‘Sidney’: documentário retrata Poitier como combatente do racismo


‘Desde a invenção do cinema, houve imagens degradantes dos negros, e Sidney Poitier, sozinho, destruiu essas imagens’, destaca o diretor Reginald Hudlin

Por Andrew Marszal (AFP)
Atualização:

AFP - ANDREW MARSZAL - O falecido ator americano Sidney Poitier estava no auge de sua carreira em Hollywood, quando foi acusado por ativistas e intelectuais negros de interpretar papéis estereotipados para o público branco, quando o movimento pelos direitos civis explodia nos Estados Unidos na década de 1960.

Sidney, o novo documentário da Apple TV+ produzido por Oprah Winfrey e com entrevistas com estrelas que vão de Denzel Washington e Morgan Feeman a Barbra Streisand e Robert Redford, busca mostrar que estavam errados.

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Cena do filme 'Quando Só o Coração Vê', com Shelley Winters, Sidney Poitier (no centro) e Elizabeth Hartman (de joelhos). Foto: REUTERS/MGM/Handout

“A realidade é que, desde a invenção do cinema, houve imagens degradantes dos negros, e Sidney Poitier, sozinho, destruiu essas imagens, filme após filme”, disse à AFP Reginald Hudlin, diretor do documentário que vai ao ar nesta sexta-feira (23).

“Ele era um guerreiro da causa racial. Sem ele, eu não estaria aqui, não teríamos Oprah Winfrey, nem Barack Obama”, acrescentou.

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Esta é uma das várias discussões em Sidney, que apresenta entrevistas de Poitier a Oprah anos antes de sua morte, em 6 de janeiro de 2022, aos 94 anos.

A produção aborda um tema que pode ser espinhoso: a relação extraconjugal de Poitier durante seu primeiro casamento, com Juanita Hardy, uma das entrevistadas do documentário, assim como as três filhas do ator.

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FILE PHOTO: Actor Sidney Poitier speaks on stage at the 30th Carousel of Hope gala in Beverly Hills, California October 25, 2008. The evening benefits the Barbara Davis Center for Childhood Diabetes. REUTERS/Mario Anzuoni/File Photo 

“Quando me sentei pela primeira vez com a família sobre a possibilidade de fazer este filme, perguntei se havia algo vetado. Mencionei esse tema, especificamente, como exemplo”, disse Hudlin.

“Elas me disseram: ‘Não, não, não, queremos contar toda verdade’”, completou.

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A produção também corta momentos aterrorizantes da violência racista sofrida por Poitier.

Em 1964, ele e o ator Harry Belafonte foram perseguidos no Mississippi por membros armados do grupo supremacista branco Ku Klux Klan, enquanto levavam dinheiro para um movimento de direitos de voto.

Outro encontro com o KKK e um policial branco que perseguiu Poitier com uma arma quando adolescente é narrado como uma experiência marcante em sua pioneira carreira e em seu ativismo, com frequência esquecido.

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“Isso é o que é impressionante. Ele nunca sucumbiu à amargura, nem permitiu que acabassem com ele”, comentou Hudlin. “Continuava transformando isso em força, em mais determinação e em mais vontade”, acrescentou.

Sem precedentes

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Talvez a parte mais contestada do legado de Poitier sejam as de que ele era “muito amável”, ou “obediente”, para o público branco e Hollywood.

O documentário traz à tona um artigo publicado em 1967 pelo jornal The New York Times, com a manchete “Por que a América branca ama tanto Sidney Poitier?”. O texto acusava o ator de “interpretar basicamente o mesmo papel, o herói antisséptico de uma única dimensão”.

O texto falava de uma “Síndrome Sidney Poitier”. “Um bom homem em um mundo totalmente branco, sem esposa, namorada, ou mulher, para amar ou beijar, ajudando um homem branco a resolver os problemas de um homem branco”.

Apenas três anos antes, Poitier havia se tornado o primeiro ator negro a ganhar um Oscar por “Uma voz nas sombras”. No filme, interpretou um trabalhador nômade que ajuda uma comunidade de freiras, com as quais acaba estabelecendo um vínculo.

Outros papéis, como o mendigo que ele interpreta em Porgy and Bess, foram vistos como racistas pelos críticos.

Segundo Hudlin, os ataques “eram uma consequência inevitável do trabalho que ele estava fazendo”, e Poitier, “que sabia que chegaria mais longe”, estava mais interessado em humanizar a experiência negra.

