Quando teremos mais filmes latinos no Oscar? Para presidente da Academia, é ‘só questão de tempo’


Representatividade na premiação tem crescido, mas produções da América Latina ainda são minoria até mesmo entre as internacionais. Janet Yang, produtora à frente da organização que realiza a competição, falou ao ‘Estadão’ sobre diversidade entre indicados

Por Julia Queiroz

Em 2024, duas produções não americanas destacam-se entre os filmes indicados ao Oscar por não ficarem restritas à categoria de filme internacional e disputarem estatuetas para categorias como melhor filme e melhor direção: Anatomia de uma Queda e Zona de Interesse. As duas, contudo, são europeias, da França e da Alemanha, respectivamente.

Neste ano, a América Latina é representada apenas pelo Chile, com os filmes El Conde, que concorre a melhor fotografia, e A Memória Infinita, a melhor documentário. Pelo quarto ano seguido, o Brasil ficou de fora da premiação - a última indicação do País foi com o documentário Democracia em Vertigem, em 2020.

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Ainda assim, Janet Yang, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, afirma que é apenas uma questão de tempo até termos mais filmes latino-americanos concorrendo à premiação.

O Oscar ocorre neste domingo, 10 de março, sem nenhum brasileiro entre os indicados. Foto: Matt Sayles/Invision/A

Em entrevista coletiva com a presença do Estadão e veículos do México, Argentina, Chile e Colômbia, Yang, que preside a Academia de Hollywood desde 2022 e tem longa carreira como produtora, admitiu que a mudança é lenta, mas afirma que o caminho está sendo traçado para que mais latinos façam parte da organização.

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“Nosso quadro de membros agora é de mais de 20% de pessoas que não residem nos Estados Unidos. Portanto, há pessoas de todas as partes do mundo. Tivemos 93 países representados na votação para as indicações. Vimos grandes mudanças e planejamos continuar a expandir a Academia nessa direção”, diz.

E uma coisa leva a outra: quanto mais diversa for a lista de votantes, mais diversos serão os filmes que ganham espaço na premiação. Para a presidente, as primeiras mudanças nesse sentido puderam ser vista em 2020, quando, pela primeira vez na história, um filme de idioma não inglês ganhou a categoria de melhor filme: Parasita, do coreano Bong Joon-ho.

Cena do filme 'Parasita', de Bong Joon-ho, que ganhou o Oscar de melhor filme em 2020. Foto: Pandora Filmes/Divulgação
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Sem citar nomes, ela também destacou que diretores mexicanos têm produzido grandes obras e sendo mais reconhecidos nos últimos anos. Houve dois, mais recentemente. Guillermo del Toro, que ganhou em 2018 com A Forma da Água (uma produção americana, vale dizer) e Alfonso Cuarón, melhor diretor por Roma em 2019.

Acho que é apenas uma questão de tempo. Estamos indo na direção certa e a expectativa é que vejamos ainda mais mudanças nos próximos anos.

Janet Yang

Yang também reconhece que o público do Oscar é grande por aqui. “Nós observamos e sabemos que o público da América Latina e da América do Sul é enorme. E queremos refletir o entusiasmo dessas pessoas. Há muito talento em muitos cantos do mundo que tem sido menos reconhecido do que deveria.”

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Público quer filmes autênticos

A produtora, que tem 67 anos e trabalhou em filmes como O Chamado de Xangai (2012), O Clube da Felicidade e da Sorte (1993) e O Povo Contra Larry Flint (1996), comentou ainda a diversidade entre os principais filmes do Oscar em 2024.

Janet Yang, a presidente da Academia de Hollywood. Foto: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S. /Divulgação
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“Temos grandes sucessos de bilheteria, temos filmes realmente íntimos e algo no meio disso. Tem algo para todo mundo. E isso é realmente importante. Nós queremos sucessos de bilheteria, mas também queremos que o público em geral, que talvez não consiga ver um filme menor, também os assista”, diz.

Esse reconhecimento de filmes menores ou independentes também acontece, segundo Yang, porque a geração Z está, cada vez mais, descobrindo filmes por meio das redes sociais. “[Isso] está mantendo a bilheteria de muitos filmes menores. Antes, os filmes mais ousados eram mais voltados para o público mais velho e agora o público mais jovem também está indo.”

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“Os dados também nos dizem que eles gostam de filmes muito autênticos”, completa ela. “E que não querem que lhes vendam um filme em excesso. Eles querem descobrir filmes. E acho que isso também é um ótimo sinal para nós. Portanto, alguns filmes são instantaneamente atraentes e atingem um grande público, e outros a geração Z tem que descobrir, e isso também nos ajudou muito.”

Filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme: Anatomia de Uma Queda, Assassinos da Lua das Flores, Barbie, Ficção Americana, Maestro, Oppenheimer, Os Rejeitados, Pobres Criaturas, Vidas Passadas e Zona de Interesse.  Foto: Neon/Divulgação, Apple TV+/Divulgação, Warner Bros. Pictures/Divulgação, Claire Folger/MGM-Orion/Divulgação, Jason McDonald/Netflix/Divulgação, Universal Pictures/Divulgação, Seacia Pavao/Focus Features/Divulgação, Atsushi Nishijima/Divulgação, Paramount Pictures/Divulgação, e A24/Divulgação

Para ela, isso está diretamente ligado com o maior espaço que os filmes não americanos podem ganhar na premiação no futuro. “Isso diz muito sobre o estado atual da indústria cinematográfica, que reflete o estado atual do mundo. As fronteiras estão mais permeáveis e há uma comunicação muito maior por causa das redes sociais entre essas fronteiras nacionais”, comentou.

“Quase não importa mais de onde os filmes vêm ou em que idioma estão. Quando o diretor Bong Joon ho, de Parasita, fez aquele comentário sobre as legendas, parecia que as legendas eram um obstáculo. Parece que agora elas não são mais”, afirma.

Oscar 2024

A 96ª edição do Oscar será transmitida neste domingo, 10 de março, na TNT e na Max. Às 19h, começa a transmissão do tapete vermelho e às 20h, a entrega das estatuetas. A premiação poderá ser assistido no streaming até o dia 13 de março.

Leia mais sobre o Oscar

Em 2024, duas produções não americanas destacam-se entre os filmes indicados ao Oscar por não ficarem restritas à categoria de filme internacional e disputarem estatuetas para categorias como melhor filme e melhor direção: Anatomia de uma Queda e Zona de Interesse. As duas, contudo, são europeias, da França e da Alemanha, respectivamente.

Neste ano, a América Latina é representada apenas pelo Chile, com os filmes El Conde, que concorre a melhor fotografia, e A Memória Infinita, a melhor documentário. Pelo quarto ano seguido, o Brasil ficou de fora da premiação - a última indicação do País foi com o documentário Democracia em Vertigem, em 2020.

Ainda assim, Janet Yang, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, afirma que é apenas uma questão de tempo até termos mais filmes latino-americanos concorrendo à premiação.

O Oscar ocorre neste domingo, 10 de março, sem nenhum brasileiro entre os indicados. Foto: Matt Sayles/Invision/A

Em entrevista coletiva com a presença do Estadão e veículos do México, Argentina, Chile e Colômbia, Yang, que preside a Academia de Hollywood desde 2022 e tem longa carreira como produtora, admitiu que a mudança é lenta, mas afirma que o caminho está sendo traçado para que mais latinos façam parte da organização.

“Nosso quadro de membros agora é de mais de 20% de pessoas que não residem nos Estados Unidos. Portanto, há pessoas de todas as partes do mundo. Tivemos 93 países representados na votação para as indicações. Vimos grandes mudanças e planejamos continuar a expandir a Academia nessa direção”, diz.

E uma coisa leva a outra: quanto mais diversa for a lista de votantes, mais diversos serão os filmes que ganham espaço na premiação. Para a presidente, as primeiras mudanças nesse sentido puderam ser vista em 2020, quando, pela primeira vez na história, um filme de idioma não inglês ganhou a categoria de melhor filme: Parasita, do coreano Bong Joon-ho.

Cena do filme 'Parasita', de Bong Joon-ho, que ganhou o Oscar de melhor filme em 2020. Foto: Pandora Filmes/Divulgação

Sem citar nomes, ela também destacou que diretores mexicanos têm produzido grandes obras e sendo mais reconhecidos nos últimos anos. Houve dois, mais recentemente. Guillermo del Toro, que ganhou em 2018 com A Forma da Água (uma produção americana, vale dizer) e Alfonso Cuarón, melhor diretor por Roma em 2019.

Acho que é apenas uma questão de tempo. Estamos indo na direção certa e a expectativa é que vejamos ainda mais mudanças nos próximos anos.

Janet Yang

Yang também reconhece que o público do Oscar é grande por aqui. “Nós observamos e sabemos que o público da América Latina e da América do Sul é enorme. E queremos refletir o entusiasmo dessas pessoas. Há muito talento em muitos cantos do mundo que tem sido menos reconhecido do que deveria.”

