O dilema de ‘A Pequena Sereia’: como diretor equilibrou memória afetiva e inovação no fundo do mar


Rob Marshall fala sobre os abacaxis que descascou na produção que estreia hoje. A atriz Halle Bailey sofreu com ataques racistas desde o anúncio de sua escalação para viver Ariel no remake live-action dirigido por Rob Marshall

Por Matheus Mans
Atualização:

Qualquer diretor que assumir a responsabilidade de fazer um dos live-actions da Disney tem, em suas mãos, um abacaxi pra descascar. Os cineastas precisam se equilibrar entre dois mundos: ser fiel ao filme original ou, então, ir para um caminho muito diferente. A Pequena Sereia, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25, foi pelo primeiro caminho – mas Rob Marshall, o diretor do longa, afirma que não foi uma jornada fácil.

“Foi o filme mais desafiador que eu fiz na minha vida”, confessou o cineasta, que também é o responsável por títulos como Chicago, O Retorno de Mary Poppins e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. As dificuldades, em A Pequena Sereia, parecem fazer parte da proposta do filme. Afinal, mais do que apenas escolher o tom, o longa-metragem em si traz desafios ao trazer complexidade de locação, efeitos especiais e cenas musicais.

“Senti que estava fazendo quase três filmes ao mesmo tempo. Estava fazendo esse filme subaquático, uma espécie de filme épico debaixo d’água. Depois, senti que estava fazendo esse filme massivo com castelos, praias, naufrágios e tudo mais, sabe? Mas também estava fazendo um musical”, diz o diretor ao Estadão. “Foi desafiador, mas empolgante”.

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Dor de cabeça digital

Halle Bailey sofreu ataques racistas desde que foi anunciado que ela seria Ariel Foto: Disney

Marshall também não se mostra muito animado quando relembra o processo de efeitos especiais com o filme. Afinal, em sua elogiada carreira como cineasta, o mais próximo que ele chegou de um filme cheio de efeitos foi em Piratas do Caribe – O Retorno de Mary Poppins e Caminhos da Floresta têm efeitos, mas mais contidos. Neste aqui, desde o primeiro momento de projeção, os efeitos aparecem em recifes, corais e caudas de sereias.

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“Foi a parte mais difícil”, explica ele, depois de um longo suspiro. “[A produção do filme] levou quatro anos e meio por causa desses efeitos. Sabia que, no final das contas, teríamos que adicionar tudo que é submerso, porque você literalmente não pode falar ou cantar quando está realmente debaixo d’água. Então, como fazer isso? Como fazer as cenas? Como os atores vão se mover? Então, tivemos um tempo de preparação muito longo”.

Segundo conta Marshall, o filme inteiro foi coreografado antecipadamente para que ele soubesse como trabalhar com as diferentes estruturas e as diferentes câmeras para fazer tudo funcionar, para parecer perfeito. “Meu objetivo sempre foi não mostrar as costuras, não mostrar como fizemos. Eu queria que parecesse que eles estavam realmente debaixo d’água. Parecesse completamente real. Mas foi realmente desafiador porque foi feito em pequenas partes”, conta. “Dizia ‘ação’, fazíamos algumas falas numa estrutura específica e depois eu tinha que cortar e colocar os atores em outra coisa, cabos ou algum tipo de braço de guindaste maluco para fazer outra fala e depois cortar. Tudo feito em pequenas partes”.

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Música para relaxar

Mas, obviamente, ele não tem o que reclamar das cenas musicais. Rob é apaixonado pelo gênero – não apenas dirigiu filmes como Chicago, mas também era dançarino e hoje continua como coreógrafo e diretor de peças da Broadway. A Pequena Sereia, que já é uma animação conhecida pelos números musicais grandiosos, repete a dose no live-action com cenas que devem fazer o público se emocionar. E Rob, é claro, conseguiu se soltar.

“Me sinto mais confortável nessa área porque é de onde venho”, conta, empolgado. “A coisa difícil nos musicais para mim é que você precisa saber quando uma pessoa deve começar a cantar [em cena]. Se não parecer natural ou orgânico, é constrangedor. Queria que, com esse filme, toda música fosse merecida, que parecesse que apenas falar não era o suficiente. Então eles têm que cantar. Mais do que isso: eles precisam cantar de verdade”.

