‘Perlimps’, de Alê Abreu, invade as telas com uma explosão de cores e sons


No contraponto de ‘O Menino e o Mundo’, que era sóbrio e com predominância do branco, diretor retrata em novo filme a magia de uma criança em busca de seres de luz

Por Matheus Mans

Foi por volta de 2013, quando ainda estava finalizando O Menino e o Mundo, que Alê Abreu começou a ter as primeiras ideias de Perlimps, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 9. Mas eram apenas esboços, um rascunho do que o longa viria a se tornar. Só dois ou três anos depois que Alê foi para o interior de São Paulo, longe de tudo, e começou a organizar suas ideias, jogadas dentro de um saco e sem, naquele momento, qualquer tipo óbvio de linearidade.

“É uma coisa bagunçada. Coleciono trechos de histórias que surgem, além de desenhos, notas. O que me toca, o que brilha. Em um momento, isso vai se misturando”, explica Alê ao Estadão. “A primeira nota que surgiu era de uma criança saindo de uma floresta meio alagada, com uma fantasia se desfazendo. Simbolizava o filme, era uma imagem muito forte. Isso quase fica como o resumo do próprio filme. O trabalho foi construído ao redor dessa cena principal”.

Através de pinceladas em tela abstrata surgiu cenário totalmente borrado e multicolorido; a ideia de Alê Souza era uma viagem que remete à psicodelia. Foto: Buriti Filmes
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De fato, essa imagem de uma criança saindo de uma floresta, com a fantasia encharcada, diz muito sobre Perlimps. Afinal, o longa conta a história de Claé e Bruô, agentes secretos de tribos rivais que precisam trabalhar juntos em uma missão importante: encontrar os seres de luz Perlimps. “É sair da bolha da infância. É como se estivéssemos aguardando em um lugar mágico para, depois, colocar o chão no mundo real”, contextualiza o cineasta.

Se tem algo que não passa batido para quem assiste a Perlimps é o visual da produção. Há muitas cores, luzes e, no horizonte, uma tela quase aquarelada. Bem diferente do que foi visto em O Menino e o Mundo, quando as cores eram mais sóbrias e com predominância do branco. Como se fossem dois filmes em contraste.

O Menino e o Mundo é de um minimalismo muito forte, com muito branco. Perlimps não podia ser feito dessa forma. Quando vi que os Perlimps vêm de uma explosão de luz, percebi que tinha que trazer o espectro de cores. Comecei a pincelar com as cores, como se fosse uma tela abstrata. Como construir o visual de Perlimps? Encontrei esse cenário na sobreposição da abstração, um cenário totalmente borrado, e multicolorido, com cores livres e que me repetem à psicodelia. É uma viagem de cores. O mundo da criança é, por si só, aberto, colorido, até com relação com a psicodelia.”

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Além das cores, Alê Abreu conta que há uma diferença essencial entre O Menino e o Mundo e Perlimps: a produção. “Perlimps nasce com dois produtores ao meu lado, Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky, e, com isso, também nasce de um roteiro mais claro. A gente não tinha como descobrir o filme lá no final, como foi com O Menino e o Mundo. Precisava organizar como uma grande produção”, diz. “Era um roteiro claro, um drama na relação desses dois personagens, até com diálogos, coisa que não tinha antes.”

Diálogo

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Apesar dessas diferenças, O Menino e o Mundo e Perlimps conversam em outros pontos. Dois deles chamam a atenção: o final, impactante e que traz uma boa reflexão para além da tela, e a conexão da história com coisas que o mundo está vivendo.

Sobre este último ponto, Alê acha graça e até vê uma relação quase espiritual, tentando explicar essa facilidade de conversar com temas atuais, mesmo demorando tanto entre a concepção da ideia e o lançamento da produção. “A arte é um modo de adivinhar as coisas. É como ter uma intuição, que cutuca um inconsciente coletivo. A arte é uma forma de trazer isso para o mundo”, diz.

“Quando fiz as primeiras notas de Perlimps, já tinha o debate sobre os opostos. Isso vai entrando na gente como artista e, sensíveis às coisas que estão rondando, a gente devolve com o que faz. Fico feliz de, alguma forma, dialogar e trazer esse debate para o público infantil, de que as coisas não são assim desde sempre. Tudo pode mudar. E dar ao adulto a perspectiva do mundo da infância. Entender que algo pode ter feito ele ficar endurecido, mas que ainda existe, apesar de tudo, luz dentro dele.”

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Debate

Sobre a mensagem do filme, é interessante notar como um debate já está começando antes mesmo da estreia no Brasil. O cineasta vai direto ao ponto. “Eu vejo as coisas de maneira positiva. Apesar de termos passado por momentos delicados, e uma escuridão nos últimos anos, eu tenho um pensamento que me ajudou muito com Perlimps: a criança nasce acreditando que o mundo é bom, ela carrega uma crença de que tudo é possível. Tem uma crença absurda. É uma luz na gente”, diz. “Essa infância fica guardada na gente. E essa luz há de nos iluminar nos momentos de maior escuridão.”

