Opinião|‘O Corvo’ acerta em cheio na ação, mas erra ao falar de amor


Exatos 30 anos depois da primeira versão, novo filme tenta esquecer passado e dar novo significado à história

Por Matheus Mans

Falar de O Corvo é, inevitavelmente, lembrar de uma tragédia. Afinal, nos anos 1990, nas gravações da primeira versão dessa história inspirada na HQ de James O’Barr, o protagonista Brandon Lee, filho do ator Bruce Lee, levou um tiro acidental e morreu no set de filmagem. Inevitavelmente, isso se tornou uma maldição ao redor do filme – só se falava disso, não mais sobre a história em si. Trinta anos depois, a trama volta aos cinemas com um novo filme, querendo afastar o passado, criar uma nova mitologia e se voltar à história da HQ.

Bill Skarsgård como Eric em 'O Corvo' Foto: Larry Horricks
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Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), O Corvo conta a história de um casal, Shelly (FKA twigs) e Eric (Bill Skarsgård), que é morto por um grupo que está atrás de um vídeo incriminador gravado por ela. E é aí que está a sacada da trama: Eric não morre, mas retorna para buscar vingança e, assim, fazer com que Shelly retorne à vida.

Ainda que pareça uma história como John Wick, ou até mesmo Deadpool, o longa, que chegou aos cinemas em 22 de agosto, não é exatamente um filme sobre violência, morte e vingança. E mesmo que este seja o coração do longa, com as melhores cenas se concentrando nos momentos em que Eric saca sua espada e faz sua vingança acontecer, O Corvo é essencialmente um filme sobre amor – e é aqui que está o problema da produção.

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Violência sem amor

Com cerca de 110 minutos de duração, o longa-metragem passa um bom tempo tentando construir o amor entre Shelly e Eric. É, afinal, isso que cria toda a conexão entre o espectador e a violência prometida pelo personagem. Enquanto a conexão emocional entre um cachorro e John Wick é construída de maneira mais orgânica, por exemplo, um casal precisa ter um pouco mais de trabalho. Você precisa sentir verdade naquilo que é visto ali.

Sanders, porém, claramente não é um cineasta que sabe dirigir romance – um gênero que é engenhosamente difícil e pouco reconhecido por isso, tal qual a comédia. Em momento algum, durante todo o filme, há a sensação de que Skarsgård (o Pennywise de IT: A Coisa) e twigs (conhecida por seu trabalho como cantora, compositora e produtora musical) estão perdidamente apaixonados. Parece um romance de verão, uma paixonite sem muita força.

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Ao não saber dirigir o romance, muito do efeito a seguir do filme se perde. Isso também passa por uma atuação não muito eficiente de twigs: ela não tem qualquer experiência com atuação e, assim como aconteceu em Armadilha, com a filha M. Night Shyamalan, faz com que o filme perca pontos em intensidade. Você até pode mergulhar na história de Eric, mas dificilmente vai mergulhar no que Shelly está sentindo – e menos ainda nos dois, no casal.

No final, em um clima emo depressivo, regado a violência, O Corvo traz cenas de violência bem dirigidas, ainda que um tanto quanto óbvias – principalmente na mistura de música clássica orquestral com pancadaria, algo que já existe por aí desde Laranja Mecânica e além. No final, a equação é essa: se fosse apenas um filme de vingança, seria acima da média. Só que sendo um filme sobre amor, não consegue atingir o cerne da questão. Ainda pode ser divertido? Com certeza. Mas fica a sensação de que o principal não veio.

Falar de O Corvo é, inevitavelmente, lembrar de uma tragédia. Afinal, nos anos 1990, nas gravações da primeira versão dessa história inspirada na HQ de James O’Barr, o protagonista Brandon Lee, filho do ator Bruce Lee, levou um tiro acidental e morreu no set de filmagem. Inevitavelmente, isso se tornou uma maldição ao redor do filme – só se falava disso, não mais sobre a história em si. Trinta anos depois, a trama volta aos cinemas com um novo filme, querendo afastar o passado, criar uma nova mitologia e se voltar à história da HQ.