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Curiosamente, a primeira canção demora: vem só aos 15 minutos. Você quase esquece que é um musical. Rob, porém, também tem uma boa explicação. “A música precisa vir da história. E a primeira música é muito parecida com Somewhere Over the Rainbow, do filme O Mágico de Oz. É uma música de desejo, é sobre o que eu quero. E entendemos que ela quer fazer parte daquele mundo. E, então, isso se torna o motor da história”.

Melissa McCarthy como a vilã Úrsula Foto: Disney

Protagonista sofreu ataques racistas

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Além disso tudo, Rob Marshall tem outra questão a tratar em quase toda entrevista: falar sobre os ataques racistas que a protagonista, Halle Bailey, sofreu desde o anúncio de sua escalação para viver Ariel. Na internet, intolerantes dizem que a sereia – que, vale lembrar, é uma personagem que não existe no mundo real – deveria ser ruiva, não negra.

“Tudo o que eu fiz foi procurar a melhor Ariel do mundo. Isso foi tudo. Vimos todas as etnias, tantos tipos diferentes de atores, mas a Halle veio e preencheu todos os requisitos do que essa Ariel precisava ser. Precisávamos encontrar alguém com uma voz angelical, o que ela obviamente tem. Ela precisava ser etérea e um pouco fora deste mundo. Ela também precisava ter muita força e paixão, mas também ter alegria e vulnerabilidade e uma certa ingenuidade”, explica sobre a escolha. “A Halle conquistou o papel e disse: `é meu`”.

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E, voltando ao coração da história de A Pequena Sereia, Rob Marshall faz a observação central: é um filme para superar diferenças. “É uma história atemporal e oportuna porque realmente fala sobre preconceito e não ter medo do outro”, explica o cineasta na entrevista. “É não ter medo de um mundo diferente do seu. Não ter medo de alguém do outro lado de uma fronteira ou de um muro. Derrubar essas paredes e barreiras e construir uma ponte para esse outro lugar e unir esses mundos. Achei muito emocionante e profundo”.

Qualquer diretor que assumir a responsabilidade de fazer um dos live-actions da Disney tem, em suas mãos, um abacaxi pra descascar. Os cineastas precisam se equilibrar entre dois mundos: ser fiel ao filme original ou, então, ir para um caminho muito diferente. A Pequena Sereia, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25, foi pelo primeiro caminho – mas Rob Marshall, o diretor do longa, afirma que não foi uma jornada fácil.

“Foi o filme mais desafiador que eu fiz na minha vida”, confessou o cineasta, que também é o responsável por títulos como Chicago, O Retorno de Mary Poppins e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. As dificuldades, em A Pequena Sereia, parecem fazer parte da proposta do filme. Afinal, mais do que apenas escolher o tom, o longa-metragem em si traz desafios ao trazer complexidade de locação, efeitos especiais e cenas musicais.

“Senti que estava fazendo quase três filmes ao mesmo tempo. Estava fazendo esse filme subaquático, uma espécie de filme épico debaixo d’água. Depois, senti que estava fazendo esse filme massivo com castelos, praias, naufrágios e tudo mais, sabe? Mas também estava fazendo um musical”, diz o diretor ao Estadão. “Foi desafiador, mas empolgante”.

Dor de cabeça digital

Halle Bailey sofreu ataques racistas desde que foi anunciado que ela seria Ariel Foto: Disney

Marshall também não se mostra muito animado quando relembra o processo de efeitos especiais com o filme. Afinal, em sua elogiada carreira como cineasta, o mais próximo que ele chegou de um filme cheio de efeitos foi em Piratas do Caribe – O Retorno de Mary Poppins e Caminhos da Floresta têm efeitos, mas mais contidos. Neste aqui, desde o primeiro momento de projeção, os efeitos aparecem em recifes, corais e caudas de sereias.

“Foi a parte mais difícil”, explica ele, depois de um longo suspiro. “[A produção do filme] levou quatro anos e meio por causa desses efeitos. Sabia que, no final das contas, teríamos que adicionar tudo que é submerso, porque você literalmente não pode falar ou cantar quando está realmente debaixo d’água. Então, como fazer isso? Como fazer as cenas? Como os atores vão se mover? Então, tivemos um tempo de preparação muito longo”.

