‘Pantera Negra’: força feminina, luto e ação ganham espaço em ‘Wakanda para Sempre’


Confira entrevista com Ryan Coogler e elenco sobre missão de levar adiante a história sem Chadwick Boseman; filme estreou nos cinemas esta semana

Por Mariane Morisawa
Atualização:

Antes de tudo, Pantera Negra: Wakanda para Sempre é uma homenagem a Chadwick Boseman, o ator que fez o super-herói no filme original e que morreu de câncer em agosto de 2020, meses antes do início das filmagens da sequência. O filme, que estreou nesta quinta-feira, 10, no Brasil, começa com a irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright), tentando salvá-lo, sem sucesso.

“Foi uma honra voltar. Este é o mundo que conhecemos e amamos”, disse Wright em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “Mas é um mundo a que estamos retornando e compartilhando com o público sem o nosso rei. Certamente foi um processo e tanto, que pediu vulnerabilidade, profundidade e verdade.”

Os percalços foram muitos. Kevin Feige, o chefão do Estúdio Marvel, contou que, depois do choque de saber da morte de Boseman, vieram as perguntas. “O que fazer? Devemos fazer alguma coisa?”, perguntou, em coletiva de imprensa. “Mas logo determinamos que esse elenco de personagens e esse mundo criado na tela precisavam continuar.”

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Cena de 'Pantera Negra: Wakanda Para Sempre', que estreia nesta quinta nos cinemas.  Foto: Marvel Studios via AP

A equipe e o elenco se reuniram novamente em junho de 2021, em plena pandemia. “Estávamos todos loucos para nos abraçar novamente, depois de tanta solidão e dos sentimentos de luto e perda”, contou o diretor Ryan Coogler na mesma coletiva. Essas emoções estariam também na tela, da maneira mais honesta possível. “Não é só luto, mas todas as emoções que alguém sente com qualquer perda profunda”, observou o produtor Nate Moore.

O impacto da morte de um rei, herói e protetor é bem claro em Wakanda. O povo inteiro sofre, mas principalmente as pessoas mais próximas: sua mãe, Ramonda (Angela Bassett), que precisa assumir o trono, sua irmã, Shuri, sua amada, Nakia (Lupita Nyong’o), e sua general, a cabeça de Dora Milaje, a tropa de elite do país, Okoye (Danai Gurira). Todas elas mulheres, o que torna Wakanda para Sempre bem mais feminino do que Pantera Negra.

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A mais afetada é Shuri. “Ela perde o senso de quem é”, lembrou Coogler. Letitia Wright comparou a princesa do primeiro filme com a dessa produção. “Ela era um raio de sol, protegida pelo seu irmão, criativa, sem limites”, admitiu a atriz. “E agora ganha um arco diferente. Espero que as pessoas possam se identificar com isso e encontrar alguma cura, junto conosco.”

Nyong’o disse ter tido inveja de Wright. “Porque Letitia pôde ser caótica”, afirmou. “Queria expressar o que sentia, mas a reação de Nakia é bem diferente. Agradeço, no entanto, ao Ryan Coogler por ter tido a chance de aprender com a sabedoria da minha personagem ao lidar com a perda.”

O mexicano Tenoch Huerta interpeta o vilão Namor, líder de Talocan que, assim como Wakanda, resistiu à colonização. Foto: Marvel Studios/EFE
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Vilão

Claro que um filme da Marvel não pode ser feito só de luto e homenagem. É preciso ter ação e um vilão - ou, pelo menos, um antagonista. O papel aqui é ocupado por Namor (Tenoch Huerta). O Príncipe Submarino é transformado no líder de um povo mesoamericano que se refugiou no oceano depois de ter suas terras invadidas pelos colonizadores espanhóis, fundando uma civilização chamada Talocan. É uma tacada de mestre, porque faz com que os povos de Wakanda e de Talocan tenham algo em comum: a resistência à colonização. “Eles compartilham a mesma ferida”, completou Huerta. “Mas tomam decisões diferentes em relação ao luto e à ameaça.”

Em Pantera Negra - Wakanda Para Sempre, a ameaça ao reino vem das grandes potências da superfície, que querem porque querem o vibranium abundante em Wakanda - e na cidade submarina de Talocan. A procura desenfreada pelo material faz com que Wakanda esteja constantemente na defesa e pode revelar para o mundo a existência de Talocan, que sobreviveu principalmente por ter permanecido escondida.

