonora de Williams para A Lista de Schindler como “um dos presentes mais impressionantes e evocativos que John já nos deu”. Diz algo sobre o alcance de sua colaboração o fato de Jurassic Park ter saído no mesmo ano, apresentando outra trilha sonora imponente de Williams – infundida com uma admiração quase religiosa pelas criaturas pré-históricas do filme.

Em entrevista, Emilio Audissino, autor de The Film Music of John Williams, argumentou que Contatos Imediatos de Terceiro Grau foi o filme em que “os dois perceberam plenamente os benefícios mútuos e a compatibilidade de sua parceria”. Um momento desse filme captura um pouco da alquimia de Spielberg e Williams: o diálogo musical entre os humanos e os visitantes de outro mundo, também uma espécie de colaboração artística.

Williams se lembra de passar horas com Spielberg, ouvindo inúmeras frases musicais. “Ficávamos esperando aquele momento eureka.”

Muitos anos depois, Williams descobriu por que a frase que eles escolheram (ré, mi, dó, dó, sol) parece tão perfeita. “Ré, mi, dó” parece musicalmente resolvido, explicou ele, depois do qual “dó, sol” – a resposta alienígena – parece uma interjeição apropriada e surpreendente. “Só percebi isso 20 anos depois”.

Super-Homem (1978)

Lembra quando os super-heróis tinham temas memoráveis?

A trilha sonora de Super-Homem demonstrou um dos superpoderes musicais de Williams: fazer o inacreditável parecer completamente crível. Seus sons indomáveis são essenciais para que o público aceite – e seja tocado pela – visão de um homem voando.

O diretor Richard Donner tinha uma teoria de que o motivo de três notas do tema principal – aquele que faz você querer socar o ar em triunfo – é uma evocação musical de “SU-per-MAN!”.

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)

Williams se lembra de ter se sentido “meio inseguro” no primeiro dia de gravação de Star Wars em 1977. Mas Lionel Newman, o supervisor musical do estúdio, “que estava sentado ao meu lado, disse: ‘Vai dar certo, vai dar muito certo, você vai ver’”.

A música para a saga central de Star Wars foi sempre extraordinária, mesmo quando os filmes em si desafinaram. Isso vale para A Ameaça Fantasma, que, apesar de sua classificação de 51% no site Rotten Tomatoes, apresenta alguns dos trabalhos mais emocionantes do compositor. Hoje, a sinfonia inspirada em Duel of the Fates, de Carl Orff, é a música Star Wars mais tocada no Spotify.

“Foi indescritível”, disse Maxine Kwok, primeira violinista da Orquestra Sinfônica de Londres, sobre a sessão de gravação. “Eu me lembro de ter arrepios na primeira vez que começou”. Kwok ingressou na instituição em parte porque a associava à música de Star Wars – a trilha sonora de sua infância. “Cresci com aqueles trompetes heroicos e cordas crescentes. Teve um efeito profundo em mim”.

Fazendo a trilha de A Ascensão de Skywalker, em 2019, depois de mais de quarenta anos com Star Wars, Williams disse que não queria que acabasse. “Meu sentimento foi: ‘Isso aqui é muito divertido. Vamos voltar e fazer mais uns nove’”.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Os filmes Indiana Jones apresentam vários dos temas mais reconhecíveis de Williams. E também apresentam trechos de músicas precisamente calibradas para a ação na tela.

“Não vejo John simplesmente como um gênio de temas e melodias, o que ele é, claro”, disse o diretor James Mangold. “Em vez disso, é seu trabalho de cena momento a momento que me surpreende. A trilha sonora é uma espécie de dueto entre o diretor e o compositor. Para mim, é a sensibilidade de John para com essa parceria que mais define sua obra”.

Sobre o apelo para fazer a trilha de um quinto filme Indiana Jones, Williams disse: “Só pensei: se Harrison Ford pode, eu também posso”. O filme traz um novo tema para a personagem Helena, interpretada por Phoebe Waller-Bridge. “Eu me diverti muito escrevendo um tema para ela”, disse Williams.