Segundo conta Marshall, o filme inteiro foi coreografado antecipadamente para que ele soubesse como trabalhar com as diferentes estruturas e as diferentes câmeras para fazer tudo funcionar, para parecer perfeito. “Meu objetivo sempre foi não mostrar as costuras, não mostrar como fizemos. Eu queria que parecesse que eles estavam realmente debaixo d’água. Parecesse completamente real. Mas foi realmente desafiador porque foi feito em pequenas partes”, conta. “Dizia ‘ação’, fazíamos algumas falas numa estrutura específica e depois eu tinha que cortar e colocar os atores em outra coisa, cabos ou algum tipo de braço de guindaste maluco para fazer outra fala e depois cortar. Tudo feito em pequenas partes”.

Música para relaxar

Mas, obviamente, ele não tem o que reclamar das cenas musicais. Rob é apaixonado pelo gênero – não apenas dirigiu filmes como Chicago, mas também era dançarino e hoje continua como coreógrafo e diretor de peças da Broadway. A Pequena Sereia, que já é uma animação conhecida pelos números musicais grandiosos, repete a dose no live-action com cenas que devem fazer o público se emocionar. E Rob, é claro, conseguiu se soltar.

“Me sinto mais confortável nessa área porque é de onde venho”, conta, empolgado. “A coisa difícil nos musicais para mim é que você precisa saber quando uma pessoa deve começar a cantar [em cena]. Se não parecer natural ou orgânico, é constrangedor. Queria que, com esse filme, toda música fosse merecida, que parecesse que apenas falar não era o suficiente. Então eles têm que cantar. Mais do que isso: eles precisam cantar de verdade”.

Curiosamente, a primeira canção demora: vem só aos 15 minutos. Você quase esquece que é um musical. Rob, porém, também tem uma boa explicação. “A música precisa vir da história. E a primeira música é muito parecida com Somewhere Over the Rainbow, do filme O Mágico de Oz. É uma música de desejo, é sobre o que eu quero. E entendemos que ela quer fazer parte daquele mundo. E, então, isso se torna o motor da história”.

Melissa McCarthy como a vilã Úrsula Foto: Disney

Protagonista sofreu ataques racistas

Além disso tudo, Rob Marshall tem outra questão a tratar em quase toda entrevista: falar sobre os ataques racistas que a protagonista, Halle Bailey, sofreu desde o anúncio de sua escalação para viver Ariel. Na internet, intolerantes dizem que a sereia – que, vale lembrar, é uma personagem que não existe no mundo real – deveria ser ruiva, não negra.

“Tudo o que eu fiz foi procurar a melhor Ariel do mundo. Isso foi tudo. Vimos todas as etnias, tantos tipos diferentes de atores, mas a Halle veio e preencheu todos os requisitos do que essa Ariel precisava ser. Precisávamos encontrar alguém com uma voz angelical, o que ela obviamente tem. Ela precisava ser etérea e um pouco fora deste mundo. Ela também precisava ter muita força e paixão, mas também ter alegria e vulnerabilidade e uma certa ingenuidade”, explica sobre a escolha. “A Halle conquistou o papel e disse: `é meu`”.

E, voltando ao coração da história de A Pequena Sereia, Rob Marshall faz a observação central: é um filme para superar diferenças. “É uma história atemporal e oportuna porque realmente fala sobre preconceito e não ter medo do outro”, explica o cineasta na entrevista. “É não ter medo de um mundo diferente do seu. Não ter medo de alguém do outro lado de uma fronteira ou de um muro. Derrubar essas paredes e barreiras e construir uma ponte para esse outro lugar e unir esses mundos. Achei muito emocionante e profundo”.

Qualquer diretor que assumir a responsabilidade de fazer um dos live-actions da Disney tem, em suas mãos, um abacaxi pra descascar. Os cineastas precisam se equilibrar entre dois mundos: ser fiel ao filme original ou, então, ir para um caminho muito diferente. A Pequena Sereia, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25, foi pelo primeiro caminho – mas Rob Marshall, o diretor do longa, afirma que não foi uma jornada fácil.