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O que vai atrapalhar a união dos dois reinos é que Namor (Tenoch Huerta) cisma de matar a cientista que criou a máquina capaz de encontrar vibranium. Só que ela é apenas uma adolescente, ainda na faculdade, chamada Riri Williams (Dominique Thorne).

A transformação de Namor em um indígena que fala maia pode fazer pela cultura latino-americana algo parecido com o que Pantera Negra fez pela cultura africana e da diáspora. Huerta é só orgulho. “Eu espero que as pessoas da América Latina abracem suas raízes indígenas e africanas”, disse ao Estadão.

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Na entrevista coletiva para a imprensa, ele falou mais do assunto. “Queria que todos se olhassem no espelho e gostassem do que veem. Eles nos ensinaram a ter vergonha de quem somos, mas está na hora de parar com isso e dizer: ‘Esse é quem eu sou e nunca houve nada de errado com isso’. O erro estava nos olhos de quem nos via, que nos julgavam.”

O luto sentido pela equipe, pelo elenco e pelo público em razão da morte de Chadwick Boseman - e pelos wakandanos por seu rei T’Challa - também se espelha na perda de Namor e Talocan. “Eles também perderam sua pátria”, disse Nate Moore.

Mas, como a vida tem de continuar, e o universo cinematográfico Marvel precisa passar para a Fase 5 agora que encerrou a 4, é claro que o filme termina com outra pessoa assumindo o papel de Pantera Negra.

Antes de tudo, Pantera Negra: Wakanda para Sempre é uma homenagem a Chadwick Boseman, o ator que fez o super-herói no filme original e que morreu de câncer em agosto de 2020, meses antes do início das filmagens da sequência. O filme, que estreou nesta quinta-feira, 10, no Brasil, começa com a irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright), tentando salvá-lo, sem sucesso.

“Foi uma honra voltar. Este é o mundo que conhecemos e amamos”, disse Wright em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “Mas é um mundo a que estamos retornando e compartilhando com o público sem o nosso rei. Certamente foi um processo e tanto, que pediu vulnerabilidade, profundidade e verdade.”

Os percalços foram muitos. Kevin Feige, o chefão do Estúdio Marvel, contou que, depois do choque de saber da morte de Boseman, vieram as perguntas. “O que fazer? Devemos fazer alguma coisa?”, perguntou, em coletiva de imprensa. “Mas logo determinamos que esse elenco de personagens e esse mundo criado na tela precisavam continuar.”

Cena de 'Pantera Negra: Wakanda Para Sempre', que estreia nesta quinta nos cinemas.  Foto: Marvel Studios via AP

A equipe e o elenco se reuniram novamente em junho de 2021, em plena pandemia. “Estávamos todos loucos para nos abraçar novamente, depois de tanta solidão e dos sentimentos de luto e perda”, contou o diretor Ryan Coogler na mesma coletiva. Essas emoções estariam também na tela, da maneira mais honesta possível. “Não é só luto, mas todas as emoções que alguém sente com qualquer perda profunda”, observou o produtor Nate Moore.

O impacto da morte de um rei, herói e protetor é bem claro em Wakanda. O povo inteiro sofre, mas principalmente as pessoas mais próximas: sua mãe, Ramonda (Angela Bassett), que precisa assumir o trono, sua irmã, Shuri, sua amada, Nakia (Lupita Nyong’o), e sua general, a cabeça de Dora Milaje, a tropa de elite do país, Okoye (Danai Gurira). Todas elas mulheres, o que torna Wakanda para Sempre bem mais feminino do que Pantera Negra.

A mais afetada é Shuri. “Ela perde o senso de quem é”, lembrou Coogler. Letitia Wright comparou a princesa do primeiro filme com a dessa produção. “Ela era um raio de sol, protegida pelo seu irmão, criativa, sem limites”, admitiu a atriz. “E agora ganha um arco diferente. Espero que as pessoas possam se identificar com isso e encontrar alguma cura, junto conosco.”

Nyong’o disse ter tido inveja de Wright. “Porque Letitia pôde ser caótica”, afirmou. “Queria expressar o que sentia, mas a reação de Nakia é bem diferente. Agradeço, no entanto, ao Ryan Coogler por ter tido a chance de aprender com a sabedoria da minha personagem ao lidar com a perda.”

