Após protagonizar um dos julgamentos mais televisionados e debatidos dos últimos anos, Johnny Depp está de volta às telonas. Tentando deixar as duras polêmicas que envolveram ele e a ex-esposa Amber Heard, Depp é o protagonista de A Favorita do Rei, longa-metragem que estreou no País na última quinta, 28, e que quebra o hiato de quatro anos do astro – seu trabalho anterior foi o filme japonês O Fotógrafo de Minamata, em 2020.
Mas será que esta é, enfim, a volta de Depp para as grandes produções? Desde que o nome dele foi envolvido em acusações de agressão contra Heard, em 2018, os trabalhos como ator rarearam. Chegou a entrar na franquia Animais Fantásticos, já no primeiro capítulo da história, mas foi substituído às pressas por Mads Mikkelsen no filme seguinte.
Depois, praticamente nada de novo ou relevante surgiu no horizonte profissional do norte-americano de Kentucky. Dois títulos já estavam em andamento quando as acusações surgiram (City of Lies e o interessante Esperando os Bárbaros), enquanto o já citado drama japonês e o novo longa-metragem francês se tornaram as únicas possibilidades de Depp.
Além disso, A Favorita do Rei é o projeto de maior relevância do ator desde os escândalos. Na trama, ele interpreta o Rei Luís XV. Falando um francês fluente, Depp é o protagonista de uma história sobre um amor proibido (e pouco usual) com Jeanne (Maïwenn), uma jovem de origem simples, mas que conquista o rei francês pela beleza. Um típico drama histórico.
Vale dizer, ainda, que enquanto O Fotógrafo de Minamata passou batido, A Favorita do Rei teve um bom destaque internacional, passando pelo Festival de Cannes e sendo bem recebido pela crítica em geral. No entanto, de novo, algo pesa contra Depp: a diretora e protagonista Maïwenn afirmou que a experiência com o ator não foi boa no set de filmagem.
Ela, que já se posicionou contra o movimento MeToo e ainda cuspiu em um jornalista à toa, disse que Depp teve divergências quanto ao roteiro – e, pior, causava medo na equipe. “Serei honesta, é difícil filmar com Johnny”, disse Maïwenn, ao The Independent. “Toda a equipe tinha medo dele porque ele tem um senso de humor diferente. Não sabíamos se ele chegaria na hora ou se saberia suas falas, o pessoal ficou com medo dele.”
Depois, ela voltou atrás e disse que Depp assustava por sua “genialidade”. Mas não convenceu: afinal, também disse que não conseguia ter uma relação com o americano.
Fora os trabalhos de ator, Depp também voltou para trás das câmeras décadas depois de sua primeira experiência com Modi: Three Days on the Wing of Madness, baseado na vida do artista italiano Amedeo Modigliani. O longa-metragem passou pelo festival de San Sebastian e foi elogiado pela crítica. É Depp conquistando seu quinhão na Europa, em um movimento parecido com outros párias como Roman Polanski e, claro, Woody Allen.
Novos projetos
Por enquanto, Depp está confirmado em apenas um filme: The Carnival at the End of Days, de Terry Gilliam – sempre lembrado por Monty Python em Busca do Cálice Sagrado e por projetos tão ousados que muitas vezes demoram anos a sair do papel, como o lendário O Homem que Matou Dom Quixote. Pode parecer pouca coisa, mas é o retorno do ator para dentro das grandes produções em inglês e dividindo tela com Adam Driver e Jeff Bridges.
E um detalhe sórdido: Depp fará o papel de Satanás no longa-metragem, em uma história na qual Deus quer acabar com o mundo, mas o diabo diz ter achado os novos Adão e Eva.
Outros trabalhos estão surgindo pelo caminho, como os rumores iniciais do thriller Day Drink, dirigido por Marc Webb e protagonizado por Depp e Penélope Cruz. Outra novidade, ainda mais relevante, é o desejo do produtor da franquia Piratas do Caribe em ter Depp de volta. “É um reboot, mas se dependesse de mim, ele estaria nele”, disse o produtor Jerry Bruckheimer à Variety, citando o novo filme. “Eu o amo. Ele é um bom amigo. Ele é um artista incrível e tem um visual único. Ele criou o Capitão Jack. Isso não estava escrito, era ele criando.”
Depp, enquanto isso, parece estar se divertindo – e rindo do caos. No lançamento do filme que dirigiu, o ator comentou ao Hollywood Reporter sobre a rejeição e como se parece com Modigliani, o italiano biografado de seu longa-metragem. “Modigliani era selvagem. Curtia sexo, drogas e rock ‘n’ roll e odiava rejeição. Eu adoro rejeição“, disse ele, rindo. “Mas eu me identifico com sua perseverança, mantendo seu estilo único apesar das críticas. Eu entrei em choque com a previsibilidade de Hollywood. Eu precisava agitar as coisas.”