Judi Dench é uma vovó espiã em drama baseado em história real


Aos 83 anos, atriz vive britânica que trabalhou cinco décadas para a KGB e só foi descoberta quando tinha mais de 80

Por Mariane Morisawa

Judi Dench completa 84 anos daqui a pouco mais de dois meses, mas “aposentadoria” não existe em seu dicionário. “Esta é uma palavra que simplesmente não é usada em nossa família”, disse em entrevista à imprensa, na quarta, 3, durante o Festival de Zurique, onde apresentou seu mais recente filme, Red Joan, de Trevor Nunn, e recebeu o prêmio Ícone de Ouro. “Em geral, as pessoas se aposentam para poder fazer o que realmente querem fazer. Para mim, meu trabalho é isso. Eu amo. Amo trabalhar com pessoas diferentes, aprender coisas novas. É meu hobby. Eu não quero me aposentar e nem saberia o que fazer se me aposentasse.” 

Em Red Joan, Judi Dench faz o papel de Joan Stanley, uma mulher britânica que passa segredos da bomba atômica para a Rússia, nos anos 1940 (fase em que é interpretada por Sophie Cookson), e só é descoberta décadas mais tarde, sendo apelidada de vovó espiã. O roteiro é baseado na história verdadeira de Melita Norwood, cujas atividades foram reveladas quando ela tinha mais de 80.  “As pessoas a chamaram de espiã”, disse Dench. “Não acho que ela seja uma espiã. Ela era uma pessoa que acreditava ser errado armar apenas um país e não os outros. Para ela, só assim seria possível não atacar outro país. Hiroshima fez com que decidisse. Se ambos os lados tivessem a bomba, a possibilidade de que acontecesse novamente seria menor. Era um pensamento um pouco inocente, apesar de ela ser muito inteligente.” 

Dame Judi Dench. Com o seu prêmio Ícone de Ouro Foto: PATRICK HUERLIMANN/KEYSTONE/AP
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A atriz não pensou na época em que estava filmando, mas achou engraçado estar do lado oposto de M, chefona do MI-6 (serviço secreto de inteligência britânico), que interpretou em oito filmes de 007. “Vou contar uma história engraçada sobre o MI-6. Quando estava fazendo a M, fui convidada para um almoço lá. E claro que aceitei. Perguntei que horas deveria ir. E eles me disseram que não era para ir com meu carro, que eles iam mandar o carro deles, porque eu não saberia onde eles estavam. E eu falei, claro que sei, vocês estão no prédio SIS em Southbank. Sei exatamente onde vocês estão. Não, disseram, vamos mandar nosso carro. Só posso dizer que o carro deles não conseguiu achar minha casa. E por causa disso cheguei 45 minutos atrasada ao almoço. Totalmente por culpa deles.” Indagada sobre o fato de o próximo filme da série ser dirigido por um americano, Cary Fukunaga, ela exclamou: “Meu amigo está dirigindo! Ele dirigiu Jane Eyre. Estou muito feliz por ele. Não sei o que penso, mas acho que ele vai fazer um bom trabalho. Espero que Ralph Fiennes interprete M bem. Digo isso com raiva. Brincadeira!”. 

Para Dench, o trabalho nunca rareou, como costuma ser o caso conforme a idade avança. A atriz continua fazendo dois ou mais filmes por ano, sem contar as peças. “Bate na madeira! Estou trabalhando! São papéis tão diferentes. Não é sempre que você pode interpretar a chefe dos duendes (na versão cinematográfica de Artemis Fowl) e Anne Hathaway (mulher de William Shakespeare), não é mesmo? Tenho muita sorte.” 

Mas isso não a impede de continuar tendo a mesma aflição desde o início da carreira. “Se Trevor Nunn estivesse aqui, contaria que me perguntou depois da estreia de A Comédia dos Erros, na década de 1970: ‘Por que você chora em toda noite de abertura antes da peça?’. E eu respondi: ‘Porque sempre acho que nunca mais vou conseguir um trabalho’. Sempre tive esse medo.”