O mexicano Tenoch Huerta interpeta o vilão Namor, líder de Talocan que, assim como Wakanda, resistiu à colonização. Foto: Marvel Studios/EFE

Vilão

Claro que um filme da Marvel não pode ser feito só de luto e homenagem. É preciso ter ação e um vilão - ou, pelo menos, um antagonista. O papel aqui é ocupado por Namor (Tenoch Huerta). O Príncipe Submarino é transformado no líder de um povo mesoamericano que se refugiou no oceano depois de ter suas terras invadidas pelos colonizadores espanhóis, fundando uma civilização chamada Talocan. É uma tacada de mestre, porque faz com que os povos de Wakanda e de Talocan tenham algo em comum: a resistência à colonização. “Eles compartilham a mesma ferida”, completou Huerta. “Mas tomam decisões diferentes em relação ao luto e à ameaça.”

Em Pantera Negra - Wakanda Para Sempre, a ameaça ao reino vem das grandes potências da superfície, que querem porque querem o vibranium abundante em Wakanda - e na cidade submarina de Talocan. A procura desenfreada pelo material faz com que Wakanda esteja constantemente na defesa e pode revelar para o mundo a existência de Talocan, que sobreviveu principalmente por ter permanecido escondida.

O que vai atrapalhar a união dos dois reinos é que Namor (Tenoch Huerta) cisma de matar a cientista que criou a máquina capaz de encontrar vibranium. Só que ela é apenas uma adolescente, ainda na faculdade, chamada Riri Williams (Dominique Thorne).

A transformação de Namor em um indígena que fala maia pode fazer pela cultura latino-americana algo parecido com o que Pantera Negra fez pela cultura africana e da diáspora. Huerta é só orgulho. “Eu espero que as pessoas da América Latina abracem suas raízes indígenas e africanas”, disse ao Estadão.

Na entrevista coletiva para a imprensa, ele falou mais do assunto. “Queria que todos se olhassem no espelho e gostassem do que veem. Eles nos ensinaram a ter vergonha de quem somos, mas está na hora de parar com isso e dizer: ‘Esse é quem eu sou e nunca houve nada de errado com isso’. O erro estava nos olhos de quem nos via, que nos julgavam.”

O luto sentido pela equipe, pelo elenco e pelo público em razão da morte de Chadwick Boseman - e pelos wakandanos por seu rei T’Challa - também se espelha na perda de Namor e Talocan. “Eles também perderam sua pátria”, disse Nate Moore.

Mas, como a vida tem de continuar, e o universo cinematográfico Marvel precisa passar para a Fase 5 agora que encerrou a 4, é claro que o filme termina com outra pessoa assumindo o papel de Pantera Negra.

Antes de tudo, Pantera Negra: Wakanda para Sempre é uma homenagem a Chadwick Boseman, o ator que fez o super-herói no filme original e que morreu de câncer em agosto de 2020, meses antes do início das filmagens da sequência. O filme, que estreou nesta quinta-feira, 10, no Brasil, começa com a irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright), tentando salvá-lo, sem sucesso.

“Foi uma honra voltar. Este é o mundo que conhecemos e amamos”, disse Wright em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “Mas é um mundo a que estamos retornando e compartilhando com o público sem o nosso rei. Certamente foi um processo e tanto, que pediu vulnerabilidade, profundidade e verdade.”

Os percalços foram muitos. Kevin Feige, o chefão do Estúdio Marvel, contou que, depois do choque de saber da morte de Boseman, vieram as perguntas. “O que fazer? Devemos fazer alguma coisa?”, perguntou, em coletiva de imprensa. “Mas logo determinamos que esse elenco de personagens e esse mundo criado na tela precisavam continuar.”

Cena de 'Pantera Negra: Wakanda Para Sempre', que estreia nesta quinta nos cinemas.  Foto: Marvel Studios via AP

A equipe e o elenco se reuniram novamente em junho de 2021, em plena pandemia. “Estávamos todos loucos para nos abraçar novamente, depois de tanta solidão e dos sentimentos de luto e perda”, contou o diretor Ryan Coogler na mesma coletiva. Essas emoções estariam também na tela, da maneira mais honesta possível. “Não é só luto, mas todas as emoções que alguém sente com qualquer perda profunda”, observou o produtor Nate Moore.

O impacto da morte de um rei, herói e protetor é bem claro em Wakanda. O povo inteiro sofre, mas principalmente as pessoas mais próximas: sua mãe, Ramonda (Angela Bassett), que precisa assumir o trono, sua irmã, Shuri, sua amada, Nakia (Lupita Nyong’o), e sua general, a cabeça de Dora Milaje, a tropa de elite do país, Okoye (Danai Gurira). Todas elas mulheres, o que torna Wakanda para Sempre bem mais feminino do que Pantera Negra.

