O que assistir na Mostra de Cinema de SP? Estadão indica 10 filmes imperdíveis para sua lista


Com mais de 350 títulos na programação e apenas duas semanas para ver tudo, fica difícil mesmo escolher quais filmes não deixar de fora. Esta seleção pode ajudar

Por Daniel Oliveira
Atualização:

Como decidir o que assistir na Mostra de Cinema de São Paulo? Separar dez dentre 362 filmes de 96 países diferentes é como se alguém te pedisse para eleger apenas uma dezena de canções do catálogo dos Beatles para ouvir pelo resto da vida e apagar todas as outras definitivamente. Ok, talvez não tão radical.

O fato é que escolher um longa na programação é conviver com a dor e a resignação de que há pelo menos umas outras cinco sessões promissoras e interessantes em que se poderia estar naquele momento, mas a física e o seu bolso não permitem.

E se você é daqueles indecisos que tem um ascendente muito forte em gêmeos, ou não sabe nem por onde começar, o Estadão oferece abaixo um Top 10 de filmes imperdíveis nesta 47ª edição do maior evento de cinema do país, que começa neste dia 19 e vai até 1º de novembro.

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Michelangelo Antonioni é o cineasta homenageado este ano na Mostra  Foto: Leemage/AFP

Agora, antes que as pedras comecem a voar porque essa ou aquela obra-prima ficou de fora da lista, alguns esclarecimentos importantes dos critérios que tivemos que seguir para chegar a uma seleção tão enxuta.

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  • Primeiro: Michelangelo Antonioni é um cineasta obrigatório e atemporal, e a retrospectiva de sua filmografia é uma chance única de ver suas obras na tela grande – se nunca teve essa experiência, não pense duas vezes.
  • Número dois: cinema brasileiro merece sempre sua atenção, e a Mostra é uma ótima oportunidade de conferir os títulos nacionais mais aclamados e premiados do ano. A gente inclui um deles na lista, mas os outros só ficaram de fora porque muito provavelmente estrearão no circuito comercial nos próximos meses.
  • E três: alguns dos longas mais elogiados de 2023 não couberam no top 10, mas estreiam em breve, como Afire — do sempre confiável cineasta alemão Christian Petzold, que venceu o Grande Prêmio do Júri em Berlim e chega às salas já no próximo dia 2 de novembro — ou, no pior dos cenários, você vai poder ver um dia no catálogo da Mubi ou algo parecido — como Ervas Secas, do premiadíssimo diretor turco Nuri Bilge Ceylan, que levou o prêmio de melhor atriz em Cannes.

Estabelecidas as regras, vamos ao que interessa e ótimas sessões!

Confira nossa lista de 10 filmes imperdíveis na Mostra de SP

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em ordem alfabética

1. A Batalha da Rua Maria Antônia

O segundo longa da diretora paulistana Vera Egito (Amores Urbanos) chega à Mostra ainda resplandecendo o brilho de quem acabou de vencer o cobiçado prêmio de melhor filme no Festival do Rio. A produção reúne um elenco de nomes menos conhecidos e outros mais – como o ator Caio Horowicz – para retratar as icônicas 24 horas em outubro de 1968 em que professores e alunos do movimento estudantil da Faculdade de Filosofia da USP enfrentaram o Comando de Caça aos Comunistas. Sendo uma produção “da gema”, é bem provável que cineasta e elenco comparecerão às sessões, que prometem estar entre as mais emocionantes do evento.

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Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

‘A Batalha da Rua Maria Antônia’ é o segundo longa da diretora paulistana Vera Egito e venceu o prêmio de melhor filme no Festival do Rio Foto: Manoela Estellita/Paranoid Films/Divulgação

2. A Memória Infinita

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Um dos filmes mais aclamados do Festival de Sundance deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio na competição internacional de documentários, a produção chilena registra o relacionamento entre o jornalista Augusto Góngora, veterano cronista dos crimes da ditadura de Pinochet, e Paulina Urrutia, atriz e ativista política, após ele ser diagnosticado com Alzheimer.

A Memória Infinita foi dirigido por Maite Alberdi, que já havia sido apontada como uma das documentaristas mais originais em atividade por seu longa anterior, o ótimo O Agente Duplo, de 2020. Como documentários têm cada vez mais dificuldade de chegar às salas de cinema, esta é uma oportunidade única de ver o filme na tela grande.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

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3. Anatomia de uma Queda

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano. Precisa dizer mais? O filme acompanha uma escritora (a ótima Sandra Hüller, de Toni Erdmann) investigada pelo morte do marido, que acontece nas exatas circunstâncias de um assassinato descrito no último livro dela.

Anatomia foi um sucesso estrondoso de público na França e, mesmo não tendo sido escolhido para representar o país no Oscar de melhor longa estrangeiro do ano que vem, está fortemente cotado para as principais categorias da premiação da Academia, incluindo melhor filme, atriz para Hüller, e direção e roteiro original para a cineasta Justine Triet.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, 22 de fevereiro de 2024, em plena temporada de Oscar

4. Fechar os Olhos

O veterano cineasta basco Víctor Erice, do alto de seus 83 anos, causou polêmica ao escrever uma carta aberta reclamando por este seu longa mais recente ter sido exibido em Cannes como uma sessão especial, e não na competitiva oficial. E a crítica parece ter concordado com ele: desde a estreia na Riviera Francesa, o filme vem colecionando elogios e sendo aclamado como uma grande carta de amor ao cinema.

A trama envolve o desaparecimento de um ator espanhol durante as filmagens de um longa, um mistério nunca resolvido e trazido de volta à tona nos dias atuais por um programa de televisão. O elenco inclui Manolo Solo, de O Labirinto do Fauno, e a argentina Soledad Villamil, de O Segredo dos seus Olhos.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

5. Folhas de Outono

Outro veterano, desta vez finlandês, também saiu de Cannes com a moral em alta. Aki Kaurismaki recebeu algumas das melhores críticas de sua (já bastante elogiada) carreira por esta história dos encontros e desencontros de dois estranhos que se conhecem por acaso nas ruas de Helsinki e tentam viver o último e definitivo amor de suas vidas.

O longa venceu o Prêmio do Júri na Riviera e ainda foi eleito o melhor filme de 2023 pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. Kaurismaki é daqueles diretores de estilo inconfundível, com um humor peculiar e uma mise-en-scène monotônica que pode alienar o espectador mais despreparado, mas a doçura de um romance outonal pode ser a chance para adentrar o universo de um dos principais e mais prolíficos autores da atualidade.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, no próximo dia 30 de novembro

6. Los Colonos

Uma das estreias mais elogiadas de 2023, o primeiro longa do cineasta chileno Felipe Gálvez Haberle vem sendo descrito como um faroeste latino pós-colonial. A trama, passada em 1901, acompanha uma expedição composta por um jovem mestiço, um mercenário norte-americano e um tenente britânico, contratados por um proprietário espanhol para demarcar o limite de suas terras e abrir caminho para o Atlântico por meio da Patagônia.

