Mais que o passado, é o presente que move Eryk Rocha no poderoso ‘Cinema Novo’


Documentário entra em cartaz nesta quinta-feira, 3/11

Por Luiz Carlos Merten
  Foto: DIV

É a primeira coisa que ressalta em Cinema Novo, o documentário de Eryk Rocha – que estreia nesta quinta, 3 –, sobre o movimento que mudou a face do cinema brasileiro nos anos 1960, e é o próprio movimento. Corpos correm para lá e para cá. A cena inicial foi a primeira a ser montada, conta Eryk. Mas ele explica: “O filme começou a nascer há uns dez anos, quando entrevistamos os grandes diretores do Cinema Novo. Alguns já se foram. Fizemos as entrevistas para ter, mas nunca pensando num filme com esse formato.” Há uns três anos, Eryk e o produtor Diogo Dahl retomaram a pesquisa.

“Vimos muitos filmes. E, com base na pré-seleção de imagens, o Renato (o montador Renato Valone) e eu montamos a cena inicial.” Ela carrega um conceito, uma carta de intenções. Eryk explica os motivos que o levaram a esse filme. “Queria entender minhas raízes. Depois de toda aquela correria, na primeira fala do filme, Glauber (Rocha) diz que Humberto Mauro é a raiz de tudo. Queria me entender, entender o Brasil, aquela geração que amava o cinema e queria mudar o mundo.” Mas sempre numa perspectiva atual. “O filme começa e termina com corridas desencontradas. É como vejo o Brasil hoje. A esquerda precisa criar um projeto coletivo para viabilizar de novo esse País.”

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A esquerda – da direita, Eryk não quer saber, exceto em termos críticos. “Há um processo de nazificação no mundo. Eles (os neonazistas) estão saindo do armário.” Esse assalto ao poder o horroriza – o horror, o horror. Não é um discurso em alta no Brasil atual – nem no mundo –, mas Eryk o considera necessário. “No Rio, nas apresentação do filme no Odeon, tivemos overbooking e foi preciso distribuir ingressos, dando direito ao público de vê-lo na estreia”, conta. “Em São Paulo, na Mostra (no debate de segunda, 31, com o crítico, ator, professor e cineasta Jean-Claude Bernardet), a sala lotou e muita gente ficou de fora, esperando a chance de poder entrar. Tem muita gente insatisfeita, querendo agir, refletir. O cinema pode fornecer essa ferramenta.”

Pensar o Brasil, mudar o Brasil – já era o que queriam os autores do Cinema Novo, lá atrás, há mais de 50 anos. Glauber, o pai de Eryk, virou mito. Não é fácil carregar esse peso, mas o ‘garoto’ está conseguindo. Cinema Novo ganhou o L’Oeil d’Or’, o Olho de Ouro como melhor documentário no Festival de Cannes, em maio. E, agora, no fim de novembro, o filho do homem ganha sua primeira retrospectiva – no Porto, em Portugal. A obra em processo de Eryk Rocha poderá ser (re)avaliada em bloco. Um cinema de busca – estética, humana, política. O sonho não acabou.

Uma das grandes alegrias de Eryk com Cinema Novo veio do MoMa, de Nova York, que selecionou os 12 filmes essenciais do ano – nove ficções e três documentários. Dois dos EUA e o terceiro, Cinema Novo. “Mais até do que a escolha, o que eles dizem do filme é emocionante. Veem nele uma busca estética e uma afirmação humanista. Foi tudo que nos moveu”, diz. Eryk conclui um filme sobre uma guerrilheira do Araguaia que hoje vive à beira da Transamazônica. “Edna é seu nome e também o título. Sobreviveu a tudo. E é uma narradora excepcional, de si mesmo, no sentido benjaminiano (refere-se a Walter Benjamin, o pensador).” Outro filme ainda é projeto, para rodar no ano que vem. Uma ficção sobre um motorista na noite do Rio. Eryk está bem entusiasmado.

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É a primeira coisa que ressalta em Cinema Novo, o documentário de Eryk Rocha – que estreia nesta quinta, 3 –, sobre o movimento que mudou a face do cinema brasileiro nos anos 1960, e é o próprio movimento. Corpos correm para lá e para cá. A cena inicial foi a primeira a ser montada, conta Eryk. Mas ele explica: “O filme começou a nascer há uns dez anos, quando entrevistamos os grandes diretores do Cinema Novo. Alguns já se foram. Fizemos as entrevistas para ter, mas nunca pensando num filme com esse formato.” Há uns três anos, Eryk e o produtor Diogo Dahl retomaram a pesquisa.

“Vimos muitos filmes. E, com base na pré-seleção de imagens, o Renato (o montador Renato Valone) e eu montamos a cena inicial.” Ela carrega um conceito, uma carta de intenções. Eryk explica os motivos que o levaram a esse filme. “Queria entender minhas raízes. Depois de toda aquela correria, na primeira fala do filme, Glauber (Rocha) diz que Humberto Mauro é a raiz de tudo. Queria me entender, entender o Brasil, aquela geração que amava o cinema e queria mudar o mundo.” Mas sempre numa perspectiva atual. “O filme começa e termina com corridas desencontradas. É como vejo o Brasil hoje. A esquerda precisa criar um projeto coletivo para viabilizar de novo esse País.”