“Foi o filme mais desafiador que eu fiz na minha vida”, confessou o cineasta, que também é o responsável por títulos como Chicago, O Retorno de Mary Poppins e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. As dificuldades, em A Pequena Sereia, parecem fazer parte da proposta do filme. Afinal, mais do que apenas escolher o tom, o longa-metragem em si traz desafios ao trazer complexidade de locação, efeitos especiais e cenas musicais.

“Senti que estava fazendo quase três filmes ao mesmo tempo. Estava fazendo esse filme subaquático, uma espécie de filme épico debaixo d’água. Depois, senti que estava fazendo esse filme massivo com castelos, praias, naufrágios e tudo mais, sabe? Mas também estava fazendo um musical”, diz o diretor ao Estadão. “Foi desafiador, mas empolgante”.

Dor de cabeça digital

Halle Bailey sofreu ataques racistas desde que foi anunciado que ela seria Ariel Foto: Disney

Marshall também não se mostra muito animado quando relembra o processo de efeitos especiais com o filme. Afinal, em sua elogiada carreira como cineasta, o mais próximo que ele chegou de um filme cheio de efeitos foi em Piratas do Caribe – O Retorno de Mary Poppins e Caminhos da Floresta têm efeitos, mas mais contidos. Neste aqui, desde o primeiro momento de projeção, os efeitos aparecem em recifes, corais e caudas de sereias.

“Foi a parte mais difícil”, explica ele, depois de um longo suspiro. “[A produção do filme] levou quatro anos e meio por causa desses efeitos. Sabia que, no final das contas, teríamos que adicionar tudo que é submerso, porque você literalmente não pode falar ou cantar quando está realmente debaixo d’água. Então, como fazer isso? Como fazer as cenas? Como os atores vão se mover? Então, tivemos um tempo de preparação muito longo”.

Segundo conta Marshall, o filme inteiro foi coreografado antecipadamente para que ele soubesse como trabalhar com as diferentes estruturas e as diferentes câmeras para fazer tudo funcionar, para parecer perfeito. “Meu objetivo sempre foi não mostrar as costuras, não mostrar como fizemos. Eu queria que parecesse que eles estavam realmente debaixo d’água. Parecesse completamente real. Mas foi realmente desafiador porque foi feito em pequenas partes”, conta. “Dizia ‘ação’, fazíamos algumas falas numa estrutura específica e depois eu tinha que cortar e colocar os atores em outra coisa, cabos ou algum tipo de braço de guindaste maluco para fazer outra fala e depois cortar. Tudo feito em pequenas partes”.

Música para relaxar

Mas, obviamente, ele não tem o que reclamar das cenas musicais. Rob é apaixonado pelo gênero – não apenas dirigiu filmes como Chicago, mas também era dançarino e hoje continua como coreógrafo e diretor de peças da Broadway. A Pequena Sereia, que já é uma animação conhecida pelos números musicais grandiosos, repete a dose no live-action com cenas que devem fazer o público se emocionar. E Rob, é claro, conseguiu se soltar.

“Me sinto mais confortável nessa área porque é de onde venho”, conta, empolgado. “A coisa difícil nos musicais para mim é que você precisa saber quando uma pessoa deve começar a cantar [em cena]. Se não parecer natural ou orgânico, é constrangedor. Queria que, com esse filme, toda música fosse merecida, que parecesse que apenas falar não era o suficiente. Então eles têm que cantar. Mais do que isso: eles precisam cantar de verdade”.

Curiosamente, a primeira canção demora: vem só aos 15 minutos. Você quase esquece que é um musical. Rob, porém, também tem uma boa explicação. “A música precisa vir da história. E a primeira música é muito parecida com Somewhere Over the Rainbow, do filme O Mágico de Oz. É uma música de desejo, é sobre o que eu quero. E entendemos que ela quer fazer parte daquele mundo. E, então, isso se torna o motor da história”.

Melissa McCarthy como a vilã Úrsula Foto: Disney

Protagonista sofreu ataques racistas

Além disso tudo, Rob Marshall tem outra questão a tratar em quase toda entrevista: falar sobre os ataques racistas que a protagonista, Halle Bailey, sofreu desde o anúncio de sua escalação para viver Ariel. Na internet, intolerantes dizem que a sereia – que, vale lembrar, é uma personagem que não existe no mundo real – deveria ser ruiva, não negra.

