‘O Grande Irmão’ trata da participação da ditadura brasileira no golpe do Chile em 1973


Documentário de Camilo Tavares traz material inédito sobre o apoio dos militares nacionais a Pinochet

Por Luiz Zanin Oricchio
Atualização:

Em 1973, a embaixada brasileira em Santiago serviu de ponto de apoio para o golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende em 11 de setembro. Essa colaboração brazuca no golpe que deu início a uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina é um dos temas centrais de O Grande Irmão - o Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, em cartaz no cinema. O subtítulo refere-se ao filme anterior de Tavares, na qual a ditadura brasileira é examinada. Esta segunda obra amplia o painel proposto sobre as ditaduras militares da América Latina.

De acordo com o cineasta, “na embaixada brasileira havia sala de comunicação hiper sofisticada para a época, com telex que transmitia diretamente para o Brasil, desde a posse de Allende até o governo Pinochet em Santiago”. Esse equipamento era necessário para que a coordenação do golpe fosse efetivada entre os militares dos dois países. Quem dá detalhes da operação é um dos entrevistados, Marcelo Siqueira, filho do então adido militar no Chile, o general Siqueira, enviado pelo governo de Emílio Garrastazu Médici para atuar contra Allende.

Um veículo arde durante confrontos entre manifestantes e policiais durante a comemoração do 49º aniversário do golpe militar de 1973 Foto: Javier Torres / AFP
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O Grande Irmão não tem esse nome à toa. Alude à obra maior de George Orwell, 1984, e ao controle total do déspota sobre os cidadãos, mas se refere também aos Estados Unidos, chamado carinhosamente de “grande irmão do Norte” pelos americanófilos militares da América Latina.

O que pensavam os irmãos do Norte? Bem, em tempos de Guerra Fria, um presidente socialista, ainda mais eleito de maneira democrática, era algo de insuportável para os Estados Unidos. Um péssimo exemplo para a América Latina, considerada “quintal” dos norte-americanos. Já bastava Cuba, uma república socialista a 100 quilômetros da Flórida. Os sentimentos do presidente republicano Richard Nixon se expressam sem rodeios em conversas com o Secretário de Estado Henry Kissinger: “Vamos chutar o rabo desse Allende”, diz Nixon em uma gravação.

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Esse apoio dos EUA ao golpe encontrava eco no regime brasileiro, ditadura militar instaurada em 1964, na qual a demonização da esquerda era um dos pontos de honra, talvez o principal, talvez o único. Daí a colaboração brasileira para a derrubada de Allende e a instauração de um governo de extrema-direita no Chile.

O filme trabalha esse material inédito, no que toca ao empenho do embaixador brasileiro Câmara Canto no processo de desestabilização e golpe contra o governo Allende. Recorre, também, a vasto material colhido de várias fontes. Há entrevistas atuais com participantes daquele processo, como a ex-guerrilheira Vera Timóteo, o senador José Serra e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Soma-se a material de arquivo com depoimentos do presidente Salvador Allende e cenas famosas como a do Palácio de la Moneda sendo bombardeado por aviões da força aérea chilena.

A parte final do documentário é muito dura, com a memória de sobreviventes das torturas a que foram submetidos na época. Mesmo depois do golpe, o “convênio” entre as ditaduras continuou. O regime brasileiro chegou a enviar torturadores a Santiago para ensinar seus “métodos de trabalho” aos colegas chilenos. Um militar francês, Paul Aussaresses, veterano da Guerra da Argélia (1954-1962), considerado um papa no assunto, também é ouvido.

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Neste momento em que muita gente clama nas ruas brasileiras por intervenção militar, esse vislumbre do horror é mais do que necessário. “O filme é, em suma, uma defesa da democracia”, diz Camilo Tavares.

Em 1973, a embaixada brasileira em Santiago serviu de ponto de apoio para o golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende em 11 de setembro. Essa colaboração brazuca no golpe que deu início a uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina é um dos temas centrais de O Grande Irmão - o Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, em cartaz no cinema. O subtítulo refere-se ao filme anterior de Tavares, na qual a ditadura brasileira é examinada. Esta segunda obra amplia o painel proposto sobre as ditaduras militares da América Latina.

