‘Planeta dos Macacos: O Reinado’ explora narrativa com humanidade caída diante dos símios


Novo filme da franquia tem salto no tempo e avalia legado das decisões tomadas no passado; Kevin Durand, ator que interpreta o complexo Proximus César, fala ao ‘Estadão’ sobre os dilemas de seu novo personagem

Por Matheus Mans

A graça da nova trilogia de Planeta dos Macacos, de Matt Reeves, está na questão moral vivida pelo macaco César: em um período em que ele está evoluindo e adquirindo novas capacidades, como conviver com o ser humano? Guerra ou paz? Depois da resposta desse questionamento em Planeta dos Macacos: A Guerra, de 2017, chega o momento de avaliar o legado dessa decisão em Planeta dos Macacos: O Reinado, estreia desta quinta-feira, 9.

Agora dirigido por Wes Ball, de Maze Runner, o novo longa dá um salto no tempo. César está morto há décadas; os humanos, enfim subjugados. O mundo agora é dos símios.

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Depois do líder César, o novo protagonista é Noa (Owen Teague, em captura de movimento), um jovem macaco que vê seu clã ser escravizado após um erro de cálculo que faz com que outros símios, rivais de sua tribo, encontram o refúgio antes intocado. É aí que começa uma trama de vingança, com Noa tentando reencontrar familiares e amigos.

É um filme, porém, longe de ser uma trama de vingança. Planeta dos Macacos: O Reinado, com roteiro de Josh Friedman (Avatar: O Caminho da Água), está bem mais interessado em compreender como os legados se comportam ao longo do tempo da nossa História. César é um mito – e, com a distância do tempo, passa a ter diferentes interpretações e ideias.

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Kevin Durand: entre a fina linha da moral

Quem confronta e assusta Noa, o jovem protagonista, é Proximus César (Kevin Durand), um macaco que acredita que deve controlar totalmente a tecnologia humana, deixada para trás, e colocar os símios no topo do mundo. Alcançar isso é alcançar o sucesso da espécie.

O diretor Wes Ball já colocou em dúvida, em várias entrevistas, se Proximus é mesmo um vilão – é, afinal, a interpretação que ele tem dos atos passados, há décadas, de César. É o que Durand, em entrevista ao Estadão, também enxerga na complexidade do personagem.

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“É tudo questão de narrativa, para onde ela está apontando”, diz Kevin, em um bate-papo por vídeo, concedido em fevereiro, alguns meses antes da estreia do filme. “Proximus está tentando descobrir como continuar ascendendo. Ele não tem interesse em voltar a viver em gaiolas, correr com medo e subir em árvores para ficar longe dos humanos. Ele não tem interesse em ficar fora do poder. Ele faz o que acha que é necessário na mente dele”.

Noa (Owen Teague, em captura de movimento) e Dar (Sara Wiseman) em 'Planeta dos Macacos: O Reinado’, que chega aos cinemas em 9 de maio. Foto: 20th Century Studios/Divulgação

Ou seja: os dilemas éticos retornam neste quarto capítulo, mas com um sabor a mais de tentar compreender quais são os caminhos das ideias. César, nesse espaço-tempo que a narrativa dá para o personagem anteriormente vivido por Andy Serkis, deixou de ser um macaco dentro dessa história. Agora, ele se transformou em ideias que se transformam.

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“Proximus está fazendo exatamente o que precisa fazer para garantir um bom futuro. Ele realmente acredita que os símios podem fazer melhor do que os humanos. É a vez deles”, continua Durand. “Eu nunca o vi realmente como um vilão, mesmo que seja um macaco gigantesco, poderoso e incrivelmente inteligente. Ele tem a capacidade que outros macacos não têm: pensar no futuro e tentar planejar, enquanto os outros só pensam no presente”.

Um novo mundo

Planeta dos Macacos existe há algum tempo por aí: o primeiro filme chegou aos cinemas em 1968, adaptando parte do livro de Pierre Boulle. Foi um sucesso e deixou muita gente absolutamente chocada com a reviravolta final – que, hoje, é o começo da nova trilogia.

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Durand conta que, quando era criança, adorava “mergulhar nesse mundo”. “Eu tinha muito medo, mas adorava assistir. Não conseguia desviar o olhar. O conceito de macacos falantes era a coisa mais aterrorizante que eu poderia imaginar, mas eu não conseguia parar de assistir”, conta. “Depois, a última trilogia virou minha trilogia favorita de todos os tempos”.