Mesclando sequências tensas e de ação com um forte subtexto político, o filme venceu o Prêmio da Crítica na mostra paralela Um Certo Olhar, em Cannes, e foi escolhido como o representante chileno na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, desbancando o favoritismo de Pablo Larraín e seu O Conde, premiado em Veneza.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

7. O Mal Não Existe

Depois de uma das dobradinhas mais premiadas da história, com os aclamadíssimos Roda do Destino (Grande Prêmio do Júri em Berlim) e Drive my Car (Melhor Roteiro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro) em 2021, o diretor japonês Ryûsuke Hamaguchi está de volta com esta parábola ambiental.

A trama acompanha uma comunidade rural lutando contra a gentrificação e a construção de uma área de acampamento “gourmet” em sua cidade. O longa saiu com o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, mas prepare-se porque a recepção não foi unânime: o final tem sido descrito como divisivo e deixou muita gente no Lido de nariz torcido.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

8. The Royal Hotel

A dupla formada pela diretora australiana Kitty Green e a atriz Julia Garner (a Ruth de Ozark) produziu um dos filmes mais comentados de 2019, A Assistente, que retratava o assédio moral e sexual sofrido por uma jovem recém-contratada por uma produtora independente bastante similar à dos irmãos Weinstein. As duas retornam agora com este The Royal Hotel, sobre duas turistas norte-americanas (Garner e Jessica Henwick) que, sem dinheiro no meio do deserto australiano, decidem trabalhar no bar do estabelecimento do título com o objetivo de pagar a passagem de volta para casa.

O problema é que o lugar é frequentado quase exclusivamente por homens, nada amigáveis, e as coisas não vão nada bem. Exibido nos festivais de Toronto, Londres e San Sebastián, o filme tem sido descrito como um suspense-pesadelo que toda mulher (e todo homem com um mínimo de empatia) vai reconhecer.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

9. Tiger Stripes

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Tiger Stripes é um dos longas de estreia mais inusitados deste ano. Combinando feminismo e cinema fantástico, o filme da cineasta malaia Amanda Nell Eu acompanha a jovem Zaffan que, ao atingir a puberdade aos 12 anos, descobre algo – sui generis – sobre seu corpo e tem que aprender a lutar contra a discriminação de que é vítima em sua comunidade. A produção foi premiada ainda em festivais na Catalunha, Canadá e Suíça.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

10. Zona de Interesse // Um Fim de Semana em Gaza

Zona de Interesse não tem erro: o filme mais elogiado no Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri, foi dirigido por Jonathan Glazer (Sob a Pele) e retrata a rotina da família de um oficial nazista que vive ao lado de um dos campos de concentração durante a Segunda Guerra com um olhar clínico e perturbador que é a perfeita descrição do que Hannah Arendt cunhou de banalidade do mal.

Mas se você não consegue ignorar os noticiários e sabe que o tema continua em voga hoje, vale uma dobradinha com Um Fim de Semana em Gaza, vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Toronto deste ano. Dirigida pelo israelense Basil Khalil, a comédia acompanha um jornalista britânico e sua namorada israelense que precisam recorrer a dois palestinos para tentarem sair de Israel após a ONU decretar um embargo terrestre e aéreo ao país devido à propagação de um vírus e – ironia – a Faixa de Gaza se tornar o lugar mais seguro da região.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Zona de Interesse estreia em 29 de fevereiro de 2024. Um Fim de Semana em Gaza não tem previsão de lançamento

Faixa bônus: Maestro

Recomendar um filme que estreia na Netflix já no próximo dia 7 de dezembro é quase desnecessário. Mas se você quiser a chance de ver a cinebiografia do compositor e maestro Leonard Bernstein dirigida e estrelada por Bradley Cooper, e belamente fotografada em preto e branco por Matthew Libatique, na tela grande, a sessão na Mostra pode ser sua única chance. Quase também desnecessário dizer, o filme está cotado para as principais categorias no Oscar 2024.

Como decidir o que assistir na Mostra de Cinema de São Paulo? Separar dez dentre 362 filmes de 96 países diferentes é como se alguém te pedisse para eleger apenas uma dezena de canções do catálogo dos Beatles para ouvir pelo resto da vida e apagar todas as outras definitivamente. Ok, talvez não tão radical.

O fato é que escolher um longa na programação é conviver com a dor e a resignação de que há pelo menos umas outras cinco sessões promissoras e interessantes em que se poderia estar naquele momento, mas a física e o seu bolso não permitem.

E se você é daqueles indecisos que tem um ascendente muito forte em gêmeos, ou não sabe nem por onde começar, o Estadão oferece abaixo um Top 10 de filmes imperdíveis nesta 47ª edição do maior evento de cinema do país, que começa neste dia 19 e vai até 1º de novembro.

Michelangelo Antonioni é o cineasta homenageado este ano na Mostra  Foto: Leemage/AFP

Agora, antes que as pedras comecem a voar porque essa ou aquela obra-prima ficou de fora da lista, alguns esclarecimentos importantes dos critérios que tivemos que seguir para chegar a uma seleção tão enxuta.

  • Primeiro: Michelangelo Antonioni é um cineasta obrigatório e atemporal, e a retrospectiva de sua filmografia é uma chance única de ver suas obras na tela grande – se nunca teve essa experiência, não pense duas vezes.
  • Número dois: cinema brasileiro merece sempre sua atenção, e a Mostra é uma ótima oportunidade de conferir os títulos nacionais mais aclamados e premiados do ano. A gente inclui um deles na lista, mas os outros só ficaram de fora porque muito provavelmente estrearão no circuito comercial nos próximos meses.
  • E três: alguns dos longas mais elogiados de 2023 não couberam no top 10, mas estreiam em breve, como Afire — do sempre confiável cineasta alemão Christian Petzold, que venceu o Grande Prêmio do Júri em Berlim e chega às salas já no próximo dia 2 de novembro — ou, no pior dos cenários, você vai poder ver um dia no catálogo da Mubi ou algo parecido — como Ervas Secas, do premiadíssimo diretor turco Nuri Bilge Ceylan, que levou o prêmio de melhor atriz em Cannes.

Estabelecidas as regras, vamos ao que interessa e ótimas sessões!