De acordo com o cineasta, “na embaixada brasileira havia sala de comunicação hiper sofisticada para a época, com telex que transmitia diretamente para o Brasil, desde a posse de Allende até o governo Pinochet em Santiago”. Esse equipamento era necessário para que a coordenação do golpe fosse efetivada entre os militares dos dois países. Quem dá detalhes da operação é um dos entrevistados, Marcelo Siqueira, filho do então adido militar no Chile, o general Siqueira, enviado pelo governo de Emílio Garrastazu Médici para atuar contra Allende.

Um veículo arde durante confrontos entre manifestantes e policiais durante a comemoração do 49º aniversário do golpe militar de 1973 Foto: Javier Torres / AFP

O Grande Irmão não tem esse nome à toa. Alude à obra maior de George Orwell, 1984, e ao controle total do déspota sobre os cidadãos, mas se refere também aos Estados Unidos, chamado carinhosamente de “grande irmão do Norte” pelos americanófilos militares da América Latina.

O que pensavam os irmãos do Norte? Bem, em tempos de Guerra Fria, um presidente socialista, ainda mais eleito de maneira democrática, era algo de insuportável para os Estados Unidos. Um péssimo exemplo para a América Latina, considerada “quintal” dos norte-americanos. Já bastava Cuba, uma república socialista a 100 quilômetros da Flórida. Os sentimentos do presidente republicano Richard Nixon se expressam sem rodeios em conversas com o Secretário de Estado Henry Kissinger: “Vamos chutar o rabo desse Allende”, diz Nixon em uma gravação.

Esse apoio dos EUA ao golpe encontrava eco no regime brasileiro, ditadura militar instaurada em 1964, na qual a demonização da esquerda era um dos pontos de honra, talvez o principal, talvez o único. Daí a colaboração brasileira para a derrubada de Allende e a instauração de um governo de extrema-direita no Chile.

O filme trabalha esse material inédito, no que toca ao empenho do embaixador brasileiro Câmara Canto no processo de desestabilização e golpe contra o governo Allende. Recorre, também, a vasto material colhido de várias fontes. Há entrevistas atuais com participantes daquele processo, como a ex-guerrilheira Vera Timóteo, o senador José Serra e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Soma-se a material de arquivo com depoimentos do presidente Salvador Allende e cenas famosas como a do Palácio de la Moneda sendo bombardeado por aviões da força aérea chilena.

A parte final do documentário é muito dura, com a memória de sobreviventes das torturas a que foram submetidos na época. Mesmo depois do golpe, o “convênio” entre as ditaduras continuou. O regime brasileiro chegou a enviar torturadores a Santiago para ensinar seus “métodos de trabalho” aos colegas chilenos. Um militar francês, Paul Aussaresses, veterano da Guerra da Argélia (1954-1962), considerado um papa no assunto, também é ouvido.

Neste momento em que muita gente clama nas ruas brasileiras por intervenção militar, esse vislumbre do horror é mais do que necessário. “O filme é, em suma, uma defesa da democracia”, diz Camilo Tavares.

Em 1973, a embaixada brasileira em Santiago serviu de ponto de apoio para o golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende em 11 de setembro. Essa colaboração brazuca no golpe que deu início a uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina é um dos temas centrais de O Grande Irmão - o Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, em cartaz no cinema. O subtítulo refere-se ao filme anterior de Tavares, na qual a ditadura brasileira é examinada. Esta segunda obra amplia o painel proposto sobre as ditaduras militares da América Latina.

De acordo com o cineasta, “na embaixada brasileira havia sala de comunicação hiper sofisticada para a época, com telex que transmitia diretamente para o Brasil, desde a posse de Allende até o governo Pinochet em Santiago”. Esse equipamento era necessário para que a coordenação do golpe fosse efetivada entre os militares dos dois países. Quem dá detalhes da operação é um dos entrevistados, Marcelo Siqueira, filho do então adido militar no Chile, o general Siqueira, enviado pelo governo de Emílio Garrastazu Médici para atuar contra Allende.

Um veículo arde durante confrontos entre manifestantes e policiais durante a comemoração do 49º aniversário do golpe militar de 1973 Foto: Javier Torres / AFP

O Grande Irmão não tem esse nome à toa. Alude à obra maior de George Orwell, 1984, e ao controle total do déspota sobre os cidadãos, mas se refere também aos Estados Unidos, chamado carinhosamente de “grande irmão do Norte” pelos americanófilos militares da América Latina.