Foi por volta de 2013, quando ainda estava finalizando O Menino e o Mundo, que Alê Abreu começou a ter as primeiras ideias de Perlimps, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 9. Mas eram apenas esboços, um rascunho do que o longa viria a se tornar. Só dois ou três anos depois que Alê foi para o interior de São Paulo, longe de tudo, e começou a organizar suas ideias, jogadas dentro de um saco e sem, naquele momento, qualquer tipo óbvio de linearidade.

“É uma coisa bagunçada. Coleciono trechos de histórias que surgem, além de desenhos, notas. O que me toca, o que brilha. Em um momento, isso vai se misturando”, explica Alê ao Estadão. “A primeira nota que surgiu era de uma criança saindo de uma floresta meio alagada, com uma fantasia se desfazendo. Simbolizava o filme, era uma imagem muito forte. Isso quase fica como o resumo do próprio filme. O trabalho foi construído ao redor dessa cena principal”.

Através de pinceladas em tela abstrata surgiu cenário totalmente borrado e multicolorido; a ideia de Alê Souza era uma viagem que remete à psicodelia. Foto: Buriti Filmes

De fato, essa imagem de uma criança saindo de uma floresta, com a fantasia encharcada, diz muito sobre Perlimps. Afinal, o longa conta a história de Claé e Bruô, agentes secretos de tribos rivais que precisam trabalhar juntos em uma missão importante: encontrar os seres de luz Perlimps. “É sair da bolha da infância. É como se estivéssemos aguardando em um lugar mágico para, depois, colocar o chão no mundo real”, contextualiza o cineasta.

Se tem algo que não passa batido para quem assiste a Perlimps é o visual da produção. Há muitas cores, luzes e, no horizonte, uma tela quase aquarelada. Bem diferente do que foi visto em O Menino e o Mundo, quando as cores eram mais sóbrias e com predominância do branco. Como se fossem dois filmes em contraste.

O Menino e o Mundo é de um minimalismo muito forte, com muito branco. Perlimps não podia ser feito dessa forma. Quando vi que os Perlimps vêm de uma explosão de luz, percebi que tinha que trazer o espectro de cores. Comecei a pincelar com as cores, como se fosse uma tela abstrata. Como construir o visual de Perlimps? Encontrei esse cenário na sobreposição da abstração, um cenário totalmente borrado, e multicolorido, com cores livres e que me repetem à psicodelia. É uma viagem de cores. O mundo da criança é, por si só, aberto, colorido, até com relação com a psicodelia.”

Além das cores, Alê Abreu conta que há uma diferença essencial entre O Menino e o Mundo e Perlimps: a produção. “Perlimps nasce com dois produtores ao meu lado, Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky, e, com isso, também nasce de um roteiro mais claro. A gente não tinha como descobrir o filme lá no final, como foi com O Menino e o Mundo. Precisava organizar como uma grande produção”, diz. “Era um roteiro claro, um drama na relação desses dois personagens, até com diálogos, coisa que não tinha antes.”

Diálogo

Apesar dessas diferenças, O Menino e o Mundo e Perlimps conversam em outros pontos. Dois deles chamam a atenção: o final, impactante e que traz uma boa reflexão para além da tela, e a conexão da história com coisas que o mundo está vivendo.

Sobre este último ponto, Alê acha graça e até vê uma relação quase espiritual, tentando explicar essa facilidade de conversar com temas atuais, mesmo demorando tanto entre a concepção da ideia e o lançamento da produção. “A arte é um modo de adivinhar as coisas. É como ter uma intuição, que cutuca um inconsciente coletivo. A arte é uma forma de trazer isso para o mundo”, diz.

“Quando fiz as primeiras notas de Perlimps, já tinha o debate sobre os opostos. Isso vai entrando na gente como artista e, sensíveis às coisas que estão rondando, a gente devolve com o que faz. Fico feliz de, alguma forma, dialogar e trazer esse debate para o público infantil, de que as coisas não são assim desde sempre. Tudo pode mudar. E dar ao adulto a perspectiva do mundo da infância. Entender que algo pode ter feito ele ficar endurecido, mas que ainda existe, apesar de tudo, luz dentro dele.”

Debate

Sobre a mensagem do filme, é interessante notar como um debate já está começando antes mesmo da estreia no Brasil. O cineasta vai direto ao ponto. “Eu vejo as coisas de maneira positiva. Apesar de termos passado por momentos delicados, e uma escuridão nos últimos anos, eu tenho um pensamento que me ajudou muito com Perlimps: a criança nasce acreditando que o mundo é bom, ela carrega uma crença de que tudo é possível. Tem uma crença absurda. É uma luz na gente”, diz. “Essa infância fica guardada na gente. E essa luz há de nos iluminar nos momentos de maior escuridão.”

