Mostra de Cinema de São Paulo 2024: 400 filmes, Maria Callas, cinema palestino e israelense e mais


Entre os principais destaques, além da cinebiografia da cantora, interpretada por Angelina Jolie, estão filmes como ‘O Brutalista’, ‘Anora’ e ‘Ainda Estou Aqui’; festival faz retrospectiva do cinema indiano e de Marcello Mastroianni e abraça temas políticos e urgentes

Por Matheus Mans
Atualização:

“Olha, vou te dizer uma coisa, eu estou meio assustada este ano, porque a Mostra está muito grande”. É assim que começa a conversa com Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre sua 48ª no dia 17 de outubro. Segundo ela, já são quase 400 filmes selecionados na programação, que segue até o dia 30.

“Para mim é assustador, porque o orçamento é um problema enorme. Estou aqui me chicoteando por ter deixado isso acontecer. Mas é o que acontece quando se trabalha com paixão, né?”, diz Renata, que deixa escapar uma ponta de orgulho ao falar sobre os filmes selecionados. “Quando a seleção de filmes já está fechada, você pensa ‘já deu’, mas aí aparecem filmes que você adora e que não pode deixar de fora. Não tem o que fazer.”

Em 2023, a Mostra atingiu a marca de 360 filmes.

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Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín Foto: Fábula Pictures/Divulgação

Seleção da Mostra

Mas, realmente, não tinha como negar filmes como Maria Callas, do chileno Pablo Larraín, que abre o evento, nem Anora, que levou a Palma de Ouro de Cannes este ano. Muito menos O Brutalista, filme que gerou um burburinho nos festivais e tem previsão de estreia apenas no primeiro trimestre do ano que vem. Ainda tem April, de Dea Kulumbegashvili, que levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024, e, claro, o brasileiro Ainda Estou Aqui.

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O evento vai apresentar filmes de 82 países.

Renata de Almeida, coordenadora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em foto de outubro de 2020 Foto: Werther Santana/Estadão
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Quanto às retrospectivas, a Mostra será uma grande celebração ao cinema indiano, com 33 filmes selecionados do país asiático e com uma homenagem ao trabalho do cineasta Satyajit Ray, incluindo a clássica Trilogia de APU. “A Mostra tem um público jovem e acredito que muitos nunca viram um filme dele no cinema. Então, selecionamos sete filmes de Satyajit Ray, enquanto oferecemos um panorama do cinema indiano contemporâneo”, diz.

Filme 'O Mundo de Apu', de Satyajit Ray Foto: Satyajit Ray

A Mostra ainda vai fazer uma pequena retrospectiva de Marcello Mastroianni, com sete diretores de sete países mostrando a versatilidade do ator – e com o novo filme Marcello Mio também na programação.

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Por fim, como já virou tradição, o evento vai trazer uma série de filmes brasileiros restaurados para a telona. Um exemplo é a pornochanchada Onda Nova, “um filme que os censores da Ditadura nem souberam bem o que censurar”.

Política e formação de público

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Um ponto importante que Renata destaca, para além desses grandes destaques da programação, está na importância da Mostra como espaço para pensar, refletir e debater sobre o que está acontecendo fora das salas de cinema, dialogando com o mundo.

“Temos vários filmes sobre o Oriente Médio”, diz Renata. Dentre os filmes selecionados, Gazan Tales, do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays, do palestino Scandar Copti, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989, do sueco Göran Olsson, A Lista, da iraniana Hana Makhmalbaf, No Other Land, do palestino Basel Adra, o libanês Green Line, de Sylvie Ballyot, Por Que a Guerra? e Shikun, ambos do diretor israelense Amos Gitaï.

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Renata, aliás, diz que não tem problema de tocar em temas políticos. Para ela, é dever de um festival como a Mostra não só falar sobre política, mas cutucar o espectador a debater.

“Isso que o Festival de Cannes fez, de dizer que não precisa falar sobre política, é uma bobagem”, diz. “Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro completamente, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo. Mesmo que alguém se exalte em uma discussão, o treino da convivência é essencial. Se dissermos que o festival não pode falar de política… Como isso? O festival é político, tem que ser político. O medo da polêmica não pode existir”.

“Olha, vou te dizer uma coisa, eu estou meio assustada este ano, porque a Mostra está muito grande”. É assim que começa a conversa com Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre sua 48ª no dia 17 de outubro. Segundo ela, já são quase 400 filmes selecionados na programação, que segue até o dia 30.

“Para mim é assustador, porque o orçamento é um problema enorme. Estou aqui me chicoteando por ter deixado isso acontecer. Mas é o que acontece quando se trabalha com paixão, né?”, diz Renata, que deixa escapar uma ponta de orgulho ao falar sobre os filmes selecionados. “Quando a seleção de filmes já está fechada, você pensa ‘já deu’, mas aí aparecem filmes que você adora e que não pode deixar de fora. Não tem o que fazer.”