“Tudo o que eu fiz foi procurar a melhor Ariel do mundo. Isso foi tudo. Vimos todas as etnias, tantos tipos diferentes de atores, mas a Halle veio e preencheu todos os requisitos do que essa Ariel precisava ser. Precisávamos encontrar alguém com uma voz angelical, o que ela obviamente tem. Ela precisava ser etérea e um pouco fora deste mundo. Ela também precisava ter muita força e paixão, mas também ter alegria e vulnerabilidade e uma certa ingenuidade”, explica sobre a escolha. “A Halle conquistou o papel e disse: `é meu`”.

E, voltando ao coração da história de A Pequena Sereia, Rob Marshall faz a observação central: é um filme para superar diferenças. “É uma história atemporal e oportuna porque realmente fala sobre preconceito e não ter medo do outro”, explica o cineasta na entrevista. “É não ter medo de um mundo diferente do seu. Não ter medo de alguém do outro lado de uma fronteira ou de um muro. Derrubar essas paredes e barreiras e construir uma ponte para esse outro lugar e unir esses mundos. Achei muito emocionante e profundo”.

Qualquer diretor que assumir a responsabilidade de fazer um dos live-actions da Disney tem, em suas mãos, um abacaxi pra descascar. Os cineastas precisam se equilibrar entre dois mundos: ser fiel ao filme original ou, então, ir para um caminho muito diferente. A Pequena Sereia, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25, foi pelo primeiro caminho – mas Rob Marshall, o diretor do longa, afirma que não foi uma jornada fácil.

“Foi o filme mais desafiador que eu fiz na minha vida”, confessou o cineasta, que também é o responsável por títulos como Chicago, O Retorno de Mary Poppins e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. As dificuldades, em A Pequena Sereia, parecem fazer parte da proposta do filme. Afinal, mais do que apenas escolher o tom, o longa-metragem em si traz desafios ao trazer complexidade de locação, efeitos especiais e cenas musicais.

“Senti que estava fazendo quase três filmes ao mesmo tempo. Estava fazendo esse filme subaquático, uma espécie de filme épico debaixo d’água. Depois, senti que estava fazendo esse filme massivo com castelos, praias, naufrágios e tudo mais, sabe? Mas também estava fazendo um musical”, diz o diretor ao Estadão. “Foi desafiador, mas empolgante”.

Dor de cabeça digital

Halle Bailey sofreu ataques racistas desde que foi anunciado que ela seria Ariel Foto: Disney

Marshall também não se mostra muito animado quando relembra o processo de efeitos especiais com o filme. Afinal, em sua elogiada carreira como cineasta, o mais próximo que ele chegou de um filme cheio de efeitos foi em Piratas do Caribe – O Retorno de Mary Poppins e Caminhos da Floresta têm efeitos, mas mais contidos. Neste aqui, desde o primeiro momento de projeção, os efeitos aparecem em recifes, corais e caudas de sereias.

“Foi a parte mais difícil”, explica ele, depois de um longo suspiro. “[A produção do filme] levou quatro anos e meio por causa desses efeitos. Sabia que, no final das contas, teríamos que adicionar tudo que é submerso, porque você literalmente não pode falar ou cantar quando está realmente debaixo d’água. Então, como fazer isso? Como fazer as cenas? Como os atores vão se mover? Então, tivemos um tempo de preparação muito longo”.

Segundo conta Marshall, o filme inteiro foi coreografado antecipadamente para que ele soubesse como trabalhar com as diferentes estruturas e as diferentes câmeras para fazer tudo funcionar, para parecer perfeito. “Meu objetivo sempre foi não mostrar as costuras, não mostrar como fizemos. Eu queria que parecesse que eles estavam realmente debaixo d’água. Parecesse completamente real. Mas foi realmente desafiador porque foi feito em pequenas partes”, conta. “Dizia ‘ação’, fazíamos algumas falas numa estrutura específica e depois eu tinha que cortar e colocar os atores em outra coisa, cabos ou algum tipo de braço de guindaste maluco para fazer outra fala e depois cortar. Tudo feito em pequenas partes”.

Música para relaxar

Mas, obviamente, ele não tem o que reclamar das cenas musicais. Rob é apaixonado pelo gênero – não apenas dirigiu filmes como Chicago, mas também era dançarino e hoje continua como coreógrafo e diretor de peças da Broadway. A Pequena Sereia, que já é uma animação conhecida pelos números musicais grandiosos, repete a dose no live-action com cenas que devem fazer o público se emocionar. E Rob, é claro, conseguiu se soltar.

