Opinião|Super/Man: A História de Christopher Reeve é homenagem emocionante à maior figura do cinema de herói


Filme de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui reverencia personalidade gigantesca, ainda que falha, de Christopher Reeve

Por Nico Garófalo
Documentário 'Super/Man: A História de Christopher Reeve' reconta trajetória do ator dentro e fora das telas Foto: Warner Bros./Divulgação

Duas semanas depois de relançar o primeiro Superman nos cinemas, a Warner Bros. dá sequência às suas homenagens a Christopher Reeve com Super/Man: A História de Christopher Reeve. O documentário de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, que reconta a trajetória do ator nas telonas e depois do fatídico acidente que o deixou tetraplégico em 1995, conta com relatos de familiares e amigos do ator, que lembram sua paixão pelo trabalho e sua luta para recuperar os movimentos do corpo. Desenvolvendo esses dois momentos da vida do astro de forma paralela, mas bem costurada, os cineastas desenvolvem um conto de um homem admirável, ainda que falho, que nunca desistiu de ser o símbolo de esperança que viveu em seus dias de capa e collant.

Não é por acaso que Super/Man entre em cartaz logo após o relançamento do primeiro filme do Superman estrelado por Reeve. A Warner obviamente entende o peso da nostalgia e o quanto a ligação emocional com o documentário depende da figura mística que o ator se tornou após sua aparição como o Homem de Aço. Ainda que o longa traga muitas imagens do tempo do ator à frente do heroi, a memória fresca do filme de 1978 traz um peso ainda maior para os desafios vividos por Reeve após o acidente.

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O documentário depende dessa imagem indestrutível que Reeve criou vivendo o personagem entre 1978 e 1987 para reforçar o choque do acidente, mas isso não quer dizer que aqueles alheios à primeira grande franquia cinematográfica da DC Comics não sentirão a carga emocional do filme. Com o uso de um acervo riquíssimo de entrevistas e depoimentos de Reeve antes e depois do acidente, Bonhôte e Ettedgui criam uma ligação próxima entre o público e o ator, tornando algumas lágrimas quase inevitáveis quando o filme narra seus dias finais.

Embora se trate de uma homenagem clara a Reeve e sua dedicação ao seu trabalho como ator e ativista dos direitos PCD, Super/Man não tenta pintar o ator como o semi-deus perfeito que interpretava nas telonas. Em diversos momentos, o público é lembrado das tentativas mal-sucedidas do ator de ser levado a sério por Hollywood. As frustrações de Reeve com sua carreira, principalmente com o Superman, são lembradas e expõem a fragilidade do astro diante das críticas negativas.

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Os traumas de Reeve em relação à sua família também são explorados. Super/Man lembra o relacionamento pouco caloroso entre o ator e o pai, Franklin Reeve, e como ele próprio se tornou um pai relativamente ausente e competitivo para seus três filhos antes do acidente. Matthew Reeve, filho mais velho do astro, lembra que, um dia após nascer, seu pai deixou a namorada, Gae Exton, no hospital e viajou para esquiar com amigos. Esse retrato vai de encontro com a imagem pública do ator, mas o aproxima do espectador de forma cativante e surpreendente.

Infelizmente, Super/Man apresenta essas polêmicas humanizantes da vida de Reeve de forma rápida e superficial. Assim como já aconteceu com outro documentário da DC, Superpowered: The DC Story, o filme tem uma visão particularmente unilateral do ator, reconhecendo seus erros ao mesmo tempo em que os releva e esconde por trás de mais um tanto de momentos emotivos. Assim, Bonhôte e Ettedgui contam uma história parcial e incompleta de Christopher Reeve.

A vida de ativismo político de Reeve pré-acidente também é escanteada e preterida por suas ações nos anos finais de sua vida. Envolvido em causas como direitos igualitários e dos animais, esse lado apaixonado do ator é usado apenas como escada para seus dias de militância pelas causas PCD. Embora o astro tenha, de fato, avançado a conversa sobre deficiência física, relevar suas manifestações anteriores a 1995 empobrece a figura política de Reeve, limitando-a a um único tópico.