Confira nossa lista de 10 filmes imperdíveis na Mostra de SP

em ordem alfabética

1. A Batalha da Rua Maria Antônia

O segundo longa da diretora paulistana Vera Egito (Amores Urbanos) chega à Mostra ainda resplandecendo o brilho de quem acabou de vencer o cobiçado prêmio de melhor filme no Festival do Rio. A produção reúne um elenco de nomes menos conhecidos e outros mais – como o ator Caio Horowicz – para retratar as icônicas 24 horas em outubro de 1968 em que professores e alunos do movimento estudantil da Faculdade de Filosofia da USP enfrentaram o Comando de Caça aos Comunistas. Sendo uma produção “da gema”, é bem provável que cineasta e elenco comparecerão às sessões, que prometem estar entre as mais emocionantes do evento.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

‘A Batalha da Rua Maria Antônia’ é o segundo longa da diretora paulistana Vera Egito e venceu o prêmio de melhor filme no Festival do Rio Foto: Manoela Estellita/Paranoid Films/Divulgação

2. A Memória Infinita

Um dos filmes mais aclamados do Festival de Sundance deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio na competição internacional de documentários, a produção chilena registra o relacionamento entre o jornalista Augusto Góngora, veterano cronista dos crimes da ditadura de Pinochet, e Paulina Urrutia, atriz e ativista política, após ele ser diagnosticado com Alzheimer.

A Memória Infinita foi dirigido por Maite Alberdi, que já havia sido apontada como uma das documentaristas mais originais em atividade por seu longa anterior, o ótimo O Agente Duplo, de 2020. Como documentários têm cada vez mais dificuldade de chegar às salas de cinema, esta é uma oportunidade única de ver o filme na tela grande.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

3. Anatomia de uma Queda

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano. Precisa dizer mais? O filme acompanha uma escritora (a ótima Sandra Hüller, de Toni Erdmann) investigada pelo morte do marido, que acontece nas exatas circunstâncias de um assassinato descrito no último livro dela.

Anatomia foi um sucesso estrondoso de público na França e, mesmo não tendo sido escolhido para representar o país no Oscar de melhor longa estrangeiro do ano que vem, está fortemente cotado para as principais categorias da premiação da Academia, incluindo melhor filme, atriz para Hüller, e direção e roteiro original para a cineasta Justine Triet.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, 22 de fevereiro de 2024, em plena temporada de Oscar

4. Fechar os Olhos

O veterano cineasta basco Víctor Erice, do alto de seus 83 anos, causou polêmica ao escrever uma carta aberta reclamando por este seu longa mais recente ter sido exibido em Cannes como uma sessão especial, e não na competitiva oficial. E a crítica parece ter concordado com ele: desde a estreia na Riviera Francesa, o filme vem colecionando elogios e sendo aclamado como uma grande carta de amor ao cinema.

A trama envolve o desaparecimento de um ator espanhol durante as filmagens de um longa, um mistério nunca resolvido e trazido de volta à tona nos dias atuais por um programa de televisão. O elenco inclui Manolo Solo, de O Labirinto do Fauno, e a argentina Soledad Villamil, de O Segredo dos seus Olhos.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

5. Folhas de Outono

Outro veterano, desta vez finlandês, também saiu de Cannes com a moral em alta. Aki Kaurismaki recebeu algumas das melhores críticas de sua (já bastante elogiada) carreira por esta história dos encontros e desencontros de dois estranhos que se conhecem por acaso nas ruas de Helsinki e tentam viver o último e definitivo amor de suas vidas.

O longa venceu o Prêmio do Júri na Riviera e ainda foi eleito o melhor filme de 2023 pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. Kaurismaki é daqueles diretores de estilo inconfundível, com um humor peculiar e uma mise-en-scène monotônica que pode alienar o espectador mais despreparado, mas a doçura de um romance outonal pode ser a chance para adentrar o universo de um dos principais e mais prolíficos autores da atualidade.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, no próximo dia 30 de novembro

6. Los Colonos

Uma das estreias mais elogiadas de 2023, o primeiro longa do cineasta chileno Felipe Gálvez Haberle vem sendo descrito como um faroeste latino pós-colonial. A trama, passada em 1901, acompanha uma expedição composta por um jovem mestiço, um mercenário norte-americano e um tenente britânico, contratados por um proprietário espanhol para demarcar o limite de suas terras e abrir caminho para o Atlântico por meio da Patagônia.

Mesclando sequências tensas e de ação com um forte subtexto político, o filme venceu o Prêmio da Crítica na mostra paralela Um Certo Olhar, em Cannes, e foi escolhido como o representante chileno na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, desbancando o favoritismo de Pablo Larraín e seu O Conde, premiado em Veneza.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

7. O Mal Não Existe

Depois de uma das dobradinhas mais premiadas da história, com os aclamadíssimos Roda do Destino (Grande Prêmio do Júri em Berlim) e Drive my Car (Melhor Roteiro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro) em 2021, o diretor japonês Ryûsuke Hamaguchi está de volta com esta parábola ambiental.

A trama acompanha uma comunidade rural lutando contra a gentrificação e a construção de uma área de acampamento “gourmet” em sua cidade. O longa saiu com o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, mas prepare-se porque a recepção não foi unânime: o final tem sido descrito como divisivo e deixou muita gente no Lido de nariz torcido.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

8. The Royal Hotel

A dupla formada pela diretora australiana Kitty Green e a atriz Julia Garner (a Ruth de Ozark) produziu um dos filmes mais comentados de 2019, A Assistente, que retratava o assédio moral e sexual sofrido por uma jovem recém-contratada por uma produtora independente bastante similar à dos irmãos Weinstein. As duas retornam agora com este The Royal Hotel, sobre duas turistas norte-americanas (Garner e Jessica Henwick) que, sem dinheiro no meio do deserto australiano, decidem trabalhar no bar do estabelecimento do título com o objetivo de pagar a passagem de volta para casa.

O problema é que o lugar é frequentado quase exclusivamente por homens, nada amigáveis, e as coisas não vão nada bem. Exibido nos festivais de Toronto, Londres e San Sebastián, o filme tem sido descrito como um suspense-pesadelo que toda mulher (e todo homem com um mínimo de empatia) vai reconhecer.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

9. Tiger Stripes

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Tiger Stripes é um dos longas de estreia mais inusitados deste ano. Combinando feminismo e cinema fantástico, o filme da cineasta malaia Amanda Nell Eu acompanha a jovem Zaffan que, ao atingir a puberdade aos 12 anos, descobre algo – sui generis – sobre seu corpo e tem que aprender a lutar contra a discriminação de que é vítima em sua comunidade. A produção foi premiada ainda em festivais na Catalunha, Canadá e Suíça.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

10. Zona de Interesse // Um Fim de Semana em Gaza

Zona de Interesse não tem erro: o filme mais elogiado no Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri, foi dirigido por Jonathan Glazer (Sob a Pele) e retrata a rotina da família de um oficial nazista que vive ao lado de um dos campos de concentração durante a Segunda Guerra com um olhar clínico e perturbador que é a perfeita descrição do que Hannah Arendt cunhou de banalidade do mal.