Foi por volta de 2013, quando ainda estava finalizando O Menino e o Mundo, que Alê Abreu começou a ter as primeiras ideias de Perlimps, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 9. Mas eram apenas esboços, um rascunho do que o longa viria a se tornar. Só dois ou três anos depois que Alê foi para o interior de São Paulo, longe de tudo, e começou a organizar suas ideias, jogadas dentro de um saco e sem, naquele momento, qualquer tipo óbvio de linearidade.

“É uma coisa bagunçada. Coleciono trechos de histórias que surgem, além de desenhos, notas. O que me toca, o que brilha. Em um momento, isso vai se misturando”, explica Alê ao Estadão. “A primeira nota que surgiu era de uma criança saindo de uma floresta meio alagada, com uma fantasia se desfazendo. Simbolizava o filme, era uma imagem muito forte. Isso quase fica como o resumo do próprio filme. O trabalho foi construído ao redor dessa cena principal”.

Através de pinceladas em tela abstrata surgiu cenário totalmente borrado e multicolorido; a ideia de Alê Souza era uma viagem que remete à psicodelia. Foto: Buriti Filmes

De fato, essa imagem de uma criança saindo de uma floresta, com a fantasia encharcada, diz muito sobre Perlimps. Afinal, o longa conta a história de Claé e Bruô, agentes secretos de tribos rivais que precisam trabalhar juntos em uma missão importante: encontrar os seres de luz Perlimps. “É sair da bolha da infância. É como se estivéssemos aguardando em um lugar mágico para, depois, colocar o chão no mundo real”, contextualiza o cineasta.

Se tem algo que não passa batido para quem assiste a Perlimps é o visual da produção. Há muitas cores, luzes e, no horizonte, uma tela quase aquarelada. Bem diferente do que foi visto em O Menino e o Mundo, quando as cores eram mais sóbrias e com predominância do branco. Como se fossem dois filmes em contraste.

O Menino e o Mundo é de um minimalismo muito forte, com muito branco. Perlimps não podia ser feito dessa forma. Quando vi que os Perlimps vêm de uma explosão de luz, percebi que tinha que trazer o espectro de cores. Comecei a pincelar com as cores, como se fosse uma tela abstrata. Como construir o visual de Perlimps? Encontrei esse cenário na sobreposição da abstração, um cenário totalmente borrado, e multicolorido, com cores livres e que me repetem à psicodelia. É uma viagem de cores. O mundo da criança é, por si só, aberto, colorido, até com relação com a psicodelia.”

Além das cores, Alê Abreu conta que há uma diferença essencial entre O Menino e o Mundo e Perlimps: a produção. “Perlimps nasce com dois produtores ao meu lado, Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky, e, com isso, também nasce de um roteiro mais claro. A gente não tinha como descobrir o filme lá no final, como foi com O Menino e o Mundo. Precisava organizar como uma grande produção”, diz. “Era um roteiro claro, um drama na relação desses dois personagens, até com diálogos, coisa que não tinha antes.”

Diálogo

Apesar dessas diferenças, O Menino e o Mundo e Perlimps conversam em outros pontos. Dois deles chamam a atenção: o final, impactante e que traz uma boa reflexão para além da tela, e a conexão da história com coisas que o mundo está vivendo.

Sobre este último ponto, Alê acha graça e até vê uma relação quase espiritual, tentando explicar essa facilidade de conversar com temas atuais, mesmo demorando tanto entre a concepção da ideia e o lançamento da produção. “A arte é um modo de adivinhar as coisas. É como ter uma intuição, que cutuca um inconsciente coletivo. A arte é uma forma de trazer isso para o mundo”, diz.

“Quando fiz as primeiras notas de Perlimps, já tinha o debate sobre os opostos. Isso vai entrando na gente como artista e, sensíveis às coisas que estão rondando, a gente devolve com o que faz. Fico feliz de, alguma forma, dialogar e trazer esse debate para o público infantil, de que as coisas não são assim desde sempre. Tudo pode mudar. E dar ao adulto a perspectiva do mundo da infância. Entender que algo pode ter feito ele ficar endurecido, mas que ainda existe, apesar de tudo, luz dentro dele.”

Debate

Sobre a mensagem do filme, é interessante notar como um debate já está começando antes mesmo da estreia no Brasil. O cineasta vai direto ao ponto. “Eu vejo as coisas de maneira positiva. Apesar de termos passado por momentos delicados, e uma escuridão nos últimos anos, eu tenho um pensamento que me ajudou muito com Perlimps: a criança nasce acreditando que o mundo é bom, ela carrega uma crença de que tudo é possível. Tem uma crença absurda. É uma luz na gente”, diz. “Essa infância fica guardada na gente. E essa luz há de nos iluminar nos momentos de maior escuridão.”

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