‘Jurassic World: Domínio’ resgata as três figuras centrais da produção de 1992


Diretor Treverrow amplia o olhar, mas não aprofunda a história do longa que marcou época

Por Matheus Mans

Ainda que os dinossauros estejam habitando o mundo real e convivendo com a natureza ao seu redor, não é este o principal atrativo de Jurassic World: Domínio. Estreia dos cinemas desta quinta-feira, 2, o filme chama a atenção por resgatar os protagonistas do clássico Jurassic Park, de 1993: Alan Grant (Sam Neill), Ellie Sattler (Laura Dern) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum). É a primeira vez, em quase 30 anos, que o trio de protagonistas se reúne. Agora, eles se juntam com Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) em um momento que era preparado desde Jurassic World, de 2015, e que dá sentido ao nome da franquia: os dinossauros tomaram conta da Terra. Com isso, em um universo quase distópico no qual répteis gigantes moram próximos às pessoas, surgem problemas como falta de harmonia do ecossistema e até mercado paralelo de dinossauros.

reference

Assim como em todos os outros filmes da franquia Jurassic, há uma preocupação em jogar luz em temas ligados à sustentabilidade. De um lado, vilões que tentam controlar a natureza como se fossem uma divindade – no caso de Domínio, o dono da BioSyn, empresa de tecnologia que quer brincar com a genética. Do outro, pessoas sinceramente preocupadas com o que estão querendo fazer com esses dinossauros que voltaram à vida. Nessa briga existe, ainda, a aventura recheada de tensão que Steven Spielberg criou lá em 1993. O diretor Colin Trevorrow, que já tinha comandado o Jurassic World de 2015, tenta insistentemente deixar tudo ainda mais megalomaníaco, com clones humanos, gafanhotos gigantescos e uma luta do bem contra o mal. No entanto, apesar de todos esses cosméticos, fica a sensação de que a ideia de Spielberg ainda respira, mesmo que de forma tão distinta. Bem diferente, aliás, por conta de um movimento que começou justamente em 2015, ano em que o primeiro Jurassic World ganhava as telas e que se tornou um divisor de águas para a cultura pop. Na época, Vingadores mostrou o poder de juntar um grande elenco com personagens queridos. Já Star Wars: O Despertar da Força e Creed misturaram universos: Rey, Finn e Poe Dameron ao lado de Han Solo, Luke e Leia; Rocky Balboa e Adonis Creed. 

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Laura Dern e Sam Neill estão de volta no parque dos dinossauros, clássico que marcou época. Foto: Universal Studios

Os bons resultados de bilheteria de todos esses filmes fizeram brilhar os olhos dos produtores de Hollywood. Ao longo dos anos seguintes, a ideia de unir personagens ganhou relevância, fazendo com que remakes e reboots se tornassem cada vez mais dispensáveis. O melhor é seguir o meio do caminho. É o que, a partir do filme Pânico, no começo de 2022, foi chamado de “requência” (junção de remake com sequência). Jurassic World, com um pouco de atraso, abraça esse mercado. “Este é o filme que eu queria fazer desde o início”, disse Trevorrow, sobre o retorno do elenco, ao site Comicbook. “Passamos os dois últimos filmes construindo isso como parte de uma história maior. Acho até que as pessoas podem estar subestimando o tamanho e a importância dos personagens de Laura Dern, Sam Neill e Jeff Goldblum no filme.” Segundo ele, tudo foi construído ao redor de conversas francas com o elenco de 1993. “É um conjunto de coisas, mais a capacidade de pegar esses personagens de quase 30 anos e entender como eles interagem no contexto de um mundo que nós realmente nunca vimos antes. É muito emocionante. Estou tendo o melhor momento da minha vida”, afirmou.