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Super/Man não ignora as figuras mais importantes na vida do ator. Dana Reeve e Robin Williams, por exemplo, aparecem como figuras coadjuvantes, mas importantes em sua vida, com ambos sempre ao lado de Reeve nos momentos de glória e de desespero. A presença de Williams, em particular, ajuda a mostrar um lado mais humano do astro e traça um paralelo inevitável entre as lutas particulares dos dois amigos.

A escolha dos entrevistados também tem seu apelo. Com nomes como Glenn Close, Whoopi Goldberg e Jeff Daniels, Super/Man reforça o carisma de Reeve e a paixão que ele despertava nas pessoas à sua volta. O longa lembra constantemente das vidas tocadas pelo ator e das conexões que ele criou em uma vida de ativismo que o conectou até mesmo a figuras políticas como o casal Bill e Hillary Clinton. Aqui, Reeve deixa de ser uma personalidade do passado para se tornar um personagem extremamente presente, cujas ações ainda influenciam aqueles que o conheciam e admiravam.

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Sem vergonha do lado humano de Reeve, Super/Man: A História de Christopher Reeve é um memorial tocante, ainda que incompleto, para uma das figuras mais importantes do cinema de heroi. Libertando-se da aura imponente do ator, o documentário desmistifica seus feitos e sua carreira, reaproximando-o de um público que diariamente sente sua falta e humanizando-o perante a novos espectadores que só o reconhecem por um único papel. Ainda que tenha uma visão parcial inevitável trazida por cineastas-admiradores, a produção é uma homenagem bela e delicada a alguém que mudou a cultura pop para sempre.

Documentário 'Super/Man: A História de Christopher Reeve' reconta trajetória do ator dentro e fora das telas Foto: Warner Bros./Divulgação

Duas semanas depois de relançar o primeiro Superman nos cinemas, a Warner Bros. dá sequência às suas homenagens a Christopher Reeve com Super/Man: A História de Christopher Reeve. O documentário de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, que reconta a trajetória do ator nas telonas e depois do fatídico acidente que o deixou tetraplégico em 1995, conta com relatos de familiares e amigos do ator, que lembram sua paixão pelo trabalho e sua luta para recuperar os movimentos do corpo. Desenvolvendo esses dois momentos da vida do astro de forma paralela, mas bem costurada, os cineastas desenvolvem um conto de um homem admirável, ainda que falho, que nunca desistiu de ser o símbolo de esperança que viveu em seus dias de capa e collant.

Não é por acaso que Super/Man entre em cartaz logo após o relançamento do primeiro filme do Superman estrelado por Reeve. A Warner obviamente entende o peso da nostalgia e o quanto a ligação emocional com o documentário depende da figura mística que o ator se tornou após sua aparição como o Homem de Aço. Ainda que o longa traga muitas imagens do tempo do ator à frente do heroi, a memória fresca do filme de 1978 traz um peso ainda maior para os desafios vividos por Reeve após o acidente.

O documentário depende dessa imagem indestrutível que Reeve criou vivendo o personagem entre 1978 e 1987 para reforçar o choque do acidente, mas isso não quer dizer que aqueles alheios à primeira grande franquia cinematográfica da DC Comics não sentirão a carga emocional do filme. Com o uso de um acervo riquíssimo de entrevistas e depoimentos de Reeve antes e depois do acidente, Bonhôte e Ettedgui criam uma ligação próxima entre o público e o ator, tornando algumas lágrimas quase inevitáveis quando o filme narra seus dias finais.

Embora se trate de uma homenagem clara a Reeve e sua dedicação ao seu trabalho como ator e ativista dos direitos PCD, Super/Man não tenta pintar o ator como o semi-deus perfeito que interpretava nas telonas. Em diversos momentos, o público é lembrado das tentativas mal-sucedidas do ator de ser levado a sério por Hollywood. As frustrações de Reeve com sua carreira, principalmente com o Superman, são lembradas e expõem a fragilidade do astro diante das críticas negativas.