Judi Dench completa 84 anos daqui a pouco mais de dois meses, mas “aposentadoria” não existe em seu dicionário. “Esta é uma palavra que simplesmente não é usada em nossa família”, disse em entrevista à imprensa, na quarta, 3, durante o Festival de Zurique, onde apresentou seu mais recente filme, Red Joan, de Trevor Nunn, e recebeu o prêmio Ícone de Ouro. “Em geral, as pessoas se aposentam para poder fazer o que realmente querem fazer. Para mim, meu trabalho é isso. Eu amo. Amo trabalhar com pessoas diferentes, aprender coisas novas. É meu hobby. Eu não quero me aposentar e nem saberia o que fazer se me aposentasse.” 

Em Red Joan, Judi Dench faz o papel de Joan Stanley, uma mulher britânica que passa segredos da bomba atômica para a Rússia, nos anos 1940 (fase em que é interpretada por Sophie Cookson), e só é descoberta décadas mais tarde, sendo apelidada de vovó espiã. O roteiro é baseado na história verdadeira de Melita Norwood, cujas atividades foram reveladas quando ela tinha mais de 80.  “As pessoas a chamaram de espiã”, disse Dench. “Não acho que ela seja uma espiã. Ela era uma pessoa que acreditava ser errado armar apenas um país e não os outros. Para ela, só assim seria possível não atacar outro país. Hiroshima fez com que decidisse. Se ambos os lados tivessem a bomba, a possibilidade de que acontecesse novamente seria menor. Era um pensamento um pouco inocente, apesar de ela ser muito inteligente.” 

Dame Judi Dench. Com o seu prêmio Ícone de Ouro Foto: PATRICK HUERLIMANN/KEYSTONE/AP

A atriz não pensou na época em que estava filmando, mas achou engraçado estar do lado oposto de M, chefona do MI-6 (serviço secreto de inteligência britânico), que interpretou em oito filmes de 007. “Vou contar uma história engraçada sobre o MI-6. Quando estava fazendo a M, fui convidada para um almoço lá. E claro que aceitei. Perguntei que horas deveria ir. E eles me disseram que não era para ir com meu carro, que eles iam mandar o carro deles, porque eu não saberia onde eles estavam. E eu falei, claro que sei, vocês estão no prédio SIS em Southbank. Sei exatamente onde vocês estão. Não, disseram, vamos mandar nosso carro. Só posso dizer que o carro deles não conseguiu achar minha casa. E por causa disso cheguei 45 minutos atrasada ao almoço. Totalmente por culpa deles.” Indagada sobre o fato de o próximo filme da série ser dirigido por um americano, Cary Fukunaga, ela exclamou: “Meu amigo está dirigindo! Ele dirigiu Jane Eyre. Estou muito feliz por ele. Não sei o que penso, mas acho que ele vai fazer um bom trabalho. Espero que Ralph Fiennes interprete M bem. Digo isso com raiva. Brincadeira!”. 

Para Dench, o trabalho nunca rareou, como costuma ser o caso conforme a idade avança. A atriz continua fazendo dois ou mais filmes por ano, sem contar as peças. “Bate na madeira! Estou trabalhando! São papéis tão diferentes. Não é sempre que você pode interpretar a chefe dos duendes (na versão cinematográfica de Artemis Fowl) e Anne Hathaway (mulher de William Shakespeare), não é mesmo? Tenho muita sorte.” 

Mas isso não a impede de continuar tendo a mesma aflição desde o início da carreira. “Se Trevor Nunn estivesse aqui, contaria que me perguntou depois da estreia de A Comédia dos Erros, na década de 1970: ‘Por que você chora em toda noite de abertura antes da peça?’. E eu respondi: ‘Porque sempre acho que nunca mais vou conseguir um trabalho’. Sempre tive esse medo.”

