Nos 90 anos de nascimento de James Dean, confira a sua contribuição para o cinema


Ator participou de apenas três filmes, mas tornou-se um ícone, o arquétipo de rebelde para muitas gerações, especialmente depois de sua morte precoce

Por Ubiratan Brasil

Foram apenas três filmes, o suficiente para torná-lo um ícone. James Byron Dean nasceu em Indiana, em 8 de fevereiro de 1931, e morreu numa estrada da Califórnia, em 1955, aos 24 anos. Virou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Sua forma original de interpretar foi impulsionada pelo diretor Elia Kazan que, depois de ouvir uma reclamação sobre o jeito de atuar de Dean, chamou-o a um canto durante a filmagem de Vidas Amargas e lhe disse: “Continue assim”. Foi o suficiente para Dean tornar clássica uma maneira especial de interpretar, acalorada, como se assumisse de fato a pele do personagem, o que incluía muita improvisação. Tornou-se o arquétipo de rebelde para muitas gerações, especialmente depois de sua morte precoce.

James Deanvirou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Foto: REUTERS/Legends Archive

Dean morreu em 30 de setembro de 1955. Naquele dia, ele iria participar de uma corrida em Salinas, cidade da Califórnia. O astro dirigia seu Porsche recém comprado, com o mecânico Rolf Wütheric no carona, que o encorajou a dirigir o carro para amaciá-lo para a corrida. “Tudo certo?”, perguntou Dean, ao perceber que o mecânico estava sonolento. “"Tudo certo”, respondeu Rolf, já quase dormindo, embalado pelo ruído monótono do motor.

continua após a publicidade

Eles dirigiam pela Rota 466 quando, às 17h45, um Ford Tudor 1955 vinha no sentido contrário e começou a dobrar à esquerda, indicando que cruzaria a pista, no cruzamento com a 41. “Aquele carro lá tem que parar, ele tem que nos ver”, disse o ator. Não foi o que aconteceu e o Ford passou na frente do carro de Dean, que não conseguiu frear a tempo. A batida fez com que Rolf fosse arremessado para fora do Porsche - havia cinto de segurança apenas para o motorista, já que se tratava de um veículo de corrida. O condutordo Ford ficou com ferimentos leves, mas Dean teve morte instantânea devido a seu pescoço quebrado.

Fã exibe uma fotografia que mostra as consequências do acidente de carro que matou o ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

Sua morte foi amplamente divulgada e provocou comoção internacional. Foi aberto um inquérito, que concluiu ser Dean o culpado pelo acidente, por conta de direção irresponsável. Tal versão ganha reforço como o fato de o ator, duas horas antes, ter sido multado por excesso de velocidade.

continua após a publicidade

Em uma reportagem publicada pelo jornal Los Angeles Times em 2005, no entanto, um ex-oficial da Polícia Rodoviária da Califórnia, Ron Nelson, que esteve no local do acidente, disse que os destroços do carro e a posição do corpo de Dean indicavam que sua velocidade no momento do acidente não era alta, algo como 88 km/h.

Uma réplica de um Porsche 550 Spyder, semelhante ao de propriedade e dirigido pelo ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

James Dean participou de muitas séries de TV, além de pontas não creditadas em alguns filmes e peças na Broadway. Deixou como herança apenas três filmes, dois dos quais lhe renderam indicações póstumas ao Oscar - ele foi o primeiro ator de Hollywood a receber tal homenagem: por Vidas Amargas, na premiação ocorrida em 1956, e Assim Caminha a Humanidade, na de 1957.

continua após a publicidade

Vidas Amargas (East of Eden)