“Quando John tocou esse tema pela primeira vez, com a orquestra, fiquei impressionado, é claro”, disse Mangold, “completamente arrebatado pela música. Mas também fiquei um pouco nervoso por ser demais – exuberante demais, romântico demais. John só abriu um sorriso, gentil, e me deixou tagarelando, porque acho que ele sabia que ia funcionar lindamente”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Veja o trailer do novo Indiana Jones

NYT - Quando a Filarmônica de Nova York homenageou a obra do compositor John Williams na primavera passada, o diretor Steven Spielberg apresentou um clipe das cenas de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida – sem a música. O efeito, ele observou, com um pedido de desculpas, era o filme parecer qualquer coisa saída da Nouvelle Vague.

O clipe foi reproduzido novamente, desta vez com a participação da orquestra. Como em um passe de mágica, o espírito aventureiro do filme foi restaurado.

Na sexta-feira, 30, o incansável arqueólogo no centro do filme (interpretado por Harrison Ford) vai voltar para o quinto filme da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino. E virá acompanhado, como sempre, pela indispensável música de Williams.

John Williams e Steven Spielberg na estreia de "BFG", em Los Angeles, em 2016 Foto: Phil McCarten/Reuters

O compositor, que completou 91 anos este ano, tinha dito que seria sua última trilha sonora. Falando durante uma videochamada mais recentemente, ele voltou atrás nos planos de aposentadoria. “Se eles fizerem um ‘Indiana Jones 6′, estou dentro.”

Antes da estreia do novo filme, Williams compartilhou seus pensamentos – com contribuições de outras pessoas ligadas à obra – sobre momentos marcantes de uma carreira extraordinária.

Como Roubar um Milhão de Dólares (1966)

Williams fez algumas de suas primeiras contribuições para o cinema tocando piano nas trilhas sonoras de Bonequinha de Luxo e Amor, Sublime Amor, entre outras. (Também é ele tocando o riff de piano do tema de Peter Gunn para a televisão).

Sob o nome de Johnny Williams, ele foi fazendo a transição, como disse, “da banqueta do piano para a escrivaninha”, compondo várias trilhas leves e jazzísticas para comédias. Como Roubar um Milhão de Dólares, uma história sobre roubo de arte estrelada por Audrey Hepburn, foi um ponto alto no início.

“Foi o primeiro filme que fiz para um diretor importante e supertalentoso, William Wyler”, disse Williams.

Com momentos de comédia e suspense irônico, essa trilha sonora foi uma pista inicial de “como John Williams era versátil”, disse Mike Matessino, produtor de várias trilhas sonoras de Williams.

Muitos anos mais tarde – bem depois de seu nome ter se tornado sinônimo do som dos blockbusters cinematográficos – Williams canalizaria seu trabalho inicial e mais engraçado para a trilha sonora de Prenda-me se for Capaz. Esse modo “tinha ficado lá ao longo das décadas, esperando para despertar uivando”, disse Williams. “Foi a coisa mais fácil do mundo para mim, e eu ficava rindo enquanto compunha.”

Imagens (1972) e O Perigoso Adeus (1973)

Trabalhar com o diretor Robert Altman produziu algumas das entradas mais estranhas da filmografia de Williams. A trilha sonora de O Perigoso Adeus, o neo-noir de Altman, estrelado por Elliott Gould como um lacônico Philip Marlowe, consiste em várias variações da música-título, entre elas um número de boate blues, um mariachi e um tango.

Para o terror psicológico Imagens, Altman deu a Williams o tipo de liberdade que dava a seus atores. “Faça o que você quiser. Faça algo que nunca fez antes”, Williams lembra de Altman dizendo.

O resultado foi uma trilha estranha e fragmentada que reflete a deterioração do estado mental do protagonista. A música foi uma colaboração com o percussionista japonês Stomu Yamashta, que fez performances em esculturas dos artistas François e Bernard Baschet. Williams disse que se tivesse dedicado sua carreira a compor para as salas de concerto e não de cinemas, sua obra teria soado mais como sua trilha sonora de Imagens.

Quando Spielberg estava procurando uma música ameaçadora para acompanhar as cenas de pavor em Tubarão, ele tentou sons de Imagens. Mas Williams acreditava que o filme precisava de algo mais primitivo, menos psicológico e, no fim, construiu um tema em torno de duas notas de baixo brutais.

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)

Como resumir a colaboração Williams-Spielberg? Começando com Louca Escapada e concluindo (pelo menos por enquanto) com Os Fabelmans, a parceria já dura 29 filmes.