Mas se você não consegue ignorar os noticiários e sabe que o tema continua em voga hoje, vale uma dobradinha com Um Fim de Semana em Gaza, vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Toronto deste ano. Dirigida pelo israelense Basil Khalil, a comédia acompanha um jornalista britânico e sua namorada israelense que precisam recorrer a dois palestinos para tentarem sair de Israel após a ONU decretar um embargo terrestre e aéreo ao país devido à propagação de um vírus e – ironia – a Faixa de Gaza se tornar o lugar mais seguro da região.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Zona de Interesse estreia em 29 de fevereiro de 2024. Um Fim de Semana em Gaza não tem previsão de lançamento

Faixa bônus: Maestro

Recomendar um filme que estreia na Netflix já no próximo dia 7 de dezembro é quase desnecessário. Mas se você quiser a chance de ver a cinebiografia do compositor e maestro Leonard Bernstein dirigida e estrelada por Bradley Cooper, e belamente fotografada em preto e branco por Matthew Libatique, na tela grande, a sessão na Mostra pode ser sua única chance. Quase também desnecessário dizer, o filme está cotado para as principais categorias no Oscar 2024.

Como decidir o que assistir na Mostra de Cinema de São Paulo? Separar dez dentre 362 filmes de 96 países diferentes é como se alguém te pedisse para eleger apenas uma dezena de canções do catálogo dos Beatles para ouvir pelo resto da vida e apagar todas as outras definitivamente. Ok, talvez não tão radical.

O fato é que escolher um longa na programação é conviver com a dor e a resignação de que há pelo menos umas outras cinco sessões promissoras e interessantes em que se poderia estar naquele momento, mas a física e o seu bolso não permitem.

E se você é daqueles indecisos que tem um ascendente muito forte em gêmeos, ou não sabe nem por onde começar, o Estadão oferece abaixo um Top 10 de filmes imperdíveis nesta 47ª edição do maior evento de cinema do país, que começa neste dia 19 e vai até 1º de novembro.

Michelangelo Antonioni é o cineasta homenageado este ano na Mostra  Foto: Leemage/AFP

Agora, antes que as pedras comecem a voar porque essa ou aquela obra-prima ficou de fora da lista, alguns esclarecimentos importantes dos critérios que tivemos que seguir para chegar a uma seleção tão enxuta.

  • Primeiro: Michelangelo Antonioni é um cineasta obrigatório e atemporal, e a retrospectiva de sua filmografia é uma chance única de ver suas obras na tela grande – se nunca teve essa experiência, não pense duas vezes.
  • Número dois: cinema brasileiro merece sempre sua atenção, e a Mostra é uma ótima oportunidade de conferir os títulos nacionais mais aclamados e premiados do ano. A gente inclui um deles na lista, mas os outros só ficaram de fora porque muito provavelmente estrearão no circuito comercial nos próximos meses.
  • E três: alguns dos longas mais elogiados de 2023 não couberam no top 10, mas estreiam em breve, como Afire — do sempre confiável cineasta alemão Christian Petzold, que venceu o Grande Prêmio do Júri em Berlim e chega às salas já no próximo dia 2 de novembro — ou, no pior dos cenários, você vai poder ver um dia no catálogo da Mubi ou algo parecido — como Ervas Secas, do premiadíssimo diretor turco Nuri Bilge Ceylan, que levou o prêmio de melhor atriz em Cannes.

Estabelecidas as regras, vamos ao que interessa e ótimas sessões!

Confira nossa lista de 10 filmes imperdíveis na Mostra de SP

em ordem alfabética

1. A Batalha da Rua Maria Antônia

O segundo longa da diretora paulistana Vera Egito (Amores Urbanos) chega à Mostra ainda resplandecendo o brilho de quem acabou de vencer o cobiçado prêmio de melhor filme no Festival do Rio. A produção reúne um elenco de nomes menos conhecidos e outros mais – como o ator Caio Horowicz – para retratar as icônicas 24 horas em outubro de 1968 em que professores e alunos do movimento estudantil da Faculdade de Filosofia da USP enfrentaram o Comando de Caça aos Comunistas. Sendo uma produção “da gema”, é bem provável que cineasta e elenco comparecerão às sessões, que prometem estar entre as mais emocionantes do evento.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

‘A Batalha da Rua Maria Antônia’ é o segundo longa da diretora paulistana Vera Egito e venceu o prêmio de melhor filme no Festival do Rio Foto: Manoela Estellita/Paranoid Films/Divulgação

2. A Memória Infinita

Um dos filmes mais aclamados do Festival de Sundance deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio na competição internacional de documentários, a produção chilena registra o relacionamento entre o jornalista Augusto Góngora, veterano cronista dos crimes da ditadura de Pinochet, e Paulina Urrutia, atriz e ativista política, após ele ser diagnosticado com Alzheimer.

A Memória Infinita foi dirigido por Maite Alberdi, que já havia sido apontada como uma das documentaristas mais originais em atividade por seu longa anterior, o ótimo O Agente Duplo, de 2020. Como documentários têm cada vez mais dificuldade de chegar às salas de cinema, esta é uma oportunidade única de ver o filme na tela grande.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

3. Anatomia de uma Queda

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano. Precisa dizer mais? O filme acompanha uma escritora (a ótima Sandra Hüller, de Toni Erdmann) investigada pelo morte do marido, que acontece nas exatas circunstâncias de um assassinato descrito no último livro dela.

Anatomia foi um sucesso estrondoso de público na França e, mesmo não tendo sido escolhido para representar o país no Oscar de melhor longa estrangeiro do ano que vem, está fortemente cotado para as principais categorias da premiação da Academia, incluindo melhor filme, atriz para Hüller, e direção e roteiro original para a cineasta Justine Triet.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, 22 de fevereiro de 2024, em plena temporada de Oscar

4. Fechar os Olhos

O veterano cineasta basco Víctor Erice, do alto de seus 83 anos, causou polêmica ao escrever uma carta aberta reclamando por este seu longa mais recente ter sido exibido em Cannes como uma sessão especial, e não na competitiva oficial. E a crítica parece ter concordado com ele: desde a estreia na Riviera Francesa, o filme vem colecionando elogios e sendo aclamado como uma grande carta de amor ao cinema.