Cena do filme Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, com Chris Pratt, Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Foto: Universal Studios
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Por fim, fica a dúvida: será que este é realmente o fim da franquia? Obviamente, em um contexto em que a saga Jurassic se sai tão bem de bilheteria, é difícil cravar uma conclusão eterna – não dá para deixar de imaginar Chris Pratt e Bryce Dallas Howard voltando à cena daqui a 20 ou 30 anos, reprisando seus papéis com um público que tem Jurassic World como ponto central de nostalgia. Pratt, aliás, cita a Marvel quando questionado sobre o futuro.Jurassic World: Domínio pode ser, enfim, o fim de um período. De um ciclo. “Agora, mesmo com o final de Vingadores, eles continuaram a fazer os filmes da Marvel. É mais uma fase que acabou enquanto, é claro, a Marvel continua a fazer grandes coisas. Parece fazer sentido que Jurassic continue a contar grandes histórias, mas acho que o Homem de Ferro se foi”, lembrou ele ao Comicbook. Será que Pratt volta algum dia? “Prefiro deixar isso em aberto.”.

Em determinada cena de Jurassic World: Domínio, Owen (Chris Pratt) anuncia que precisa ir atrás de um filhote de dinossauro. O motivo? Uma promessa que fez para a mãe dessa pequena criatura. 

Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, remete à memória de fãs que acompanharam a produção na década de 1990 Foto: Universal Studios
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É aí que Ian Malcolm, o matemático do caos interpretado por um descontraído Jeff Goldblum, faz a pergunta que cada um de nós poderia fazer: você fez uma promessa para um dinossauro? É uma situação que mostra, de forma clara e direta, o problema e o caminho certo da franquia. Desde o longa-metragem de 2015, Jurassic World leva muito a sério a ideia dessa retomada de um parque de dinossauros. Tremendamente a sério. Colin Treverrow, que é um fã declarado do longa-metragem de 1993, se dispôs a fazer uma grande homenagem pensando de que forma estaria o mundo, tantos anos depois do primeiro parque, que nem chegou a sair do papel. Com isso em mente, trouxe dinossauros híbridos, criações de laboratório, clones… Complicou demais. Jurassic Park, afinal, tem uma mensagem. Tem algo a ser dito, assim como o livro de Michael Crichton que inspirou todas essas histórias. Mas, acima de tudo, queria divertir as pessoas com a possibilidade de animais extintos, principalmente os dinossauros, voltando à vida apenas para fim de entretenimento, de espetáculo. O fato é que Treverrow quis ir mais além, amplificando a mensagem. Perdeu ingenuidade e, ainda assim, não se aprofundou como deveria.

Jurassic World: Domínio, enquanto isso, mostra que tudo poderia ter sido diferente se Treverrow (e depois dele J.A. Bayona, no segundo capítulo da franquia) tivesse brincado mais, se divertido. Ian Malcolm expõe o ridículo ao espectador e, pela primeira vez, causa algum riso. Às vezes, mais do que trazer humanos inescrupulosos que não pensam na natureza, é mais interessante ridicularizar uma situação como essa. Mostrar o que há de mais podre. Que o filme seja um indicativo de que precisamos de mais Ian Malcolm e menos Owen Grady. De mais Jeff Goldblum e menos Chris Pratt. Não sabemos ainda se serão feitos mais filmes da saga – no entanto, como tudo que reluz é ouro, dificilmente ficará adormecida mais duas décadas.  Mas fica uma lição: em uma realidade na qual os dinossauros dominaram o mundo, não dá para pensar em mais seriedade. A diversão é, enfim, a única saída.

Ainda que os dinossauros estejam habitando o mundo real e convivendo com a natureza ao seu redor, não é este o principal atrativo de Jurassic World: Domínio. Estreia dos cinemas desta quinta-feira, 2, o filme chama a atenção por resgatar os protagonistas do clássico Jurassic Park, de 1993: Alan Grant (Sam Neill), Ellie Sattler (Laura Dern) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum). É a primeira vez, em quase 30 anos, que o trio de protagonistas se reúne. Agora, eles se juntam com Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) em um momento que era preparado desde Jurassic World, de 2015, e que dá sentido ao nome da franquia: os dinossauros tomaram conta da Terra. Com isso, em um universo quase distópico no qual répteis gigantes moram próximos às pessoas, surgem problemas como falta de harmonia do ecossistema e até mercado paralelo de dinossauros.

