Robert Downey Jr diz que ‘Oppenheimer’ o fez refletir sobre compreensão da história das guerras


Filme conta história do polêmico físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que supervisionou o desenvolvimento da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra

Por Redação
Foto: Vianney Le Caer/Invision/AP
Entrevista comRobert Downey Jr.Ator, que está no novo filme de Christopher Nolan, 'Oppenheimer'

AP - Robert Downey Jr. disse que, depois de atuar em Oppenheimer, de Christopher Nolan, ficou pensando sobre a importância do contexto para a compreensão de momentos significativos da história.

O filme conta a história do polêmico físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que supervisionou o desenvolvimento da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Downey interpreta o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, figura-chave na revogação do certificado de segurança de Oppenheimer.

Oppenheimer será lançado nos cinemas nesta quinta-feira, 20. A entrevista, realizada antes da convocação da greve dos atores, foi editada para maior clareza e brevidade.

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Robert Downey Jr interpreta Lewis Strauss no filme 'Oppenheimer', novo longa de Christopher Nolan, que estreia esta semana. Foto: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures/AP

Qual foi a sua conclusão após mergulhar neste projeto sobre um momento crucial da história?

DOWNEY: O contexto é muito importante. O momento do Projeto Manhattan e sua implantação, se tudo isso era necessário ou não... Você pode ler muitos dados a favor de um argumento ou outro, pode debater o “porquê”, mas a realidade dura é o “estamos aqui e agora”. Sob a direção de Chris Nolan, podemos convidar o público a participar dessa reflexão. Todos nós conhecemos filmes dos últimos 50 anos que foram importantes nesse sentido, além de divertidos, emocionantes e ótimos de assistir. Acho que isso é o transcendente de certos filmes, sabe? E que bom que pude participar de um deles.

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O filme nos obriga a pensar filosoficamente. Mas também é muito interessante e divertido, o que acho impressionante, visto que só tem homens conversando por quase três horas.

Sim, peço desculpas por isso. Mas tem uma coisa importante aí. Talvez, se mais homens ouvissem uns aos outros, em vez de termos brigas mesquinhas e batalhas internas e tentativas de destruir uns aos outros, teríamos mais espaço para um diálogo mais amplo. Agora ficou mais evidente como Nolan sabe fazer cinema emocionante de grande escala e alto impacto. Mas ele também sabe explorar as sutilezas de todos nós, até mesmo nossas fraquezas e falhas e todas essas coisas que são bem difíceis de descrever. Ele pintou esse quadro que é histórico e muito pessoal e também impactante, de um jeito muito bacana.

Vocês conversaram sobre essa diferença entre as partes objetivas e subjetivas do filme?

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Chris escreveu o filme para mostrar, na maioria dos casos, a experiência subjetiva de Oppenheimer. Acho que foi uma das grandes decisões que ele tomou. Ao fazer isso, ele coloca todos nós na posição de alguém que é só um ser humano, mas tem um certo conjunto de habilidades e precisa ir à beira da extinção para supostamente nos salvar de outra extinção. E é incrível que, como espécie, tenhamos nos encontrado nesse lugar, precisando tomar esse tipo de decisão por causa da tecnologia.

Voltando aos homens conversando por quase três horas, a natureza do tempo em que tudo isso aconteceu significa que não havia muitas mulheres envolvidas nessas conversas. A ausência de mulheres em algumas cenas pareceu ainda mais deliberada. Tenho curiosidade de saber se você pensou em alguma coisa sobre o patriarcado e a guerra.

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Os homens começam as guerras e todo o planeta deveria ser um matriarcado. Nunca mudei minha posição sobre isso.

Você já acreditava nisso quando começou o projeto?

Bom, agora já é uma confirmação tripla.

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Você acha que há paralelos nessa história com qualquer coisa que estamos vendo hoje, politicamente?

Claro. Acho que o Perigo Vermelho (anticomunismo) de meados do século agora se fragmentou em um milhão de conjuntos de tudo o que é considerado “o outro”. Acho que é a influência da Era da Informação. E, embora afirmemos que agora estamos na Era da Informação, mas ainda estamos na Era Atômica, porque ainda não descobrimos como consertar as coisas. Poderíamos discutir se estamos menos seguros agora do que estávamos no auge da Guerra Fria. É muita coisa para assimilar, mas acho que grandes filmes são feitos para acabar com nosso orgulho para que possamos ter esse tipo de diálogo.