A trama envolve o desaparecimento de um ator espanhol durante as filmagens de um longa, um mistério nunca resolvido e trazido de volta à tona nos dias atuais por um programa de televisão. O elenco inclui Manolo Solo, de O Labirinto do Fauno, e a argentina Soledad Villamil, de O Segredo dos seus Olhos.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

5. Folhas de Outono

Outro veterano, desta vez finlandês, também saiu de Cannes com a moral em alta. Aki Kaurismaki recebeu algumas das melhores críticas de sua (já bastante elogiada) carreira por esta história dos encontros e desencontros de dois estranhos que se conhecem por acaso nas ruas de Helsinki e tentam viver o último e definitivo amor de suas vidas.

O longa venceu o Prêmio do Júri na Riviera e ainda foi eleito o melhor filme de 2023 pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. Kaurismaki é daqueles diretores de estilo inconfundível, com um humor peculiar e uma mise-en-scène monotônica que pode alienar o espectador mais despreparado, mas a doçura de um romance outonal pode ser a chance para adentrar o universo de um dos principais e mais prolíficos autores da atualidade.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, no próximo dia 30 de novembro

6. Los Colonos

Uma das estreias mais elogiadas de 2023, o primeiro longa do cineasta chileno Felipe Gálvez Haberle vem sendo descrito como um faroeste latino pós-colonial. A trama, passada em 1901, acompanha uma expedição composta por um jovem mestiço, um mercenário norte-americano e um tenente britânico, contratados por um proprietário espanhol para demarcar o limite de suas terras e abrir caminho para o Atlântico por meio da Patagônia.

Mesclando sequências tensas e de ação com um forte subtexto político, o filme venceu o Prêmio da Crítica na mostra paralela Um Certo Olhar, em Cannes, e foi escolhido como o representante chileno na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, desbancando o favoritismo de Pablo Larraín e seu O Conde, premiado em Veneza.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

7. O Mal Não Existe

Depois de uma das dobradinhas mais premiadas da história, com os aclamadíssimos Roda do Destino (Grande Prêmio do Júri em Berlim) e Drive my Car (Melhor Roteiro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro) em 2021, o diretor japonês Ryûsuke Hamaguchi está de volta com esta parábola ambiental.

A trama acompanha uma comunidade rural lutando contra a gentrificação e a construção de uma área de acampamento “gourmet” em sua cidade. O longa saiu com o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, mas prepare-se porque a recepção não foi unânime: o final tem sido descrito como divisivo e deixou muita gente no Lido de nariz torcido.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

8. The Royal Hotel

A dupla formada pela diretora australiana Kitty Green e a atriz Julia Garner (a Ruth de Ozark) produziu um dos filmes mais comentados de 2019, A Assistente, que retratava o assédio moral e sexual sofrido por uma jovem recém-contratada por uma produtora independente bastante similar à dos irmãos Weinstein. As duas retornam agora com este The Royal Hotel, sobre duas turistas norte-americanas (Garner e Jessica Henwick) que, sem dinheiro no meio do deserto australiano, decidem trabalhar no bar do estabelecimento do título com o objetivo de pagar a passagem de volta para casa.

O problema é que o lugar é frequentado quase exclusivamente por homens, nada amigáveis, e as coisas não vão nada bem. Exibido nos festivais de Toronto, Londres e San Sebastián, o filme tem sido descrito como um suspense-pesadelo que toda mulher (e todo homem com um mínimo de empatia) vai reconhecer.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

9. Tiger Stripes

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Tiger Stripes é um dos longas de estreia mais inusitados deste ano. Combinando feminismo e cinema fantástico, o filme da cineasta malaia Amanda Nell Eu acompanha a jovem Zaffan que, ao atingir a puberdade aos 12 anos, descobre algo – sui generis – sobre seu corpo e tem que aprender a lutar contra a discriminação de que é vítima em sua comunidade. A produção foi premiada ainda em festivais na Catalunha, Canadá e Suíça.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

10. Zona de Interesse // Um Fim de Semana em Gaza

Zona de Interesse não tem erro: o filme mais elogiado no Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri, foi dirigido por Jonathan Glazer (Sob a Pele) e retrata a rotina da família de um oficial nazista que vive ao lado de um dos campos de concentração durante a Segunda Guerra com um olhar clínico e perturbador que é a perfeita descrição do que Hannah Arendt cunhou de banalidade do mal.

Mas se você não consegue ignorar os noticiários e sabe que o tema continua em voga hoje, vale uma dobradinha com Um Fim de Semana em Gaza, vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Toronto deste ano. Dirigida pelo israelense Basil Khalil, a comédia acompanha um jornalista britânico e sua namorada israelense que precisam recorrer a dois palestinos para tentarem sair de Israel após a ONU decretar um embargo terrestre e aéreo ao país devido à propagação de um vírus e – ironia – a Faixa de Gaza se tornar o lugar mais seguro da região.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Zona de Interesse estreia em 29 de fevereiro de 2024. Um Fim de Semana em Gaza não tem previsão de lançamento

Faixa bônus: Maestro

Recomendar um filme que estreia na Netflix já no próximo dia 7 de dezembro é quase desnecessário. Mas se você quiser a chance de ver a cinebiografia do compositor e maestro Leonard Bernstein dirigida e estrelada por Bradley Cooper, e belamente fotografada em preto e branco por Matthew Libatique, na tela grande, a sessão na Mostra pode ser sua única chance. Quase também desnecessário dizer, o filme está cotado para as principais categorias no Oscar 2024.

Como decidir o que assistir na Mostra de Cinema de São Paulo? Separar dez dentre 362 filmes de 96 países diferentes é como se alguém te pedisse para eleger apenas uma dezena de canções do catálogo dos Beatles para ouvir pelo resto da vida e apagar todas as outras definitivamente. Ok, talvez não tão radical.

O fato é que escolher um longa na programação é conviver com a dor e a resignação de que há pelo menos umas outras cinco sessões promissoras e interessantes em que se poderia estar naquele momento, mas a física e o seu bolso não permitem.

E se você é daqueles indecisos que tem um ascendente muito forte em gêmeos, ou não sabe nem por onde começar, o Estadão oferece abaixo um Top 10 de filmes imperdíveis nesta 47ª edição do maior evento de cinema do país, que começa neste dia 19 e vai até 1º de novembro.

Michelangelo Antonioni é o cineasta homenageado este ano na Mostra  Foto: Leemage/AFP

Agora, antes que as pedras comecem a voar porque essa ou aquela obra-prima ficou de fora da lista, alguns esclarecimentos importantes dos critérios que tivemos que seguir para chegar a uma seleção tão enxuta.