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Assim como em todos os outros filmes da franquia Jurassic, há uma preocupação em jogar luz em temas ligados à sustentabilidade. De um lado, vilões que tentam controlar a natureza como se fossem uma divindade – no caso de Domínio, o dono da BioSyn, empresa de tecnologia que quer brincar com a genética. Do outro, pessoas sinceramente preocupadas com o que estão querendo fazer com esses dinossauros que voltaram à vida. Nessa briga existe, ainda, a aventura recheada de tensão que Steven Spielberg criou lá em 1993. O diretor Colin Trevorrow, que já tinha comandado o Jurassic World de 2015, tenta insistentemente deixar tudo ainda mais megalomaníaco, com clones humanos, gafanhotos gigantescos e uma luta do bem contra o mal. No entanto, apesar de todos esses cosméticos, fica a sensação de que a ideia de Spielberg ainda respira, mesmo que de forma tão distinta. Bem diferente, aliás, por conta de um movimento que começou justamente em 2015, ano em que o primeiro Jurassic World ganhava as telas e que se tornou um divisor de águas para a cultura pop. Na época, Vingadores mostrou o poder de juntar um grande elenco com personagens queridos. Já Star Wars: O Despertar da Força e Creed misturaram universos: Rey, Finn e Poe Dameron ao lado de Han Solo, Luke e Leia; Rocky Balboa e Adonis Creed. 

Laura Dern e Sam Neill estão de volta no parque dos dinossauros, clássico que marcou época. Foto: Universal Studios

Os bons resultados de bilheteria de todos esses filmes fizeram brilhar os olhos dos produtores de Hollywood. Ao longo dos anos seguintes, a ideia de unir personagens ganhou relevância, fazendo com que remakes e reboots se tornassem cada vez mais dispensáveis. O melhor é seguir o meio do caminho. É o que, a partir do filme Pânico, no começo de 2022, foi chamado de “requência” (junção de remake com sequência). Jurassic World, com um pouco de atraso, abraça esse mercado. “Este é o filme que eu queria fazer desde o início”, disse Trevorrow, sobre o retorno do elenco, ao site Comicbook. “Passamos os dois últimos filmes construindo isso como parte de uma história maior. Acho até que as pessoas podem estar subestimando o tamanho e a importância dos personagens de Laura Dern, Sam Neill e Jeff Goldblum no filme.” Segundo ele, tudo foi construído ao redor de conversas francas com o elenco de 1993. “É um conjunto de coisas, mais a capacidade de pegar esses personagens de quase 30 anos e entender como eles interagem no contexto de um mundo que nós realmente nunca vimos antes. É muito emocionante. Estou tendo o melhor momento da minha vida”, afirmou.

Cena do filme Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, com Chris Pratt, Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Foto: Universal Studios

Por fim, fica a dúvida: será que este é realmente o fim da franquia? Obviamente, em um contexto em que a saga Jurassic se sai tão bem de bilheteria, é difícil cravar uma conclusão eterna – não dá para deixar de imaginar Chris Pratt e Bryce Dallas Howard voltando à cena daqui a 20 ou 30 anos, reprisando seus papéis com um público que tem Jurassic World como ponto central de nostalgia. Pratt, aliás, cita a Marvel quando questionado sobre o futuro.Jurassic World: Domínio pode ser, enfim, o fim de um período. De um ciclo. “Agora, mesmo com o final de Vingadores, eles continuaram a fazer os filmes da Marvel. É mais uma fase que acabou enquanto, é claro, a Marvel continua a fazer grandes coisas. Parece fazer sentido que Jurassic continue a contar grandes histórias, mas acho que o Homem de Ferro se foi”, lembrou ele ao Comicbook. Será que Pratt volta algum dia? “Prefiro deixar isso em aberto.”.

Em determinada cena de Jurassic World: Domínio, Owen (Chris Pratt) anuncia que precisa ir atrás de um filhote de dinossauro. O motivo? Uma promessa que fez para a mãe dessa pequena criatura. 

Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, remete à memória de fãs que acompanharam a produção na década de 1990 Foto: Universal Studios

É aí que Ian Malcolm, o matemático do caos interpretado por um descontraído Jeff Goldblum, faz a pergunta que cada um de nós poderia fazer: você fez uma promessa para um dinossauro? É uma situação que mostra, de forma clara e direta, o problema e o caminho certo da franquia. Desde o longa-metragem de 2015, Jurassic World leva muito a sério a ideia dessa retomada de um parque de dinossauros. Tremendamente a sério. Colin Treverrow, que é um fã declarado do longa-metragem de 1993, se dispôs a fazer uma grande homenagem pensando de que forma estaria o mundo, tantos anos depois do primeiro parque, que nem chegou a sair do papel. Com isso em mente, trouxe dinossauros híbridos, criações de laboratório, clones… Complicou demais. Jurassic Park, afinal, tem uma mensagem. Tem algo a ser dito, assim como o livro de Michael Crichton que inspirou todas essas histórias. Mas, acima de tudo, queria divertir as pessoas com a possibilidade de animais extintos, principalmente os dinossauros, voltando à vida apenas para fim de entretenimento, de espetáculo. O fato é que Treverrow quis ir mais além, amplificando a mensagem. Perdeu ingenuidade e, ainda assim, não se aprofundou como deveria.

Jurassic World: Domínio, enquanto isso, mostra que tudo poderia ter sido diferente se Treverrow (e depois dele J.A. Bayona, no segundo capítulo da franquia) tivesse brincado mais, se divertido. Ian Malcolm expõe o ridículo ao espectador e, pela primeira vez, causa algum riso. Às vezes, mais do que trazer humanos inescrupulosos que não pensam na natureza, é mais interessante ridicularizar uma situação como essa. Mostrar o que há de mais podre. Que o filme seja um indicativo de que precisamos de mais Ian Malcolm e menos Owen Grady. De mais Jeff Goldblum e menos Chris Pratt. Não sabemos ainda se serão feitos mais filmes da saga – no entanto, como tudo que reluz é ouro, dificilmente ficará adormecida mais duas décadas.  Mas fica uma lição: em uma realidade na qual os dinossauros dominaram o mundo, não dá para pensar em mais seriedade. A diversão é, enfim, a única saída.

Ainda que os dinossauros estejam habitando o mundo real e convivendo com a natureza ao seu redor, não é este o principal atrativo de Jurassic World: Domínio. Estreia dos cinemas desta quinta-feira, 2, o filme chama a atenção por resgatar os protagonistas do clássico Jurassic Park, de 1993: Alan Grant (Sam Neill), Ellie Sattler (Laura Dern) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum). É a primeira vez, em quase 30 anos, que o trio de protagonistas se reúne. Agora, eles se juntam com Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) em um momento que era preparado desde Jurassic World, de 2015, e que dá sentido ao nome da franquia: os dinossauros tomaram conta da Terra. Com isso, em um universo quase distópico no qual répteis gigantes moram próximos às pessoas, surgem problemas como falta de harmonia do ecossistema e até mercado paralelo de dinossauros.

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Assim como em todos os outros filmes da franquia Jurassic, há uma preocupação em jogar luz em temas ligados à sustentabilidade. De um lado, vilões que tentam controlar a natureza como se fossem uma divindade – no caso de Domínio, o dono da BioSyn, empresa de tecnologia que quer brincar com a genética. Do outro, pessoas sinceramente preocupadas com o que estão querendo fazer com esses dinossauros que voltaram à vida. Nessa briga existe, ainda, a aventura recheada de tensão que Steven Spielberg criou lá em 1993. O diretor Colin Trevorrow, que já tinha comandado o Jurassic World de 2015, tenta insistentemente deixar tudo ainda mais megalomaníaco, com clones humanos, gafanhotos gigantescos e uma luta do bem contra o mal. No entanto, apesar de todos esses cosméticos, fica a sensação de que a ideia de Spielberg ainda respira, mesmo que de forma tão distinta. Bem diferente, aliás, por conta de um movimento que começou justamente em 2015, ano em que o primeiro Jurassic World ganhava as telas e que se tornou um divisor de águas para a cultura pop. Na época, Vingadores mostrou o poder de juntar um grande elenco com personagens queridos. Já Star Wars: O Despertar da Força e Creed misturaram universos: Rey, Finn e Poe Dameron ao lado de Han Solo, Luke e Leia; Rocky Balboa e Adonis Creed. 

