'Summer of Soul', ou quando o black power não pôde ser mais forte do que o flower power


Shows e falas explosivas de Nina Simone, Stevie Wonder, BB King e Sly and Family Stone, escondidas por mais de 50 anos, tratam-se de um dos apagamentos mais vergonhosos da música pop

Por Julio Maria

Mais uma vez, seremos muitos brancos a escrever sobre um sentimento do qual só poderemos nos aproximar. Sérios, pesquisadores e empáticos, alguns até militantes, podemos chorar de verdade ao vermos o desespero de Mahalia Jackson clamando aos céus pela morte de Martin Luther King no Mount Morris Park naquele ano de 1969, mas não será tudo. Ainda que de boa fé, mediadores não negros reportarão fatos sob seus filtros e suas projeções, farão escolhas e se tornarão, ao final, exatamente o objeto da denúncia de Summer of Soul: coautores passivos de um dos extermínios de memória mais bem sucedidos da história da música pop.

Nina Simone pergunta: 'vocês estão prontos para matar?' Foto: Captura de tela

Ninguém soube nada sobre o Harlem Cultural Festival de 1969 por 50 anos, e isso é muito sério. Martin Luther King e Robert Kennedy haviam sido assassinados um ano antes, Malcom X havia sido despachado em 1965, o ódio recrudescia e o povo negro afundava no desemprego e em uma epidemia de heroína sem precedentes. Um festival de música se tornara uma urgência aos afro-americanos e estratégico às autoridades policiais: “Melhor os pretos fazendo música do que incendiando Nova York.” Eles fizeram os dois, mas um pacto de silêncio jogou um dos mais importantes festivais da história na sombra de outro até agora, quando Questlove apareceu e produziu o documentário que estreia nos cinemas no próximo dia 27.

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Enquanto ficávamos com a versão higienizada da revolução pela paz e pelo amor de Woodstock, a série de shows realizada em quatro dias de agosto, de 15 a 18, o cineasta Hal Tulchin tentava, em vão, convencer investidores a colocarem dinheiro em uma produção sobre as 40 horas que suas câmeras haviam captado em Mount Morris durante seis finais de semana, entre 29 de junho e 24 de agosto: shows e falas de Stevie Wonder, Nina Simone, BB King, Max Roach, The Fifth Dimension, David Ruffin recém saído dos Temptations, Hugh Masakela, Mongo Santamaria, Gladys Knight, Mahalia Jackson e The Chambers Brothers, além dos discursos do pastor Jesse Jackson. Todos negros, tirando o baterista e o saxofonista do Sly & The Family Stone, mas aí já seria uma revolução dentro de outra.

Eram 300 mil pessoas na plateia, mais de 99% negros, todos vigiados preventivamente não pela polícia de Nova York, mas pelos Panteras Negras, e sob um descarrego emocional constante. Nina Simone lia um texto perguntando a seus irmãos se eles estavam prontos para matar, B.B. King dava sentido a cada palavra de Why I Sing The Blues, os Chambers Brothers cantavam Uptown com raiva e Mahalia Jackson entrava em erupção espiritual por Dr. King. A revolução foi apagada por segurança de Estado e reserva racial. Se o black power engolisse o flower power em 1969, a história seria outra.

Mais uma vez, seremos muitos brancos a escrever sobre um sentimento do qual só poderemos nos aproximar. Sérios, pesquisadores e empáticos, alguns até militantes, podemos chorar de verdade ao vermos o desespero de Mahalia Jackson clamando aos céus pela morte de Martin Luther King no Mount Morris Park naquele ano de 1969, mas não será tudo. Ainda que de boa fé, mediadores não negros reportarão fatos sob seus filtros e suas projeções, farão escolhas e se tornarão, ao final, exatamente o objeto da denúncia de Summer of Soul: coautores passivos de um dos extermínios de memória mais bem sucedidos da história da música pop.

Nina Simone pergunta: 'vocês estão prontos para matar?' Foto: Captura de tela

Ninguém soube nada sobre o Harlem Cultural Festival de 1969 por 50 anos, e isso é muito sério. Martin Luther King e Robert Kennedy haviam sido assassinados um ano antes, Malcom X havia sido despachado em 1965, o ódio recrudescia e o povo negro afundava no desemprego e em uma epidemia de heroína sem precedentes. Um festival de música se tornara uma urgência aos afro-americanos e estratégico às autoridades policiais: “Melhor os pretos fazendo música do que incendiando Nova York.” Eles fizeram os dois, mas um pacto de silêncio jogou um dos mais importantes festivais da história na sombra de outro até agora, quando Questlove apareceu e produziu o documentário que estreia nos cinemas no próximo dia 27.