  • Primeiro: Michelangelo Antonioni é um cineasta obrigatório e atemporal, e a retrospectiva de sua filmografia é uma chance única de ver suas obras na tela grande – se nunca teve essa experiência, não pense duas vezes.
  • Número dois: cinema brasileiro merece sempre sua atenção, e a Mostra é uma ótima oportunidade de conferir os títulos nacionais mais aclamados e premiados do ano. A gente inclui um deles na lista, mas os outros só ficaram de fora porque muito provavelmente estrearão no circuito comercial nos próximos meses.
  • E três: alguns dos longas mais elogiados de 2023 não couberam no top 10, mas estreiam em breve, como Afire — do sempre confiável cineasta alemão Christian Petzold, que venceu o Grande Prêmio do Júri em Berlim e chega às salas já no próximo dia 2 de novembro — ou, no pior dos cenários, você vai poder ver um dia no catálogo da Mubi ou algo parecido — como Ervas Secas, do premiadíssimo diretor turco Nuri Bilge Ceylan, que levou o prêmio de melhor atriz em Cannes.

Estabelecidas as regras, vamos ao que interessa e ótimas sessões!

Confira nossa lista de 10 filmes imperdíveis na Mostra de SP

em ordem alfabética

1. A Batalha da Rua Maria Antônia

O segundo longa da diretora paulistana Vera Egito (Amores Urbanos) chega à Mostra ainda resplandecendo o brilho de quem acabou de vencer o cobiçado prêmio de melhor filme no Festival do Rio. A produção reúne um elenco de nomes menos conhecidos e outros mais – como o ator Caio Horowicz – para retratar as icônicas 24 horas em outubro de 1968 em que professores e alunos do movimento estudantil da Faculdade de Filosofia da USP enfrentaram o Comando de Caça aos Comunistas. Sendo uma produção “da gema”, é bem provável que cineasta e elenco comparecerão às sessões, que prometem estar entre as mais emocionantes do evento.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

‘A Batalha da Rua Maria Antônia’ é o segundo longa da diretora paulistana Vera Egito e venceu o prêmio de melhor filme no Festival do Rio Foto: Manoela Estellita/Paranoid Films/Divulgação

2. A Memória Infinita

Um dos filmes mais aclamados do Festival de Sundance deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio na competição internacional de documentários, a produção chilena registra o relacionamento entre o jornalista Augusto Góngora, veterano cronista dos crimes da ditadura de Pinochet, e Paulina Urrutia, atriz e ativista política, após ele ser diagnosticado com Alzheimer.

A Memória Infinita foi dirigido por Maite Alberdi, que já havia sido apontada como uma das documentaristas mais originais em atividade por seu longa anterior, o ótimo O Agente Duplo, de 2020. Como documentários têm cada vez mais dificuldade de chegar às salas de cinema, esta é uma oportunidade única de ver o filme na tela grande.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

3. Anatomia de uma Queda

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano. Precisa dizer mais? O filme acompanha uma escritora (a ótima Sandra Hüller, de Toni Erdmann) investigada pelo morte do marido, que acontece nas exatas circunstâncias de um assassinato descrito no último livro dela.

Anatomia foi um sucesso estrondoso de público na França e, mesmo não tendo sido escolhido para representar o país no Oscar de melhor longa estrangeiro do ano que vem, está fortemente cotado para as principais categorias da premiação da Academia, incluindo melhor filme, atriz para Hüller, e direção e roteiro original para a cineasta Justine Triet.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, 22 de fevereiro de 2024, em plena temporada de Oscar

4. Fechar os Olhos

O veterano cineasta basco Víctor Erice, do alto de seus 83 anos, causou polêmica ao escrever uma carta aberta reclamando por este seu longa mais recente ter sido exibido em Cannes como uma sessão especial, e não na competitiva oficial. E a crítica parece ter concordado com ele: desde a estreia na Riviera Francesa, o filme vem colecionando elogios e sendo aclamado como uma grande carta de amor ao cinema.

A trama envolve o desaparecimento de um ator espanhol durante as filmagens de um longa, um mistério nunca resolvido e trazido de volta à tona nos dias atuais por um programa de televisão. O elenco inclui Manolo Solo, de O Labirinto do Fauno, e a argentina Soledad Villamil, de O Segredo dos seus Olhos.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

5. Folhas de Outono

Outro veterano, desta vez finlandês, também saiu de Cannes com a moral em alta. Aki Kaurismaki recebeu algumas das melhores críticas de sua (já bastante elogiada) carreira por esta história dos encontros e desencontros de dois estranhos que se conhecem por acaso nas ruas de Helsinki e tentam viver o último e definitivo amor de suas vidas.

O longa venceu o Prêmio do Júri na Riviera e ainda foi eleito o melhor filme de 2023 pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. Kaurismaki é daqueles diretores de estilo inconfundível, com um humor peculiar e uma mise-en-scène monotônica que pode alienar o espectador mais despreparado, mas a doçura de um romance outonal pode ser a chance para adentrar o universo de um dos principais e mais prolíficos autores da atualidade.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, no próximo dia 30 de novembro

6. Los Colonos

Uma das estreias mais elogiadas de 2023, o primeiro longa do cineasta chileno Felipe Gálvez Haberle vem sendo descrito como um faroeste latino pós-colonial. A trama, passada em 1901, acompanha uma expedição composta por um jovem mestiço, um mercenário norte-americano e um tenente britânico, contratados por um proprietário espanhol para demarcar o limite de suas terras e abrir caminho para o Atlântico por meio da Patagônia.

Mesclando sequências tensas e de ação com um forte subtexto político, o filme venceu o Prêmio da Crítica na mostra paralela Um Certo Olhar, em Cannes, e foi escolhido como o representante chileno na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, desbancando o favoritismo de Pablo Larraín e seu O Conde, premiado em Veneza.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

7. O Mal Não Existe

Depois de uma das dobradinhas mais premiadas da história, com os aclamadíssimos Roda do Destino (Grande Prêmio do Júri em Berlim) e Drive my Car (Melhor Roteiro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro) em 2021, o diretor japonês Ryûsuke Hamaguchi está de volta com esta parábola ambiental.

A trama acompanha uma comunidade rural lutando contra a gentrificação e a construção de uma área de acampamento “gourmet” em sua cidade. O longa saiu com o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, mas prepare-se porque a recepção não foi unânime: o final tem sido descrito como divisivo e deixou muita gente no Lido de nariz torcido.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

8. The Royal Hotel

A dupla formada pela diretora australiana Kitty Green e a atriz Julia Garner (a Ruth de Ozark) produziu um dos filmes mais comentados de 2019, A Assistente, que retratava o assédio moral e sexual sofrido por uma jovem recém-contratada por uma produtora independente bastante similar à dos irmãos Weinstein. As duas retornam agora com este The Royal Hotel, sobre duas turistas norte-americanas (Garner e Jessica Henwick) que, sem dinheiro no meio do deserto australiano, decidem trabalhar no bar do estabelecimento do título com o objetivo de pagar a passagem de volta para casa.