Laura Dern e Sam Neill estão de volta no parque dos dinossauros, clássico que marcou época. Foto: Universal Studios

Os bons resultados de bilheteria de todos esses filmes fizeram brilhar os olhos dos produtores de Hollywood. Ao longo dos anos seguintes, a ideia de unir personagens ganhou relevância, fazendo com que remakes e reboots se tornassem cada vez mais dispensáveis. O melhor é seguir o meio do caminho. É o que, a partir do filme Pânico, no começo de 2022, foi chamado de “requência” (junção de remake com sequência). Jurassic World, com um pouco de atraso, abraça esse mercado. “Este é o filme que eu queria fazer desde o início”, disse Trevorrow, sobre o retorno do elenco, ao site Comicbook. “Passamos os dois últimos filmes construindo isso como parte de uma história maior. Acho até que as pessoas podem estar subestimando o tamanho e a importância dos personagens de Laura Dern, Sam Neill e Jeff Goldblum no filme.” Segundo ele, tudo foi construído ao redor de conversas francas com o elenco de 1993. “É um conjunto de coisas, mais a capacidade de pegar esses personagens de quase 30 anos e entender como eles interagem no contexto de um mundo que nós realmente nunca vimos antes. É muito emocionante. Estou tendo o melhor momento da minha vida”, afirmou.

Cena do filme Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, com Chris Pratt, Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Foto: Universal Studios

Por fim, fica a dúvida: será que este é realmente o fim da franquia? Obviamente, em um contexto em que a saga Jurassic se sai tão bem de bilheteria, é difícil cravar uma conclusão eterna – não dá para deixar de imaginar Chris Pratt e Bryce Dallas Howard voltando à cena daqui a 20 ou 30 anos, reprisando seus papéis com um público que tem Jurassic World como ponto central de nostalgia. Pratt, aliás, cita a Marvel quando questionado sobre o futuro.Jurassic World: Domínio pode ser, enfim, o fim de um período. De um ciclo. “Agora, mesmo com o final de Vingadores, eles continuaram a fazer os filmes da Marvel. É mais uma fase que acabou enquanto, é claro, a Marvel continua a fazer grandes coisas. Parece fazer sentido que Jurassic continue a contar grandes histórias, mas acho que o Homem de Ferro se foi”, lembrou ele ao Comicbook. Será que Pratt volta algum dia? “Prefiro deixar isso em aberto.”.

Em determinada cena de Jurassic World: Domínio, Owen (Chris Pratt) anuncia que precisa ir atrás de um filhote de dinossauro. O motivo? Uma promessa que fez para a mãe dessa pequena criatura. 

Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, remete à memória de fãs que acompanharam a produção na década de 1990 Foto: Universal Studios

É aí que Ian Malcolm, o matemático do caos interpretado por um descontraído Jeff Goldblum, faz a pergunta que cada um de nós poderia fazer: você fez uma promessa para um dinossauro? É uma situação que mostra, de forma clara e direta, o problema e o caminho certo da franquia. Desde o longa-metragem de 2015, Jurassic World leva muito a sério a ideia dessa retomada de um parque de dinossauros. Tremendamente a sério. Colin Treverrow, que é um fã declarado do longa-metragem de 1993, se dispôs a fazer uma grande homenagem pensando de que forma estaria o mundo, tantos anos depois do primeiro parque, que nem chegou a sair do papel. Com isso em mente, trouxe dinossauros híbridos, criações de laboratório, clones… Complicou demais. Jurassic Park, afinal, tem uma mensagem. Tem algo a ser dito, assim como o livro de Michael Crichton que inspirou todas essas histórias. Mas, acima de tudo, queria divertir as pessoas com a possibilidade de animais extintos, principalmente os dinossauros, voltando à vida apenas para fim de entretenimento, de espetáculo. O fato é que Treverrow quis ir mais além, amplificando a mensagem. Perdeu ingenuidade e, ainda assim, não se aprofundou como deveria.