Sidney também ressalta a natureza revolucionária do beijo de Poitier na atriz branca Katharine Houghton em Adivinhe quem vem para jantar?, e o momento em que ele dá um tapa em um aristocrata sulista branco em No calor da noite.

“Não havia precedentes para quem ele era e para o que estava fazendo”, destacou Hudlin.

AFP - ANDREW MARSZAL - O falecido ator americano Sidney Poitier estava no auge de sua carreira em Hollywood, quando foi acusado por ativistas e intelectuais negros de interpretar papéis estereotipados para o público branco, quando o movimento pelos direitos civis explodia nos Estados Unidos na década de 1960.

Sidney, o novo documentário da Apple TV+ produzido por Oprah Winfrey e com entrevistas com estrelas que vão de Denzel Washington e Morgan Feeman a Barbra Streisand e Robert Redford, busca mostrar que estavam errados.

Cena do filme 'Quando Só o Coração Vê', com Shelley Winters, Sidney Poitier (no centro) e Elizabeth Hartman (de joelhos). Foto: REUTERS/MGM/Handout

“A realidade é que, desde a invenção do cinema, houve imagens degradantes dos negros, e Sidney Poitier, sozinho, destruiu essas imagens, filme após filme”, disse à AFP Reginald Hudlin, diretor do documentário que vai ao ar nesta sexta-feira (23).

“Ele era um guerreiro da causa racial. Sem ele, eu não estaria aqui, não teríamos Oprah Winfrey, nem Barack Obama”, acrescentou.

Esta é uma das várias discussões em Sidney, que apresenta entrevistas de Poitier a Oprah anos antes de sua morte, em 6 de janeiro de 2022, aos 94 anos.

A produção aborda um tema que pode ser espinhoso: a relação extraconjugal de Poitier durante seu primeiro casamento, com Juanita Hardy, uma das entrevistadas do documentário, assim como as três filhas do ator.

FILE PHOTO: Actor Sidney Poitier speaks on stage at the 30th Carousel of Hope gala in Beverly Hills, California October 25, 2008. The evening benefits the Barbara Davis Center for Childhood Diabetes. REUTERS/Mario Anzuoni/File Photo 

“Quando me sentei pela primeira vez com a família sobre a possibilidade de fazer este filme, perguntei se havia algo vetado. Mencionei esse tema, especificamente, como exemplo”, disse Hudlin.

“Elas me disseram: ‘Não, não, não, queremos contar toda verdade’”, completou.

A produção também corta momentos aterrorizantes da violência racista sofrida por Poitier.

Em 1964, ele e o ator Harry Belafonte foram perseguidos no Mississippi por membros armados do grupo supremacista branco Ku Klux Klan, enquanto levavam dinheiro para um movimento de direitos de voto.

Outro encontro com o KKK e um policial branco que perseguiu Poitier com uma arma quando adolescente é narrado como uma experiência marcante em sua pioneira carreira e em seu ativismo, com frequência esquecido.

“Isso é o que é impressionante. Ele nunca sucumbiu à amargura, nem permitiu que acabassem com ele”, comentou Hudlin. “Continuava transformando isso em força, em mais determinação e em mais vontade”, acrescentou.

Sem precedentes

Talvez a parte mais contestada do legado de Poitier sejam as de que ele era “muito amável”, ou “obediente”, para o público branco e Hollywood.

O documentário traz à tona um artigo publicado em 1967 pelo jornal The New York Times, com a manchete “Por que a América branca ama tanto Sidney Poitier?”. O texto acusava o ator de “interpretar basicamente o mesmo papel, o herói antisséptico de uma única dimensão”.

O texto falava de uma “Síndrome Sidney Poitier”. “Um bom homem em um mundo totalmente branco, sem esposa, namorada, ou mulher, para amar ou beijar, ajudando um homem branco a resolver os problemas de um homem branco”.

Apenas três anos antes, Poitier havia se tornado o primeiro ator negro a ganhar um Oscar por “Uma voz nas sombras”. No filme, interpretou um trabalhador nômade que ajuda uma comunidade de freiras, com as quais acaba estabelecendo um vínculo.

Outros papéis, como o mendigo que ele interpreta em Porgy and Bess, foram vistos como racistas pelos críticos.

Segundo Hudlin, os ataques “eram uma consequência inevitável do trabalho que ele estava fazendo”, e Poitier, “que sabia que chegaria mais longe”, estava mais interessado em humanizar a experiência negra.

Sidney também ressalta a natureza revolucionária do beijo de Poitier na atriz branca Katharine Houghton em Adivinhe quem vem para jantar?, e o momento em que ele dá um tapa em um aristocrata sulista branco em No calor da noite.