Spielberg descreveu a trilha sonora de Williams para A Lista de Schindler como “um dos presentes mais impressionantes e evocativos que John já nos deu”. Diz algo sobre o alcance de sua colaboração o fato de Jurassic Park ter saído no mesmo ano, apresentando outra trilha sonora imponente de Williams – infundida com uma admiração quase religiosa pelas criaturas pré-históricas do filme.

Em entrevista, Emilio Audissino, autor de The Film Music of John Williams, argumentou que Contatos Imediatos de Terceiro Grau foi o filme em que “os dois perceberam plenamente os benefícios mútuos e a compatibilidade de sua parceria”. Um momento desse filme captura um pouco da alquimia de Spielberg e Williams: o diálogo musical entre os humanos e os visitantes de outro mundo, também uma espécie de colaboração artística.

Williams se lembra de passar horas com Spielberg, ouvindo inúmeras frases musicais. “Ficávamos esperando aquele momento eureka.”

Muitos anos depois, Williams descobriu por que a frase que eles escolheram (ré, mi, dó, dó, sol) parece tão perfeita. “Ré, mi, dó” parece musicalmente resolvido, explicou ele, depois do qual “dó, sol” – a resposta alienígena – parece uma interjeição apropriada e surpreendente. “Só percebi isso 20 anos depois”.

Super-Homem (1978)

Lembra quando os super-heróis tinham temas memoráveis?

A trilha sonora de Super-Homem demonstrou um dos superpoderes musicais de Williams: fazer o inacreditável parecer completamente crível. Seus sons indomáveis são essenciais para que o público aceite – e seja tocado pela – visão de um homem voando.

O diretor Richard Donner tinha uma teoria de que o motivo de três notas do tema principal – aquele que faz você querer socar o ar em triunfo – é uma evocação musical de “SU-per-MAN!”.

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)

Williams se lembra de ter se sentido “meio inseguro” no primeiro dia de gravação de Star Wars em 1977. Mas Lionel Newman, o supervisor musical do estúdio, “que estava sentado ao meu lado, disse: ‘Vai dar certo, vai dar muito certo, você vai ver’”.

A música para a saga central de Star Wars foi sempre extraordinária, mesmo quando os filmes em si desafinaram. Isso vale para A Ameaça Fantasma, que, apesar de sua classificação de 51% no site Rotten Tomatoes, apresenta alguns dos trabalhos mais emocionantes do compositor. Hoje, a sinfonia inspirada em Duel of the Fates, de Carl Orff, é a música Star Wars mais tocada no Spotify.

“Foi indescritível”, disse Maxine Kwok, primeira violinista da Orquestra Sinfônica de Londres, sobre a sessão de gravação. “Eu me lembro de ter arrepios na primeira vez que começou”. Kwok ingressou na instituição em parte porque a associava à música de Star Wars – a trilha sonora de sua infância. “Cresci com aqueles trompetes heroicos e cordas crescentes. Teve um efeito profundo em mim”.

Fazendo a trilha de A Ascensão de Skywalker, em 2019, depois de mais de quarenta anos com Star Wars, Williams disse que não queria que acabasse. “Meu sentimento foi: ‘Isso aqui é muito divertido. Vamos voltar e fazer mais uns nove’”.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Os filmes Indiana Jones apresentam vários dos temas mais reconhecíveis de Williams. E também apresentam trechos de músicas precisamente calibradas para a ação na tela.

“Não vejo John simplesmente como um gênio de temas e melodias, o que ele é, claro”, disse o diretor James Mangold. “Em vez disso, é seu trabalho de cena momento a momento que me surpreende. A trilha sonora é uma espécie de dueto entre o diretor e o compositor. Para mim, é a sensibilidade de John para com essa parceria que mais define sua obra”.

Sobre o apelo para fazer a trilha de um quinto filme Indiana Jones, Williams disse: “Só pensei: se Harrison Ford pode, eu também posso”. O filme traz um novo tema para a personagem Helena, interpretada por Phoebe Waller-Bridge. “Eu me diverti muito escrevendo um tema para ela”, disse Williams.

“Quando John tocou esse tema pela primeira vez, com a orquestra, fiquei impressionado, é claro”, disse Mangold, “completamente arrebatado pela música. Mas também fiquei um pouco nervoso por ser demais – exuberante demais, romântico demais. John só abriu um sorriso, gentil, e me deixou tagarelando, porque acho que ele sabia que ia funcionar lindamente”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Veja o trailer do novo Indiana Jones

NYT - Quando a Filarmônica de Nova York homenageou a obra do compositor John Williams na primavera passada, o diretor Steven Spielberg apresentou um clipe das cenas de abertura de Os Caçadores da Arca Perdida – sem a música. O efeito, ele observou, com um pedido de desculpas, era o filme parecer qualquer coisa saída da Nouvelle Vague.