Você acha que vamos consertar as coisas? Você parece otimista.

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Sim. E como sempre, bem na hora, para não explodir tudo.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

AP - Robert Downey Jr. disse que, depois de atuar em Oppenheimer, de Christopher Nolan, ficou pensando sobre a importância do contexto para a compreensão de momentos significativos da história.

O filme conta a história do polêmico físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que supervisionou o desenvolvimento da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Downey interpreta o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, figura-chave na revogação do certificado de segurança de Oppenheimer.

Oppenheimer será lançado nos cinemas nesta quinta-feira, 20. A entrevista, realizada antes da convocação da greve dos atores, foi editada para maior clareza e brevidade.

Robert Downey Jr interpreta Lewis Strauss no filme 'Oppenheimer', novo longa de Christopher Nolan, que estreia esta semana. Foto: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures/AP

Qual foi a sua conclusão após mergulhar neste projeto sobre um momento crucial da história?

DOWNEY: O contexto é muito importante. O momento do Projeto Manhattan e sua implantação, se tudo isso era necessário ou não... Você pode ler muitos dados a favor de um argumento ou outro, pode debater o “porquê”, mas a realidade dura é o “estamos aqui e agora”. Sob a direção de Chris Nolan, podemos convidar o público a participar dessa reflexão. Todos nós conhecemos filmes dos últimos 50 anos que foram importantes nesse sentido, além de divertidos, emocionantes e ótimos de assistir. Acho que isso é o transcendente de certos filmes, sabe? E que bom que pude participar de um deles.

O filme nos obriga a pensar filosoficamente. Mas também é muito interessante e divertido, o que acho impressionante, visto que só tem homens conversando por quase três horas.

Sim, peço desculpas por isso. Mas tem uma coisa importante aí. Talvez, se mais homens ouvissem uns aos outros, em vez de termos brigas mesquinhas e batalhas internas e tentativas de destruir uns aos outros, teríamos mais espaço para um diálogo mais amplo. Agora ficou mais evidente como Nolan sabe fazer cinema emocionante de grande escala e alto impacto. Mas ele também sabe explorar as sutilezas de todos nós, até mesmo nossas fraquezas e falhas e todas essas coisas que são bem difíceis de descrever. Ele pintou esse quadro que é histórico e muito pessoal e também impactante, de um jeito muito bacana.

Vocês conversaram sobre essa diferença entre as partes objetivas e subjetivas do filme?

Chris escreveu o filme para mostrar, na maioria dos casos, a experiência subjetiva de Oppenheimer. Acho que foi uma das grandes decisões que ele tomou. Ao fazer isso, ele coloca todos nós na posição de alguém que é só um ser humano, mas tem um certo conjunto de habilidades e precisa ir à beira da extinção para supostamente nos salvar de outra extinção. E é incrível que, como espécie, tenhamos nos encontrado nesse lugar, precisando tomar esse tipo de decisão por causa da tecnologia.

Voltando aos homens conversando por quase três horas, a natureza do tempo em que tudo isso aconteceu significa que não havia muitas mulheres envolvidas nessas conversas. A ausência de mulheres em algumas cenas pareceu ainda mais deliberada. Tenho curiosidade de saber se você pensou em alguma coisa sobre o patriarcado e a guerra.

Os homens começam as guerras e todo o planeta deveria ser um matriarcado. Nunca mudei minha posição sobre isso.

Você já acreditava nisso quando começou o projeto?

Bom, agora já é uma confirmação tripla.

Você acha que há paralelos nessa história com qualquer coisa que estamos vendo hoje, politicamente?

Claro. Acho que o Perigo Vermelho (anticomunismo) de meados do século agora se fragmentou em um milhão de conjuntos de tudo o que é considerado “o outro”. Acho que é a influência da Era da Informação. E, embora afirmemos que agora estamos na Era da Informação, mas ainda estamos na Era Atômica, porque ainda não descobrimos como consertar as coisas. Poderíamos discutir se estamos menos seguros agora do que estávamos no auge da Guerra Fria. É muita coisa para assimilar, mas acho que grandes filmes são feitos para acabar com nosso orgulho para que possamos ter esse tipo de diálogo.

