‘O cinema tem obsessão por mulher assassinada’, diz Karim Aïnouz na estreia ‘Firebrand’ na França


Cineasta brasileiro fala sobre seu novo filme ambientado na ensanguentada Inglaterra dos Tudor, com Alicia Vikande e Jude Law no elenco, e segue em sua missão de contar histórias sobre grupos silenciados

Por Alexandra Del Peral

Karim Aïnouz, o cineasta que ama contar histórias sobre mulheres, estreia filme na FrançaAFP - Onde estão as mulheres? Na filmografia de Karim Aïnouz, respondem os cinéfilos. Influenciado pelo americano Todd Haynes, o cineasta brasileiro quer “preencher as lacunas” de uma indústria que por muito tempo ignorou as mulheres, as minorias e os homossexuais.

O público francês o assistiu em A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, filme de estética pungente dedicado à condição feminina e ao machismo no Brasil, contemplado com o prêmio Um Certo Olhar em Cannes em 2019. Nesta quarta-feira, 27, ele volta às salas com Firebrand, um retrato de Catherine Parr, última esposa do rei da Inglaterra Henrique VIII, com Alicia Vikander e Jude Law.

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“É um mundo muito distante do meu”, confidencia à AFP o cineasta de 58 anos, falando um francês fluente. Acostumado a relatar a época e personagens contemporâneos, desta vez ele mergulha no universo dos Tudor.

O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, em Paris, para a estreia de 'Firebrand' Foto: Joel Saget/AFP

O ponto de partida foi o desejo de uma produtora de vê-lo dirigir um filme sobre este personagem importante e esquecido da História.

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Todd Haynes, um mestre

Embora não se veja lançando-se em um filme de época, ele faz, no entanto, a seguinte observação: o cinema nutre uma “obsessão pelas mulheres assassinadas, decapitadas. As outras não têm direito a seu filme”, critica o cineasta, filho de mãe brasileira e pai argelino, a quem praticamente não conheceu.

Sobretudo, ele diz que um filme como este é uma “oportunidade incrível de contar a história de um império, vindo eu mesmo de países que foram colonizados”.

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É uma raridade ainda hoje em dia, ressalta, dando como único exemplo o filme Elizabeth: A Idade de Ouro”, sobre Elisabeth Ire, interpretada por Cate Blanchett.

Após estudar arquitetura, Karim Aïnouz foi estudar cinema nos Estados Unidos. Foi lá que ele conheceu Todd Haynes, diretor de Carol e Segredos de um Escândalo. Ele trabalhou em seu primeiro longa-metragem, Veneno (1991).

Firebrand, de Karim Aïnouz, tem Jude Law e Alicia Vikander no elenco Foto: Festival de Cannes
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“É um mestre, me influenciou muito”, diz. “É alguém que pôs as mulheres em primeiro plano. Foi um choque para mim, vindo de uma tradição cinematográfica muito masculina e muito branca.”

Nos anos seguintes, os dois filmaram vários curtas, antes do lançamento, em 2002, do primeiro filme de Aïnouz, Madame Satã. O longa é inspirado livremente no personagem de João Francisco dos Santos (1900-1976), mais conhecido pelo apelido Madame Satã, um homem negro ao mesmo tempo malandro e travesti.

Oásis matriarcal

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Este primeiro filme contém todos os temas caros a Karim Aïnouz, que mora em Berlim há 15 anos. A cada vez, uma obsessão: criar o retrato de personagens marginalizados em função do gênero, da cor da pele e da identidade sexual.

“Meu cinema é um pouco aquele da lacuna. Preencher as lacunas de uma história do Brasil que marginalizou as populações negras e as mulheres”, diz ele, dando como exemplo as telenovelas, nas quais, durante muito tempo, só havia “personagens brancos”.

Seguiram-se outros filmes, assim como a série da HBO Alice (2008), e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que impulsiona seu trabalho.

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Em 2021, ele apresentou no Festival de Cannes seu filme mais íntimo: um documentário sobre sua descoberta da Argélia, onde esteve para refazer a trajetória do pai. “Este filme sobre meu pai se transformou em um filme sobre a minha mãe”, ironiza.

