Harrison Ford tinha 7 anos - nasceu em 1942 - quando Clark Gable estrelou a primeira versão de Call of the Wild, dirigida pelo renomado William Wellman, já na época considerado um dos grandes de Hollywood. Tinha 30 e já havia feito alguns filmes quando surgiu a segunda, do inglês Ken Annakin, em 1972, com Charlton Heston. Nenhuma foi lançada no Brasil como O Chamado da Floresta. A de Wellman foi O Grito da Selva; a de Annakin, Catástrofe na Selva.
Publicado como folhetim em 1903 - e, portanto, anterior a Caninos Brancos -, foi o livro que deu projeção a Jack London. Sete anos antes haviam sido descobertas pepitas de ouro na confluência dos rios Yukon e Klondike. O resultado foi uma ruidosa (e numerosa) migração de aventureiros para o Alasca. Em 1897, o próprio London foi ser minerador nas região. A experiência pode não tê-lo deixado rico, mas nutriu sua literatura. O Chamado da Floresta é sobre cão que é roubado na Califórnia e enviado ao Alasca para puxar trenós. Sofre maus-tratos, mas termina liderando a matilha e reencontrando sua natureza selvagem.
É uma jornada de autoconhecimento que Wellman filma do ângulo de outro Jack/Gable, que vive perdendo dinheiro em apostas, mas cuja sorte muda quando compra o cão meio lobo - Buck - e parte em busca do ouro. A versão de Annakin é melhor. Assistente de Carol Reed, ele foi durante muito tempo negligenciado como mero artesão. Pode ter sido medíocre no drama psicológico, como sustenta Jean Tulard no Dicionário de Cinema, mas como diretor de aventura e de guerra era ótimo. E não se pode esquecer da sua reconstituição do ralí Londres-Paris, nos primórdios da aviação - Esses Homens Maravilhosos com Suas Máquinas Voadoras.
Filmado num cenário impressionante, Catástrofe expõe a rudeza e ganância dos homens e trata os temas nobres - coragem, lealdade - por meio do cão, que é um grande personagem.