“Me sinto mais confortável nessa área porque é de onde venho”, conta, empolgado. “A coisa difícil nos musicais para mim é que você precisa saber quando uma pessoa deve começar a cantar [em cena]. Se não parecer natural ou orgânico, é constrangedor. Queria que, com esse filme, toda música fosse merecida, que parecesse que apenas falar não era o suficiente. Então eles têm que cantar. Mais do que isso: eles precisam cantar de verdade”.

Curiosamente, a primeira canção demora: vem só aos 15 minutos. Você quase esquece que é um musical. Rob, porém, também tem uma boa explicação. “A música precisa vir da história. E a primeira música é muito parecida com Somewhere Over the Rainbow, do filme O Mágico de Oz. É uma música de desejo, é sobre o que eu quero. E entendemos que ela quer fazer parte daquele mundo. E, então, isso se torna o motor da história”.

Melissa McCarthy como a vilã Úrsula Foto: Disney

Protagonista sofreu ataques racistas

Além disso tudo, Rob Marshall tem outra questão a tratar em quase toda entrevista: falar sobre os ataques racistas que a protagonista, Halle Bailey, sofreu desde o anúncio de sua escalação para viver Ariel. Na internet, intolerantes dizem que a sereia – que, vale lembrar, é uma personagem que não existe no mundo real – deveria ser ruiva, não negra.

“Tudo o que eu fiz foi procurar a melhor Ariel do mundo. Isso foi tudo. Vimos todas as etnias, tantos tipos diferentes de atores, mas a Halle veio e preencheu todos os requisitos do que essa Ariel precisava ser. Precisávamos encontrar alguém com uma voz angelical, o que ela obviamente tem. Ela precisava ser etérea e um pouco fora deste mundo. Ela também precisava ter muita força e paixão, mas também ter alegria e vulnerabilidade e uma certa ingenuidade”, explica sobre a escolha. “A Halle conquistou o papel e disse: `é meu`”.

E, voltando ao coração da história de A Pequena Sereia, Rob Marshall faz a observação central: é um filme para superar diferenças. “É uma história atemporal e oportuna porque realmente fala sobre preconceito e não ter medo do outro”, explica o cineasta na entrevista. “É não ter medo de um mundo diferente do seu. Não ter medo de alguém do outro lado de uma fronteira ou de um muro. Derrubar essas paredes e barreiras e construir uma ponte para esse outro lugar e unir esses mundos. Achei muito emocionante e profundo”.

Qualquer diretor que assumir a responsabilidade de fazer um dos live-actions da Disney tem, em suas mãos, um abacaxi pra descascar. Os cineastas precisam se equilibrar entre dois mundos: ser fiel ao filme original ou, então, ir para um caminho muito diferente. A Pequena Sereia, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 25, foi pelo primeiro caminho – mas Rob Marshall, o diretor do longa, afirma que não foi uma jornada fácil.

“Foi o filme mais desafiador que eu fiz na minha vida”, confessou o cineasta, que também é o responsável por títulos como Chicago, O Retorno de Mary Poppins e Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. As dificuldades, em A Pequena Sereia, parecem fazer parte da proposta do filme. Afinal, mais do que apenas escolher o tom, o longa-metragem em si traz desafios ao trazer complexidade de locação, efeitos especiais e cenas musicais.

“Senti que estava fazendo quase três filmes ao mesmo tempo. Estava fazendo esse filme subaquático, uma espécie de filme épico debaixo d’água. Depois, senti que estava fazendo esse filme massivo com castelos, praias, naufrágios e tudo mais, sabe? Mas também estava fazendo um musical”, diz o diretor ao Estadão. “Foi desafiador, mas empolgante”.

Dor de cabeça digital

Halle Bailey sofreu ataques racistas desde que foi anunciado que ela seria Ariel Foto: Disney

Marshall também não se mostra muito animado quando relembra o processo de efeitos especiais com o filme. Afinal, em sua elogiada carreira como cineasta, o mais próximo que ele chegou de um filme cheio de efeitos foi em Piratas do Caribe – O Retorno de Mary Poppins e Caminhos da Floresta têm efeitos, mas mais contidos. Neste aqui, desde o primeiro momento de projeção, os efeitos aparecem em recifes, corais e caudas de sereias.