EUA, 1955. Direção de Elia Kazan, com Julie Harris, James Dean, Raymond Massey

Trata-se justamente do primeiro dos três grandes filmes que criaram o legado de James Dean no cinema. Dirigido por Elia Kazan e inspirado na obra de John Steinbeck, o filme conta a história de um jovem desajustado do Vale Salinas (Dean) que sofre por não ter o mesmo afeto que seu rigoroso pai (Raymond Massey) dedica a seu favorecido irmão (Richard Davalos). Na época (1955), Dean estava com 24 anos e se destacou nessa parábola que faz lembrar a história de Caim e Abel. Muito da atuação de Dean no filme foi improvisada, incluindo sua dança na plantação de feijão, e sua postura fetal enquanto caminha em cima do vagão de trem (depois de procurar sua mãe na cidade vizinha Monterey). A cena em que agride o irmão, levando-o para conhecer a mãe prostituta, é de uma intensidade rara.

continua após a publicidade

Juventude Transviada (Rebel without a Cause)

EUA, 1955. Direção de Nicholas Ray, com James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo, Jim Backus e Dennis Hopper.

continua após a publicidade

Recém-chegado com a família a uma cidade do interior americano, jovem vai parar na cadeia por embriaguez e lá conhece uma garota, que tinha brigado com os pais e tentado fugir de casa. Ao tentar se aproximar da moça, ele é hostilizado pelo grupo do qual ela faz parte. Até que o líder da turma o desafia para uma prova de coragem com carros roubados: saltar do veículo antes que ele caia num abismo. Clássico de Nicholas Ray, que transformou James Dean em mito de uma geração. Ele transmite tensão e virou o retrato definitivo da juventude rebelde no cinema. O curioso é que, antes do início das filmagens, Dean simplesmente desapareceu, desconfiado da capacidade de Ray. Isso quase fez os produtores da Warner o demitirem do filme, o que não aconteceu por interferência do diretor. Decisão que, involuntariamente, tornou o ator em mito. Um filme que ainda hoje merece ser visto.

Assim Caminha a Humanidade (Giant)

continua após a publicidade

EUA, 1956. Direção de George Stevens, com James Dean, Elizabeth Taylor, Rock Hudson.

O filme acompanha 20 anos de história do Texas, focalizando principalmente os conflitos entre a aristocracia rural, mais arraigada, e o dinheiro novo que chegava aos bolsos de quem descobria petróleo. São três os personagens principais, Jordan Benedict (Rock Hudson), Leslie Lynnton (Elizabeth Taylor) e Jeff Rink (Dean). Eles encenam os conflitos básicos - tradição versus arrivismo, dramas sexuais e intolerância racial. Stevens tornou-se conhecido por dirigir dramas em que os personagens têm a chance de se redimirem. Assim, Hudson recupera a mulher, que parecia perdida depois de tantos desentendimentos. Sobretudo, recupera-se aos olhos dela quando supera seu preconceito racial numa cena antológica. O único que se perde é Dean, o arrivista consumido pela própria ambição. Para interpretar o papel, ele tingiu o cabelo de grisalho e fez cortes nas laterais, para reforçar a velhice.

No final do filme, Dean deveria fazer um discurso, bêbado, em um banquete - foi sua última cena gravada, antes do acidente. Desejoso de tornar a cena mais realista, Dean embriagou-se de verdade, e balbuciou tanto as palavras que o diretor, George Stevens, pediu ao ator Nick Adams, que fez uma pequena participação no filme, para dublar as falas de Dean, pois ele morreria antes de o filme ser editado.

Foram apenas três filmes, o suficiente para torná-lo um ícone. James Byron Dean nasceu em Indiana, em 8 de fevereiro de 1931, e morreu numa estrada da Califórnia, em 1955, aos 24 anos. Virou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Sua forma original de interpretar foi impulsionada pelo diretor Elia Kazan que, depois de ouvir uma reclamação sobre o jeito de atuar de Dean, chamou-o a um canto durante a filmagem de Vidas Amargas e lhe disse: “Continue assim”. Foi o suficiente para Dean tornar clássica uma maneira especial de interpretar, acalorada, como se assumisse de fato a pele do personagem, o que incluía muita improvisação. Tornou-se o arquétipo de rebelde para muitas gerações, especialmente depois de sua morte precoce.

