Novo filme da Netflix, Pedro Páramo tem feito sucesso no streaming com sua narrativa fragmentada e elementos sobrenaturais. O filme, dirigido por Rodrigo Pietro, é adaptação direta do livro homônimo escrito por Juan Rulfo e lançado originalmente em 1955.
A história segue uma narrativa nada linear, alternando um presente sombrio com diversos flashbacks fora de ordem, de modo que é necessária bastante atenção para seguir a trama. Estrelado por Tenoch Huerta (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre) e Manuel Garcia-Rulfo (O Poder e a Lei), Pedro Páramo é uma história sobre ganância, impunidade e sofrimento, e como um homem obstinado pode afetar, direta e indiretamente, as vidas à sua volta.
A trama
Pedro Páramo narra a chegada de Juan Preciado (Huerta), que viaja para a distante cidade de Comala após a morte de sua mãe. Uma vez na cidade, ele é confrontado por sombras do passado, eco das pessoas que foram abusadas a vida toda por seu pai, Pedro Páramo, e seus homens na busca por poder. Sem saber o que lhe está acontecendo, ele sucumbe ao medo e aos espíritos que assombram as ruas aparentemente vazias da cidade.
Paralelamente, o filme segue a ascensão do personagem-título (Garcia-Rulfo) ao poder, usando de violência e de sua influência financeira para dominar a vida dos cidadãos. Com uma estrutura narrativa fragmentada, a trama segue diferentes períodos da vida de Páramo, evidenciando suas ambições e crimes, além de acompanhar seu grande amor, Susana (Ilse Salas).
O autor
Um dos autores mais importantes da literatura mexicana, Juan Rulfo era filho de donos de terras mortos na Revolução Mexicana dos anos 1920. Criado pelos avós e educado num internato, ele deixou uma obra composta por contos, romances e estudos literários.
Rulfo fundou o jornal literário Pan e ingressou no Centro Mexicano de Escritores, pelo qual publicou o livro de contos realistas Chão em Chamas, que retratavam as mazelas vividas pelo povo mexicano durante a revolução, e Pedro Páramo, um conto de realismo fantástico que explora a ganância de seu personagem-título e as consequências de seus atos.
Em vida, Rulfo teve apenas três títulos publicados, o último sendo O Galo de Ouro, lançado em 1980. O autor, no entanto, tem diversas colaborações com estudiosos, além de ter dedicado parte de sua vida ao estudo fotográfico. O escritor também trabalhou em roteiros para o cinema e para a TV, criando uma obra eclética.
Rulfo morreu em 1986, aos 68 anos, e teve seus cadernos, cartas e anotações feitas ao longo da vida publicados postumamente em diferentes coletâneas.
O autor é tido como a principal influência de Gabriel Garcia Marquez, Jorge Luís Borges e do argentino Júlio Cortázar. Assumidamente, Rulfo foi muito influenciado por William Faulkner.
Rulfo é considerado um dos grandes precursores do gênero literário do realismo mágico, que inclui elementos fantásticos a cenários e histórias verossímeis.
Além de Pedro Páramo
Fora Pedro Páramo, apenas mais dois livros escritos por Rulfo foram publicados. Chão em Chamas, que consistia de diversos contos realistas sobre a revolução mexicana, dos quais Diga que Não Me Matem!, uma história sobre um homem prestes a ser executado e Não Ouve os Cachorros Latindo, que narra a jornada de um homem carregando seu filho moribundo em busca de um médico, tiveram mais destaque.
Já El Gallo de Oro narra as desventuras de um homem que, após ter seu animal vencedor numa briga de galos, é incumbido de ressuscitar o galo perdedor, sem saber que a ave ajudaria a lhe tirar da pobreza.
Suas anotações pessoais em cadernos foram publicadas nos anos 1990 sob o título Los cuadernos de Juan Rulfo, enquanto Aire de las colinas. Cartas a Clara, de 2000, contava com cartas escritas por Rulfo à sua noiva, Clara Angelina Aparicio Reyes.
Seus contos foram adaptados em diversas produções cinematográficas e televisivas, incluindo a novela El Gallo de Oro, de 1982, e, mais recentemente, Purgatório, de 2008.