Quando recebeu o convite para fazer uma audição, o ator de Abigail – que, aliás, também se tornou o destaque acidental neste novo filme de terror – viu aquilo como a oportunidade de uma vida. Aos poucos, foi compreendendo como seria interpretar um macaco: teria que mudar a forma de falar, por conta da diferença de laringe, e como teria que andar.

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Afinal, por mais que seja um filme recheado de computação gráfica, quase como se fosse uma cena de videogame em alguns momentos, tudo é feito com captura de movimentos – que é quando os atores interpretam as cenas, com vários pontinhos no rosto e uma roupa especial. Depois, especialistas em computação gráfica adicionam os efeitos visuais na pós-produção.

Proximus Caesar (personagem de Kevin Durand) em 'Planeta dos Macacos: O Reinado’. Foto: 20th Century Studios/Divulgação

“Não foi diferente do que já tinha feito”, diz ele, dizendo que, independente do cenário que o cerca, vai continuar se deixando levar pela emoção do personagem. “Eu me perco no momento e às vezes nem sei onde estou. Melhor isso agora, mas eu costumava não lembrar onde estava a câmera porque estava tão perdido e concentrado na cena”.

Em Planeta dos Macacos: O Reinado, Durand acredita que outro elemento foi essencial e importante nesse trabalho de captura de movimentos: tirar o ser humano de cena. O que, de uma forma um tanto irônica para tudo que o filme discute, trouxe resultados positivos.

“Foi uma verdadeira imersão trabalhar com a captura de movimentos porque nenhuma das nossas fraquezas humanas, a vaidade sendo a principal delas, estavam atrapalhando de alguma forma. Eu nunca ficava pensando para não fazer uma careta por parecer terrível fazendo aquilo. Tudo sumia”, diz. “Foi libertador me entregar ao que estava sentindo”.

A graça da nova trilogia de Planeta dos Macacos, de Matt Reeves, está na questão moral vivida pelo macaco César: em um período em que ele está evoluindo e adquirindo novas capacidades, como conviver com o ser humano? Guerra ou paz? Depois da resposta desse questionamento em Planeta dos Macacos: A Guerra, de 2017, chega o momento de avaliar o legado dessa decisão em Planeta dos Macacos: O Reinado, estreia desta quinta-feira, 9.

Agora dirigido por Wes Ball, de Maze Runner, o novo longa dá um salto no tempo. César está morto há décadas; os humanos, enfim subjugados. O mundo agora é dos símios.

Depois do líder César, o novo protagonista é Noa (Owen Teague, em captura de movimento), um jovem macaco que vê seu clã ser escravizado após um erro de cálculo que faz com que outros símios, rivais de sua tribo, encontram o refúgio antes intocado. É aí que começa uma trama de vingança, com Noa tentando reencontrar familiares e amigos.

É um filme, porém, longe de ser uma trama de vingança. Planeta dos Macacos: O Reinado, com roteiro de Josh Friedman (Avatar: O Caminho da Água), está bem mais interessado em compreender como os legados se comportam ao longo do tempo da nossa História. César é um mito – e, com a distância do tempo, passa a ter diferentes interpretações e ideias.

Kevin Durand: entre a fina linha da moral

Quem confronta e assusta Noa, o jovem protagonista, é Proximus César (Kevin Durand), um macaco que acredita que deve controlar totalmente a tecnologia humana, deixada para trás, e colocar os símios no topo do mundo. Alcançar isso é alcançar o sucesso da espécie.

O diretor Wes Ball já colocou em dúvida, em várias entrevistas, se Proximus é mesmo um vilão – é, afinal, a interpretação que ele tem dos atos passados, há décadas, de César. É o que Durand, em entrevista ao Estadão, também enxerga na complexidade do personagem.

“É tudo questão de narrativa, para onde ela está apontando”, diz Kevin, em um bate-papo por vídeo, concedido em fevereiro, alguns meses antes da estreia do filme. “Proximus está tentando descobrir como continuar ascendendo. Ele não tem interesse em voltar a viver em gaiolas, correr com medo e subir em árvores para ficar longe dos humanos. Ele não tem interesse em ficar fora do poder. Ele faz o que acha que é necessário na mente dele”.

Noa (Owen Teague, em captura de movimento) e Dar (Sara Wiseman) em 'Planeta dos Macacos: O Reinado’, que chega aos cinemas em 9 de maio. Foto: 20th Century Studios/Divulgação

Ou seja: os dilemas éticos retornam neste quarto capítulo, mas com um sabor a mais de tentar compreender quais são os caminhos das ideias. César, nesse espaço-tempo que a narrativa dá para o personagem anteriormente vivido por Andy Serkis, deixou de ser um macaco dentro dessa história. Agora, ele se transformou em ideias que se transformam.