James Deanvirou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Foto: REUTERS/Legends Archive

Dean morreu em 30 de setembro de 1955. Naquele dia, ele iria participar de uma corrida em Salinas, cidade da Califórnia. O astro dirigia seu Porsche recém comprado, com o mecânico Rolf Wütheric no carona, que o encorajou a dirigir o carro para amaciá-lo para a corrida. “Tudo certo?”, perguntou Dean, ao perceber que o mecânico estava sonolento. “"Tudo certo”, respondeu Rolf, já quase dormindo, embalado pelo ruído monótono do motor.

Eles dirigiam pela Rota 466 quando, às 17h45, um Ford Tudor 1955 vinha no sentido contrário e começou a dobrar à esquerda, indicando que cruzaria a pista, no cruzamento com a 41. “Aquele carro lá tem que parar, ele tem que nos ver”, disse o ator. Não foi o que aconteceu e o Ford passou na frente do carro de Dean, que não conseguiu frear a tempo. A batida fez com que Rolf fosse arremessado para fora do Porsche - havia cinto de segurança apenas para o motorista, já que se tratava de um veículo de corrida. O condutordo Ford ficou com ferimentos leves, mas Dean teve morte instantânea devido a seu pescoço quebrado.

Fã exibe uma fotografia que mostra as consequências do acidente de carro que matou o ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

Sua morte foi amplamente divulgada e provocou comoção internacional. Foi aberto um inquérito, que concluiu ser Dean o culpado pelo acidente, por conta de direção irresponsável. Tal versão ganha reforço como o fato de o ator, duas horas antes, ter sido multado por excesso de velocidade.

Em uma reportagem publicada pelo jornal Los Angeles Times em 2005, no entanto, um ex-oficial da Polícia Rodoviária da Califórnia, Ron Nelson, que esteve no local do acidente, disse que os destroços do carro e a posição do corpo de Dean indicavam que sua velocidade no momento do acidente não era alta, algo como 88 km/h.

Uma réplica de um Porsche 550 Spyder, semelhante ao de propriedade e dirigido pelo ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

James Dean participou de muitas séries de TV, além de pontas não creditadas em alguns filmes e peças na Broadway. Deixou como herança apenas três filmes, dois dos quais lhe renderam indicações póstumas ao Oscar - ele foi o primeiro ator de Hollywood a receber tal homenagem: por Vidas Amargas, na premiação ocorrida em 1956, e Assim Caminha a Humanidade, na de 1957.

Vidas Amargas (East of Eden)

EUA, 1955. Direção de Elia Kazan, com Julie Harris, James Dean, Raymond Massey

Trata-se justamente do primeiro dos três grandes filmes que criaram o legado de James Dean no cinema. Dirigido por Elia Kazan e inspirado na obra de John Steinbeck, o filme conta a história de um jovem desajustado do Vale Salinas (Dean) que sofre por não ter o mesmo afeto que seu rigoroso pai (Raymond Massey) dedica a seu favorecido irmão (Richard Davalos). Na época (1955), Dean estava com 24 anos e se destacou nessa parábola que faz lembrar a história de Caim e Abel. Muito da atuação de Dean no filme foi improvisada, incluindo sua dança na plantação de feijão, e sua postura fetal enquanto caminha em cima do vagão de trem (depois de procurar sua mãe na cidade vizinha Monterey). A cena em que agride o irmão, levando-o para conhecer a mãe prostituta, é de uma intensidade rara.

Juventude Transviada (Rebel without a Cause)

EUA, 1955. Direção de Nicholas Ray, com James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo, Jim Backus e Dennis Hopper.