A mais afetada é Shuri. “Ela perde o senso de quem é”, lembrou Coogler. Letitia Wright comparou a princesa do primeiro filme com a dessa produção. “Ela era um raio de sol, protegida pelo seu irmão, criativa, sem limites”, admitiu a atriz. “E agora ganha um arco diferente. Espero que as pessoas possam se identificar com isso e encontrar alguma cura, junto conosco.”

Nyong’o disse ter tido inveja de Wright. “Porque Letitia pôde ser caótica”, afirmou. “Queria expressar o que sentia, mas a reação de Nakia é bem diferente. Agradeço, no entanto, ao Ryan Coogler por ter tido a chance de aprender com a sabedoria da minha personagem ao lidar com a perda.”

O mexicano Tenoch Huerta interpeta o vilão Namor, líder de Talocan que, assim como Wakanda, resistiu à colonização. Foto: Marvel Studios/EFE

Vilão

Claro que um filme da Marvel não pode ser feito só de luto e homenagem. É preciso ter ação e um vilão - ou, pelo menos, um antagonista. O papel aqui é ocupado por Namor (Tenoch Huerta). O Príncipe Submarino é transformado no líder de um povo mesoamericano que se refugiou no oceano depois de ter suas terras invadidas pelos colonizadores espanhóis, fundando uma civilização chamada Talocan. É uma tacada de mestre, porque faz com que os povos de Wakanda e de Talocan tenham algo em comum: a resistência à colonização. “Eles compartilham a mesma ferida”, completou Huerta. “Mas tomam decisões diferentes em relação ao luto e à ameaça.”

Em Pantera Negra - Wakanda Para Sempre, a ameaça ao reino vem das grandes potências da superfície, que querem porque querem o vibranium abundante em Wakanda - e na cidade submarina de Talocan. A procura desenfreada pelo material faz com que Wakanda esteja constantemente na defesa e pode revelar para o mundo a existência de Talocan, que sobreviveu principalmente por ter permanecido escondida.

O que vai atrapalhar a união dos dois reinos é que Namor (Tenoch Huerta) cisma de matar a cientista que criou a máquina capaz de encontrar vibranium. Só que ela é apenas uma adolescente, ainda na faculdade, chamada Riri Williams (Dominique Thorne).

A transformação de Namor em um indígena que fala maia pode fazer pela cultura latino-americana algo parecido com o que Pantera Negra fez pela cultura africana e da diáspora. Huerta é só orgulho. “Eu espero que as pessoas da América Latina abracem suas raízes indígenas e africanas”, disse ao Estadão.

Na entrevista coletiva para a imprensa, ele falou mais do assunto. “Queria que todos se olhassem no espelho e gostassem do que veem. Eles nos ensinaram a ter vergonha de quem somos, mas está na hora de parar com isso e dizer: ‘Esse é quem eu sou e nunca houve nada de errado com isso’. O erro estava nos olhos de quem nos via, que nos julgavam.”

O luto sentido pela equipe, pelo elenco e pelo público em razão da morte de Chadwick Boseman - e pelos wakandanos por seu rei T’Challa - também se espelha na perda de Namor e Talocan. “Eles também perderam sua pátria”, disse Nate Moore.

Mas, como a vida tem de continuar, e o universo cinematográfico Marvel precisa passar para a Fase 5 agora que encerrou a 4, é claro que o filme termina com outra pessoa assumindo o papel de Pantera Negra.

Antes de tudo, Pantera Negra: Wakanda para Sempre é uma homenagem a Chadwick Boseman, o ator que fez o super-herói no filme original e que morreu de câncer em agosto de 2020, meses antes do início das filmagens da sequência. O filme, que estreou nesta quinta-feira, 10, no Brasil, começa com a irmã de T’Challa, Shuri (Letitia Wright), tentando salvá-lo, sem sucesso.

“Foi uma honra voltar. Este é o mundo que conhecemos e amamos”, disse Wright em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “Mas é um mundo a que estamos retornando e compartilhando com o público sem o nosso rei. Certamente foi um processo e tanto, que pediu vulnerabilidade, profundidade e verdade.”

Os percalços foram muitos. Kevin Feige, o chefão do Estúdio Marvel, contou que, depois do choque de saber da morte de Boseman, vieram as perguntas. “O que fazer? Devemos fazer alguma coisa?”, perguntou, em coletiva de imprensa. “Mas logo determinamos que esse elenco de personagens e esse mundo criado na tela precisavam continuar.”