Você acha que vamos consertar as coisas? Você parece otimista.

Sim. E como sempre, bem na hora, para não explodir tudo.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

AP - Robert Downey Jr. disse que, depois de atuar em Oppenheimer, de Christopher Nolan, ficou pensando sobre a importância do contexto para a compreensão de momentos significativos da história.

O filme conta a história do polêmico físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que supervisionou o desenvolvimento da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Downey interpreta o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, figura-chave na revogação do certificado de segurança de Oppenheimer.

Oppenheimer será lançado nos cinemas nesta quinta-feira, 20. A entrevista, realizada antes da convocação da greve dos atores, foi editada para maior clareza e brevidade.

Robert Downey Jr interpreta Lewis Strauss no filme 'Oppenheimer', novo longa de Christopher Nolan, que estreia esta semana. Foto: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures/AP

Qual foi a sua conclusão após mergulhar neste projeto sobre um momento crucial da história?

DOWNEY: O contexto é muito importante. O momento do Projeto Manhattan e sua implantação, se tudo isso era necessário ou não... Você pode ler muitos dados a favor de um argumento ou outro, pode debater o “porquê”, mas a realidade dura é o “estamos aqui e agora”. Sob a direção de Chris Nolan, podemos convidar o público a participar dessa reflexão. Todos nós conhecemos filmes dos últimos 50 anos que foram importantes nesse sentido, além de divertidos, emocionantes e ótimos de assistir. Acho que isso é o transcendente de certos filmes, sabe? E que bom que pude participar de um deles.

O filme nos obriga a pensar filosoficamente. Mas também é muito interessante e divertido, o que acho impressionante, visto que só tem homens conversando por quase três horas.

Sim, peço desculpas por isso. Mas tem uma coisa importante aí. Talvez, se mais homens ouvissem uns aos outros, em vez de termos brigas mesquinhas e batalhas internas e tentativas de destruir uns aos outros, teríamos mais espaço para um diálogo mais amplo. Agora ficou mais evidente como Nolan sabe fazer cinema emocionante de grande escala e alto impacto. Mas ele também sabe explorar as sutilezas de todos nós, até mesmo nossas fraquezas e falhas e todas essas coisas que são bem difíceis de descrever. Ele pintou esse quadro que é histórico e muito pessoal e também impactante, de um jeito muito bacana.

Vocês conversaram sobre essa diferença entre as partes objetivas e subjetivas do filme?

Chris escreveu o filme para mostrar, na maioria dos casos, a experiência subjetiva de Oppenheimer. Acho que foi uma das grandes decisões que ele tomou. Ao fazer isso, ele coloca todos nós na posição de alguém que é só um ser humano, mas tem um certo conjunto de habilidades e precisa ir à beira da extinção para supostamente nos salvar de outra extinção. E é incrível que, como espécie, tenhamos nos encontrado nesse lugar, precisando tomar esse tipo de decisão por causa da tecnologia.

Voltando aos homens conversando por quase três horas, a natureza do tempo em que tudo isso aconteceu significa que não havia muitas mulheres envolvidas nessas conversas. A ausência de mulheres em algumas cenas pareceu ainda mais deliberada. Tenho curiosidade de saber se você pensou em alguma coisa sobre o patriarcado e a guerra.

Os homens começam as guerras e todo o planeta deveria ser um matriarcado. Nunca mudei minha posição sobre isso.

Você já acreditava nisso quando começou o projeto?

Bom, agora já é uma confirmação tripla.

Você acha que há paralelos nessa história com qualquer coisa que estamos vendo hoje, politicamente?

Claro. Acho que o Perigo Vermelho (anticomunismo) de meados do século agora se fragmentou em um milhão de conjuntos de tudo o que é considerado “o outro”. Acho que é a influência da Era da Informação. E, embora afirmemos que agora estamos na Era da Informação, mas ainda estamos na Era Atômica, porque ainda não descobrimos como consertar as coisas. Poderíamos discutir se estamos menos seguros agora do que estávamos no auge da Guerra Fria. É muita coisa para assimilar, mas acho que grandes filmes são feitos para acabar com nosso orgulho para que possamos ter esse tipo de diálogo.