Judi Dench completa 84 anos daqui a pouco mais de dois meses, mas “aposentadoria” não existe em seu dicionário. “Esta é uma palavra que simplesmente não é usada em nossa família”, disse em entrevista à imprensa, na quarta, 3, durante o Festival de Zurique, onde apresentou seu mais recente filme, Red Joan, de Trevor Nunn, e recebeu o prêmio Ícone de Ouro. “Em geral, as pessoas se aposentam para poder fazer o que realmente querem fazer. Para mim, meu trabalho é isso. Eu amo. Amo trabalhar com pessoas diferentes, aprender coisas novas. É meu hobby. Eu não quero me aposentar e nem saberia o que fazer se me aposentasse.” 

Em Red Joan, Judi Dench faz o papel de Joan Stanley, uma mulher britânica que passa segredos da bomba atômica para a Rússia, nos anos 1940 (fase em que é interpretada por Sophie Cookson), e só é descoberta décadas mais tarde, sendo apelidada de vovó espiã. O roteiro é baseado na história verdadeira de Melita Norwood, cujas atividades foram reveladas quando ela tinha mais de 80.  “As pessoas a chamaram de espiã”, disse Dench. “Não acho que ela seja uma espiã. Ela era uma pessoa que acreditava ser errado armar apenas um país e não os outros. Para ela, só assim seria possível não atacar outro país. Hiroshima fez com que decidisse. Se ambos os lados tivessem a bomba, a possibilidade de que acontecesse novamente seria menor. Era um pensamento um pouco inocente, apesar de ela ser muito inteligente.” 

Dame Judi Dench. Com o seu prêmio Ícone de Ouro Foto: PATRICK HUERLIMANN/KEYSTONE/AP

A atriz não pensou na época em que estava filmando, mas achou engraçado estar do lado oposto de M, chefona do MI-6 (serviço secreto de inteligência britânico), que interpretou em oito filmes de 007. “Vou contar uma história engraçada sobre o MI-6. Quando estava fazendo a M, fui convidada para um almoço lá. E claro que aceitei. Perguntei que horas deveria ir. E eles me disseram que não era para ir com meu carro, que eles iam mandar o carro deles, porque eu não saberia onde eles estavam. E eu falei, claro que sei, vocês estão no prédio SIS em Southbank. Sei exatamente onde vocês estão. Não, disseram, vamos mandar nosso carro. Só posso dizer que o carro deles não conseguiu achar minha casa. E por causa disso cheguei 45 minutos atrasada ao almoço. Totalmente por culpa deles.” Indagada sobre o fato de o próximo filme da série ser dirigido por um americano, Cary Fukunaga, ela exclamou: “Meu amigo está dirigindo! Ele dirigiu Jane Eyre. Estou muito feliz por ele. Não sei o que penso, mas acho que ele vai fazer um bom trabalho. Espero que Ralph Fiennes interprete M bem. Digo isso com raiva. Brincadeira!”. 

Para Dench, o trabalho nunca rareou, como costuma ser o caso conforme a idade avança. A atriz continua fazendo dois ou mais filmes por ano, sem contar as peças. “Bate na madeira! Estou trabalhando! São papéis tão diferentes. Não é sempre que você pode interpretar a chefe dos duendes (na versão cinematográfica de Artemis Fowl) e Anne Hathaway (mulher de William Shakespeare), não é mesmo? Tenho muita sorte.” 

Mas isso não a impede de continuar tendo a mesma aflição desde o início da carreira. “Se Trevor Nunn estivesse aqui, contaria que me perguntou depois da estreia de A Comédia dos Erros, na década de 1970: ‘Por que você chora em toda noite de abertura antes da peça?’. E eu respondi: ‘Porque sempre acho que nunca mais vou conseguir um trabalho’. Sempre tive esse medo.”

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