Recém-chegado com a família a uma cidade do interior americano, jovem vai parar na cadeia por embriaguez e lá conhece uma garota, que tinha brigado com os pais e tentado fugir de casa. Ao tentar se aproximar da moça, ele é hostilizado pelo grupo do qual ela faz parte. Até que o líder da turma o desafia para uma prova de coragem com carros roubados: saltar do veículo antes que ele caia num abismo. Clássico de Nicholas Ray, que transformou James Dean em mito de uma geração. Ele transmite tensão e virou o retrato definitivo da juventude rebelde no cinema. O curioso é que, antes do início das filmagens, Dean simplesmente desapareceu, desconfiado da capacidade de Ray. Isso quase fez os produtores da Warner o demitirem do filme, o que não aconteceu por interferência do diretor. Decisão que, involuntariamente, tornou o ator em mito. Um filme que ainda hoje merece ser visto.

Assim Caminha a Humanidade (Giant)

EUA, 1956. Direção de George Stevens, com James Dean, Elizabeth Taylor, Rock Hudson.

O filme acompanha 20 anos de história do Texas, focalizando principalmente os conflitos entre a aristocracia rural, mais arraigada, e o dinheiro novo que chegava aos bolsos de quem descobria petróleo. São três os personagens principais, Jordan Benedict (Rock Hudson), Leslie Lynnton (Elizabeth Taylor) e Jeff Rink (Dean). Eles encenam os conflitos básicos - tradição versus arrivismo, dramas sexuais e intolerância racial. Stevens tornou-se conhecido por dirigir dramas em que os personagens têm a chance de se redimirem. Assim, Hudson recupera a mulher, que parecia perdida depois de tantos desentendimentos. Sobretudo, recupera-se aos olhos dela quando supera seu preconceito racial numa cena antológica. O único que se perde é Dean, o arrivista consumido pela própria ambição. Para interpretar o papel, ele tingiu o cabelo de grisalho e fez cortes nas laterais, para reforçar a velhice.

No final do filme, Dean deveria fazer um discurso, bêbado, em um banquete - foi sua última cena gravada, antes do acidente. Desejoso de tornar a cena mais realista, Dean embriagou-se de verdade, e balbuciou tanto as palavras que o diretor, George Stevens, pediu ao ator Nick Adams, que fez uma pequena participação no filme, para dublar as falas de Dean, pois ele morreria antes de o filme ser editado.

Foram apenas três filmes, o suficiente para torná-lo um ícone. James Byron Dean nasceu em Indiana, em 8 de fevereiro de 1931, e morreu numa estrada da Califórnia, em 1955, aos 24 anos. Virou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Sua forma original de interpretar foi impulsionada pelo diretor Elia Kazan que, depois de ouvir uma reclamação sobre o jeito de atuar de Dean, chamou-o a um canto durante a filmagem de Vidas Amargas e lhe disse: “Continue assim”. Foi o suficiente para Dean tornar clássica uma maneira especial de interpretar, acalorada, como se assumisse de fato a pele do personagem, o que incluía muita improvisação. Tornou-se o arquétipo de rebelde para muitas gerações, especialmente depois de sua morte precoce.

James Deanvirou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Foto: REUTERS/Legends Archive

Dean morreu em 30 de setembro de 1955. Naquele dia, ele iria participar de uma corrida em Salinas, cidade da Califórnia. O astro dirigia seu Porsche recém comprado, com o mecânico Rolf Wütheric no carona, que o encorajou a dirigir o carro para amaciá-lo para a corrida. “Tudo certo?”, perguntou Dean, ao perceber que o mecânico estava sonolento. “"Tudo certo”, respondeu Rolf, já quase dormindo, embalado pelo ruído monótono do motor.

Eles dirigiam pela Rota 466 quando, às 17h45, um Ford Tudor 1955 vinha no sentido contrário e começou a dobrar à esquerda, indicando que cruzaria a pista, no cruzamento com a 41. “Aquele carro lá tem que parar, ele tem que nos ver”, disse o ator. Não foi o que aconteceu e o Ford passou na frente do carro de Dean, que não conseguiu frear a tempo. A batida fez com que Rolf fosse arremessado para fora do Porsche - havia cinto de segurança apenas para o motorista, já que se tratava de um veículo de corrida. O condutordo Ford ficou com ferimentos leves, mas Dean teve morte instantânea devido a seu pescoço quebrado.