Você acha que vamos consertar as coisas? Você parece otimista.

Sim. E como sempre, bem na hora, para não explodir tudo.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

AP - Robert Downey Jr. disse que, depois de atuar em Oppenheimer, de Christopher Nolan, ficou pensando sobre a importância do contexto para a compreensão de momentos significativos da história.

O filme conta a história do polêmico físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que supervisionou o desenvolvimento da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Downey interpreta o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, figura-chave na revogação do certificado de segurança de Oppenheimer.

Oppenheimer será lançado nos cinemas nesta quinta-feira, 20. A entrevista, realizada antes da convocação da greve dos atores, foi editada para maior clareza e brevidade.

Robert Downey Jr interpreta Lewis Strauss no filme 'Oppenheimer', novo longa de Christopher Nolan, que estreia esta semana. Foto: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures/AP

Qual foi a sua conclusão após mergulhar neste projeto sobre um momento crucial da história?

DOWNEY: O contexto é muito importante. O momento do Projeto Manhattan e sua implantação, se tudo isso era necessário ou não... Você pode ler muitos dados a favor de um argumento ou outro, pode debater o “porquê”, mas a realidade dura é o “estamos aqui e agora”. Sob a direção de Chris Nolan, podemos convidar o público a participar dessa reflexão. Todos nós conhecemos filmes dos últimos 50 anos que foram importantes nesse sentido, além de divertidos, emocionantes e ótimos de assistir. Acho que isso é o transcendente de certos filmes, sabe? E que bom que pude participar de um deles.

O filme nos obriga a pensar filosoficamente. Mas também é muito interessante e divertido, o que acho impressionante, visto que só tem homens conversando por quase três horas.

Sim, peço desculpas por isso. Mas tem uma coisa importante aí. Talvez, se mais homens ouvissem uns aos outros, em vez de termos brigas mesquinhas e batalhas internas e tentativas de destruir uns aos outros, teríamos mais espaço para um diálogo mais amplo. Agora ficou mais evidente como Nolan sabe fazer cinema emocionante de grande escala e alto impacto. Mas ele também sabe explorar as sutilezas de todos nós, até mesmo nossas fraquezas e falhas e todas essas coisas que são bem difíceis de descrever. Ele pintou esse quadro que é histórico e muito pessoal e também impactante, de um jeito muito bacana.

Vocês conversaram sobre essa diferença entre as partes objetivas e subjetivas do filme?

Chris escreveu o filme para mostrar, na maioria dos casos, a experiência subjetiva de Oppenheimer. Acho que foi uma das grandes decisões que ele tomou. Ao fazer isso, ele coloca todos nós na posição de alguém que é só um ser humano, mas tem um certo conjunto de habilidades e precisa ir à beira da extinção para supostamente nos salvar de outra extinção. E é incrível que, como espécie, tenhamos nos encontrado nesse lugar, precisando tomar esse tipo de decisão por causa da tecnologia.

Voltando aos homens conversando por quase três horas, a natureza do tempo em que tudo isso aconteceu significa que não havia muitas mulheres envolvidas nessas conversas. A ausência de mulheres em algumas cenas pareceu ainda mais deliberada. Tenho curiosidade de saber se você pensou em alguma coisa sobre o patriarcado e a guerra.

Os homens começam as guerras e todo o planeta deveria ser um matriarcado. Nunca mudei minha posição sobre isso.

Você já acreditava nisso quando começou o projeto?

Bom, agora já é uma confirmação tripla.

Você acha que há paralelos nessa história com qualquer coisa que estamos vendo hoje, politicamente?

Claro. Acho que o Perigo Vermelho (anticomunismo) de meados do século agora se fragmentou em um milhão de conjuntos de tudo o que é considerado “o outro”. Acho que é a influência da Era da Informação. E, embora afirmemos que agora estamos na Era da Informação, mas ainda estamos na Era Atômica, porque ainda não descobrimos como consertar as coisas. Poderíamos discutir se estamos menos seguros agora do que estávamos no auge da Guerra Fria. É muita coisa para assimilar, mas acho que grandes filmes são feitos para acabar com nosso orgulho para que possamos ter esse tipo de diálogo.

Você acha que vamos consertar as coisas? Você parece otimista.

