Um cheiro de chocolate já se espalha pelo ar porque se aproxima a estreia de Wonka nos cinemas, o novo capítulo do clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate. Com Timothée Chalamet no excêntrico papel-título, nem todo mundo ficou tão entusiasmado de atuar no filme, em cartaz a partir desta quinta-feira, 7.
O novo longa é situado 25 anos antes dos acontecimentos do original e mostra um Wonka jovem, começando a jornada para se tornar o grande chocolateiro do planeta. Mas Hugh Grant, que faz um Umpa Lumpa em perseguição ao protagonista ficou incomodado com a produção.
A Hugh foi perguntado, em entrevista coletiva de divulgação do filme, como foi o processo de gravar a captura digital para a personagem. Ele rasgou o verbo em reclamações no melhor estilo de humor ácido britânico. “Lamentável. Horrível”, disparou, arrancando risadas dos colegas de elenco.
Hugh Grant
Estavam presentes também o cineasta Paul King, que dirige o longa, o roteirista Simon Farnaby, e os atores Timothée Chalamet, Calah Lane, Keegan-Michael Key e Olivia Colman. A companhia ilustre, no entanto, pareceu incendiar o discurso de Hugh.
“Nós usamos uma espécie de coroa de espinhos. É muito, muito desconfortável. Eu fiz um grande estardalhaço sobre isso”, admitiu. Ele contou que, ao longo de dois anos, foi chamado de volta a cada dois meses para refazer as cenas do Umpa Lumpa, em um processo que definiu como incompreensível.
“Você é microfonado, tem correias te amarrando, há 16 câmeras diferentes. Eu não sabia onde estava, o que estava acontecendo”, afirmou o ator. “Eu não poderia ter odiado mais a coisa toda”, completa, para deleite total de Olivia Colman, que gargalha.
Depois, Hugh voltou a brincar sobre o motivo de ter voltado a trabalhar com o diretor Paul King e topado o papel em Wonka - a parceria ocorreu anteriormente em As Aventuras de Paddington 2. “Você adora fazer filmes”, diz a Paul, “e eu odeio bem de leve. Mas tenho muitos filhos e preciso do dinheiro”, afirma sarcasticamente, novamente divertindo os colegas.
O que esperar de Wonka
Evidentemente, a história de Willy Wonka não poderia ser contada em um cenário obscuro e sinistro. Mas é exatamente essa dualidade que Paul King traz, como é possível ver já no trailer. O protagonista vive em uma atmosfera opressiva e industrial depois de ter rodado o mundo conhecendo culturas e sabores, mas traz luz e cor por onde passa.
“O mundo não é o tipo de lugar gracioso e acolhedor que esperamos que seja, mas Willy Wonka não aceita ‘não’ como resposta, e se propõe a mudar as coisas para como elas deveriam ser”, diz o diretor, que classifica a personagem como um otimista.
explica Paul.
Para o diretor, foi a versatilidade de Timothée que permitiu encontrar o tom preciso para o chocolateiro, dizendo inclusive que assisti-lo em cena era extraordinário. “O desempenho do Timmy é ótimo. Ele é um ator muito controlado, brilhante”, afirma o diretor. Conta ainda que com frequênca assistia aos takes junto com o ator e ele sempre trazia novos olhares. “Podíamos tentar diversas variações e escolher o caminho certo”, afirma o diretor.
Já para o ator, o filme foi uma oportunidade de experimentar outra forma de atuação, na qual cada tomada não era “preciosa” ao ponto de não poder ser refeita - o que foi libertador. “Foi um ‘aprender a deixar fluir’. Foi quase como se eu pensasse: ‘Tudo bem. Podemos nos divertir. Isso pode ser assim’”, revela Timothée.
Ele fala também da responsabilidade de assumir uma personagem tão emblemática para a história do cinema, especialmente por causa da icônica atuação de Gene Wilder no filme de 1971.
“Quando as personagens são tão amadas, as pessoas as vigiam bem de perto. E ficam imediatamente céticas, com razão. Mas quando a história, o roteiro e o conceito são tão inteligentes quanto o que Simon e Paul criaram, a história parece garantida”, afirma o ator.
Timothée ainda conta adorar a postura da personagem de se recusar a desistir dos próprios sonhos e a perspectiva otimista que este Wonka tem para enfrentar as adversidades. “Foi um desafio maravilhoso. E realmente o luxo [de contar com] a generosidade de Paul como cineasta. Eu senti que poderia tentar de tudo”, afirma o protagonista. Pela primeira vez, Timothée vai cantar na tela grande.
A verdadeira camaleoa da atual Hollywood, vencedora do Oscar de melhor atriz em 2019, Olivia Colman vive a caricata vilã Dona Alva. E diz que amou fazê-la. “É muito divertido interpretar uma malvadinha”. E ainda atacou de tiete de Timothée. “Sou uma grande fã do Timmy”.