Público quer filmes autênticos

A produtora, que tem 67 anos e trabalhou em filmes como O Chamado de Xangai (2012), O Clube da Felicidade e da Sorte (1993) e O Povo Contra Larry Flint (1996), comentou ainda a diversidade entre os principais filmes do Oscar em 2024.

Janet Yang, a presidente da Academia de Hollywood. Foto: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S. /Divulgação

“Temos grandes sucessos de bilheteria, temos filmes realmente íntimos e algo no meio disso. Tem algo para todo mundo. E isso é realmente importante. Nós queremos sucessos de bilheteria, mas também queremos que o público em geral, que talvez não consiga ver um filme menor, também os assista”, diz.

Esse reconhecimento de filmes menores ou independentes também acontece, segundo Yang, porque a geração Z está, cada vez mais, descobrindo filmes por meio das redes sociais. “[Isso] está mantendo a bilheteria de muitos filmes menores. Antes, os filmes mais ousados eram mais voltados para o público mais velho e agora o público mais jovem também está indo.”

“Os dados também nos dizem que eles gostam de filmes muito autênticos”, completa ela. “E que não querem que lhes vendam um filme em excesso. Eles querem descobrir filmes. E acho que isso também é um ótimo sinal para nós. Portanto, alguns filmes são instantaneamente atraentes e atingem um grande público, e outros a geração Z tem que descobrir, e isso também nos ajudou muito.”

Filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme: Anatomia de Uma Queda, Assassinos da Lua das Flores, Barbie, Ficção Americana, Maestro, Oppenheimer, Os Rejeitados, Pobres Criaturas, Vidas Passadas e Zona de Interesse.  Foto: Neon/Divulgação, Apple TV+/Divulgação, Warner Bros. Pictures/Divulgação, Claire Folger/MGM-Orion/Divulgação, Jason McDonald/Netflix/Divulgação, Universal Pictures/Divulgação, Seacia Pavao/Focus Features/Divulgação, Atsushi Nishijima/Divulgação, Paramount Pictures/Divulgação, e A24/Divulgação

Para ela, isso está diretamente ligado com o maior espaço que os filmes não americanos podem ganhar na premiação no futuro. “Isso diz muito sobre o estado atual da indústria cinematográfica, que reflete o estado atual do mundo. As fronteiras estão mais permeáveis e há uma comunicação muito maior por causa das redes sociais entre essas fronteiras nacionais”, comentou.

“Quase não importa mais de onde os filmes vêm ou em que idioma estão. Quando o diretor Bong Joon ho, de Parasita, fez aquele comentário sobre as legendas, parecia que as legendas eram um obstáculo. Parece que agora elas não são mais”, afirma.

Oscar 2024

A 96ª edição do Oscar será transmitida neste domingo, 10 de março, na TNT e na Max. Às 19h, começa a transmissão do tapete vermelho e às 20h, a entrega das estatuetas. A premiação poderá ser assistido no streaming até o dia 13 de março.

Leia mais sobre o Oscar

Em 2024, duas produções não americanas destacam-se entre os filmes indicados ao Oscar por não ficarem restritas à categoria de filme internacional e disputarem estatuetas para categorias como melhor filme e melhor direção: Anatomia de uma Queda e Zona de Interesse. As duas, contudo, são europeias, da França e da Alemanha, respectivamente.

Neste ano, a América Latina é representada apenas pelo Chile, com os filmes El Conde, que concorre a melhor fotografia, e A Memória Infinita, a melhor documentário. Pelo quarto ano seguido, o Brasil ficou de fora da premiação - a última indicação do País foi com o documentário Democracia em Vertigem, em 2020.

Ainda assim, Janet Yang, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, afirma que é apenas uma questão de tempo até termos mais filmes latino-americanos concorrendo à premiação.

O Oscar ocorre neste domingo, 10 de março, sem nenhum brasileiro entre os indicados. Foto: Matt Sayles/Invision/A

Em entrevista coletiva com a presença do Estadão e veículos do México, Argentina, Chile e Colômbia, Yang, que preside a Academia de Hollywood desde 2022 e tem longa carreira como produtora, admitiu que a mudança é lenta, mas afirma que o caminho está sendo traçado para que mais latinos façam parte da organização.