O problema é que o lugar é frequentado quase exclusivamente por homens, nada amigáveis, e as coisas não vão nada bem. Exibido nos festivais de Toronto, Londres e San Sebastián, o filme tem sido descrito como um suspense-pesadelo que toda mulher (e todo homem com um mínimo de empatia) vai reconhecer.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

9. Tiger Stripes

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Tiger Stripes é um dos longas de estreia mais inusitados deste ano. Combinando feminismo e cinema fantástico, o filme da cineasta malaia Amanda Nell Eu acompanha a jovem Zaffan que, ao atingir a puberdade aos 12 anos, descobre algo – sui generis – sobre seu corpo e tem que aprender a lutar contra a discriminação de que é vítima em sua comunidade. A produção foi premiada ainda em festivais na Catalunha, Canadá e Suíça.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

10. Zona de Interesse // Um Fim de Semana em Gaza

Zona de Interesse não tem erro: o filme mais elogiado no Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri, foi dirigido por Jonathan Glazer (Sob a Pele) e retrata a rotina da família de um oficial nazista que vive ao lado de um dos campos de concentração durante a Segunda Guerra com um olhar clínico e perturbador que é a perfeita descrição do que Hannah Arendt cunhou de banalidade do mal.

Mas se você não consegue ignorar os noticiários e sabe que o tema continua em voga hoje, vale uma dobradinha com Um Fim de Semana em Gaza, vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Toronto deste ano. Dirigida pelo israelense Basil Khalil, a comédia acompanha um jornalista britânico e sua namorada israelense que precisam recorrer a dois palestinos para tentarem sair de Israel após a ONU decretar um embargo terrestre e aéreo ao país devido à propagação de um vírus e – ironia – a Faixa de Gaza se tornar o lugar mais seguro da região.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Zona de Interesse estreia em 29 de fevereiro de 2024. Um Fim de Semana em Gaza não tem previsão de lançamento

Faixa bônus: Maestro

Recomendar um filme que estreia na Netflix já no próximo dia 7 de dezembro é quase desnecessário. Mas se você quiser a chance de ver a cinebiografia do compositor e maestro Leonard Bernstein dirigida e estrelada por Bradley Cooper, e belamente fotografada em preto e branco por Matthew Libatique, na tela grande, a sessão na Mostra pode ser sua única chance. Quase também desnecessário dizer, o filme está cotado para as principais categorias no Oscar 2024.

Como decidir o que assistir na Mostra de Cinema de São Paulo? Separar dez dentre 362 filmes de 96 países diferentes é como se alguém te pedisse para eleger apenas uma dezena de canções do catálogo dos Beatles para ouvir pelo resto da vida e apagar todas as outras definitivamente. Ok, talvez não tão radical.

O fato é que escolher um longa na programação é conviver com a dor e a resignação de que há pelo menos umas outras cinco sessões promissoras e interessantes em que se poderia estar naquele momento, mas a física e o seu bolso não permitem.

E se você é daqueles indecisos que tem um ascendente muito forte em gêmeos, ou não sabe nem por onde começar, o Estadão oferece abaixo um Top 10 de filmes imperdíveis nesta 47ª edição do maior evento de cinema do país, que começa neste dia 19 e vai até 1º de novembro.

Michelangelo Antonioni é o cineasta homenageado este ano na Mostra  Foto: Leemage/AFP

Agora, antes que as pedras comecem a voar porque essa ou aquela obra-prima ficou de fora da lista, alguns esclarecimentos importantes dos critérios que tivemos que seguir para chegar a uma seleção tão enxuta.

  • Primeiro: Michelangelo Antonioni é um cineasta obrigatório e atemporal, e a retrospectiva de sua filmografia é uma chance única de ver suas obras na tela grande – se nunca teve essa experiência, não pense duas vezes.
  • Número dois: cinema brasileiro merece sempre sua atenção, e a Mostra é uma ótima oportunidade de conferir os títulos nacionais mais aclamados e premiados do ano. A gente inclui um deles na lista, mas os outros só ficaram de fora porque muito provavelmente estrearão no circuito comercial nos próximos meses.
  • E três: alguns dos longas mais elogiados de 2023 não couberam no top 10, mas estreiam em breve, como Afire — do sempre confiável cineasta alemão Christian Petzold, que venceu o Grande Prêmio do Júri em Berlim e chega às salas já no próximo dia 2 de novembro — ou, no pior dos cenários, você vai poder ver um dia no catálogo da Mubi ou algo parecido — como Ervas Secas, do premiadíssimo diretor turco Nuri Bilge Ceylan, que levou o prêmio de melhor atriz em Cannes.

Estabelecidas as regras, vamos ao que interessa e ótimas sessões!

Confira nossa lista de 10 filmes imperdíveis na Mostra de SP

em ordem alfabética

1. A Batalha da Rua Maria Antônia

O segundo longa da diretora paulistana Vera Egito (Amores Urbanos) chega à Mostra ainda resplandecendo o brilho de quem acabou de vencer o cobiçado prêmio de melhor filme no Festival do Rio. A produção reúne um elenco de nomes menos conhecidos e outros mais – como o ator Caio Horowicz – para retratar as icônicas 24 horas em outubro de 1968 em que professores e alunos do movimento estudantil da Faculdade de Filosofia da USP enfrentaram o Comando de Caça aos Comunistas. Sendo uma produção “da gema”, é bem provável que cineasta e elenco comparecerão às sessões, que prometem estar entre as mais emocionantes do evento.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

‘A Batalha da Rua Maria Antônia’ é o segundo longa da diretora paulistana Vera Egito e venceu o prêmio de melhor filme no Festival do Rio Foto: Manoela Estellita/Paranoid Films/Divulgação

2. A Memória Infinita

Um dos filmes mais aclamados do Festival de Sundance deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio na competição internacional de documentários, a produção chilena registra o relacionamento entre o jornalista Augusto Góngora, veterano cronista dos crimes da ditadura de Pinochet, e Paulina Urrutia, atriz e ativista política, após ele ser diagnosticado com Alzheimer.

A Memória Infinita foi dirigido por Maite Alberdi, que já havia sido apontada como uma das documentaristas mais originais em atividade por seu longa anterior, o ótimo O Agente Duplo, de 2020. Como documentários têm cada vez mais dificuldade de chegar às salas de cinema, esta é uma oportunidade única de ver o filme na tela grande.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

3. Anatomia de uma Queda

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano. Precisa dizer mais? O filme acompanha uma escritora (a ótima Sandra Hüller, de Toni Erdmann) investigada pelo morte do marido, que acontece nas exatas circunstâncias de um assassinato descrito no último livro dela.