Bill Skarsgård como Eric em 'O Corvo' Foto: Larry Horricks

Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), O Corvo conta a história de um casal, Shelly (FKA twigs) e Eric (Bill Skarsgård), que é morto por um grupo que está atrás de um vídeo incriminador gravado por ela. E é aí que está a sacada da trama: Eric não morre, mas retorna para buscar vingança e, assim, fazer com que Shelly retorne à vida.

Ainda que pareça uma história como John Wick, ou até mesmo Deadpool, o longa, que chegou aos cinemas em 22 de agosto, não é exatamente um filme sobre violência, morte e vingança. E mesmo que este seja o coração do longa, com as melhores cenas se concentrando nos momentos em que Eric saca sua espada e faz sua vingança acontecer, O Corvo é essencialmente um filme sobre amor – e é aqui que está o problema da produção.

Violência sem amor

Com cerca de 110 minutos de duração, o longa-metragem passa um bom tempo tentando construir o amor entre Shelly e Eric. É, afinal, isso que cria toda a conexão entre o espectador e a violência prometida pelo personagem. Enquanto a conexão emocional entre um cachorro e John Wick é construída de maneira mais orgânica, por exemplo, um casal precisa ter um pouco mais de trabalho. Você precisa sentir verdade naquilo que é visto ali.

Sanders, porém, claramente não é um cineasta que sabe dirigir romance – um gênero que é engenhosamente difícil e pouco reconhecido por isso, tal qual a comédia. Em momento algum, durante todo o filme, há a sensação de que Skarsgård (o Pennywise de IT: A Coisa) e twigs (conhecida por seu trabalho como cantora, compositora e produtora musical) estão perdidamente apaixonados. Parece um romance de verão, uma paixonite sem muita força.

Ao não saber dirigir o romance, muito do efeito a seguir do filme se perde. Isso também passa por uma atuação não muito eficiente de twigs: ela não tem qualquer experiência com atuação e, assim como aconteceu em Armadilha, com a filha M. Night Shyamalan, faz com que o filme perca pontos em intensidade. Você até pode mergulhar na história de Eric, mas dificilmente vai mergulhar no que Shelly está sentindo – e menos ainda nos dois, no casal.

No final, em um clima emo depressivo, regado a violência, O Corvo traz cenas de violência bem dirigidas, ainda que um tanto quanto óbvias – principalmente na mistura de música clássica orquestral com pancadaria, algo que já existe por aí desde Laranja Mecânica e além. No final, a equação é essa: se fosse apenas um filme de vingança, seria acima da média. Só que sendo um filme sobre amor, não consegue atingir o cerne da questão. Ainda pode ser divertido? Com certeza. Mas fica a sensação de que o principal não veio.

Falar de O Corvo é, inevitavelmente, lembrar de uma tragédia. Afinal, nos anos 1990, nas gravações da primeira versão dessa história inspirada na HQ de James O’Barr, o protagonista Brandon Lee, filho do ator Bruce Lee, levou um tiro acidental e morreu no set de filmagem. Inevitavelmente, isso se tornou uma maldição ao redor do filme – só se falava disso, não mais sobre a história em si. Trinta anos depois, a trama volta aos cinemas com um novo filme, querendo afastar o passado, criar uma nova mitologia e se voltar à história da HQ.

Bill Skarsgård como Eric em 'O Corvo' Foto: Larry Horricks

Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), O Corvo conta a história de um casal, Shelly (FKA twigs) e Eric (Bill Skarsgård), que é morto por um grupo que está atrás de um vídeo incriminador gravado por ela. E é aí que está a sacada da trama: Eric não morre, mas retorna para buscar vingança e, assim, fazer com que Shelly retorne à vida.

Ainda que pareça uma história como John Wick, ou até mesmo Deadpool, o longa, que chegou aos cinemas em 22 de agosto, não é exatamente um filme sobre violência, morte e vingança. E mesmo que este seja o coração do longa, com as melhores cenas se concentrando nos momentos em que Eric saca sua espada e faz sua vingança acontecer, O Corvo é essencialmente um filme sobre amor – e é aqui que está o problema da produção.

Violência sem amor

Com cerca de 110 minutos de duração, o longa-metragem passa um bom tempo tentando construir o amor entre Shelly e Eric. É, afinal, isso que cria toda a conexão entre o espectador e a violência prometida pelo personagem. Enquanto a conexão emocional entre um cachorro e John Wick é construída de maneira mais orgânica, por exemplo, um casal precisa ter um pouco mais de trabalho. Você precisa sentir verdade naquilo que é visto ali.