Parece evidente que ele nunca escapa realmente do desejo de contar histórias de mulheres. “Creio que meu apego aos personagens femininos vem do fato de ter sido criado em uma casa onde não havia homem. Era um oásis matriarcal”, finaliza.

Karim Aïnouz, o cineasta que ama contar histórias sobre mulheres, estreia filme na FrançaAFP - Onde estão as mulheres? Na filmografia de Karim Aïnouz, respondem os cinéfilos. Influenciado pelo americano Todd Haynes, o cineasta brasileiro quer “preencher as lacunas” de uma indústria que por muito tempo ignorou as mulheres, as minorias e os homossexuais.

O público francês o assistiu em A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, filme de estética pungente dedicado à condição feminina e ao machismo no Brasil, contemplado com o prêmio Um Certo Olhar em Cannes em 2019. Nesta quarta-feira, 27, ele volta às salas com Firebrand, um retrato de Catherine Parr, última esposa do rei da Inglaterra Henrique VIII, com Alicia Vikander e Jude Law.

“É um mundo muito distante do meu”, confidencia à AFP o cineasta de 58 anos, falando um francês fluente. Acostumado a relatar a época e personagens contemporâneos, desta vez ele mergulha no universo dos Tudor.

O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, em Paris, para a estreia de 'Firebrand' Foto: Joel Saget/AFP

O ponto de partida foi o desejo de uma produtora de vê-lo dirigir um filme sobre este personagem importante e esquecido da História.

Todd Haynes, um mestre

Embora não se veja lançando-se em um filme de época, ele faz, no entanto, a seguinte observação: o cinema nutre uma “obsessão pelas mulheres assassinadas, decapitadas. As outras não têm direito a seu filme”, critica o cineasta, filho de mãe brasileira e pai argelino, a quem praticamente não conheceu.

Sobretudo, ele diz que um filme como este é uma “oportunidade incrível de contar a história de um império, vindo eu mesmo de países que foram colonizados”.

É uma raridade ainda hoje em dia, ressalta, dando como único exemplo o filme Elizabeth: A Idade de Ouro”, sobre Elisabeth Ire, interpretada por Cate Blanchett.

Após estudar arquitetura, Karim Aïnouz foi estudar cinema nos Estados Unidos. Foi lá que ele conheceu Todd Haynes, diretor de Carol e Segredos de um Escândalo. Ele trabalhou em seu primeiro longa-metragem, Veneno (1991).

Firebrand, de Karim Aïnouz, tem Jude Law e Alicia Vikander no elenco Foto: Festival de Cannes

“É um mestre, me influenciou muito”, diz. “É alguém que pôs as mulheres em primeiro plano. Foi um choque para mim, vindo de uma tradição cinematográfica muito masculina e muito branca.”

Nos anos seguintes, os dois filmaram vários curtas, antes do lançamento, em 2002, do primeiro filme de Aïnouz, Madame Satã. O longa é inspirado livremente no personagem de João Francisco dos Santos (1900-1976), mais conhecido pelo apelido Madame Satã, um homem negro ao mesmo tempo malandro e travesti.

Oásis matriarcal

Este primeiro filme contém todos os temas caros a Karim Aïnouz, que mora em Berlim há 15 anos. A cada vez, uma obsessão: criar o retrato de personagens marginalizados em função do gênero, da cor da pele e da identidade sexual.

“Meu cinema é um pouco aquele da lacuna. Preencher as lacunas de uma história do Brasil que marginalizou as populações negras e as mulheres”, diz ele, dando como exemplo as telenovelas, nas quais, durante muito tempo, só havia “personagens brancos”.

Seguiram-se outros filmes, assim como a série da HBO Alice (2008), e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que impulsiona seu trabalho.

Em 2021, ele apresentou no Festival de Cannes seu filme mais íntimo: um documentário sobre sua descoberta da Argélia, onde esteve para refazer a trajetória do pai. “Este filme sobre meu pai se transformou em um filme sobre a minha mãe”, ironiza.