“Proximus está fazendo exatamente o que precisa fazer para garantir um bom futuro. Ele realmente acredita que os símios podem fazer melhor do que os humanos. É a vez deles”, continua Durand. “Eu nunca o vi realmente como um vilão, mesmo que seja um macaco gigantesco, poderoso e incrivelmente inteligente. Ele tem a capacidade que outros macacos não têm: pensar no futuro e tentar planejar, enquanto os outros só pensam no presente”.

Um novo mundo

Planeta dos Macacos existe há algum tempo por aí: o primeiro filme chegou aos cinemas em 1968, adaptando parte do livro de Pierre Boulle. Foi um sucesso e deixou muita gente absolutamente chocada com a reviravolta final – que, hoje, é o começo da nova trilogia.

Durand conta que, quando era criança, adorava “mergulhar nesse mundo”. “Eu tinha muito medo, mas adorava assistir. Não conseguia desviar o olhar. O conceito de macacos falantes era a coisa mais aterrorizante que eu poderia imaginar, mas eu não conseguia parar de assistir”, conta. “Depois, a última trilogia virou minha trilogia favorita de todos os tempos”.

Quando recebeu o convite para fazer uma audição, o ator de Abigail – que, aliás, também se tornou o destaque acidental neste novo filme de terror – viu aquilo como a oportunidade de uma vida. Aos poucos, foi compreendendo como seria interpretar um macaco: teria que mudar a forma de falar, por conta da diferença de laringe, e como teria que andar.

Afinal, por mais que seja um filme recheado de computação gráfica, quase como se fosse uma cena de videogame em alguns momentos, tudo é feito com captura de movimentos – que é quando os atores interpretam as cenas, com vários pontinhos no rosto e uma roupa especial. Depois, especialistas em computação gráfica adicionam os efeitos visuais na pós-produção.

Proximus Caesar (personagem de Kevin Durand) em 'Planeta dos Macacos: O Reinado’. Foto: 20th Century Studios/Divulgação

“Não foi diferente do que já tinha feito”, diz ele, dizendo que, independente do cenário que o cerca, vai continuar se deixando levar pela emoção do personagem. “Eu me perco no momento e às vezes nem sei onde estou. Melhor isso agora, mas eu costumava não lembrar onde estava a câmera porque estava tão perdido e concentrado na cena”.

Em Planeta dos Macacos: O Reinado, Durand acredita que outro elemento foi essencial e importante nesse trabalho de captura de movimentos: tirar o ser humano de cena. O que, de uma forma um tanto irônica para tudo que o filme discute, trouxe resultados positivos.

“Foi uma verdadeira imersão trabalhar com a captura de movimentos porque nenhuma das nossas fraquezas humanas, a vaidade sendo a principal delas, estavam atrapalhando de alguma forma. Eu nunca ficava pensando para não fazer uma careta por parecer terrível fazendo aquilo. Tudo sumia”, diz. “Foi libertador me entregar ao que estava sentindo”.

A graça da nova trilogia de Planeta dos Macacos, de Matt Reeves, está na questão moral vivida pelo macaco César: em um período em que ele está evoluindo e adquirindo novas capacidades, como conviver com o ser humano? Guerra ou paz? Depois da resposta desse questionamento em Planeta dos Macacos: A Guerra, de 2017, chega o momento de avaliar o legado dessa decisão em Planeta dos Macacos: O Reinado, estreia desta quinta-feira, 9.

Agora dirigido por Wes Ball, de Maze Runner, o novo longa dá um salto no tempo. César está morto há décadas; os humanos, enfim subjugados. O mundo agora é dos símios.

Depois do líder César, o novo protagonista é Noa (Owen Teague, em captura de movimento), um jovem macaco que vê seu clã ser escravizado após um erro de cálculo que faz com que outros símios, rivais de sua tribo, encontram o refúgio antes intocado. É aí que começa uma trama de vingança, com Noa tentando reencontrar familiares e amigos.

É um filme, porém, longe de ser uma trama de vingança. Planeta dos Macacos: O Reinado, com roteiro de Josh Friedman (Avatar: O Caminho da Água), está bem mais interessado em compreender como os legados se comportam ao longo do tempo da nossa História. César é um mito – e, com a distância do tempo, passa a ter diferentes interpretações e ideias.