O clipe foi reproduzido novamente, desta vez com a participação da orquestra. Como em um passe de mágica, o espírito aventureiro do filme foi restaurado.

Na sexta-feira, 30, o incansável arqueólogo no centro do filme (interpretado por Harrison Ford) vai voltar para o quinto filme da franquia, Indiana Jones e a Relíquia do Destino. E virá acompanhado, como sempre, pela indispensável música de Williams.

John Williams e Steven Spielberg na estreia de "BFG", em Los Angeles, em 2016 Foto: Phil McCarten/Reuters

O compositor, que completou 91 anos este ano, tinha dito que seria sua última trilha sonora. Falando durante uma videochamada mais recentemente, ele voltou atrás nos planos de aposentadoria. “Se eles fizerem um ‘Indiana Jones 6′, estou dentro.”

Antes da estreia do novo filme, Williams compartilhou seus pensamentos – com contribuições de outras pessoas ligadas à obra – sobre momentos marcantes de uma carreira extraordinária.

Como Roubar um Milhão de Dólares (1966)

Williams fez algumas de suas primeiras contribuições para o cinema tocando piano nas trilhas sonoras de Bonequinha de Luxo e Amor, Sublime Amor, entre outras. (Também é ele tocando o riff de piano do tema de Peter Gunn para a televisão).

Sob o nome de Johnny Williams, ele foi fazendo a transição, como disse, “da banqueta do piano para a escrivaninha”, compondo várias trilhas leves e jazzísticas para comédias. Como Roubar um Milhão de Dólares, uma história sobre roubo de arte estrelada por Audrey Hepburn, foi um ponto alto no início.

“Foi o primeiro filme que fiz para um diretor importante e supertalentoso, William Wyler”, disse Williams.

Com momentos de comédia e suspense irônico, essa trilha sonora foi uma pista inicial de “como John Williams era versátil”, disse Mike Matessino, produtor de várias trilhas sonoras de Williams.

Muitos anos mais tarde – bem depois de seu nome ter se tornado sinônimo do som dos blockbusters cinematográficos – Williams canalizaria seu trabalho inicial e mais engraçado para a trilha sonora de Prenda-me se for Capaz. Esse modo “tinha ficado lá ao longo das décadas, esperando para despertar uivando”, disse Williams. “Foi a coisa mais fácil do mundo para mim, e eu ficava rindo enquanto compunha.”

Imagens (1972) e O Perigoso Adeus (1973)

Trabalhar com o diretor Robert Altman produziu algumas das entradas mais estranhas da filmografia de Williams. A trilha sonora de O Perigoso Adeus, o neo-noir de Altman, estrelado por Elliott Gould como um lacônico Philip Marlowe, consiste em várias variações da música-título, entre elas um número de boate blues, um mariachi e um tango.

Para o terror psicológico Imagens, Altman deu a Williams o tipo de liberdade que dava a seus atores. “Faça o que você quiser. Faça algo que nunca fez antes”, Williams lembra de Altman dizendo.

O resultado foi uma trilha estranha e fragmentada que reflete a deterioração do estado mental do protagonista. A música foi uma colaboração com o percussionista japonês Stomu Yamashta, que fez performances em esculturas dos artistas François e Bernard Baschet. Williams disse que se tivesse dedicado sua carreira a compor para as salas de concerto e não de cinemas, sua obra teria soado mais como sua trilha sonora de Imagens.

Quando Spielberg estava procurando uma música ameaçadora para acompanhar as cenas de pavor em Tubarão, ele tentou sons de Imagens. Mas Williams acreditava que o filme precisava de algo mais primitivo, menos psicológico e, no fim, construiu um tema em torno de duas notas de baixo brutais.

Contatos Imediatos de Terceiro Grau (1977)

Como resumir a colaboração Williams-Spielberg? Começando com Louca Escapada e concluindo (pelo menos por enquanto) com Os Fabelmans, a parceria já dura 29 filmes.

