Rio2C: streaming foi nosso unicórnio, diz cineasta argentino Daniel Burman


Diretor do longa ‘O Abraço Partido’ nota uma evolução nas séries, que têm a vantagem de se arriscarem mais

Por Rodrigo Fonseca

Debruçado sobre a segunda temporada da série Iosi, o Espião Arrependido (disponível na plataforma Amazon Prime), sobra a qual falou na Rio2C, fórum de criatividade na produção audiovisual, realizado na Cidade das Artes, no Rio, o cineasta argentino Daniel Burman enxerga no boom dos streamings uma justiça histórica com diretores da produção independente.

Integrante de uma revolução narrativa iniciada na América Latina no final da década de 1990, com Central do Brasil (1998), chamada de La Nueva Onda, o realizador de 49 anos integrou a geração de vozes autorais que repaginaram a representação do continente nas telas, misturando elementos documentais com a inclusão de problemáticas sociais (então urgentes) à ficção.

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Notabilizou-se pelo longa-metragem O Abraço Partido, que conquistou o Grande Prêmio do Júri em Berlim, em 2004. Naquele momento, Walter Salles rodava o mundo com Diários de Motocicleta e Fernando Meirelles concorria ao Oscar com Cidade de Deus, lançado em 2002. Em terras portenhas, Lucrecia Martel lançava A Menina Santa e Juan José Campanella lotava salas com O Clube da Lua, apoiado no carisma de seu astro habitual, Ricardo Darín. Vindo do Uruguai, Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, firmava-se como cult. Era um período de euforia, diferente do que Burman encontra hoje.

“Fizemos coisas incríveis lutando contra o monopólio de distribuição por parte de certas grandes empresas que dominavam o mercado exibidor e para as quais a gente precisava rezar para poder conseguir um dia a mais em circuito para nossos filmes. Toda a força que havia em O Abraço Partido esbarrava nessa pressão. Quando as plataformas de streaming apareceram, em busca de conteúdo original, foi como se a gente tivesse encontrado um unicórnio”, avalia Burman, em entrevista via Zoom com o Estadão.

Neste momento, ele desenvolve um projeto de série para o México, cria novas tramas para a saga de Iosi - um espião antiterrorista infiltrado na comunidade judaica, vivido por Gustavo Bassani - e tem mais um projeto pessoal para rodar no fim do ano.

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“Estou às voltas com séries, mas já tenho ideias para voltar ao cinema. No Rio2C, quero conhecer gente e ter algo que as redes sociais não nos dão: possibilidade de dialogar, ruminar ideias e refletir escolhas. Redes sociais viraram espaços de imposição de verdades. Não quero essas verdades, quero trocas, sobretudo por sentir que falamos pouco de conteúdo, em bases antropológicas”, diz Burman, ciente da potência que seu país virou na telona, renovado com o êxito recente de Argentina, 1985, de Santiago Mitre. “Não sou bom pra avaliar o que veio da época em que fizemos filmes como O Abraço Partido. Sei que, perto de fazer 50 anos, ainda me sinto o mesmo jovem que era quando filmei aquela história.”

Ao avaliar os formatos de série pelos quais passou, como Supermax (a versão hispânica da série da TV Globo), Edha e agora Iosi, o Espião Arrependido, após ter rodado longas elogiados como Dois Irmãos (2010) e O Décimo Homem (2016), Burman avalia a dimensão de risco que encontra no trabalho com a “streaminguesfera”.

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“Há uma narrativa em evolução nas séries, que têm a vantagem de se arriscarem mais. Sinto que ainda não avaliamos, por exemplo, o impacto que os jogos eletrônicos podem ter sobre a construção dessa dramaturgia longa. Pode ser um impacto forte. Meu interesse no Rio2C é discutir pontos como esse, tentar aprender com o que já fizemos nos últimos anos”, diz o cineasta.

“Temos de estar cada vez mais atentos aos movimentos contemporâneos da sociedade e entender suas transformações mais recentes, para poder retratá-las. Pra isso, eu tenho um caminho: quando termino um projeto, não emendo em outro de cara. Vou cortar o cabelo, vou ao mercado, saio pelas ruas a caminhar. O mundo real, que a gente quer tanto retratar, está nos lugares públicos. Temos de estar neles.”