O que pensavam os irmãos do Norte? Bem, em tempos de Guerra Fria, um presidente socialista, ainda mais eleito de maneira democrática, era algo de insuportável para os Estados Unidos. Um péssimo exemplo para a América Latina, considerada “quintal” dos norte-americanos. Já bastava Cuba, uma república socialista a 100 quilômetros da Flórida. Os sentimentos do presidente republicano Richard Nixon se expressam sem rodeios em conversas com o Secretário de Estado Henry Kissinger: “Vamos chutar o rabo desse Allende”, diz Nixon em uma gravação.

Esse apoio dos EUA ao golpe encontrava eco no regime brasileiro, ditadura militar instaurada em 1964, na qual a demonização da esquerda era um dos pontos de honra, talvez o principal, talvez o único. Daí a colaboração brasileira para a derrubada de Allende e a instauração de um governo de extrema-direita no Chile.

O filme trabalha esse material inédito, no que toca ao empenho do embaixador brasileiro Câmara Canto no processo de desestabilização e golpe contra o governo Allende. Recorre, também, a vasto material colhido de várias fontes. Há entrevistas atuais com participantes daquele processo, como a ex-guerrilheira Vera Timóteo, o senador José Serra e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Soma-se a material de arquivo com depoimentos do presidente Salvador Allende e cenas famosas como a do Palácio de la Moneda sendo bombardeado por aviões da força aérea chilena.

A parte final do documentário é muito dura, com a memória de sobreviventes das torturas a que foram submetidos na época. Mesmo depois do golpe, o “convênio” entre as ditaduras continuou. O regime brasileiro chegou a enviar torturadores a Santiago para ensinar seus “métodos de trabalho” aos colegas chilenos. Um militar francês, Paul Aussaresses, veterano da Guerra da Argélia (1954-1962), considerado um papa no assunto, também é ouvido.

Neste momento em que muita gente clama nas ruas brasileiras por intervenção militar, esse vislumbre do horror é mais do que necessário. “O filme é, em suma, uma defesa da democracia”, diz Camilo Tavares.

Em 1973, a embaixada brasileira em Santiago serviu de ponto de apoio para o golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende em 11 de setembro. Essa colaboração brazuca no golpe que deu início a uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina é um dos temas centrais de O Grande Irmão - o Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, em cartaz no cinema. O subtítulo refere-se ao filme anterior de Tavares, na qual a ditadura brasileira é examinada. Esta segunda obra amplia o painel proposto sobre as ditaduras militares da América Latina.

De acordo com o cineasta, “na embaixada brasileira havia sala de comunicação hiper sofisticada para a época, com telex que transmitia diretamente para o Brasil, desde a posse de Allende até o governo Pinochet em Santiago”. Esse equipamento era necessário para que a coordenação do golpe fosse efetivada entre os militares dos dois países. Quem dá detalhes da operação é um dos entrevistados, Marcelo Siqueira, filho do então adido militar no Chile, o general Siqueira, enviado pelo governo de Emílio Garrastazu Médici para atuar contra Allende.

Um veículo arde durante confrontos entre manifestantes e policiais durante a comemoração do 49º aniversário do golpe militar de 1973 Foto: Javier Torres / AFP

O Grande Irmão não tem esse nome à toa. Alude à obra maior de George Orwell, 1984, e ao controle total do déspota sobre os cidadãos, mas se refere também aos Estados Unidos, chamado carinhosamente de “grande irmão do Norte” pelos americanófilos militares da América Latina.

O que pensavam os irmãos do Norte? Bem, em tempos de Guerra Fria, um presidente socialista, ainda mais eleito de maneira democrática, era algo de insuportável para os Estados Unidos. Um péssimo exemplo para a América Latina, considerada “quintal” dos norte-americanos. Já bastava Cuba, uma república socialista a 100 quilômetros da Flórida. Os sentimentos do presidente republicano Richard Nixon se expressam sem rodeios em conversas com o Secretário de Estado Henry Kissinger: “Vamos chutar o rabo desse Allende”, diz Nixon em uma gravação.

Esse apoio dos EUA ao golpe encontrava eco no regime brasileiro, ditadura militar instaurada em 1964, na qual a demonização da esquerda era um dos pontos de honra, talvez o principal, talvez o único. Daí a colaboração brasileira para a derrubada de Allende e a instauração de um governo de extrema-direita no Chile.

O filme trabalha esse material inédito, no que toca ao empenho do embaixador brasileiro Câmara Canto no processo de desestabilização e golpe contra o governo Allende. Recorre, também, a vasto material colhido de várias fontes. Há entrevistas atuais com participantes daquele processo, como a ex-guerrilheira Vera Timóteo, o senador José Serra e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Soma-se a material de arquivo com depoimentos do presidente Salvador Allende e cenas famosas como a do Palácio de la Moneda sendo bombardeado por aviões da força aérea chilena.

