É impactante abrir a câmera do computador e dar de cara com Jon Bon Jovi. O astro do rock norte-americano é daqueles nomes que flertam com a unanimidade quando falamos sobre a música dos Estados Unidos e lembramos de hits como Livin’ on a Prayer e Always. Hoje, ele exibe uma farta cabeleira branca e assume os desafios da idade – nos palcos, mas também nas telinhas com a série documental Thank You, Goodnight: A História de Bon Jovi.
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A produção, que estreia na íntegra em 26 de abril exclusivamente no Star+, tenta dar conta da trajetória dos 40 anos da banda Bon Jovi ao longo de quatro episódios. Além de longas entrevistas com os principais envolvidos na história, imagens de arquivos gravadas pelos integrantes da banda mostram bastidores e a intimidade inesperada dos artistas.
“Eu realmente queria contar a verdade”, diz Jon em entrevista por vídeo ao Estadão. “O controle criativo era todo do diretor [Gotham Chopra], mas ambos estávamos comprometidos a fazer com que o documentário não fosse um mero elogio pessoal. Queria contar a verdade e não apenas a minha verdade. É a verdade de todos os caras da banda”.
Relacionamentos à frente da tela
Esse desejo de Jon talvez seja o ponto mais sensível e complicado da série: afinal, há alguns caminhos tortuosos na história do Bon Jovi, principalmente na saída do guitarrista Richie Sambora – recentemente, o vocalista chegou a dizer à Entertainment Tonight que o seu antigo colega “tinha problemas”. Ao Estadão, ele diz que não quis interferir na série.
“Pode ter havido algumas discrepâncias, mas, para falar a verdade, você tem que deixar todas as discrepâncias no filme, e estou orgulhoso de deixar isso acontecer”, afirma. “Não estava disposto a discutir o ponto de vista de ninguém. Isso, no final, foi realmente ótimo”.
O diretor Gotham Chopra conta, sobre esse contato com os integrantes da banda, que tudo acabou fluindo de maneira simples. “Passei um tempo com Richie, que está fora da banda há 10 anos. Fizemos duas entrevistas, mas não foi só isso. Conversamos, trocamos mensagens e construímos um relacionamento real. Claro, havia a questão da separação, mas antes foram 30 anos construindo algo e ele estava animado para falar sobre isso”, diz.
Arquivos e memórias
O principal desafio, na verdade, foi lidar com tanto material e histórias. Jon Bon Jovi tinha pilhas e pilhas de fitas de vídeo armazenadas – segundos eles, havia material até para mais do que quatro episódios. “O desafio é que há muita coisa a ser contada. É entender como dar conta das memórias e emoções de todos. Mas, pelo menos, ninguém disse não, não houve uma única pessoa que disse que não queria fazer parte disso”, explica o diretor.
“Ter tanto arquivo é um luxo e uma maldição”, continua o cineasta, filho de Deepak Chopra. “Esta é uma das maiores bandas do mundo, então a história foi muito bem documentada, pela MTV e por cada país que visitaram. Ainda há assuntos acontecendo, como a questão de Jon com sua voz, que não sabíamos como isso ia se desenrolar. Tudo isso faz parte”.
O próprio Jon, por exemplo, diz que não pensou nem por um minuto que era a hora de celebrar a história da banda, mesmo que isso signifique tocar em temas espinhosos, como essa saída tão comentada e polêmica de Richie ou, até mesmo, problemas de voz de Jon.
“Era o momento de documentar nossa história. Eu não sabia em que volume, mas estávamos arquivando tudo o que eu tinha e pedi à banda para contribuir, já que 40 anos é uma afirmação bastante significativa e, idealmente, íamos documentar tudo e, de alguma forma, colocar no filme”, diz Jon. “Foi uma jornada de mais de dois anos até o ponto final”.
Será que em nenhum momento ele ficou com medo de se expor? De mostrar demais? Até, quem sabe, quebrar o encanto? “Fiquei muito satisfeito com o resultado. A gente precisava comemorar o 40º aniversário e conseguimos isso. Avançamos com o novo disco, mas acho que era digno de algo mais, que mostre tudo o que aconteceu até agora. E, no final das contas, não teremos outro 40º aniversário”.