Debruçado sobre a segunda temporada da série Iosi, o Espião Arrependido (disponível na plataforma Amazon Prime), sobra a qual falou na Rio2C, fórum de criatividade na produção audiovisual, realizado na Cidade das Artes, no Rio, o cineasta argentino Daniel Burman enxerga no boom dos streamings uma justiça histórica com diretores da produção independente.

Integrante de uma revolução narrativa iniciada na América Latina no final da década de 1990, com Central do Brasil (1998), chamada de La Nueva Onda, o realizador de 49 anos integrou a geração de vozes autorais que repaginaram a representação do continente nas telas, misturando elementos documentais com a inclusão de problemáticas sociais (então urgentes) à ficção.

Notabilizou-se pelo longa-metragem O Abraço Partido, que conquistou o Grande Prêmio do Júri em Berlim, em 2004. Naquele momento, Walter Salles rodava o mundo com Diários de Motocicleta e Fernando Meirelles concorria ao Oscar com Cidade de Deus, lançado em 2002. Em terras portenhas, Lucrecia Martel lançava A Menina Santa e Juan José Campanella lotava salas com O Clube da Lua, apoiado no carisma de seu astro habitual, Ricardo Darín. Vindo do Uruguai, Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, firmava-se como cult. Era um período de euforia, diferente do que Burman encontra hoje.

“Fizemos coisas incríveis lutando contra o monopólio de distribuição por parte de certas grandes empresas que dominavam o mercado exibidor e para as quais a gente precisava rezar para poder conseguir um dia a mais em circuito para nossos filmes. Toda a força que havia em O Abraço Partido esbarrava nessa pressão. Quando as plataformas de streaming apareceram, em busca de conteúdo original, foi como se a gente tivesse encontrado um unicórnio”, avalia Burman, em entrevista via Zoom com o Estadão.

Neste momento, ele desenvolve um projeto de série para o México, cria novas tramas para a saga de Iosi - um espião antiterrorista infiltrado na comunidade judaica, vivido por Gustavo Bassani - e tem mais um projeto pessoal para rodar no fim do ano.

“Estou às voltas com séries, mas já tenho ideias para voltar ao cinema. No Rio2C, quero conhecer gente e ter algo que as redes sociais não nos dão: possibilidade de dialogar, ruminar ideias e refletir escolhas. Redes sociais viraram espaços de imposição de verdades. Não quero essas verdades, quero trocas, sobretudo por sentir que falamos pouco de conteúdo, em bases antropológicas”, diz Burman, ciente da potência que seu país virou na telona, renovado com o êxito recente de Argentina, 1985, de Santiago Mitre. “Não sou bom pra avaliar o que veio da época em que fizemos filmes como O Abraço Partido. Sei que, perto de fazer 50 anos, ainda me sinto o mesmo jovem que era quando filmei aquela história.”

Ao avaliar os formatos de série pelos quais passou, como Supermax (a versão hispânica da série da TV Globo), Edha e agora Iosi, o Espião Arrependido, após ter rodado longas elogiados como Dois Irmãos (2010) e O Décimo Homem (2016), Burman avalia a dimensão de risco que encontra no trabalho com a “streaminguesfera”.

“Há uma narrativa em evolução nas séries, que têm a vantagem de se arriscarem mais. Sinto que ainda não avaliamos, por exemplo, o impacto que os jogos eletrônicos podem ter sobre a construção dessa dramaturgia longa. Pode ser um impacto forte. Meu interesse no Rio2C é discutir pontos como esse, tentar aprender com o que já fizemos nos últimos anos”, diz o cineasta.

“Temos de estar cada vez mais atentos aos movimentos contemporâneos da sociedade e entender suas transformações mais recentes, para poder retratá-las. Pra isso, eu tenho um caminho: quando termino um projeto, não emendo em outro de cara. Vou cortar o cabelo, vou ao mercado, saio pelas ruas a caminhar. O mundo real, que a gente quer tanto retratar, está nos lugares públicos. Temos de estar neles.”

