O thriller erótico, adaptado ao olhar feminino, volta ao Festival de Veneza com dois dos rostos mais conhecidos de Hollywood, Nicole Kidman e Cate Blanchett.
Kidman flertou com a infidelidade em De Olhos Bem Fechados (1999) e nos últimos anos tem alternado com sucesso séries televisivas do mesmo tom (Big Little Lies) e projetos cinematográficos (Um Assunto de Família).
Em Babygirl, a atriz australiana-americana, de 57 anos, interpreta uma executiva casada com um diretor de teatro (Antonio Banderas, 64). Por trás de sua aparência de sucesso, ela esconde uma profunda insatisfação sexual.
A chegada de um estagiário à sua empresa (Harris Dickinson, 28 anos) provoca a infidelidade e um turbilhão que ameaça sua carreira e sua família.
Cenas de sexo explícito abundam no filme, dirigido por uma mulher, a holandesa Halina Reijn, de 49 anos, com apenas três filmes no currículo.
Reijn confessou nesta sexta-feira, 30, a sua grande admiração por Paul Verhoeven, autor de Instinto Selvagem de 1992 e um dos seus mentores profissionais.
Babygirl é “um filme através do olhar feminino, mas isso não significa que não fale também de masculinidade. Fala de feminilidade, masculinidade, poder, controle... Mas também de crise existencial”, explicou.
“A questão é: posso me amar com todas essas complexidades?”, acrescentou.
“Tem sido libertador”, disse Kidman ao seu lado. “Eu sabia que ela não iria abusar de mim”, acrescentou.
Leia Também:
Cuarón “apavorado”
Estrela da série Difamação da Apple TV, Cate Blanchett também faz o papel de uma mulher de sucesso, uma jornalista casada com um alto executivo (Sacha Baron Cohen).
A protagonista cometeu um deslize com um jovem décadas atrás e agora é atormentada pelas consequências: alguém publica misteriosamente um romance que conta exatamente o que aconteceu.
O mexicano Alfonso Cuarón (Roma) assina esta série de sete episódios com cenas quentes, embora com uma peculiaridade: a personagem de Blanchett 20 anos mais nova é interpretada por outra atriz, Leila Georges.
Os primeiros episódios foram exibidos na noite de quinta-feira, 29, no Lido, com grande recepção do público.
“A vergonha, os arrependimentos e as lições que podemos aprender com isso são muito poderosos”, explicou Blanchett na conferência de imprensa.
Cuarón adaptou um romance de sucesso para criar o thriller. Diretor veterano, duas vezes vencedor do Oscar, tem experiência com séries de televisão. Mas confessou à imprensa que ficou “apavorado” com a possibilidade de Blanchett recusar o papel.
“Foi com ela que imaginei todo o projeto desde o início”, confessou.
Leia Também:
Novos olhares
Atração Fatal, Instinto Selvagem, 9 Semanas e Meia... o gênero thriller erótico teve seu auge no cinema das décadas de 1980 e1990.
O movimento feminista #MeToo e a chegada de novas diretoras ao mundo do cinema pareciam questionar este aparente domínio do olhar masculino.
As práticas de gravação também mudaram, com o uso agora sistemático nos Estados Unidos de coordenadores de intimidade.
Mas o maior sucesso recente deste tipo de filmes, especialmente entre o público feminino, foi a trilogia Cinquenta Tons de Cinza, com Dakota Johnson e Jamie Dornan. Foi uma história de ‘sadomasoquismo suave’ que surpreendeu os críticos com seu sucesso.
Halina Reijn tenta mudar essa história com Babygirl, mas a personagem de Nicole Kidman mostra que por trás da aparência de controle existe uma grande fragilidade.
Cuarón concentra-se na infidelidade de um ponto de vista temporal. A passagem do tempo também pode dar a impressão de controle, mas essa sensação é muito frágil.