Os traumas de Reeve em relação à sua família também são explorados. Super/Man lembra o relacionamento pouco caloroso entre o ator e o pai, Franklin Reeve, e como ele próprio se tornou um pai relativamente ausente e competitivo para seus três filhos antes do acidente. Matthew Reeve, filho mais velho do astro, lembra que, um dia após nascer, seu pai deixou a namorada, Gae Exton, no hospital e viajou para esquiar com amigos. Esse retrato vai de encontro com a imagem pública do ator, mas o aproxima do espectador de forma cativante e surpreendente.

Infelizmente, Super/Man apresenta essas polêmicas humanizantes da vida de Reeve de forma rápida e superficial. Assim como já aconteceu com outro documentário da DC, Superpowered: The DC Story, o filme tem uma visão particularmente unilateral do ator, reconhecendo seus erros ao mesmo tempo em que os releva e esconde por trás de mais um tanto de momentos emotivos. Assim, Bonhôte e Ettedgui contam uma história parcial e incompleta de Christopher Reeve.

A vida de ativismo político de Reeve pré-acidente também é escanteada e preterida por suas ações nos anos finais de sua vida. Envolvido em causas como direitos igualitários e dos animais, esse lado apaixonado do ator é usado apenas como escada para seus dias de militância pelas causas PCD. Embora o astro tenha, de fato, avançado a conversa sobre deficiência física, relevar suas manifestações anteriores a 1995 empobrece a figura política de Reeve, limitando-a a um único tópico.

Super/Man não ignora as figuras mais importantes na vida do ator. Dana Reeve e Robin Williams, por exemplo, aparecem como figuras coadjuvantes, mas importantes em sua vida, com ambos sempre ao lado de Reeve nos momentos de glória e de desespero. A presença de Williams, em particular, ajuda a mostrar um lado mais humano do astro e traça um paralelo inevitável entre as lutas particulares dos dois amigos.

A escolha dos entrevistados também tem seu apelo. Com nomes como Glenn Close, Whoopi Goldberg e Jeff Daniels, Super/Man reforça o carisma de Reeve e a paixão que ele despertava nas pessoas à sua volta. O longa lembra constantemente das vidas tocadas pelo ator e das conexões que ele criou em uma vida de ativismo que o conectou até mesmo a figuras políticas como o casal Bill e Hillary Clinton. Aqui, Reeve deixa de ser uma personalidade do passado para se tornar um personagem extremamente presente, cujas ações ainda influenciam aqueles que o conheciam e admiravam.

Sem vergonha do lado humano de Reeve, Super/Man: A História de Christopher Reeve é um memorial tocante, ainda que incompleto, para uma das figuras mais importantes do cinema de heroi. Libertando-se da aura imponente do ator, o documentário desmistifica seus feitos e sua carreira, reaproximando-o de um público que diariamente sente sua falta e humanizando-o perante a novos espectadores que só o reconhecem por um único papel. Ainda que tenha uma visão parcial inevitável trazida por cineastas-admiradores, a produção é uma homenagem bela e delicada a alguém que mudou a cultura pop para sempre.

Documentário 'Super/Man: A História de Christopher Reeve' reconta trajetória do ator dentro e fora das telas Foto: Warner Bros./Divulgação

Duas semanas depois de relançar o primeiro Superman nos cinemas, a Warner Bros. dá sequência às suas homenagens a Christopher Reeve com Super/Man: A História de Christopher Reeve. O documentário de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, que reconta a trajetória do ator nas telonas e depois do fatídico acidente que o deixou tetraplégico em 1995, conta com relatos de familiares e amigos do ator, que lembram sua paixão pelo trabalho e sua luta para recuperar os movimentos do corpo. Desenvolvendo esses dois momentos da vida do astro de forma paralela, mas bem costurada, os cineastas desenvolvem um conto de um homem admirável, ainda que falho, que nunca desistiu de ser o símbolo de esperança que viveu em seus dias de capa e collant.

Não é por acaso que Super/Man entre em cartaz logo após o relançamento do primeiro filme do Superman estrelado por Reeve. A Warner obviamente entende o peso da nostalgia e o quanto a ligação emocional com o documentário depende da figura mística que o ator se tornou após sua aparição como o Homem de Aço. Ainda que o longa traga muitas imagens do tempo do ator à frente do heroi, a memória fresca do filme de 1978 traz um peso ainda maior para os desafios vividos por Reeve após o acidente.