Debruçado sobre a segunda temporada da série Iosi, o Espião Arrependido (disponível na plataforma Amazon Prime), sobra a qual falou na Rio2C, fórum de criatividade na produção audiovisual, realizado na Cidade das Artes, no Rio, o cineasta argentino Daniel Burman enxerga no boom dos streamings uma justiça histórica com diretores da produção independente.

Integrante de uma revolução narrativa iniciada na América Latina no final da década de 1990, com Central do Brasil (1998), chamada de La Nueva Onda, o realizador de 49 anos integrou a geração de vozes autorais que repaginaram a representação do continente nas telas, misturando elementos documentais com a inclusão de problemáticas sociais (então urgentes) à ficção.

Notabilizou-se pelo longa-metragem O Abraço Partido, que conquistou o Grande Prêmio do Júri em Berlim, em 2004. Naquele momento, Walter Salles rodava o mundo com Diários de Motocicleta e Fernando Meirelles concorria ao Oscar com Cidade de Deus, lançado em 2002. Em terras portenhas, Lucrecia Martel lançava A Menina Santa e Juan José Campanella lotava salas com O Clube da Lua, apoiado no carisma de seu astro habitual, Ricardo Darín. Vindo do Uruguai, Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, firmava-se como cult. Era um período de euforia, diferente do que Burman encontra hoje.

“Fizemos coisas incríveis lutando contra o monopólio de distribuição por parte de certas grandes empresas que dominavam o mercado exibidor e para as quais a gente precisava rezar para poder conseguir um dia a mais em circuito para nossos filmes. Toda a força que havia em O Abraço Partido esbarrava nessa pressão. Quando as plataformas de streaming apareceram, em busca de conteúdo original, foi como se a gente tivesse encontrado um unicórnio”, avalia Burman, em entrevista via Zoom com o Estadão.

Neste momento, ele desenvolve um projeto de série para o México, cria novas tramas para a saga de Iosi - um espião antiterrorista infiltrado na comunidade judaica, vivido por Gustavo Bassani - e tem mais um projeto pessoal para rodar no fim do ano.

“Estou às voltas com séries, mas já tenho ideias para voltar ao cinema. No Rio2C, quero conhecer gente e ter algo que as redes sociais não nos dão: possibilidade de dialogar, ruminar ideias e refletir escolhas. Redes sociais viraram espaços de imposição de verdades. Não quero essas verdades, quero trocas, sobretudo por sentir que falamos pouco de conteúdo, em bases antropológicas”, diz Burman, ciente da potência que seu país virou na telona, renovado com o êxito recente de Argentina, 1985, de Santiago Mitre. “Não sou bom pra avaliar o que veio da época em que fizemos filmes como O Abraço Partido. Sei que, perto de fazer 50 anos, ainda me sinto o mesmo jovem que era quando filmei aquela história.”

Ao avaliar os formatos de série pelos quais passou, como Supermax (a versão hispânica da série da TV Globo), Edha e agora Iosi, o Espião Arrependido, após ter rodado longas elogiados como Dois Irmãos (2010) e O Décimo Homem (2016), Burman avalia a dimensão de risco que encontra no trabalho com a “streaminguesfera”.

“Há uma narrativa em evolução nas séries, que têm a vantagem de se arriscarem mais. Sinto que ainda não avaliamos, por exemplo, o impacto que os jogos eletrônicos podem ter sobre a construção dessa dramaturgia longa. Pode ser um impacto forte. Meu interesse no Rio2C é discutir pontos como esse, tentar aprender com o que já fizemos nos últimos anos”, diz o cineasta.

“Temos de estar cada vez mais atentos aos movimentos contemporâneos da sociedade e entender suas transformações mais recentes, para poder retratá-las. Pra isso, eu tenho um caminho: quando termino um projeto, não emendo em outro de cara. Vou cortar o cabelo, vou ao mercado, saio pelas ruas a caminhar. O mundo real, que a gente quer tanto retratar, está nos lugares públicos. Temos de estar neles.”

