Em uma das primeiras galerias do novo Academy Museum of Motion Pictures, o Museu da Academia do Cinema, em Los Angeles, há uma grande tela mostrando cenas de Cidadão Kane.
Ande por trás dela e ali, quase brilhando sob um holofote, está um dos adereços mais famosos do filme, o trenó vermelho, chamado Rosebud, um dos três modelos de madeira balsa feitos para o filme. Os outros dois foram para a fornalha durante a gravação da crítica cena final do clássico de 1941, de Orson Welles.
Hollywood sempre parece fazer um bom trabalho retratando-se, e o novo museu segue esse padrão de excelência. O local, que abre ao público no dia 30 de setembro, visa agradar cinéfilos de carteirinha, assim como fãs casuais, com uma coleção estelar de adereços e exposições celebrando a produção de filmes na capital do cinema.
Lá dentro você encontrará os sapatinhos de rubi de Dorothy, supostamente aqueles que ela usou quando bateu seus saltos em O Mágico de Oz, de 1939, e um R2-D2 com controle remoto utilizado na saga Guerra nas Estrelas. Também há o roupão usado por Jeff Bridges em O Grande Lebowski, em 1998, um dos seis que a figurinista Mary Zophres comprou na loja Marshalls.
De fato, o museu faz um grande esforço iluminando o trabalho de muitas profissões que atuam nos bastidores e que continuam tão essenciais para o cinema. Você pode ver os chamados Foley artists recriando o som da corrida de Harrison Ford em Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida batendo com os pés no chão de um estúdio.
A exposição sobre figurinos mostra as máscaras feitas para estrelas como Grace Kelly e Clark Gable, usadas para posicionar perucas e barba, assim como os dentes protéticos que Charlize Theron usou em Monster. Desejo Assassino, de 2003.
E quem, além dos maiores fãs de cinema, saberia que Gale Sondergaard foi originalmente escalada para o papel da Bruxa Má em O Mágico de Oz, mas desistiu quando o papel mudou de uma bruxa glamorosa para uma bruxa feia. Nada bom para sua carreira, deve ter pensado.
“A esperança é que se oferecermos todas essas camadas, as pessoas podem mergulhar nelas o quanto quiserem”, disse Dara Jaffe, curadora-assistente, que trabalhou nessa galeria.
O museu terá uma coleção rotativa de exposições. Uma delas, dedicada ao diretor Spike Lee, mostra suas diversas fontes de inspiração, da capa de um álbum de John Coltrane a uma das guitarras de Prince. Também há o smoking lilás e amarelo em homenagem a Kobe Bryant que ele vestiu no Oscar do ano passado.
O museu, instalado em uma loja de departamentos reformada da May Company, foi projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, cujo trabalho inclui as alas Broad e Resnick do Los Angeles County Museum of Art, que fica bem ao lado. Sua localização, no coração da zona de museus da cidade, deve transformá-lo em uma parada popular para turistas e moradores. Entre suas características mais marcantes está uma esfera atrás do prédio original que funciona como um cinema de mil lugares.
Foi uma espera longa
O patrocinador do museu, a Academy of Motion Picture Arts and Sciences, sede do Oscar, está tentando criar um museu como esse quase desde sua fundação em 1927. O último resultado, como muitos blockbusters de Hollywood, atrasou e estourou o orçamento, com um custo final de 482 milhões de dólares. A Bloomberg Philanthropies providenciou o financiamento para o desenvolvimento de algumas experiências digitais do museu.
A entrada custa 25 dólares para adultos e crianças até 17 anos não pagam.
Há também uma experiência especial que vem com uma taxa extra de 15 dólares. Os visitantes podem atravessar cortinas vermelhas ondulantes e chegarem a um palco falso, com luzes em seus olhos e a projeção de um público aplaudindo enquanto fazem seus próprios discursos de agradecimento pelo Oscar. Cópias de vídeo ficam disponíveis depois como lembranças; apenas não demore muito.
Exposições iniciais
- Histórias do Cinema: Perspectivas comemorativas, críticas e pessoais sobre as disciplinas e o impacto da produção cinematográfica, no passado e no presente.
- Hayao Miyazaki: A primeira retrospectiva de museu na América do Norte da obra do aclamado cineasta japonês de animação do Studio Ghibli.
- O Caminho para o Cinema: Seleções dos mais importantes acervos mundiais de brinquedos e dispositivos ópticos pré-cinematográficos.
- Cenário de Fundo - Uma Arte Invisível: Instalação de pé-direito duplo que apresenta a pintura do Monte Rushmore usada em Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock.
- A Experiência do Oscar: Uma simulação imersiva que permite ao visitante imaginar-se subindo no palco do Dolby Theatre para receber um Oscar.
TRADUÇÃOLÍVIA BUELONI GONÇALVES