Jurassic World: Domínio, enquanto isso, mostra que tudo poderia ter sido diferente se Treverrow (e depois dele J.A. Bayona, no segundo capítulo da franquia) tivesse brincado mais, se divertido. Ian Malcolm expõe o ridículo ao espectador e, pela primeira vez, causa algum riso. Às vezes, mais do que trazer humanos inescrupulosos que não pensam na natureza, é mais interessante ridicularizar uma situação como essa. Mostrar o que há de mais podre. Que o filme seja um indicativo de que precisamos de mais Ian Malcolm e menos Owen Grady. De mais Jeff Goldblum e menos Chris Pratt. Não sabemos ainda se serão feitos mais filmes da saga – no entanto, como tudo que reluz é ouro, dificilmente ficará adormecida mais duas décadas.  Mas fica uma lição: em uma realidade na qual os dinossauros dominaram o mundo, não dá para pensar em mais seriedade. A diversão é, enfim, a única saída.

Ainda que os dinossauros estejam habitando o mundo real e convivendo com a natureza ao seu redor, não é este o principal atrativo de Jurassic World: Domínio. Estreia dos cinemas desta quinta-feira, 2, o filme chama a atenção por resgatar os protagonistas do clássico Jurassic Park, de 1993: Alan Grant (Sam Neill), Ellie Sattler (Laura Dern) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum). É a primeira vez, em quase 30 anos, que o trio de protagonistas se reúne. Agora, eles se juntam com Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) em um momento que era preparado desde Jurassic World, de 2015, e que dá sentido ao nome da franquia: os dinossauros tomaram conta da Terra. Com isso, em um universo quase distópico no qual répteis gigantes moram próximos às pessoas, surgem problemas como falta de harmonia do ecossistema e até mercado paralelo de dinossauros.

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Assim como em todos os outros filmes da franquia Jurassic, há uma preocupação em jogar luz em temas ligados à sustentabilidade. De um lado, vilões que tentam controlar a natureza como se fossem uma divindade – no caso de Domínio, o dono da BioSyn, empresa de tecnologia que quer brincar com a genética. Do outro, pessoas sinceramente preocupadas com o que estão querendo fazer com esses dinossauros que voltaram à vida. Nessa briga existe, ainda, a aventura recheada de tensão que Steven Spielberg criou lá em 1993. O diretor Colin Trevorrow, que já tinha comandado o Jurassic World de 2015, tenta insistentemente deixar tudo ainda mais megalomaníaco, com clones humanos, gafanhotos gigantescos e uma luta do bem contra o mal. No entanto, apesar de todos esses cosméticos, fica a sensação de que a ideia de Spielberg ainda respira, mesmo que de forma tão distinta. Bem diferente, aliás, por conta de um movimento que começou justamente em 2015, ano em que o primeiro Jurassic World ganhava as telas e que se tornou um divisor de águas para a cultura pop. Na época, Vingadores mostrou o poder de juntar um grande elenco com personagens queridos. Já Star Wars: O Despertar da Força e Creed misturaram universos: Rey, Finn e Poe Dameron ao lado de Han Solo, Luke e Leia; Rocky Balboa e Adonis Creed. 

Laura Dern e Sam Neill estão de volta no parque dos dinossauros, clássico que marcou época. Foto: Universal Studios

Os bons resultados de bilheteria de todos esses filmes fizeram brilhar os olhos dos produtores de Hollywood. Ao longo dos anos seguintes, a ideia de unir personagens ganhou relevância, fazendo com que remakes e reboots se tornassem cada vez mais dispensáveis. O melhor é seguir o meio do caminho. É o que, a partir do filme Pânico, no começo de 2022, foi chamado de “requência” (junção de remake com sequência). Jurassic World, com um pouco de atraso, abraça esse mercado. “Este é o filme que eu queria fazer desde o início”, disse Trevorrow, sobre o retorno do elenco, ao site Comicbook. “Passamos os dois últimos filmes construindo isso como parte de uma história maior. Acho até que as pessoas podem estar subestimando o tamanho e a importância dos personagens de Laura Dern, Sam Neill e Jeff Goldblum no filme.” Segundo ele, tudo foi construído ao redor de conversas francas com o elenco de 1993. “É um conjunto de coisas, mais a capacidade de pegar esses personagens de quase 30 anos e entender como eles interagem no contexto de um mundo que nós realmente nunca vimos antes. É muito emocionante. Estou tendo o melhor momento da minha vida”, afirmou.