Sim. E como sempre, bem na hora, para não explodir tudo.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

AP - Robert Downey Jr. disse que, depois de atuar em Oppenheimer, de Christopher Nolan, ficou pensando sobre a importância do contexto para a compreensão de momentos significativos da história.

O filme conta a história do polêmico físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), que supervisionou o desenvolvimento da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Downey interpreta o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos, Lewis Strauss, figura-chave na revogação do certificado de segurança de Oppenheimer.

Oppenheimer será lançado nos cinemas nesta quinta-feira, 20. A entrevista, realizada antes da convocação da greve dos atores, foi editada para maior clareza e brevidade.

Robert Downey Jr interpreta Lewis Strauss no filme 'Oppenheimer', novo longa de Christopher Nolan, que estreia esta semana. Foto: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures/AP

Qual foi a sua conclusão após mergulhar neste projeto sobre um momento crucial da história?

DOWNEY: O contexto é muito importante. O momento do Projeto Manhattan e sua implantação, se tudo isso era necessário ou não... Você pode ler muitos dados a favor de um argumento ou outro, pode debater o “porquê”, mas a realidade dura é o “estamos aqui e agora”. Sob a direção de Chris Nolan, podemos convidar o público a participar dessa reflexão. Todos nós conhecemos filmes dos últimos 50 anos que foram importantes nesse sentido, além de divertidos, emocionantes e ótimos de assistir. Acho que isso é o transcendente de certos filmes, sabe? E que bom que pude participar de um deles.

O filme nos obriga a pensar filosoficamente. Mas também é muito interessante e divertido, o que acho impressionante, visto que só tem homens conversando por quase três horas.

Sim, peço desculpas por isso. Mas tem uma coisa importante aí. Talvez, se mais homens ouvissem uns aos outros, em vez de termos brigas mesquinhas e batalhas internas e tentativas de destruir uns aos outros, teríamos mais espaço para um diálogo mais amplo. Agora ficou mais evidente como Nolan sabe fazer cinema emocionante de grande escala e alto impacto. Mas ele também sabe explorar as sutilezas de todos nós, até mesmo nossas fraquezas e falhas e todas essas coisas que são bem difíceis de descrever. Ele pintou esse quadro que é histórico e muito pessoal e também impactante, de um jeito muito bacana.

Vocês conversaram sobre essa diferença entre as partes objetivas e subjetivas do filme?

Chris escreveu o filme para mostrar, na maioria dos casos, a experiência subjetiva de Oppenheimer. Acho que foi uma das grandes decisões que ele tomou. Ao fazer isso, ele coloca todos nós na posição de alguém que é só um ser humano, mas tem um certo conjunto de habilidades e precisa ir à beira da extinção para supostamente nos salvar de outra extinção. E é incrível que, como espécie, tenhamos nos encontrado nesse lugar, precisando tomar esse tipo de decisão por causa da tecnologia.

Voltando aos homens conversando por quase três horas, a natureza do tempo em que tudo isso aconteceu significa que não havia muitas mulheres envolvidas nessas conversas. A ausência de mulheres em algumas cenas pareceu ainda mais deliberada. Tenho curiosidade de saber se você pensou em alguma coisa sobre o patriarcado e a guerra.

Os homens começam as guerras e todo o planeta deveria ser um matriarcado. Nunca mudei minha posição sobre isso.

Você já acreditava nisso quando começou o projeto?

Bom, agora já é uma confirmação tripla.

Você acha que há paralelos nessa história com qualquer coisa que estamos vendo hoje, politicamente?

Claro. Acho que o Perigo Vermelho (anticomunismo) de meados do século agora se fragmentou em um milhão de conjuntos de tudo o que é considerado “o outro”. Acho que é a influência da Era da Informação. E, embora afirmemos que agora estamos na Era da Informação, mas ainda estamos na Era Atômica, porque ainda não descobrimos como consertar as coisas. Poderíamos discutir se estamos menos seguros agora do que estávamos no auge da Guerra Fria. É muita coisa para assimilar, mas acho que grandes filmes são feitos para acabar com nosso orgulho para que possamos ter esse tipo de diálogo.

Você acha que vamos consertar as coisas? Você parece otimista.

Sim. E como sempre, bem na hora, para não explodir tudo.

TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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