Enquanto ficávamos com a versão higienizada da revolução pela paz e pelo amor de Woodstock, a série de shows realizada em quatro dias de agosto, de 15 a 18, o cineasta Hal Tulchin tentava, em vão, convencer investidores a colocarem dinheiro em uma produção sobre as 40 horas que suas câmeras haviam captado em Mount Morris durante seis finais de semana, entre 29 de junho e 24 de agosto: shows e falas de Stevie Wonder, Nina Simone, BB King, Max Roach, The Fifth Dimension, David Ruffin recém saído dos Temptations, Hugh Masakela, Mongo Santamaria, Gladys Knight, Mahalia Jackson e The Chambers Brothers, além dos discursos do pastor Jesse Jackson. Todos negros, tirando o baterista e o saxofonista do Sly & The Family Stone, mas aí já seria uma revolução dentro de outra.

Eram 300 mil pessoas na plateia, mais de 99% negros, todos vigiados preventivamente não pela polícia de Nova York, mas pelos Panteras Negras, e sob um descarrego emocional constante. Nina Simone lia um texto perguntando a seus irmãos se eles estavam prontos para matar, B.B. King dava sentido a cada palavra de Why I Sing The Blues, os Chambers Brothers cantavam Uptown com raiva e Mahalia Jackson entrava em erupção espiritual por Dr. King. A revolução foi apagada por segurança de Estado e reserva racial. Se o black power engolisse o flower power em 1969, a história seria outra.

Mais uma vez, seremos muitos brancos a escrever sobre um sentimento do qual só poderemos nos aproximar. Sérios, pesquisadores e empáticos, alguns até militantes, podemos chorar de verdade ao vermos o desespero de Mahalia Jackson clamando aos céus pela morte de Martin Luther King no Mount Morris Park naquele ano de 1969, mas não será tudo. Ainda que de boa fé, mediadores não negros reportarão fatos sob seus filtros e suas projeções, farão escolhas e se tornarão, ao final, exatamente o objeto da denúncia de Summer of Soul: coautores passivos de um dos extermínios de memória mais bem sucedidos da história da música pop.

Nina Simone pergunta: 'vocês estão prontos para matar?' Foto: Captura de tela

Ninguém soube nada sobre o Harlem Cultural Festival de 1969 por 50 anos, e isso é muito sério. Martin Luther King e Robert Kennedy haviam sido assassinados um ano antes, Malcom X havia sido despachado em 1965, o ódio recrudescia e o povo negro afundava no desemprego e em uma epidemia de heroína sem precedentes. Um festival de música se tornara uma urgência aos afro-americanos e estratégico às autoridades policiais: “Melhor os pretos fazendo música do que incendiando Nova York.” Eles fizeram os dois, mas um pacto de silêncio jogou um dos mais importantes festivais da história na sombra de outro até agora, quando Questlove apareceu e produziu o documentário que estreia nos cinemas no próximo dia 27.

Enquanto ficávamos com a versão higienizada da revolução pela paz e pelo amor de Woodstock, a série de shows realizada em quatro dias de agosto, de 15 a 18, o cineasta Hal Tulchin tentava, em vão, convencer investidores a colocarem dinheiro em uma produção sobre as 40 horas que suas câmeras haviam captado em Mount Morris durante seis finais de semana, entre 29 de junho e 24 de agosto: shows e falas de Stevie Wonder, Nina Simone, BB King, Max Roach, The Fifth Dimension, David Ruffin recém saído dos Temptations, Hugh Masakela, Mongo Santamaria, Gladys Knight, Mahalia Jackson e The Chambers Brothers, além dos discursos do pastor Jesse Jackson. Todos negros, tirando o baterista e o saxofonista do Sly & The Family Stone, mas aí já seria uma revolução dentro de outra.

Eram 300 mil pessoas na plateia, mais de 99% negros, todos vigiados preventivamente não pela polícia de Nova York, mas pelos Panteras Negras, e sob um descarrego emocional constante. Nina Simone lia um texto perguntando a seus irmãos se eles estavam prontos para matar, B.B. King dava sentido a cada palavra de Why I Sing The Blues, os Chambers Brothers cantavam Uptown com raiva e Mahalia Jackson entrava em erupção espiritual por Dr. King. A revolução foi apagada por segurança de Estado e reserva racial. Se o black power engolisse o flower power em 1969, a história seria outra.

Mais uma vez, seremos muitos brancos a escrever sobre um sentimento do qual só poderemos nos aproximar. Sérios, pesquisadores e empáticos, alguns até militantes, podemos chorar de verdade ao vermos o desespero de Mahalia Jackson clamando aos céus pela morte de Martin Luther King no Mount Morris Park naquele ano de 1969, mas não será tudo. Ainda que de boa fé, mediadores não negros reportarão fatos sob seus filtros e suas projeções, farão escolhas e se tornarão, ao final, exatamente o objeto da denúncia de Summer of Soul: coautores passivos de um dos extermínios de memória mais bem sucedidos da história da música pop.