“Nosso quadro de membros agora é de mais de 20% de pessoas que não residem nos Estados Unidos. Portanto, há pessoas de todas as partes do mundo. Tivemos 93 países representados na votação para as indicações. Vimos grandes mudanças e planejamos continuar a expandir a Academia nessa direção”, diz.

E uma coisa leva a outra: quanto mais diversa for a lista de votantes, mais diversos serão os filmes que ganham espaço na premiação. Para a presidente, as primeiras mudanças nesse sentido puderam ser vista em 2020, quando, pela primeira vez na história, um filme de idioma não inglês ganhou a categoria de melhor filme: Parasita, do coreano Bong Joon-ho.

Cena do filme 'Parasita', de Bong Joon-ho, que ganhou o Oscar de melhor filme em 2020. Foto: Pandora Filmes/Divulgação

Sem citar nomes, ela também destacou que diretores mexicanos têm produzido grandes obras e sendo mais reconhecidos nos últimos anos. Houve dois, mais recentemente. Guillermo del Toro, que ganhou em 2018 com A Forma da Água (uma produção americana, vale dizer) e Alfonso Cuarón, melhor diretor por Roma em 2019.

Acho que é apenas uma questão de tempo. Estamos indo na direção certa e a expectativa é que vejamos ainda mais mudanças nos próximos anos.

Janet Yang

Yang também reconhece que o público do Oscar é grande por aqui. “Nós observamos e sabemos que o público da América Latina e da América do Sul é enorme. E queremos refletir o entusiasmo dessas pessoas. Há muito talento em muitos cantos do mundo que tem sido menos reconhecido do que deveria.”

Público quer filmes autênticos

A produtora, que tem 67 anos e trabalhou em filmes como O Chamado de Xangai (2012), O Clube da Felicidade e da Sorte (1993) e O Povo Contra Larry Flint (1996), comentou ainda a diversidade entre os principais filmes do Oscar em 2024.

Janet Yang, a presidente da Academia de Hollywood. Foto: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S. /Divulgação

“Temos grandes sucessos de bilheteria, temos filmes realmente íntimos e algo no meio disso. Tem algo para todo mundo. E isso é realmente importante. Nós queremos sucessos de bilheteria, mas também queremos que o público em geral, que talvez não consiga ver um filme menor, também os assista”, diz.

Esse reconhecimento de filmes menores ou independentes também acontece, segundo Yang, porque a geração Z está, cada vez mais, descobrindo filmes por meio das redes sociais. “[Isso] está mantendo a bilheteria de muitos filmes menores. Antes, os filmes mais ousados eram mais voltados para o público mais velho e agora o público mais jovem também está indo.”

“Os dados também nos dizem que eles gostam de filmes muito autênticos”, completa ela. “E que não querem que lhes vendam um filme em excesso. Eles querem descobrir filmes. E acho que isso também é um ótimo sinal para nós. Portanto, alguns filmes são instantaneamente atraentes e atingem um grande público, e outros a geração Z tem que descobrir, e isso também nos ajudou muito.”

Filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme: Anatomia de Uma Queda, Assassinos da Lua das Flores, Barbie, Ficção Americana, Maestro, Oppenheimer, Os Rejeitados, Pobres Criaturas, Vidas Passadas e Zona de Interesse.  Foto: Neon/Divulgação, Apple TV+/Divulgação, Warner Bros. Pictures/Divulgação, Claire Folger/MGM-Orion/Divulgação, Jason McDonald/Netflix/Divulgação, Universal Pictures/Divulgação, Seacia Pavao/Focus Features/Divulgação, Atsushi Nishijima/Divulgação, Paramount Pictures/Divulgação, e A24/Divulgação

Para ela, isso está diretamente ligado com o maior espaço que os filmes não americanos podem ganhar na premiação no futuro. “Isso diz muito sobre o estado atual da indústria cinematográfica, que reflete o estado atual do mundo. As fronteiras estão mais permeáveis e há uma comunicação muito maior por causa das redes sociais entre essas fronteiras nacionais”, comentou.

“Quase não importa mais de onde os filmes vêm ou em que idioma estão. Quando o diretor Bong Joon ho, de Parasita, fez aquele comentário sobre as legendas, parecia que as legendas eram um obstáculo. Parece que agora elas não são mais”, afirma.

Oscar 2024

A 96ª edição do Oscar será transmitida neste domingo, 10 de março, na TNT e na Max. Às 19h, começa a transmissão do tapete vermelho e às 20h, a entrega das estatuetas. A premiação poderá ser assistido no streaming até o dia 13 de março.

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