Sanders, porém, claramente não é um cineasta que sabe dirigir romance – um gênero que é engenhosamente difícil e pouco reconhecido por isso, tal qual a comédia. Em momento algum, durante todo o filme, há a sensação de que Skarsgård (o Pennywise de IT: A Coisa) e twigs (conhecida por seu trabalho como cantora, compositora e produtora musical) estão perdidamente apaixonados. Parece um romance de verão, uma paixonite sem muita força.

Ao não saber dirigir o romance, muito do efeito a seguir do filme se perde. Isso também passa por uma atuação não muito eficiente de twigs: ela não tem qualquer experiência com atuação e, assim como aconteceu em Armadilha, com a filha M. Night Shyamalan, faz com que o filme perca pontos em intensidade. Você até pode mergulhar na história de Eric, mas dificilmente vai mergulhar no que Shelly está sentindo – e menos ainda nos dois, no casal.

No final, em um clima emo depressivo, regado a violência, O Corvo traz cenas de violência bem dirigidas, ainda que um tanto quanto óbvias – principalmente na mistura de música clássica orquestral com pancadaria, algo que já existe por aí desde Laranja Mecânica e além. No final, a equação é essa: se fosse apenas um filme de vingança, seria acima da média. Só que sendo um filme sobre amor, não consegue atingir o cerne da questão. Ainda pode ser divertido? Com certeza. Mas fica a sensação de que o principal não veio.

Falar de O Corvo é, inevitavelmente, lembrar de uma tragédia. Afinal, nos anos 1990, nas gravações da primeira versão dessa história inspirada na HQ de James O’Barr, o protagonista Brandon Lee, filho do ator Bruce Lee, levou um tiro acidental e morreu no set de filmagem. Inevitavelmente, isso se tornou uma maldição ao redor do filme – só se falava disso, não mais sobre a história em si. Trinta anos depois, a trama volta aos cinemas com um novo filme, querendo afastar o passado, criar uma nova mitologia e se voltar à história da HQ.

Bill Skarsgård como Eric em 'O Corvo' Foto: Larry Horricks

Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), O Corvo conta a história de um casal, Shelly (FKA twigs) e Eric (Bill Skarsgård), que é morto por um grupo que está atrás de um vídeo incriminador gravado por ela. E é aí que está a sacada da trama: Eric não morre, mas retorna para buscar vingança e, assim, fazer com que Shelly retorne à vida.

Ainda que pareça uma história como John Wick, ou até mesmo Deadpool, o longa, que chegou aos cinemas em 22 de agosto, não é exatamente um filme sobre violência, morte e vingança. E mesmo que este seja o coração do longa, com as melhores cenas se concentrando nos momentos em que Eric saca sua espada e faz sua vingança acontecer, O Corvo é essencialmente um filme sobre amor – e é aqui que está o problema da produção.

Violência sem amor

Com cerca de 110 minutos de duração, o longa-metragem passa um bom tempo tentando construir o amor entre Shelly e Eric. É, afinal, isso que cria toda a conexão entre o espectador e a violência prometida pelo personagem. Enquanto a conexão emocional entre um cachorro e John Wick é construída de maneira mais orgânica, por exemplo, um casal precisa ter um pouco mais de trabalho. Você precisa sentir verdade naquilo que é visto ali.

Sanders, porém, claramente não é um cineasta que sabe dirigir romance – um gênero que é engenhosamente difícil e pouco reconhecido por isso, tal qual a comédia. Em momento algum, durante todo o filme, há a sensação de que Skarsgård (o Pennywise de IT: A Coisa) e twigs (conhecida por seu trabalho como cantora, compositora e produtora musical) estão perdidamente apaixonados. Parece um romance de verão, uma paixonite sem muita força.

Ao não saber dirigir o romance, muito do efeito a seguir do filme se perde. Isso também passa por uma atuação não muito eficiente de twigs: ela não tem qualquer experiência com atuação e, assim como aconteceu em Armadilha, com a filha M. Night Shyamalan, faz com que o filme perca pontos em intensidade. Você até pode mergulhar na história de Eric, mas dificilmente vai mergulhar no que Shelly está sentindo – e menos ainda nos dois, no casal.