Fã exibe uma fotografia que mostra as consequências do acidente de carro que matou o ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

Sua morte foi amplamente divulgada e provocou comoção internacional. Foi aberto um inquérito, que concluiu ser Dean o culpado pelo acidente, por conta de direção irresponsável. Tal versão ganha reforço como o fato de o ator, duas horas antes, ter sido multado por excesso de velocidade.

Em uma reportagem publicada pelo jornal Los Angeles Times em 2005, no entanto, um ex-oficial da Polícia Rodoviária da Califórnia, Ron Nelson, que esteve no local do acidente, disse que os destroços do carro e a posição do corpo de Dean indicavam que sua velocidade no momento do acidente não era alta, algo como 88 km/h.

Uma réplica de um Porsche 550 Spyder, semelhante ao de propriedade e dirigido pelo ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

James Dean participou de muitas séries de TV, além de pontas não creditadas em alguns filmes e peças na Broadway. Deixou como herança apenas três filmes, dois dos quais lhe renderam indicações póstumas ao Oscar - ele foi o primeiro ator de Hollywood a receber tal homenagem: por Vidas Amargas, na premiação ocorrida em 1956, e Assim Caminha a Humanidade, na de 1957.

Vidas Amargas (East of Eden)

EUA, 1955. Direção de Elia Kazan, com Julie Harris, James Dean, Raymond Massey

Trata-se justamente do primeiro dos três grandes filmes que criaram o legado de James Dean no cinema. Dirigido por Elia Kazan e inspirado na obra de John Steinbeck, o filme conta a história de um jovem desajustado do Vale Salinas (Dean) que sofre por não ter o mesmo afeto que seu rigoroso pai (Raymond Massey) dedica a seu favorecido irmão (Richard Davalos). Na época (1955), Dean estava com 24 anos e se destacou nessa parábola que faz lembrar a história de Caim e Abel. Muito da atuação de Dean no filme foi improvisada, incluindo sua dança na plantação de feijão, e sua postura fetal enquanto caminha em cima do vagão de trem (depois de procurar sua mãe na cidade vizinha Monterey). A cena em que agride o irmão, levando-o para conhecer a mãe prostituta, é de uma intensidade rara.

Juventude Transviada (Rebel without a Cause)

EUA, 1955. Direção de Nicholas Ray, com James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo, Jim Backus e Dennis Hopper.

Recém-chegado com a família a uma cidade do interior americano, jovem vai parar na cadeia por embriaguez e lá conhece uma garota, que tinha brigado com os pais e tentado fugir de casa. Ao tentar se aproximar da moça, ele é hostilizado pelo grupo do qual ela faz parte. Até que o líder da turma o desafia para uma prova de coragem com carros roubados: saltar do veículo antes que ele caia num abismo. Clássico de Nicholas Ray, que transformou James Dean em mito de uma geração. Ele transmite tensão e virou o retrato definitivo da juventude rebelde no cinema. O curioso é que, antes do início das filmagens, Dean simplesmente desapareceu, desconfiado da capacidade de Ray. Isso quase fez os produtores da Warner o demitirem do filme, o que não aconteceu por interferência do diretor. Decisão que, involuntariamente, tornou o ator em mito. Um filme que ainda hoje merece ser visto.

Assim Caminha a Humanidade (Giant)

EUA, 1956. Direção de George Stevens, com James Dean, Elizabeth Taylor, Rock Hudson.