Cena do filme Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, com Chris Pratt, Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Foto: Universal Studios

Por fim, fica a dúvida: será que este é realmente o fim da franquia? Obviamente, em um contexto em que a saga Jurassic se sai tão bem de bilheteria, é difícil cravar uma conclusão eterna – não dá para deixar de imaginar Chris Pratt e Bryce Dallas Howard voltando à cena daqui a 20 ou 30 anos, reprisando seus papéis com um público que tem Jurassic World como ponto central de nostalgia. Pratt, aliás, cita a Marvel quando questionado sobre o futuro.Jurassic World: Domínio pode ser, enfim, o fim de um período. De um ciclo. “Agora, mesmo com o final de Vingadores, eles continuaram a fazer os filmes da Marvel. É mais uma fase que acabou enquanto, é claro, a Marvel continua a fazer grandes coisas. Parece fazer sentido que Jurassic continue a contar grandes histórias, mas acho que o Homem de Ferro se foi”, lembrou ele ao Comicbook. Será que Pratt volta algum dia? “Prefiro deixar isso em aberto.”.

Em determinada cena de Jurassic World: Domínio, Owen (Chris Pratt) anuncia que precisa ir atrás de um filhote de dinossauro. O motivo? Uma promessa que fez para a mãe dessa pequena criatura. 

Jurassic World - Domínio, de Colin Trevorrow, remete à memória de fãs que acompanharam a produção na década de 1990 Foto: Universal Studios

É aí que Ian Malcolm, o matemático do caos interpretado por um descontraído Jeff Goldblum, faz a pergunta que cada um de nós poderia fazer: você fez uma promessa para um dinossauro? É uma situação que mostra, de forma clara e direta, o problema e o caminho certo da franquia. Desde o longa-metragem de 2015, Jurassic World leva muito a sério a ideia dessa retomada de um parque de dinossauros. Tremendamente a sério. Colin Treverrow, que é um fã declarado do longa-metragem de 1993, se dispôs a fazer uma grande homenagem pensando de que forma estaria o mundo, tantos anos depois do primeiro parque, que nem chegou a sair do papel. Com isso em mente, trouxe dinossauros híbridos, criações de laboratório, clones… Complicou demais. Jurassic Park, afinal, tem uma mensagem. Tem algo a ser dito, assim como o livro de Michael Crichton que inspirou todas essas histórias. Mas, acima de tudo, queria divertir as pessoas com a possibilidade de animais extintos, principalmente os dinossauros, voltando à vida apenas para fim de entretenimento, de espetáculo. O fato é que Treverrow quis ir mais além, amplificando a mensagem. Perdeu ingenuidade e, ainda assim, não se aprofundou como deveria.

Jurassic World: Domínio, enquanto isso, mostra que tudo poderia ter sido diferente se Treverrow (e depois dele J.A. Bayona, no segundo capítulo da franquia) tivesse brincado mais, se divertido. Ian Malcolm expõe o ridículo ao espectador e, pela primeira vez, causa algum riso. Às vezes, mais do que trazer humanos inescrupulosos que não pensam na natureza, é mais interessante ridicularizar uma situação como essa. Mostrar o que há de mais podre. Que o filme seja um indicativo de que precisamos de mais Ian Malcolm e menos Owen Grady. De mais Jeff Goldblum e menos Chris Pratt. Não sabemos ainda se serão feitos mais filmes da saga – no entanto, como tudo que reluz é ouro, dificilmente ficará adormecida mais duas décadas.  Mas fica uma lição: em uma realidade na qual os dinossauros dominaram o mundo, não dá para pensar em mais seriedade. A diversão é, enfim, a única saída.

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