No final, em um clima emo depressivo, regado a violência, O Corvo traz cenas de violência bem dirigidas, ainda que um tanto quanto óbvias – principalmente na mistura de música clássica orquestral com pancadaria, algo que já existe por aí desde Laranja Mecânica e além. No final, a equação é essa: se fosse apenas um filme de vingança, seria acima da média. Só que sendo um filme sobre amor, não consegue atingir o cerne da questão. Ainda pode ser divertido? Com certeza. Mas fica a sensação de que o principal não veio.

Falar de O Corvo é, inevitavelmente, lembrar de uma tragédia. Afinal, nos anos 1990, nas gravações da primeira versão dessa história inspirada na HQ de James O’Barr, o protagonista Brandon Lee, filho do ator Bruce Lee, levou um tiro acidental e morreu no set de filmagem. Inevitavelmente, isso se tornou uma maldição ao redor do filme – só se falava disso, não mais sobre a história em si. Trinta anos depois, a trama volta aos cinemas com um novo filme, querendo afastar o passado, criar uma nova mitologia e se voltar à história da HQ.

Bill Skarsgård como Eric em 'O Corvo' Foto: Larry Horricks

Dirigido por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), O Corvo conta a história de um casal, Shelly (FKA twigs) e Eric (Bill Skarsgård), que é morto por um grupo que está atrás de um vídeo incriminador gravado por ela. E é aí que está a sacada da trama: Eric não morre, mas retorna para buscar vingança e, assim, fazer com que Shelly retorne à vida.

Ainda que pareça uma história como John Wick, ou até mesmo Deadpool, o longa, que chegou aos cinemas em 22 de agosto, não é exatamente um filme sobre violência, morte e vingança. E mesmo que este seja o coração do longa, com as melhores cenas se concentrando nos momentos em que Eric saca sua espada e faz sua vingança acontecer, O Corvo é essencialmente um filme sobre amor – e é aqui que está o problema da produção.

Violência sem amor

Com cerca de 110 minutos de duração, o longa-metragem passa um bom tempo tentando construir o amor entre Shelly e Eric. É, afinal, isso que cria toda a conexão entre o espectador e a violência prometida pelo personagem. Enquanto a conexão emocional entre um cachorro e John Wick é construída de maneira mais orgânica, por exemplo, um casal precisa ter um pouco mais de trabalho. Você precisa sentir verdade naquilo que é visto ali.

Sanders, porém, claramente não é um cineasta que sabe dirigir romance – um gênero que é engenhosamente difícil e pouco reconhecido por isso, tal qual a comédia. Em momento algum, durante todo o filme, há a sensação de que Skarsgård (o Pennywise de IT: A Coisa) e twigs (conhecida por seu trabalho como cantora, compositora e produtora musical) estão perdidamente apaixonados. Parece um romance de verão, uma paixonite sem muita força.

Ao não saber dirigir o romance, muito do efeito a seguir do filme se perde. Isso também passa por uma atuação não muito eficiente de twigs: ela não tem qualquer experiência com atuação e, assim como aconteceu em Armadilha, com a filha M. Night Shyamalan, faz com que o filme perca pontos em intensidade. Você até pode mergulhar na história de Eric, mas dificilmente vai mergulhar no que Shelly está sentindo – e menos ainda nos dois, no casal.

No final, em um clima emo depressivo, regado a violência, O Corvo traz cenas de violência bem dirigidas, ainda que um tanto quanto óbvias – principalmente na mistura de música clássica orquestral com pancadaria, algo que já existe por aí desde Laranja Mecânica e além. No final, a equação é essa: se fosse apenas um filme de vingança, seria acima da média. Só que sendo um filme sobre amor, não consegue atingir o cerne da questão. Ainda pode ser divertido? Com certeza. Mas fica a sensação de que o principal não veio.

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Opinião por Matheus Mans

Repórter de cultura, tecnologia e gastronomia desde 2012 e desde 2015 no Estadão. É formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com especialização em audiovisual. É membro votante da Online Film Critics Society.

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