Anatomia foi um sucesso estrondoso de público na França e, mesmo não tendo sido escolhido para representar o país no Oscar de melhor longa estrangeiro do ano que vem, está fortemente cotado para as principais categorias da premiação da Academia, incluindo melhor filme, atriz para Hüller, e direção e roteiro original para a cineasta Justine Triet.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, 22 de fevereiro de 2024, em plena temporada de Oscar

4. Fechar os Olhos

O veterano cineasta basco Víctor Erice, do alto de seus 83 anos, causou polêmica ao escrever uma carta aberta reclamando por este seu longa mais recente ter sido exibido em Cannes como uma sessão especial, e não na competitiva oficial. E a crítica parece ter concordado com ele: desde a estreia na Riviera Francesa, o filme vem colecionando elogios e sendo aclamado como uma grande carta de amor ao cinema.

A trama envolve o desaparecimento de um ator espanhol durante as filmagens de um longa, um mistério nunca resolvido e trazido de volta à tona nos dias atuais por um programa de televisão. O elenco inclui Manolo Solo, de O Labirinto do Fauno, e a argentina Soledad Villamil, de O Segredo dos seus Olhos.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

5. Folhas de Outono

Outro veterano, desta vez finlandês, também saiu de Cannes com a moral em alta. Aki Kaurismaki recebeu algumas das melhores críticas de sua (já bastante elogiada) carreira por esta história dos encontros e desencontros de dois estranhos que se conhecem por acaso nas ruas de Helsinki e tentam viver o último e definitivo amor de suas vidas.

O longa venceu o Prêmio do Júri na Riviera e ainda foi eleito o melhor filme de 2023 pela Fipresci, a Federação Internacional de Críticos de Cinema. Kaurismaki é daqueles diretores de estilo inconfundível, com um humor peculiar e uma mise-en-scène monotônica que pode alienar o espectador mais despreparado, mas a doçura de um romance outonal pode ser a chance para adentrar o universo de um dos principais e mais prolíficos autores da atualidade.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Sim, no próximo dia 30 de novembro

6. Los Colonos

Uma das estreias mais elogiadas de 2023, o primeiro longa do cineasta chileno Felipe Gálvez Haberle vem sendo descrito como um faroeste latino pós-colonial. A trama, passada em 1901, acompanha uma expedição composta por um jovem mestiço, um mercenário norte-americano e um tenente britânico, contratados por um proprietário espanhol para demarcar o limite de suas terras e abrir caminho para o Atlântico por meio da Patagônia.

Mesclando sequências tensas e de ação com um forte subtexto político, o filme venceu o Prêmio da Crítica na mostra paralela Um Certo Olhar, em Cannes, e foi escolhido como o representante chileno na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, desbancando o favoritismo de Pablo Larraín e seu O Conde, premiado em Veneza.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

7. O Mal Não Existe

Depois de uma das dobradinhas mais premiadas da história, com os aclamadíssimos Roda do Destino (Grande Prêmio do Júri em Berlim) e Drive my Car (Melhor Roteiro em Cannes e Oscar de melhor filme estrangeiro) em 2021, o diretor japonês Ryûsuke Hamaguchi está de volta com esta parábola ambiental.

A trama acompanha uma comunidade rural lutando contra a gentrificação e a construção de uma área de acampamento “gourmet” em sua cidade. O longa saiu com o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, mas prepare-se porque a recepção não foi unânime: o final tem sido descrito como divisivo e deixou muita gente no Lido de nariz torcido.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

8. The Royal Hotel

A dupla formada pela diretora australiana Kitty Green e a atriz Julia Garner (a Ruth de Ozark) produziu um dos filmes mais comentados de 2019, A Assistente, que retratava o assédio moral e sexual sofrido por uma jovem recém-contratada por uma produtora independente bastante similar à dos irmãos Weinstein. As duas retornam agora com este The Royal Hotel, sobre duas turistas norte-americanas (Garner e Jessica Henwick) que, sem dinheiro no meio do deserto australiano, decidem trabalhar no bar do estabelecimento do título com o objetivo de pagar a passagem de volta para casa.

O problema é que o lugar é frequentado quase exclusivamente por homens, nada amigáveis, e as coisas não vão nada bem. Exibido nos festivais de Toronto, Londres e San Sebastián, o filme tem sido descrito como um suspense-pesadelo que toda mulher (e todo homem com um mínimo de empatia) vai reconhecer.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

9. Tiger Stripes

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes, Tiger Stripes é um dos longas de estreia mais inusitados deste ano. Combinando feminismo e cinema fantástico, o filme da cineasta malaia Amanda Nell Eu acompanha a jovem Zaffan que, ao atingir a puberdade aos 12 anos, descobre algo – sui generis – sobre seu corpo e tem que aprender a lutar contra a discriminação de que é vítima em sua comunidade. A produção foi premiada ainda em festivais na Catalunha, Canadá e Suíça.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Ainda não.

10. Zona de Interesse // Um Fim de Semana em Gaza

Zona de Interesse não tem erro: o filme mais elogiado no Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri, foi dirigido por Jonathan Glazer (Sob a Pele) e retrata a rotina da família de um oficial nazista que vive ao lado de um dos campos de concentração durante a Segunda Guerra com um olhar clínico e perturbador que é a perfeita descrição do que Hannah Arendt cunhou de banalidade do mal.

Mas se você não consegue ignorar os noticiários e sabe que o tema continua em voga hoje, vale uma dobradinha com Um Fim de Semana em Gaza, vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Toronto deste ano. Dirigida pelo israelense Basil Khalil, a comédia acompanha um jornalista britânico e sua namorada israelense que precisam recorrer a dois palestinos para tentarem sair de Israel após a ONU decretar um embargo terrestre e aéreo ao país devido à propagação de um vírus e – ironia – a Faixa de Gaza se tornar o lugar mais seguro da região.

Já tem previsão de estreia fora da Mostra? Zona de Interesse estreia em 29 de fevereiro de 2024. Um Fim de Semana em Gaza não tem previsão de lançamento

Faixa bônus: Maestro

Recomendar um filme que estreia na Netflix já no próximo dia 7 de dezembro é quase desnecessário. Mas se você quiser a chance de ver a cinebiografia do compositor e maestro Leonard Bernstein dirigida e estrelada por Bradley Cooper, e belamente fotografada em preto e branco por Matthew Libatique, na tela grande, a sessão na Mostra pode ser sua única chance. Quase também desnecessário dizer, o filme está cotado para as principais categorias no Oscar 2024.

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