Parece evidente que ele nunca escapa realmente do desejo de contar histórias de mulheres. “Creio que meu apego aos personagens femininos vem do fato de ter sido criado em uma casa onde não havia homem. Era um oásis matriarcal”, finaliza.

Karim Aïnouz, o cineasta que ama contar histórias sobre mulheres, estreia filme na FrançaAFP - Onde estão as mulheres? Na filmografia de Karim Aïnouz, respondem os cinéfilos. Influenciado pelo americano Todd Haynes, o cineasta brasileiro quer “preencher as lacunas” de uma indústria que por muito tempo ignorou as mulheres, as minorias e os homossexuais.

O público francês o assistiu em A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, filme de estética pungente dedicado à condição feminina e ao machismo no Brasil, contemplado com o prêmio Um Certo Olhar em Cannes em 2019. Nesta quarta-feira, 27, ele volta às salas com Firebrand, um retrato de Catherine Parr, última esposa do rei da Inglaterra Henrique VIII, com Alicia Vikander e Jude Law.

“É um mundo muito distante do meu”, confidencia à AFP o cineasta de 58 anos, falando um francês fluente. Acostumado a relatar a época e personagens contemporâneos, desta vez ele mergulha no universo dos Tudor.

O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, em Paris, para a estreia de 'Firebrand' Foto: Joel Saget/AFP

O ponto de partida foi o desejo de uma produtora de vê-lo dirigir um filme sobre este personagem importante e esquecido da História.

Todd Haynes, um mestre

Embora não se veja lançando-se em um filme de época, ele faz, no entanto, a seguinte observação: o cinema nutre uma “obsessão pelas mulheres assassinadas, decapitadas. As outras não têm direito a seu filme”, critica o cineasta, filho de mãe brasileira e pai argelino, a quem praticamente não conheceu.

Sobretudo, ele diz que um filme como este é uma “oportunidade incrível de contar a história de um império, vindo eu mesmo de países que foram colonizados”.

É uma raridade ainda hoje em dia, ressalta, dando como único exemplo o filme Elizabeth: A Idade de Ouro”, sobre Elisabeth Ire, interpretada por Cate Blanchett.

Após estudar arquitetura, Karim Aïnouz foi estudar cinema nos Estados Unidos. Foi lá que ele conheceu Todd Haynes, diretor de Carol e Segredos de um Escândalo. Ele trabalhou em seu primeiro longa-metragem, Veneno (1991).

Firebrand, de Karim Aïnouz, tem Jude Law e Alicia Vikander no elenco Foto: Festival de Cannes

“É um mestre, me influenciou muito”, diz. “É alguém que pôs as mulheres em primeiro plano. Foi um choque para mim, vindo de uma tradição cinematográfica muito masculina e muito branca.”

Nos anos seguintes, os dois filmaram vários curtas, antes do lançamento, em 2002, do primeiro filme de Aïnouz, Madame Satã. O longa é inspirado livremente no personagem de João Francisco dos Santos (1900-1976), mais conhecido pelo apelido Madame Satã, um homem negro ao mesmo tempo malandro e travesti.

Oásis matriarcal

Este primeiro filme contém todos os temas caros a Karim Aïnouz, que mora em Berlim há 15 anos. A cada vez, uma obsessão: criar o retrato de personagens marginalizados em função do gênero, da cor da pele e da identidade sexual.

“Meu cinema é um pouco aquele da lacuna. Preencher as lacunas de uma história do Brasil que marginalizou as populações negras e as mulheres”, diz ele, dando como exemplo as telenovelas, nas quais, durante muito tempo, só havia “personagens brancos”.

Seguiram-se outros filmes, assim como a série da HBO Alice (2008), e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que impulsiona seu trabalho.

Em 2021, ele apresentou no Festival de Cannes seu filme mais íntimo: um documentário sobre sua descoberta da Argélia, onde esteve para refazer a trajetória do pai. “Este filme sobre meu pai se transformou em um filme sobre a minha mãe”, ironiza.

Parece evidente que ele nunca escapa realmente do desejo de contar histórias de mulheres. “Creio que meu apego aos personagens femininos vem do fato de ter sido criado em uma casa onde não havia homem. Era um oásis matriarcal”, finaliza.