A esquerda – da direita, Eryk não quer saber, exceto em termos críticos. “Há um processo de nazificação no mundo. Eles (os neonazistas) estão saindo do armário.” Esse assalto ao poder o horroriza – o horror, o horror. Não é um discurso em alta no Brasil atual – nem no mundo –, mas Eryk o considera necessário. “No Rio, nas apresentação do filme no Odeon, tivemos overbooking e foi preciso distribuir ingressos, dando direito ao público de vê-lo na estreia”, conta. “Em São Paulo, na Mostra (no debate de segunda, 31, com o crítico, ator, professor e cineasta Jean-Claude Bernardet), a sala lotou e muita gente ficou de fora, esperando a chance de poder entrar. Tem muita gente insatisfeita, querendo agir, refletir. O cinema pode fornecer essa ferramenta.”

Pensar o Brasil, mudar o Brasil – já era o que queriam os autores do Cinema Novo, lá atrás, há mais de 50 anos. Glauber, o pai de Eryk, virou mito. Não é fácil carregar esse peso, mas o ‘garoto’ está conseguindo. Cinema Novo ganhou o L’Oeil d’Or’, o Olho de Ouro como melhor documentário no Festival de Cannes, em maio. E, agora, no fim de novembro, o filho do homem ganha sua primeira retrospectiva – no Porto, em Portugal. A obra em processo de Eryk Rocha poderá ser (re)avaliada em bloco. Um cinema de busca – estética, humana, política. O sonho não acabou.

Uma das grandes alegrias de Eryk com Cinema Novo veio do MoMa, de Nova York, que selecionou os 12 filmes essenciais do ano – nove ficções e três documentários. Dois dos EUA e o terceiro, Cinema Novo. “Mais até do que a escolha, o que eles dizem do filme é emocionante. Veem nele uma busca estética e uma afirmação humanista. Foi tudo que nos moveu”, diz. Eryk conclui um filme sobre uma guerrilheira do Araguaia que hoje vive à beira da Transamazônica. “Edna é seu nome e também o título. Sobreviveu a tudo. E é uma narradora excepcional, de si mesmo, no sentido benjaminiano (refere-se a Walter Benjamin, o pensador).” Outro filme ainda é projeto, para rodar no ano que vem. Uma ficção sobre um motorista na noite do Rio. Eryk está bem entusiasmado.

  Foto: DIV

É a primeira coisa que ressalta em Cinema Novo, o documentário de Eryk Rocha – que estreia nesta quinta, 3 –, sobre o movimento que mudou a face do cinema brasileiro nos anos 1960, e é o próprio movimento. Corpos correm para lá e para cá. A cena inicial foi a primeira a ser montada, conta Eryk. Mas ele explica: “O filme começou a nascer há uns dez anos, quando entrevistamos os grandes diretores do Cinema Novo. Alguns já se foram. Fizemos as entrevistas para ter, mas nunca pensando num filme com esse formato.” Há uns três anos, Eryk e o produtor Diogo Dahl retomaram a pesquisa.

“Vimos muitos filmes. E, com base na pré-seleção de imagens, o Renato (o montador Renato Valone) e eu montamos a cena inicial.” Ela carrega um conceito, uma carta de intenções. Eryk explica os motivos que o levaram a esse filme. “Queria entender minhas raízes. Depois de toda aquela correria, na primeira fala do filme, Glauber (Rocha) diz que Humberto Mauro é a raiz de tudo. Queria me entender, entender o Brasil, aquela geração que amava o cinema e queria mudar o mundo.” Mas sempre numa perspectiva atual. “O filme começa e termina com corridas desencontradas. É como vejo o Brasil hoje. A esquerda precisa criar um projeto coletivo para viabilizar de novo esse País.”

A esquerda – da direita, Eryk não quer saber, exceto em termos críticos. “Há um processo de nazificação no mundo. Eles (os neonazistas) estão saindo do armário.” Esse assalto ao poder o horroriza – o horror, o horror. Não é um discurso em alta no Brasil atual – nem no mundo –, mas Eryk o considera necessário. “No Rio, nas apresentação do filme no Odeon, tivemos overbooking e foi preciso distribuir ingressos, dando direito ao público de vê-lo na estreia”, conta. “Em São Paulo, na Mostra (no debate de segunda, 31, com o crítico, ator, professor e cineasta Jean-Claude Bernardet), a sala lotou e muita gente ficou de fora, esperando a chance de poder entrar. Tem muita gente insatisfeita, querendo agir, refletir. O cinema pode fornecer essa ferramenta.”

Pensar o Brasil, mudar o Brasil – já era o que queriam os autores do Cinema Novo, lá atrás, há mais de 50 anos. Glauber, o pai de Eryk, virou mito. Não é fácil carregar esse peso, mas o ‘garoto’ está conseguindo. Cinema Novo ganhou o L’Oeil d’Or’, o Olho de Ouro como melhor documentário no Festival de Cannes, em maio. E, agora, no fim de novembro, o filho do homem ganha sua primeira retrospectiva – no Porto, em Portugal. A obra em processo de Eryk Rocha poderá ser (re)avaliada em bloco. Um cinema de busca – estética, humana, política. O sonho não acabou.

Uma das grandes alegrias de Eryk com Cinema Novo veio do MoMa, de Nova York, que selecionou os 12 filmes essenciais do ano – nove ficções e três documentários. Dois dos EUA e o terceiro, Cinema Novo. “Mais até do que a escolha, o que eles dizem do filme é emocionante. Veem nele uma busca estética e uma afirmação humanista. Foi tudo que nos moveu”, diz. Eryk conclui um filme sobre uma guerrilheira do Araguaia que hoje vive à beira da Transamazônica. “Edna é seu nome e também o título. Sobreviveu a tudo. E é uma narradora excepcional, de si mesmo, no sentido benjaminiano (refere-se a Walter Benjamin, o pensador).” Outro filme ainda é projeto, para rodar no ano que vem. Uma ficção sobre um motorista na noite do Rio. Eryk está bem entusiasmado.

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