Debruçado sobre a segunda temporada da série Iosi, o Espião Arrependido (disponível na plataforma Amazon Prime), sobra a qual falou na Rio2C, fórum de criatividade na produção audiovisual, realizado na Cidade das Artes, no Rio, o cineasta argentino Daniel Burman enxerga no boom dos streamings uma justiça histórica com diretores da produção independente.

Integrante de uma revolução narrativa iniciada na América Latina no final da década de 1990, com Central do Brasil (1998), chamada de La Nueva Onda, o realizador de 49 anos integrou a geração de vozes autorais que repaginaram a representação do continente nas telas, misturando elementos documentais com a inclusão de problemáticas sociais (então urgentes) à ficção.

Notabilizou-se pelo longa-metragem O Abraço Partido, que conquistou o Grande Prêmio do Júri em Berlim, em 2004. Naquele momento, Walter Salles rodava o mundo com Diários de Motocicleta e Fernando Meirelles concorria ao Oscar com Cidade de Deus, lançado em 2002. Em terras portenhas, Lucrecia Martel lançava A Menina Santa e Juan José Campanella lotava salas com O Clube da Lua, apoiado no carisma de seu astro habitual, Ricardo Darín. Vindo do Uruguai, Whisky, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll, firmava-se como cult. Era um período de euforia, diferente do que Burman encontra hoje.

“Fizemos coisas incríveis lutando contra o monopólio de distribuição por parte de certas grandes empresas que dominavam o mercado exibidor e para as quais a gente precisava rezar para poder conseguir um dia a mais em circuito para nossos filmes. Toda a força que havia em O Abraço Partido esbarrava nessa pressão. Quando as plataformas de streaming apareceram, em busca de conteúdo original, foi como se a gente tivesse encontrado um unicórnio”, avalia Burman, em entrevista via Zoom com o Estadão.

Neste momento, ele desenvolve um projeto de série para o México, cria novas tramas para a saga de Iosi - um espião antiterrorista infiltrado na comunidade judaica, vivido por Gustavo Bassani - e tem mais um projeto pessoal para rodar no fim do ano.

“Estou às voltas com séries, mas já tenho ideias para voltar ao cinema. No Rio2C, quero conhecer gente e ter algo que as redes sociais não nos dão: possibilidade de dialogar, ruminar ideias e refletir escolhas. Redes sociais viraram espaços de imposição de verdades. Não quero essas verdades, quero trocas, sobretudo por sentir que falamos pouco de conteúdo, em bases antropológicas”, diz Burman, ciente da potência que seu país virou na telona, renovado com o êxito recente de Argentina, 1985, de Santiago Mitre. “Não sou bom pra avaliar o que veio da época em que fizemos filmes como O Abraço Partido. Sei que, perto de fazer 50 anos, ainda me sinto o mesmo jovem que era quando filmei aquela história.”

Ao avaliar os formatos de série pelos quais passou, como Supermax (a versão hispânica da série da TV Globo), Edha e agora Iosi, o Espião Arrependido, após ter rodado longas elogiados como Dois Irmãos (2010) e O Décimo Homem (2016), Burman avalia a dimensão de risco que encontra no trabalho com a “streaminguesfera”.

“Há uma narrativa em evolução nas séries, que têm a vantagem de se arriscarem mais. Sinto que ainda não avaliamos, por exemplo, o impacto que os jogos eletrônicos podem ter sobre a construção dessa dramaturgia longa. Pode ser um impacto forte. Meu interesse no Rio2C é discutir pontos como esse, tentar aprender com o que já fizemos nos últimos anos”, diz o cineasta.

“Temos de estar cada vez mais atentos aos movimentos contemporâneos da sociedade e entender suas transformações mais recentes, para poder retratá-las. Pra isso, eu tenho um caminho: quando termino um projeto, não emendo em outro de cara. Vou cortar o cabelo, vou ao mercado, saio pelas ruas a caminhar. O mundo real, que a gente quer tanto retratar, está nos lugares públicos. Temos de estar neles.”

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