Karim Aïnouz, o cineasta que ama contar histórias sobre mulheres, estreia filme na FrançaAFP - Onde estão as mulheres? Na filmografia de Karim Aïnouz, respondem os cinéfilos. Influenciado pelo americano Todd Haynes, o cineasta brasileiro quer “preencher as lacunas” de uma indústria que por muito tempo ignorou as mulheres, as minorias e os homossexuais.

O público francês o assistiu em A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, filme de estética pungente dedicado à condição feminina e ao machismo no Brasil, contemplado com o prêmio Um Certo Olhar em Cannes em 2019. Nesta quarta-feira, 27, ele volta às salas com Firebrand, um retrato de Catherine Parr, última esposa do rei da Inglaterra Henrique VIII, com Alicia Vikander e Jude Law.

“É um mundo muito distante do meu”, confidencia à AFP o cineasta de 58 anos, falando um francês fluente. Acostumado a relatar a época e personagens contemporâneos, desta vez ele mergulha no universo dos Tudor.

O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, em Paris, para a estreia de 'Firebrand' Foto: Joel Saget/AFP

O ponto de partida foi o desejo de uma produtora de vê-lo dirigir um filme sobre este personagem importante e esquecido da História.

Todd Haynes, um mestre

Embora não se veja lançando-se em um filme de época, ele faz, no entanto, a seguinte observação: o cinema nutre uma “obsessão pelas mulheres assassinadas, decapitadas. As outras não têm direito a seu filme”, critica o cineasta, filho de mãe brasileira e pai argelino, a quem praticamente não conheceu.

Sobretudo, ele diz que um filme como este é uma “oportunidade incrível de contar a história de um império, vindo eu mesmo de países que foram colonizados”.

É uma raridade ainda hoje em dia, ressalta, dando como único exemplo o filme Elizabeth: A Idade de Ouro”, sobre Elisabeth Ire, interpretada por Cate Blanchett.

Após estudar arquitetura, Karim Aïnouz foi estudar cinema nos Estados Unidos. Foi lá que ele conheceu Todd Haynes, diretor de Carol e Segredos de um Escândalo. Ele trabalhou em seu primeiro longa-metragem, Veneno (1991).

Firebrand, de Karim Aïnouz, tem Jude Law e Alicia Vikander no elenco Foto: Festival de Cannes

“É um mestre, me influenciou muito”, diz. “É alguém que pôs as mulheres em primeiro plano. Foi um choque para mim, vindo de uma tradição cinematográfica muito masculina e muito branca.”

Nos anos seguintes, os dois filmaram vários curtas, antes do lançamento, em 2002, do primeiro filme de Aïnouz, Madame Satã. O longa é inspirado livremente no personagem de João Francisco dos Santos (1900-1976), mais conhecido pelo apelido Madame Satã, um homem negro ao mesmo tempo malandro e travesti.

Oásis matriarcal

Este primeiro filme contém todos os temas caros a Karim Aïnouz, que mora em Berlim há 15 anos. A cada vez, uma obsessão: criar o retrato de personagens marginalizados em função do gênero, da cor da pele e da identidade sexual.

“Meu cinema é um pouco aquele da lacuna. Preencher as lacunas de uma história do Brasil que marginalizou as populações negras e as mulheres”, diz ele, dando como exemplo as telenovelas, nas quais, durante muito tempo, só havia “personagens brancos”.

Seguiram-se outros filmes, assim como a série da HBO Alice (2008), e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, que impulsiona seu trabalho.

Em 2021, ele apresentou no Festival de Cannes seu filme mais íntimo: um documentário sobre sua descoberta da Argélia, onde esteve para refazer a trajetória do pai. “Este filme sobre meu pai se transformou em um filme sobre a minha mãe”, ironiza.

Parece evidente que ele nunca escapa realmente do desejo de contar histórias de mulheres. “Creio que meu apego aos personagens femininos vem do fato de ter sido criado em uma casa onde não havia homem. Era um oásis matriarcal”, finaliza.

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