O filme acompanha 20 anos de história do Texas, focalizando principalmente os conflitos entre a aristocracia rural, mais arraigada, e o dinheiro novo que chegava aos bolsos de quem descobria petróleo. São três os personagens principais, Jordan Benedict (Rock Hudson), Leslie Lynnton (Elizabeth Taylor) e Jeff Rink (Dean). Eles encenam os conflitos básicos - tradição versus arrivismo, dramas sexuais e intolerância racial. Stevens tornou-se conhecido por dirigir dramas em que os personagens têm a chance de se redimirem. Assim, Hudson recupera a mulher, que parecia perdida depois de tantos desentendimentos. Sobretudo, recupera-se aos olhos dela quando supera seu preconceito racial numa cena antológica. O único que se perde é Dean, o arrivista consumido pela própria ambição. Para interpretar o papel, ele tingiu o cabelo de grisalho e fez cortes nas laterais, para reforçar a velhice.

No final do filme, Dean deveria fazer um discurso, bêbado, em um banquete - foi sua última cena gravada, antes do acidente. Desejoso de tornar a cena mais realista, Dean embriagou-se de verdade, e balbuciou tanto as palavras que o diretor, George Stevens, pediu ao ator Nick Adams, que fez uma pequena participação no filme, para dublar as falas de Dean, pois ele morreria antes de o filme ser editado.

Foram apenas três filmes, o suficiente para torná-lo um ícone. James Byron Dean nasceu em Indiana, em 8 de fevereiro de 1931, e morreu numa estrada da Califórnia, em 1955, aos 24 anos. Virou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Sua forma original de interpretar foi impulsionada pelo diretor Elia Kazan que, depois de ouvir uma reclamação sobre o jeito de atuar de Dean, chamou-o a um canto durante a filmagem de Vidas Amargas e lhe disse: “Continue assim”. Foi o suficiente para Dean tornar clássica uma maneira especial de interpretar, acalorada, como se assumisse de fato a pele do personagem, o que incluía muita improvisação. Tornou-se o arquétipo de rebelde para muitas gerações, especialmente depois de sua morte precoce.

James Deanvirou mito para todas as gerações e, a partir dos anos 1950, tornou-se a personificação do jovem desajustado e rebelde. Foto: REUTERS/Legends Archive

Dean morreu em 30 de setembro de 1955. Naquele dia, ele iria participar de uma corrida em Salinas, cidade da Califórnia. O astro dirigia seu Porsche recém comprado, com o mecânico Rolf Wütheric no carona, que o encorajou a dirigir o carro para amaciá-lo para a corrida. “Tudo certo?”, perguntou Dean, ao perceber que o mecânico estava sonolento. “"Tudo certo”, respondeu Rolf, já quase dormindo, embalado pelo ruído monótono do motor.

Eles dirigiam pela Rota 466 quando, às 17h45, um Ford Tudor 1955 vinha no sentido contrário e começou a dobrar à esquerda, indicando que cruzaria a pista, no cruzamento com a 41. “Aquele carro lá tem que parar, ele tem que nos ver”, disse o ator. Não foi o que aconteceu e o Ford passou na frente do carro de Dean, que não conseguiu frear a tempo. A batida fez com que Rolf fosse arremessado para fora do Porsche - havia cinto de segurança apenas para o motorista, já que se tratava de um veículo de corrida. O condutordo Ford ficou com ferimentos leves, mas Dean teve morte instantânea devido a seu pescoço quebrado.

Fã exibe uma fotografia que mostra as consequências do acidente de carro que matou o ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

Sua morte foi amplamente divulgada e provocou comoção internacional. Foi aberto um inquérito, que concluiu ser Dean o culpado pelo acidente, por conta de direção irresponsável. Tal versão ganha reforço como o fato de o ator, duas horas antes, ter sido multado por excesso de velocidade.

Em uma reportagem publicada pelo jornal Los Angeles Times em 2005, no entanto, um ex-oficial da Polícia Rodoviária da Califórnia, Ron Nelson, que esteve no local do acidente, disse que os destroços do carro e a posição do corpo de Dean indicavam que sua velocidade no momento do acidente não era alta, algo como 88 km/h.