Kevin Durand: entre a fina linha da moral

Quem confronta e assusta Noa, o jovem protagonista, é Proximus César (Kevin Durand), um macaco que acredita que deve controlar totalmente a tecnologia humana, deixada para trás, e colocar os símios no topo do mundo. Alcançar isso é alcançar o sucesso da espécie.

O diretor Wes Ball já colocou em dúvida, em várias entrevistas, se Proximus é mesmo um vilão – é, afinal, a interpretação que ele tem dos atos passados, há décadas, de César. É o que Durand, em entrevista ao Estadão, também enxerga na complexidade do personagem.

“É tudo questão de narrativa, para onde ela está apontando”, diz Kevin, em um bate-papo por vídeo, concedido em fevereiro, alguns meses antes da estreia do filme. “Proximus está tentando descobrir como continuar ascendendo. Ele não tem interesse em voltar a viver em gaiolas, correr com medo e subir em árvores para ficar longe dos humanos. Ele não tem interesse em ficar fora do poder. Ele faz o que acha que é necessário na mente dele”.

Noa (Owen Teague, em captura de movimento) e Dar (Sara Wiseman) em 'Planeta dos Macacos: O Reinado’, que chega aos cinemas em 9 de maio. Foto: 20th Century Studios/Divulgação

Ou seja: os dilemas éticos retornam neste quarto capítulo, mas com um sabor a mais de tentar compreender quais são os caminhos das ideias. César, nesse espaço-tempo que a narrativa dá para o personagem anteriormente vivido por Andy Serkis, deixou de ser um macaco dentro dessa história. Agora, ele se transformou em ideias que se transformam.

“Proximus está fazendo exatamente o que precisa fazer para garantir um bom futuro. Ele realmente acredita que os símios podem fazer melhor do que os humanos. É a vez deles”, continua Durand. “Eu nunca o vi realmente como um vilão, mesmo que seja um macaco gigantesco, poderoso e incrivelmente inteligente. Ele tem a capacidade que outros macacos não têm: pensar no futuro e tentar planejar, enquanto os outros só pensam no presente”.

Um novo mundo

Planeta dos Macacos existe há algum tempo por aí: o primeiro filme chegou aos cinemas em 1968, adaptando parte do livro de Pierre Boulle. Foi um sucesso e deixou muita gente absolutamente chocada com a reviravolta final – que, hoje, é o começo da nova trilogia.

Durand conta que, quando era criança, adorava “mergulhar nesse mundo”. “Eu tinha muito medo, mas adorava assistir. Não conseguia desviar o olhar. O conceito de macacos falantes era a coisa mais aterrorizante que eu poderia imaginar, mas eu não conseguia parar de assistir”, conta. “Depois, a última trilogia virou minha trilogia favorita de todos os tempos”.

Quando recebeu o convite para fazer uma audição, o ator de Abigail – que, aliás, também se tornou o destaque acidental neste novo filme de terror – viu aquilo como a oportunidade de uma vida. Aos poucos, foi compreendendo como seria interpretar um macaco: teria que mudar a forma de falar, por conta da diferença de laringe, e como teria que andar.

Afinal, por mais que seja um filme recheado de computação gráfica, quase como se fosse uma cena de videogame em alguns momentos, tudo é feito com captura de movimentos – que é quando os atores interpretam as cenas, com vários pontinhos no rosto e uma roupa especial. Depois, especialistas em computação gráfica adicionam os efeitos visuais na pós-produção.

Proximus Caesar (personagem de Kevin Durand) em 'Planeta dos Macacos: O Reinado’. Foto: 20th Century Studios/Divulgação

“Não foi diferente do que já tinha feito”, diz ele, dizendo que, independente do cenário que o cerca, vai continuar se deixando levar pela emoção do personagem. “Eu me perco no momento e às vezes nem sei onde estou. Melhor isso agora, mas eu costumava não lembrar onde estava a câmera porque estava tão perdido e concentrado na cena”.

Em Planeta dos Macacos: O Reinado, Durand acredita que outro elemento foi essencial e importante nesse trabalho de captura de movimentos: tirar o ser humano de cena. O que, de uma forma um tanto irônica para tudo que o filme discute, trouxe resultados positivos.

“Foi uma verdadeira imersão trabalhar com a captura de movimentos porque nenhuma das nossas fraquezas humanas, a vaidade sendo a principal delas, estavam atrapalhando de alguma forma. Eu nunca ficava pensando para não fazer uma careta por parecer terrível fazendo aquilo. Tudo sumia”, diz. “Foi libertador me entregar ao que estava sentindo”.

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