Em 2023, a Mostra atingiu a marca de 360 filmes.

Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín Foto: Fábula Pictures/Divulgação

Seleção da Mostra

Mas, realmente, não tinha como negar filmes como Maria Callas, do chileno Pablo Larraín, que abre o evento, nem Anora, que levou a Palma de Ouro de Cannes este ano. Muito menos O Brutalista, filme que gerou um burburinho nos festivais e tem previsão de estreia apenas no primeiro trimestre do ano que vem. Ainda tem April, de Dea Kulumbegashvili, que levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024, e, claro, o brasileiro Ainda Estou Aqui.

O evento vai apresentar filmes de 82 países.

Renata de Almeida, coordenadora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em foto de outubro de 2020 Foto: Werther Santana/Estadão

Quanto às retrospectivas, a Mostra será uma grande celebração ao cinema indiano, com 33 filmes selecionados do país asiático e com uma homenagem ao trabalho do cineasta Satyajit Ray, incluindo a clássica Trilogia de APU. “A Mostra tem um público jovem e acredito que muitos nunca viram um filme dele no cinema. Então, selecionamos sete filmes de Satyajit Ray, enquanto oferecemos um panorama do cinema indiano contemporâneo”, diz.

Filme 'O Mundo de Apu', de Satyajit Ray Foto: Satyajit Ray

A Mostra ainda vai fazer uma pequena retrospectiva de Marcello Mastroianni, com sete diretores de sete países mostrando a versatilidade do ator – e com o novo filme Marcello Mio também na programação.

Por fim, como já virou tradição, o evento vai trazer uma série de filmes brasileiros restaurados para a telona. Um exemplo é a pornochanchada Onda Nova, “um filme que os censores da Ditadura nem souberam bem o que censurar”.

Política e formação de público

Um ponto importante que Renata destaca, para além desses grandes destaques da programação, está na importância da Mostra como espaço para pensar, refletir e debater sobre o que está acontecendo fora das salas de cinema, dialogando com o mundo.

“Temos vários filmes sobre o Oriente Médio”, diz Renata. Dentre os filmes selecionados, Gazan Tales, do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays, do palestino Scandar Copti, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989, do sueco Göran Olsson, A Lista, da iraniana Hana Makhmalbaf, No Other Land, do palestino Basel Adra, o libanês Green Line, de Sylvie Ballyot, Por Que a Guerra? e Shikun, ambos do diretor israelense Amos Gitaï.

Renata, aliás, diz que não tem problema de tocar em temas políticos. Para ela, é dever de um festival como a Mostra não só falar sobre política, mas cutucar o espectador a debater.

“Isso que o Festival de Cannes fez, de dizer que não precisa falar sobre política, é uma bobagem”, diz. “Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro completamente, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo. Mesmo que alguém se exalte em uma discussão, o treino da convivência é essencial. Se dissermos que o festival não pode falar de política… Como isso? O festival é político, tem que ser político. O medo da polêmica não pode existir”.

“Olha, vou te dizer uma coisa, eu estou meio assustada este ano, porque a Mostra está muito grande”. É assim que começa a conversa com Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre sua 48ª no dia 17 de outubro. Segundo ela, já são quase 400 filmes selecionados na programação, que segue até o dia 30.

“Para mim é assustador, porque o orçamento é um problema enorme. Estou aqui me chicoteando por ter deixado isso acontecer. Mas é o que acontece quando se trabalha com paixão, né?”, diz Renata, que deixa escapar uma ponta de orgulho ao falar sobre os filmes selecionados. “Quando a seleção de filmes já está fechada, você pensa ‘já deu’, mas aí aparecem filmes que você adora e que não pode deixar de fora. Não tem o que fazer.”

Em 2023, a Mostra atingiu a marca de 360 filmes.

Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín Foto: Fábula Pictures/Divulgação

Seleção da Mostra

Mas, realmente, não tinha como negar filmes como Maria Callas, do chileno Pablo Larraín, que abre o evento, nem Anora, que levou a Palma de Ouro de Cannes este ano. Muito menos O Brutalista, filme que gerou um burburinho nos festivais e tem previsão de estreia apenas no primeiro trimestre do ano que vem. Ainda tem April, de Dea Kulumbegashvili, que levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024, e, claro, o brasileiro Ainda Estou Aqui.

O evento vai apresentar filmes de 82 países.

Renata de Almeida, coordenadora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em foto de outubro de 2020 Foto: Werther Santana/Estadão

Quanto às retrospectivas, a Mostra será uma grande celebração ao cinema indiano, com 33 filmes selecionados do país asiático e com uma homenagem ao trabalho do cineasta Satyajit Ray, incluindo a clássica Trilogia de APU. “A Mostra tem um público jovem e acredito que muitos nunca viram um filme dele no cinema. Então, selecionamos sete filmes de Satyajit Ray, enquanto oferecemos um panorama do cinema indiano contemporâneo”, diz.

