O cineasta colombiano Andrés Baiz estava gravando a série Narcos, no norte da Colômbia, quando levou um susto: uma fila enorme com vários carros do modelo Renault 18 passou na frente do diretor, em alta velocidade. Essa cena – “carregada de adrenalina e muito cinematográfica”, diz ele – foi o bastante para brotar a ideia de Pimpinero: Sangue e Óleo, filme colombiano que chega ao Prime Video nesta sexta-feira, 22 de novembro.
“Logo me disseram que era a ‘caravana da morte’: contrabandistas de gasolina kamikazes que não param por nada e que trazem gasolina da Venezuela para a Colômbia”, diz Baiz ao Estadão. “O ofício do contrabandista de gasolina me pareceu fascinante por ser arriscado e perigoso, e foi então que decidi fazer uma investigação mais profunda sobre o tema.”
Como resultado, a trama de Pimpinero segue Juan (Alejandro Speitzer), o mais jovem de três irmãos no mundo do contrabando de gasolina. Quando é forçado a trabalhar para um rival no setor, desencadeia uma série de eventos trágicos que ameaçam desestabilizar não apenas sua vida, mas a de todos ao seu redor. Já Diana (Laura Osma), namorada de Juan, inicia uma jornada perigosa em busca da verdade, determinada a desvendar os segredos e as injustiças ocultas por trás do contrabando, desafiando as fronteiras.
É, assim, uma grande produção colombiana – chamada pela imprensa do país sul-americano como uma das maiores ousadias do cinema de lá – que abraça o cinema de ação sem medo. “É um neo-western, um filme de ação, uma história de amor e um thriller de vingança, tudo ao mesmo tempo”, resume Andrés, questionado sobre o que é Pimpinero.
Humanidade e ‘Mad Max’
É difícil assistir ao longa-metragem, que fez sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2024, e não pensar em Mad Max: as corridas no deserto, os carros que não desaceleram, a vida em função de uma perseguição que parece não ter um final.
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“É um filme imprevisível”, diz Juanes, que vive Moisés, o irmão mais velho de Juan. Para ele, que hoje também é um dos maiores astros da música na Colômbia, Pimpinero passa longe de ser apenas um filme sobre contrabando de gasolina. “O filme também aborda outros aspectos difíceis da vida dessas pessoas retratadas. Então, acho que reflete uma parte da nossa realidade.”
É o mesmo ponto que atraiu a jovem atriz Laura Osma, com bastante experiência na televisão colombiana, mas ainda com poucos créditos nos cinemas. “Acho que é um filme extremamente humano, que toca em todos os pontos pelos quais os seres humanos passam: questões morais, políticas, amor, romance, tristeza”, diz ela, intérprete de Diana.
Cinema de ação
Quando questionados sobre o maior desafio de Pimpinero, os entrevistados pelo Estadão responderam a mesma coisa: o mergulho no cinema de ação. A América Latina, incluindo o Brasil, não tem costume de produzir filmes do gênero – neste ano, talvez apenas o ótimo Bandida: A Número Um tenha se aproximado dele, mas sem abraçá-lo de fato.
Isso traz uma experiência diferente aos bastidores. “Nossa, foi extremamente desafiador”, diz Laura. “Tivemos que nos imergir naquele deserto, realmente vivemos tudo aquilo. Foram muitos dias em que terminávamos com areia até no cabelo, nos ouvidos. Foi muito difícil, claro. Eu tive que aprender a dirigir moto, carro, manusear uma arma.”
Para o diretor Andrés Baiz, a história é uma boa oportunidade de desenvolver mais o gênero com aquele sotaque latino. “Para fazer um bom cinema de ação, é necessário ter uma equipe muito talentosa e um orçamento que permita fazer as coisas bem”, diz. “Espero que Pimpinero seja um dos muitos filmes que ajudem a consolidar esse tipo de cinema, robusto e vigoroso. O importante é não cair na imitação de Hollywood; precisamos encontrar nossa linguagem, nossa identidade no gênero. É um filme ambicioso, com grandes sequências de ação, mas que é muito nosso, muito latino, e me orgulho disso.”