O documentário depende dessa imagem indestrutível que Reeve criou vivendo o personagem entre 1978 e 1987 para reforçar o choque do acidente, mas isso não quer dizer que aqueles alheios à primeira grande franquia cinematográfica da DC Comics não sentirão a carga emocional do filme. Com o uso de um acervo riquíssimo de entrevistas e depoimentos de Reeve antes e depois do acidente, Bonhôte e Ettedgui criam uma ligação próxima entre o público e o ator, tornando algumas lágrimas quase inevitáveis quando o filme narra seus dias finais.

Embora se trate de uma homenagem clara a Reeve e sua dedicação ao seu trabalho como ator e ativista dos direitos PCD, Super/Man não tenta pintar o ator como o semi-deus perfeito que interpretava nas telonas. Em diversos momentos, o público é lembrado das tentativas mal-sucedidas do ator de ser levado a sério por Hollywood. As frustrações de Reeve com sua carreira, principalmente com o Superman, são lembradas e expõem a fragilidade do astro diante das críticas negativas.

Os traumas de Reeve em relação à sua família também são explorados. Super/Man lembra o relacionamento pouco caloroso entre o ator e o pai, Franklin Reeve, e como ele próprio se tornou um pai relativamente ausente e competitivo para seus três filhos antes do acidente. Matthew Reeve, filho mais velho do astro, lembra que, um dia após nascer, seu pai deixou a namorada, Gae Exton, no hospital e viajou para esquiar com amigos. Esse retrato vai de encontro com a imagem pública do ator, mas o aproxima do espectador de forma cativante e surpreendente.

Infelizmente, Super/Man apresenta essas polêmicas humanizantes da vida de Reeve de forma rápida e superficial. Assim como já aconteceu com outro documentário da DC, Superpowered: The DC Story, o filme tem uma visão particularmente unilateral do ator, reconhecendo seus erros ao mesmo tempo em que os releva e esconde por trás de mais um tanto de momentos emotivos. Assim, Bonhôte e Ettedgui contam uma história parcial e incompleta de Christopher Reeve.

A vida de ativismo político de Reeve pré-acidente também é escanteada e preterida por suas ações nos anos finais de sua vida. Envolvido em causas como direitos igualitários e dos animais, esse lado apaixonado do ator é usado apenas como escada para seus dias de militância pelas causas PCD. Embora o astro tenha, de fato, avançado a conversa sobre deficiência física, relevar suas manifestações anteriores a 1995 empobrece a figura política de Reeve, limitando-a a um único tópico.

Super/Man não ignora as figuras mais importantes na vida do ator. Dana Reeve e Robin Williams, por exemplo, aparecem como figuras coadjuvantes, mas importantes em sua vida, com ambos sempre ao lado de Reeve nos momentos de glória e de desespero. A presença de Williams, em particular, ajuda a mostrar um lado mais humano do astro e traça um paralelo inevitável entre as lutas particulares dos dois amigos.

A escolha dos entrevistados também tem seu apelo. Com nomes como Glenn Close, Whoopi Goldberg e Jeff Daniels, Super/Man reforça o carisma de Reeve e a paixão que ele despertava nas pessoas à sua volta. O longa lembra constantemente das vidas tocadas pelo ator e das conexões que ele criou em uma vida de ativismo que o conectou até mesmo a figuras políticas como o casal Bill e Hillary Clinton. Aqui, Reeve deixa de ser uma personalidade do passado para se tornar um personagem extremamente presente, cujas ações ainda influenciam aqueles que o conheciam e admiravam.

Sem vergonha do lado humano de Reeve, Super/Man: A História de Christopher Reeve é um memorial tocante, ainda que incompleto, para uma das figuras mais importantes do cinema de heroi. Libertando-se da aura imponente do ator, o documentário desmistifica seus feitos e sua carreira, reaproximando-o de um público que diariamente sente sua falta e humanizando-o perante a novos espectadores que só o reconhecem por um único papel. Ainda que tenha uma visão parcial inevitável trazida por cineastas-admiradores, a produção é uma homenagem bela e delicada a alguém que mudou a cultura pop para sempre.

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