Filme 'O Mundo de Apu', de Satyajit Ray Foto: Satyajit Ray

A Mostra ainda vai fazer uma pequena retrospectiva de Marcello Mastroianni, com sete diretores de sete países mostrando a versatilidade do ator – e com o novo filme Marcello Mio também na programação.

Por fim, como já virou tradição, o evento vai trazer uma série de filmes brasileiros restaurados para a telona. Um exemplo é a pornochanchada Onda Nova, “um filme que os censores da Ditadura nem souberam bem o que censurar”.

Política e formação de público

Um ponto importante que Renata destaca, para além desses grandes destaques da programação, está na importância da Mostra como espaço para pensar, refletir e debater sobre o que está acontecendo fora das salas de cinema, dialogando com o mundo.

“Temos vários filmes sobre o Oriente Médio”, diz Renata. Dentre os filmes selecionados, Gazan Tales, do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays, do palestino Scandar Copti, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989, do sueco Göran Olsson, A Lista, da iraniana Hana Makhmalbaf, No Other Land, do palestino Basel Adra, o libanês Green Line, de Sylvie Ballyot, Por Que a Guerra? e Shikun, ambos do diretor israelense Amos Gitaï.

Renata, aliás, diz que não tem problema de tocar em temas políticos. Para ela, é dever de um festival como a Mostra não só falar sobre política, mas cutucar o espectador a debater.

“Isso que o Festival de Cannes fez, de dizer que não precisa falar sobre política, é uma bobagem”, diz. “Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro completamente, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo. Mesmo que alguém se exalte em uma discussão, o treino da convivência é essencial. Se dissermos que o festival não pode falar de política… Como isso? O festival é político, tem que ser político. O medo da polêmica não pode existir”.

“Olha, vou te dizer uma coisa, eu estou meio assustada este ano, porque a Mostra está muito grande”. É assim que começa a conversa com Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre sua 48ª no dia 17 de outubro. Segundo ela, já são quase 400 filmes selecionados na programação, que segue até o dia 30.

“Para mim é assustador, porque o orçamento é um problema enorme. Estou aqui me chicoteando por ter deixado isso acontecer. Mas é o que acontece quando se trabalha com paixão, né?”, diz Renata, que deixa escapar uma ponta de orgulho ao falar sobre os filmes selecionados. “Quando a seleção de filmes já está fechada, você pensa ‘já deu’, mas aí aparecem filmes que você adora e que não pode deixar de fora. Não tem o que fazer.”

Em 2023, a Mostra atingiu a marca de 360 filmes.

Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín Foto: Fábula Pictures/Divulgação

Seleção da Mostra

Mas, realmente, não tinha como negar filmes como Maria Callas, do chileno Pablo Larraín, que abre o evento, nem Anora, que levou a Palma de Ouro de Cannes este ano. Muito menos O Brutalista, filme que gerou um burburinho nos festivais e tem previsão de estreia apenas no primeiro trimestre do ano que vem. Ainda tem April, de Dea Kulumbegashvili, que levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024, e, claro, o brasileiro Ainda Estou Aqui.

O evento vai apresentar filmes de 82 países.

Renata de Almeida, coordenadora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em foto de outubro de 2020 Foto: Werther Santana/Estadão

Quanto às retrospectivas, a Mostra será uma grande celebração ao cinema indiano, com 33 filmes selecionados do país asiático e com uma homenagem ao trabalho do cineasta Satyajit Ray, incluindo a clássica Trilogia de APU. “A Mostra tem um público jovem e acredito que muitos nunca viram um filme dele no cinema. Então, selecionamos sete filmes de Satyajit Ray, enquanto oferecemos um panorama do cinema indiano contemporâneo”, diz.

Filme 'O Mundo de Apu', de Satyajit Ray Foto: Satyajit Ray

A Mostra ainda vai fazer uma pequena retrospectiva de Marcello Mastroianni, com sete diretores de sete países mostrando a versatilidade do ator – e com o novo filme Marcello Mio também na programação.

Por fim, como já virou tradição, o evento vai trazer uma série de filmes brasileiros restaurados para a telona. Um exemplo é a pornochanchada Onda Nova, “um filme que os censores da Ditadura nem souberam bem o que censurar”.

Política e formação de público

Um ponto importante que Renata destaca, para além desses grandes destaques da programação, está na importância da Mostra como espaço para pensar, refletir e debater sobre o que está acontecendo fora das salas de cinema, dialogando com o mundo.