Nina Simone pergunta: 'vocês estão prontos para matar?' Foto: Captura de tela

Ninguém soube nada sobre o Harlem Cultural Festival de 1969 por 50 anos, e isso é muito sério. Martin Luther King e Robert Kennedy haviam sido assassinados um ano antes, Malcom X havia sido despachado em 1965, o ódio recrudescia e o povo negro afundava no desemprego e em uma epidemia de heroína sem precedentes. Um festival de música se tornara uma urgência aos afro-americanos e estratégico às autoridades policiais: “Melhor os pretos fazendo música do que incendiando Nova York.” Eles fizeram os dois, mas um pacto de silêncio jogou um dos mais importantes festivais da história na sombra de outro até agora, quando Questlove apareceu e produziu o documentário que estreia nos cinemas no próximo dia 27.

Enquanto ficávamos com a versão higienizada da revolução pela paz e pelo amor de Woodstock, a série de shows realizada em quatro dias de agosto, de 15 a 18, o cineasta Hal Tulchin tentava, em vão, convencer investidores a colocarem dinheiro em uma produção sobre as 40 horas que suas câmeras haviam captado em Mount Morris durante seis finais de semana, entre 29 de junho e 24 de agosto: shows e falas de Stevie Wonder, Nina Simone, BB King, Max Roach, The Fifth Dimension, David Ruffin recém saído dos Temptations, Hugh Masakela, Mongo Santamaria, Gladys Knight, Mahalia Jackson e The Chambers Brothers, além dos discursos do pastor Jesse Jackson. Todos negros, tirando o baterista e o saxofonista do Sly & The Family Stone, mas aí já seria uma revolução dentro de outra.

Eram 300 mil pessoas na plateia, mais de 99% negros, todos vigiados preventivamente não pela polícia de Nova York, mas pelos Panteras Negras, e sob um descarrego emocional constante. Nina Simone lia um texto perguntando a seus irmãos se eles estavam prontos para matar, B.B. King dava sentido a cada palavra de Why I Sing The Blues, os Chambers Brothers cantavam Uptown com raiva e Mahalia Jackson entrava em erupção espiritual por Dr. King. A revolução foi apagada por segurança de Estado e reserva racial. Se o black power engolisse o flower power em 1969, a história seria outra.

Mais uma vez, seremos muitos brancos a escrever sobre um sentimento do qual só poderemos nos aproximar. Sérios, pesquisadores e empáticos, alguns até militantes, podemos chorar de verdade ao vermos o desespero de Mahalia Jackson clamando aos céus pela morte de Martin Luther King no Mount Morris Park naquele ano de 1969, mas não será tudo. Ainda que de boa fé, mediadores não negros reportarão fatos sob seus filtros e suas projeções, farão escolhas e se tornarão, ao final, exatamente o objeto da denúncia de Summer of Soul: coautores passivos de um dos extermínios de memória mais bem sucedidos da história da música pop.

Nina Simone pergunta: 'vocês estão prontos para matar?' Foto: Captura de tela

Ninguém soube nada sobre o Harlem Cultural Festival de 1969 por 50 anos, e isso é muito sério. Martin Luther King e Robert Kennedy haviam sido assassinados um ano antes, Malcom X havia sido despachado em 1965, o ódio recrudescia e o povo negro afundava no desemprego e em uma epidemia de heroína sem precedentes. Um festival de música se tornara uma urgência aos afro-americanos e estratégico às autoridades policiais: “Melhor os pretos fazendo música do que incendiando Nova York.” Eles fizeram os dois, mas um pacto de silêncio jogou um dos mais importantes festivais da história na sombra de outro até agora, quando Questlove apareceu e produziu o documentário que estreia nos cinemas no próximo dia 27.

Enquanto ficávamos com a versão higienizada da revolução pela paz e pelo amor de Woodstock, a série de shows realizada em quatro dias de agosto, de 15 a 18, o cineasta Hal Tulchin tentava, em vão, convencer investidores a colocarem dinheiro em uma produção sobre as 40 horas que suas câmeras haviam captado em Mount Morris durante seis finais de semana, entre 29 de junho e 24 de agosto: shows e falas de Stevie Wonder, Nina Simone, BB King, Max Roach, The Fifth Dimension, David Ruffin recém saído dos Temptations, Hugh Masakela, Mongo Santamaria, Gladys Knight, Mahalia Jackson e The Chambers Brothers, além dos discursos do pastor Jesse Jackson. Todos negros, tirando o baterista e o saxofonista do Sly & The Family Stone, mas aí já seria uma revolução dentro de outra.

Eram 300 mil pessoas na plateia, mais de 99% negros, todos vigiados preventivamente não pela polícia de Nova York, mas pelos Panteras Negras, e sob um descarrego emocional constante. Nina Simone lia um texto perguntando a seus irmãos se eles estavam prontos para matar, B.B. King dava sentido a cada palavra de Why I Sing The Blues, os Chambers Brothers cantavam Uptown com raiva e Mahalia Jackson entrava em erupção espiritual por Dr. King. A revolução foi apagada por segurança de Estado e reserva racial. Se o black power engolisse o flower power em 1969, a história seria outra.

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