Uma réplica de um Porsche 550 Spyder, semelhante ao de propriedade e dirigido pelo ator americano James Dean em 1955. Foto: REUTERS/Robert Galbraith

James Dean participou de muitas séries de TV, além de pontas não creditadas em alguns filmes e peças na Broadway. Deixou como herança apenas três filmes, dois dos quais lhe renderam indicações póstumas ao Oscar - ele foi o primeiro ator de Hollywood a receber tal homenagem: por Vidas Amargas, na premiação ocorrida em 1956, e Assim Caminha a Humanidade, na de 1957.

Vidas Amargas (East of Eden)

EUA, 1955. Direção de Elia Kazan, com Julie Harris, James Dean, Raymond Massey

Trata-se justamente do primeiro dos três grandes filmes que criaram o legado de James Dean no cinema. Dirigido por Elia Kazan e inspirado na obra de John Steinbeck, o filme conta a história de um jovem desajustado do Vale Salinas (Dean) que sofre por não ter o mesmo afeto que seu rigoroso pai (Raymond Massey) dedica a seu favorecido irmão (Richard Davalos). Na época (1955), Dean estava com 24 anos e se destacou nessa parábola que faz lembrar a história de Caim e Abel. Muito da atuação de Dean no filme foi improvisada, incluindo sua dança na plantação de feijão, e sua postura fetal enquanto caminha em cima do vagão de trem (depois de procurar sua mãe na cidade vizinha Monterey). A cena em que agride o irmão, levando-o para conhecer a mãe prostituta, é de uma intensidade rara.

Juventude Transviada (Rebel without a Cause)

EUA, 1955. Direção de Nicholas Ray, com James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo, Jim Backus e Dennis Hopper.

Recém-chegado com a família a uma cidade do interior americano, jovem vai parar na cadeia por embriaguez e lá conhece uma garota, que tinha brigado com os pais e tentado fugir de casa. Ao tentar se aproximar da moça, ele é hostilizado pelo grupo do qual ela faz parte. Até que o líder da turma o desafia para uma prova de coragem com carros roubados: saltar do veículo antes que ele caia num abismo. Clássico de Nicholas Ray, que transformou James Dean em mito de uma geração. Ele transmite tensão e virou o retrato definitivo da juventude rebelde no cinema. O curioso é que, antes do início das filmagens, Dean simplesmente desapareceu, desconfiado da capacidade de Ray. Isso quase fez os produtores da Warner o demitirem do filme, o que não aconteceu por interferência do diretor. Decisão que, involuntariamente, tornou o ator em mito. Um filme que ainda hoje merece ser visto.

Assim Caminha a Humanidade (Giant)

EUA, 1956. Direção de George Stevens, com James Dean, Elizabeth Taylor, Rock Hudson.

O filme acompanha 20 anos de história do Texas, focalizando principalmente os conflitos entre a aristocracia rural, mais arraigada, e o dinheiro novo que chegava aos bolsos de quem descobria petróleo. São três os personagens principais, Jordan Benedict (Rock Hudson), Leslie Lynnton (Elizabeth Taylor) e Jeff Rink (Dean). Eles encenam os conflitos básicos - tradição versus arrivismo, dramas sexuais e intolerância racial. Stevens tornou-se conhecido por dirigir dramas em que os personagens têm a chance de se redimirem. Assim, Hudson recupera a mulher, que parecia perdida depois de tantos desentendimentos. Sobretudo, recupera-se aos olhos dela quando supera seu preconceito racial numa cena antológica. O único que se perde é Dean, o arrivista consumido pela própria ambição. Para interpretar o papel, ele tingiu o cabelo de grisalho e fez cortes nas laterais, para reforçar a velhice.

No final do filme, Dean deveria fazer um discurso, bêbado, em um banquete - foi sua última cena gravada, antes do acidente. Desejoso de tornar a cena mais realista, Dean embriagou-se de verdade, e balbuciou tanto as palavras que o diretor, George Stevens, pediu ao ator Nick Adams, que fez uma pequena participação no filme, para dublar as falas de Dean, pois ele morreria antes de o filme ser editado.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.