A parte final do documentário é muito dura, com a memória de sobreviventes das torturas a que foram submetidos na época. Mesmo depois do golpe, o “convênio” entre as ditaduras continuou. O regime brasileiro chegou a enviar torturadores a Santiago para ensinar seus “métodos de trabalho” aos colegas chilenos. Um militar francês, Paul Aussaresses, veterano da Guerra da Argélia (1954-1962), considerado um papa no assunto, também é ouvido.

Neste momento em que muita gente clama nas ruas brasileiras por intervenção militar, esse vislumbre do horror é mais do que necessário. “O filme é, em suma, uma defesa da democracia”, diz Camilo Tavares.

Em 1973, a embaixada brasileira em Santiago serviu de ponto de apoio para o golpe de Estado que derrubou o presidente Salvador Allende em 11 de setembro. Essa colaboração brazuca no golpe que deu início a uma das mais sangrentas ditaduras militares da América Latina é um dos temas centrais de O Grande Irmão - o Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, em cartaz no cinema. O subtítulo refere-se ao filme anterior de Tavares, na qual a ditadura brasileira é examinada. Esta segunda obra amplia o painel proposto sobre as ditaduras militares da América Latina.

De acordo com o cineasta, “na embaixada brasileira havia sala de comunicação hiper sofisticada para a época, com telex que transmitia diretamente para o Brasil, desde a posse de Allende até o governo Pinochet em Santiago”. Esse equipamento era necessário para que a coordenação do golpe fosse efetivada entre os militares dos dois países. Quem dá detalhes da operação é um dos entrevistados, Marcelo Siqueira, filho do então adido militar no Chile, o general Siqueira, enviado pelo governo de Emílio Garrastazu Médici para atuar contra Allende.

Um veículo arde durante confrontos entre manifestantes e policiais durante a comemoração do 49º aniversário do golpe militar de 1973 Foto: Javier Torres / AFP

O Grande Irmão não tem esse nome à toa. Alude à obra maior de George Orwell, 1984, e ao controle total do déspota sobre os cidadãos, mas se refere também aos Estados Unidos, chamado carinhosamente de “grande irmão do Norte” pelos americanófilos militares da América Latina.

O que pensavam os irmãos do Norte? Bem, em tempos de Guerra Fria, um presidente socialista, ainda mais eleito de maneira democrática, era algo de insuportável para os Estados Unidos. Um péssimo exemplo para a América Latina, considerada “quintal” dos norte-americanos. Já bastava Cuba, uma república socialista a 100 quilômetros da Flórida. Os sentimentos do presidente republicano Richard Nixon se expressam sem rodeios em conversas com o Secretário de Estado Henry Kissinger: “Vamos chutar o rabo desse Allende”, diz Nixon em uma gravação.

Esse apoio dos EUA ao golpe encontrava eco no regime brasileiro, ditadura militar instaurada em 1964, na qual a demonização da esquerda era um dos pontos de honra, talvez o principal, talvez o único. Daí a colaboração brasileira para a derrubada de Allende e a instauração de um governo de extrema-direita no Chile.

O filme trabalha esse material inédito, no que toca ao empenho do embaixador brasileiro Câmara Canto no processo de desestabilização e golpe contra o governo Allende. Recorre, também, a vasto material colhido de várias fontes. Há entrevistas atuais com participantes daquele processo, como a ex-guerrilheira Vera Timóteo, o senador José Serra e o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Soma-se a material de arquivo com depoimentos do presidente Salvador Allende e cenas famosas como a do Palácio de la Moneda sendo bombardeado por aviões da força aérea chilena.

A parte final do documentário é muito dura, com a memória de sobreviventes das torturas a que foram submetidos na época. Mesmo depois do golpe, o “convênio” entre as ditaduras continuou. O regime brasileiro chegou a enviar torturadores a Santiago para ensinar seus “métodos de trabalho” aos colegas chilenos. Um militar francês, Paul Aussaresses, veterano da Guerra da Argélia (1954-1962), considerado um papa no assunto, também é ouvido.

Neste momento em que muita gente clama nas ruas brasileiras por intervenção militar, esse vislumbre do horror é mais do que necessário. “O filme é, em suma, uma defesa da democracia”, diz Camilo Tavares.

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