“Foi a parte mais difícil”, explica ele, depois de um longo suspiro. “[A produção do filme] levou quatro anos e meio por causa desses efeitos. Sabia que, no final das contas, teríamos que adicionar tudo que é submerso, porque você literalmente não pode falar ou cantar quando está realmente debaixo d’água. Então, como fazer isso? Como fazer as cenas? Como os atores vão se mover? Então, tivemos um tempo de preparação muito longo”.

Segundo conta Marshall, o filme inteiro foi coreografado antecipadamente para que ele soubesse como trabalhar com as diferentes estruturas e as diferentes câmeras para fazer tudo funcionar, para parecer perfeito. “Meu objetivo sempre foi não mostrar as costuras, não mostrar como fizemos. Eu queria que parecesse que eles estavam realmente debaixo d’água. Parecesse completamente real. Mas foi realmente desafiador porque foi feito em pequenas partes”, conta. “Dizia ‘ação’, fazíamos algumas falas numa estrutura específica e depois eu tinha que cortar e colocar os atores em outra coisa, cabos ou algum tipo de braço de guindaste maluco para fazer outra fala e depois cortar. Tudo feito em pequenas partes”.

Música para relaxar

Mas, obviamente, ele não tem o que reclamar das cenas musicais. Rob é apaixonado pelo gênero – não apenas dirigiu filmes como Chicago, mas também era dançarino e hoje continua como coreógrafo e diretor de peças da Broadway. A Pequena Sereia, que já é uma animação conhecida pelos números musicais grandiosos, repete a dose no live-action com cenas que devem fazer o público se emocionar. E Rob, é claro, conseguiu se soltar.

“Me sinto mais confortável nessa área porque é de onde venho”, conta, empolgado. “A coisa difícil nos musicais para mim é que você precisa saber quando uma pessoa deve começar a cantar [em cena]. Se não parecer natural ou orgânico, é constrangedor. Queria que, com esse filme, toda música fosse merecida, que parecesse que apenas falar não era o suficiente. Então eles têm que cantar. Mais do que isso: eles precisam cantar de verdade”.

Curiosamente, a primeira canção demora: vem só aos 15 minutos. Você quase esquece que é um musical. Rob, porém, também tem uma boa explicação. “A música precisa vir da história. E a primeira música é muito parecida com Somewhere Over the Rainbow, do filme O Mágico de Oz. É uma música de desejo, é sobre o que eu quero. E entendemos que ela quer fazer parte daquele mundo. E, então, isso se torna o motor da história”.

Melissa McCarthy como a vilã Úrsula Foto: Disney

Protagonista sofreu ataques racistas

Além disso tudo, Rob Marshall tem outra questão a tratar em quase toda entrevista: falar sobre os ataques racistas que a protagonista, Halle Bailey, sofreu desde o anúncio de sua escalação para viver Ariel. Na internet, intolerantes dizem que a sereia – que, vale lembrar, é uma personagem que não existe no mundo real – deveria ser ruiva, não negra.

“Tudo o que eu fiz foi procurar a melhor Ariel do mundo. Isso foi tudo. Vimos todas as etnias, tantos tipos diferentes de atores, mas a Halle veio e preencheu todos os requisitos do que essa Ariel precisava ser. Precisávamos encontrar alguém com uma voz angelical, o que ela obviamente tem. Ela precisava ser etérea e um pouco fora deste mundo. Ela também precisava ter muita força e paixão, mas também ter alegria e vulnerabilidade e uma certa ingenuidade”, explica sobre a escolha. “A Halle conquistou o papel e disse: `é meu`”.

E, voltando ao coração da história de A Pequena Sereia, Rob Marshall faz a observação central: é um filme para superar diferenças. “É uma história atemporal e oportuna porque realmente fala sobre preconceito e não ter medo do outro”, explica o cineasta na entrevista. “É não ter medo de um mundo diferente do seu. Não ter medo de alguém do outro lado de uma fronteira ou de um muro. Derrubar essas paredes e barreiras e construir uma ponte para esse outro lugar e unir esses mundos. Achei muito emocionante e profundo”.

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