“Não havia precedentes para quem ele era e para o que estava fazendo”, destacou Hudlin.

AFP - ANDREW MARSZAL - O falecido ator americano Sidney Poitier estava no auge de sua carreira em Hollywood, quando foi acusado por ativistas e intelectuais negros de interpretar papéis estereotipados para o público branco, quando o movimento pelos direitos civis explodia nos Estados Unidos na década de 1960.

Sidney, o novo documentário da Apple TV+ produzido por Oprah Winfrey e com entrevistas com estrelas que vão de Denzel Washington e Morgan Feeman a Barbra Streisand e Robert Redford, busca mostrar que estavam errados.

Cena do filme 'Quando Só o Coração Vê', com Shelley Winters, Sidney Poitier (no centro) e Elizabeth Hartman (de joelhos). Foto: REUTERS/MGM/Handout

“A realidade é que, desde a invenção do cinema, houve imagens degradantes dos negros, e Sidney Poitier, sozinho, destruiu essas imagens, filme após filme”, disse à AFP Reginald Hudlin, diretor do documentário que vai ao ar nesta sexta-feira (23).

“Ele era um guerreiro da causa racial. Sem ele, eu não estaria aqui, não teríamos Oprah Winfrey, nem Barack Obama”, acrescentou.

Esta é uma das várias discussões em Sidney, que apresenta entrevistas de Poitier a Oprah anos antes de sua morte, em 6 de janeiro de 2022, aos 94 anos.

A produção aborda um tema que pode ser espinhoso: a relação extraconjugal de Poitier durante seu primeiro casamento, com Juanita Hardy, uma das entrevistadas do documentário, assim como as três filhas do ator.

FILE PHOTO: Actor Sidney Poitier speaks on stage at the 30th Carousel of Hope gala in Beverly Hills, California October 25, 2008. The evening benefits the Barbara Davis Center for Childhood Diabetes. REUTERS/Mario Anzuoni/File Photo 

“Quando me sentei pela primeira vez com a família sobre a possibilidade de fazer este filme, perguntei se havia algo vetado. Mencionei esse tema, especificamente, como exemplo”, disse Hudlin.

“Elas me disseram: ‘Não, não, não, queremos contar toda verdade’”, completou.

A produção também corta momentos aterrorizantes da violência racista sofrida por Poitier.

Em 1964, ele e o ator Harry Belafonte foram perseguidos no Mississippi por membros armados do grupo supremacista branco Ku Klux Klan, enquanto levavam dinheiro para um movimento de direitos de voto.

Outro encontro com o KKK e um policial branco que perseguiu Poitier com uma arma quando adolescente é narrado como uma experiência marcante em sua pioneira carreira e em seu ativismo, com frequência esquecido.

“Isso é o que é impressionante. Ele nunca sucumbiu à amargura, nem permitiu que acabassem com ele”, comentou Hudlin. “Continuava transformando isso em força, em mais determinação e em mais vontade”, acrescentou.

Sem precedentes

Talvez a parte mais contestada do legado de Poitier sejam as de que ele era “muito amável”, ou “obediente”, para o público branco e Hollywood.

O documentário traz à tona um artigo publicado em 1967 pelo jornal The New York Times, com a manchete “Por que a América branca ama tanto Sidney Poitier?”. O texto acusava o ator de “interpretar basicamente o mesmo papel, o herói antisséptico de uma única dimensão”.

O texto falava de uma “Síndrome Sidney Poitier”. “Um bom homem em um mundo totalmente branco, sem esposa, namorada, ou mulher, para amar ou beijar, ajudando um homem branco a resolver os problemas de um homem branco”.

Apenas três anos antes, Poitier havia se tornado o primeiro ator negro a ganhar um Oscar por “Uma voz nas sombras”. No filme, interpretou um trabalhador nômade que ajuda uma comunidade de freiras, com as quais acaba estabelecendo um vínculo.

Outros papéis, como o mendigo que ele interpreta em Porgy and Bess, foram vistos como racistas pelos críticos.

Segundo Hudlin, os ataques “eram uma consequência inevitável do trabalho que ele estava fazendo”, e Poitier, “que sabia que chegaria mais longe”, estava mais interessado em humanizar a experiência negra.

Sidney também ressalta a natureza revolucionária do beijo de Poitier na atriz branca Katharine Houghton em Adivinhe quem vem para jantar?, e o momento em que ele dá um tapa em um aristocrata sulista branco em No calor da noite.

“Não havia precedentes para quem ele era e para o que estava fazendo”, destacou Hudlin.

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