Spielberg descreveu a trilha sonora de Williams para A Lista de Schindler como “um dos presentes mais impressionantes e evocativos que John já nos deu”. Diz algo sobre o alcance de sua colaboração o fato de Jurassic Park ter saído no mesmo ano, apresentando outra trilha sonora imponente de Williams – infundida com uma admiração quase religiosa pelas criaturas pré-históricas do filme.

Em entrevista, Emilio Audissino, autor de The Film Music of John Williams, argumentou que Contatos Imediatos de Terceiro Grau foi o filme em que “os dois perceberam plenamente os benefícios mútuos e a compatibilidade de sua parceria”. Um momento desse filme captura um pouco da alquimia de Spielberg e Williams: o diálogo musical entre os humanos e os visitantes de outro mundo, também uma espécie de colaboração artística.

Williams se lembra de passar horas com Spielberg, ouvindo inúmeras frases musicais. “Ficávamos esperando aquele momento eureka.”

Muitos anos depois, Williams descobriu por que a frase que eles escolheram (ré, mi, dó, dó, sol) parece tão perfeita. “Ré, mi, dó” parece musicalmente resolvido, explicou ele, depois do qual “dó, sol” – a resposta alienígena – parece uma interjeição apropriada e surpreendente. “Só percebi isso 20 anos depois”.

Super-Homem (1978)

Lembra quando os super-heróis tinham temas memoráveis?

A trilha sonora de Super-Homem demonstrou um dos superpoderes musicais de Williams: fazer o inacreditável parecer completamente crível. Seus sons indomáveis são essenciais para que o público aceite – e seja tocado pela – visão de um homem voando.

O diretor Richard Donner tinha uma teoria de que o motivo de três notas do tema principal – aquele que faz você querer socar o ar em triunfo – é uma evocação musical de “SU-per-MAN!”.

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)

Williams se lembra de ter se sentido “meio inseguro” no primeiro dia de gravação de Star Wars em 1977. Mas Lionel Newman, o supervisor musical do estúdio, “que estava sentado ao meu lado, disse: ‘Vai dar certo, vai dar muito certo, você vai ver’”.

A música para a saga central de Star Wars foi sempre extraordinária, mesmo quando os filmes em si desafinaram. Isso vale para A Ameaça Fantasma, que, apesar de sua classificação de 51% no site Rotten Tomatoes, apresenta alguns dos trabalhos mais emocionantes do compositor. Hoje, a sinfonia inspirada em Duel of the Fates, de Carl Orff, é a música Star Wars mais tocada no Spotify.

“Foi indescritível”, disse Maxine Kwok, primeira violinista da Orquestra Sinfônica de Londres, sobre a sessão de gravação. “Eu me lembro de ter arrepios na primeira vez que começou”. Kwok ingressou na instituição em parte porque a associava à música de Star Wars – a trilha sonora de sua infância. “Cresci com aqueles trompetes heroicos e cordas crescentes. Teve um efeito profundo em mim”.

Fazendo a trilha de A Ascensão de Skywalker, em 2019, depois de mais de quarenta anos com Star Wars, Williams disse que não queria que acabasse. “Meu sentimento foi: ‘Isso aqui é muito divertido. Vamos voltar e fazer mais uns nove’”.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Os filmes Indiana Jones apresentam vários dos temas mais reconhecíveis de Williams. E também apresentam trechos de músicas precisamente calibradas para a ação na tela.

“Não vejo John simplesmente como um gênio de temas e melodias, o que ele é, claro”, disse o diretor James Mangold. “Em vez disso, é seu trabalho de cena momento a momento que me surpreende. A trilha sonora é uma espécie de dueto entre o diretor e o compositor. Para mim, é a sensibilidade de John para com essa parceria que mais define sua obra”.

Sobre o apelo para fazer a trilha de um quinto filme Indiana Jones, Williams disse: “Só pensei: se Harrison Ford pode, eu também posso”. O filme traz um novo tema para a personagem Helena, interpretada por Phoebe Waller-Bridge. “Eu me diverti muito escrevendo um tema para ela”, disse Williams.

“Quando John tocou esse tema pela primeira vez, com a orquestra, fiquei impressionado, é claro”, disse Mangold, “completamente arrebatado pela música. Mas também fiquei um pouco nervoso por ser demais – exuberante demais, romântico demais. John só abriu um sorriso, gentil, e me deixou tagarelando, porque acho que ele sabia que ia funcionar lindamente”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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