“Temos vários filmes sobre o Oriente Médio”, diz Renata. Dentre os filmes selecionados, Gazan Tales, do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays, do palestino Scandar Copti, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989, do sueco Göran Olsson, A Lista, da iraniana Hana Makhmalbaf, No Other Land, do palestino Basel Adra, o libanês Green Line, de Sylvie Ballyot, Por Que a Guerra? e Shikun, ambos do diretor israelense Amos Gitaï.

Renata, aliás, diz que não tem problema de tocar em temas políticos. Para ela, é dever de um festival como a Mostra não só falar sobre política, mas cutucar o espectador a debater.

“Isso que o Festival de Cannes fez, de dizer que não precisa falar sobre política, é uma bobagem”, diz. “Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro completamente, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo. Mesmo que alguém se exalte em uma discussão, o treino da convivência é essencial. Se dissermos que o festival não pode falar de política… Como isso? O festival é político, tem que ser político. O medo da polêmica não pode existir”.

“Olha, vou te dizer uma coisa, eu estou meio assustada este ano, porque a Mostra está muito grande”. É assim que começa a conversa com Renata Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que abre sua 48ª no dia 17 de outubro. Segundo ela, já são quase 400 filmes selecionados na programação, que segue até o dia 30.

“Para mim é assustador, porque o orçamento é um problema enorme. Estou aqui me chicoteando por ter deixado isso acontecer. Mas é o que acontece quando se trabalha com paixão, né?”, diz Renata, que deixa escapar uma ponta de orgulho ao falar sobre os filmes selecionados. “Quando a seleção de filmes já está fechada, você pensa ‘já deu’, mas aí aparecem filmes que você adora e que não pode deixar de fora. Não tem o que fazer.”

Em 2023, a Mostra atingiu a marca de 360 filmes.

Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas no longa 'Maria', de Pablo Larraín Foto: Fábula Pictures/Divulgação

Seleção da Mostra

Mas, realmente, não tinha como negar filmes como Maria Callas, do chileno Pablo Larraín, que abre o evento, nem Anora, que levou a Palma de Ouro de Cannes este ano. Muito menos O Brutalista, filme que gerou um burburinho nos festivais e tem previsão de estreia apenas no primeiro trimestre do ano que vem. Ainda tem April, de Dea Kulumbegashvili, que levou o Prêmio do Júri em Veneza 2024, e, claro, o brasileiro Ainda Estou Aqui.

O evento vai apresentar filmes de 82 países.

Renata de Almeida, coordenadora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em foto de outubro de 2020 Foto: Werther Santana/Estadão

Quanto às retrospectivas, a Mostra será uma grande celebração ao cinema indiano, com 33 filmes selecionados do país asiático e com uma homenagem ao trabalho do cineasta Satyajit Ray, incluindo a clássica Trilogia de APU. “A Mostra tem um público jovem e acredito que muitos nunca viram um filme dele no cinema. Então, selecionamos sete filmes de Satyajit Ray, enquanto oferecemos um panorama do cinema indiano contemporâneo”, diz.

Filme 'O Mundo de Apu', de Satyajit Ray Foto: Satyajit Ray

A Mostra ainda vai fazer uma pequena retrospectiva de Marcello Mastroianni, com sete diretores de sete países mostrando a versatilidade do ator – e com o novo filme Marcello Mio também na programação.

Por fim, como já virou tradição, o evento vai trazer uma série de filmes brasileiros restaurados para a telona. Um exemplo é a pornochanchada Onda Nova, “um filme que os censores da Ditadura nem souberam bem o que censurar”.

Política e formação de público

Um ponto importante que Renata destaca, para além desses grandes destaques da programação, está na importância da Mostra como espaço para pensar, refletir e debater sobre o que está acontecendo fora das salas de cinema, dialogando com o mundo.

“Temos vários filmes sobre o Oriente Médio”, diz Renata. Dentre os filmes selecionados, Gazan Tales, do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays, do palestino Scandar Copti, Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989, do sueco Göran Olsson, A Lista, da iraniana Hana Makhmalbaf, No Other Land, do palestino Basel Adra, o libanês Green Line, de Sylvie Ballyot, Por Que a Guerra? e Shikun, ambos do diretor israelense Amos Gitaï.

Renata, aliás, diz que não tem problema de tocar em temas políticos. Para ela, é dever de um festival como a Mostra não só falar sobre política, mas cutucar o espectador a debater.

“Isso que o Festival de Cannes fez, de dizer que não precisa falar sobre política, é uma bobagem”, diz. “Não pode ter medo da polêmica, da discussão. A gente precisa reaprender a conversar sobre as coisas sem querer anular o outro completamente, sem demonizar o outro. Precisamos reaprender o diálogo. Mesmo que alguém se exalte em uma discussão, o treino da convivência é essencial. Se dissermos que o festival não pode falar de política… Como isso? O festival é político, tem que ser político. O medo da polêmica não pode existir”.

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