Cena de 'Pantera Negra: Wakanda Para Sempre', que estreia nesta quinta nos cinemas.  Foto: Marvel Studios via AP

A equipe e o elenco se reuniram novamente em junho de 2021, em plena pandemia. “Estávamos todos loucos para nos abraçar novamente, depois de tanta solidão e dos sentimentos de luto e perda”, contou o diretor Ryan Coogler na mesma coletiva. Essas emoções estariam também na tela, da maneira mais honesta possível. “Não é só luto, mas todas as emoções que alguém sente com qualquer perda profunda”, observou o produtor Nate Moore.

O impacto da morte de um rei, herói e protetor é bem claro em Wakanda. O povo inteiro sofre, mas principalmente as pessoas mais próximas: sua mãe, Ramonda (Angela Bassett), que precisa assumir o trono, sua irmã, Shuri, sua amada, Nakia (Lupita Nyong’o), e sua general, a cabeça de Dora Milaje, a tropa de elite do país, Okoye (Danai Gurira). Todas elas mulheres, o que torna Wakanda para Sempre bem mais feminino do que Pantera Negra.

A mais afetada é Shuri. “Ela perde o senso de quem é”, lembrou Coogler. Letitia Wright comparou a princesa do primeiro filme com a dessa produção. “Ela era um raio de sol, protegida pelo seu irmão, criativa, sem limites”, admitiu a atriz. “E agora ganha um arco diferente. Espero que as pessoas possam se identificar com isso e encontrar alguma cura, junto conosco.”

Nyong’o disse ter tido inveja de Wright. “Porque Letitia pôde ser caótica”, afirmou. “Queria expressar o que sentia, mas a reação de Nakia é bem diferente. Agradeço, no entanto, ao Ryan Coogler por ter tido a chance de aprender com a sabedoria da minha personagem ao lidar com a perda.”

O mexicano Tenoch Huerta interpeta o vilão Namor, líder de Talocan que, assim como Wakanda, resistiu à colonização. Foto: Marvel Studios/EFE

Vilão

Claro que um filme da Marvel não pode ser feito só de luto e homenagem. É preciso ter ação e um vilão - ou, pelo menos, um antagonista. O papel aqui é ocupado por Namor (Tenoch Huerta). O Príncipe Submarino é transformado no líder de um povo mesoamericano que se refugiou no oceano depois de ter suas terras invadidas pelos colonizadores espanhóis, fundando uma civilização chamada Talocan. É uma tacada de mestre, porque faz com que os povos de Wakanda e de Talocan tenham algo em comum: a resistência à colonização. “Eles compartilham a mesma ferida”, completou Huerta. “Mas tomam decisões diferentes em relação ao luto e à ameaça.”

Em Pantera Negra - Wakanda Para Sempre, a ameaça ao reino vem das grandes potências da superfície, que querem porque querem o vibranium abundante em Wakanda - e na cidade submarina de Talocan. A procura desenfreada pelo material faz com que Wakanda esteja constantemente na defesa e pode revelar para o mundo a existência de Talocan, que sobreviveu principalmente por ter permanecido escondida.

O que vai atrapalhar a união dos dois reinos é que Namor (Tenoch Huerta) cisma de matar a cientista que criou a máquina capaz de encontrar vibranium. Só que ela é apenas uma adolescente, ainda na faculdade, chamada Riri Williams (Dominique Thorne).

A transformação de Namor em um indígena que fala maia pode fazer pela cultura latino-americana algo parecido com o que Pantera Negra fez pela cultura africana e da diáspora. Huerta é só orgulho. “Eu espero que as pessoas da América Latina abracem suas raízes indígenas e africanas”, disse ao Estadão.

Na entrevista coletiva para a imprensa, ele falou mais do assunto. “Queria que todos se olhassem no espelho e gostassem do que veem. Eles nos ensinaram a ter vergonha de quem somos, mas está na hora de parar com isso e dizer: ‘Esse é quem eu sou e nunca houve nada de errado com isso’. O erro estava nos olhos de quem nos via, que nos julgavam.”

O luto sentido pela equipe, pelo elenco e pelo público em razão da morte de Chadwick Boseman - e pelos wakandanos por seu rei T’Challa - também se espelha na perda de Namor e Talocan. “Eles também perderam sua pátria”, disse Nate Moore.

Mas, como a vida tem de continuar, e o universo cinematográfico Marvel precisa passar para a Fase 5 agora que encerrou a 4, é claro que o filme termina com outra pessoa assumindo o papel de Pantera Negra.

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